Você está na página 1de 14

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - 1º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/11/2023

Número: 3001558-81.2023.8.06.0009
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 16ª Unidade do Juizado Especial Cível da Comarca de Fortaleza
Última distribuição : 09/11/2023
Valor da causa: R$ 10.000,00
Assuntos: Cobrança indevida de ligações, Análise de Crédito
Nível de Sigilo: 0 (Público)
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
WALLISON GURGEL SATIRO (AUTOR)
EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES (ADVOGADO)
TIM S A (REU)

Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
71734294 09/11/2023 WALISSON- CONSUMIDOR .docx Petição
13:35
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE
DIREITO DO 16° JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE
FORTALEZA/CE.

AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


DANOS MORAIS.

WALISSON GURGEL SATIRO, brasileiro, casado, RG n° 2005009170083,


CPF n° 036.937.153-43, residente na Rua Visconde do Rio Branco, 2421, Ap
405, Torre 02, Joaquim Távora, Fortaleza/CE, CEP 60110-000, vem, mui
respeitosamente, por meio de sua advogada subscrita, conforme instrumento
de mandato em anexo, comparece respeitosamente perante Vossa Excelência
propor a presente AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO C/C DANOS MORAIS, em face de TIM SA., pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ n° 02.421.421/0001-11, com sede na Av.
João Cabral de Mello Neto, 850, Bl 01, Sala 501, Barra da Tijuca, Rio de
Janeiro/RJ, CEP 22775-057, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 1
I-DOS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

A nossa Carta Magna e a Lei 1.060/50 garantem a assistência


judiciária gratuita à parte processual que assim declarar e não tiver condições,
in verbis:

Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência


judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição
inicial, de que não está em condições de pagar à custa do
processo e os honorários de advogado, sem prejuízo
próprio ou de sua família.

Por sua vez, a Constituição Federal de 1988, no seu art. 5º, inc.
LXXIV, estabelece: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recursos”.

Verifica-se, pois, do cotejo dos dispositivos legais acima transcritos,


com a declaração de hipossuficiência financeira, que o promovente tem direito
e requer os benefícios da justiça gratuita, pois não possui condições para, arcar
com as custas e emolumentos do processo em comento.

II- DOS FATOS

O autor é cliente da referida empresa há mais ou menos 7 anos e


sempre cumpriu com seu dever de cidadão perante a empresa e a sociedade,
utilizando o chip e os planos disponíveis com cuidado e planejamento, dentro
da sua possibilidade de pagamento.

Acontece que fora registrado em nome do autor um número de


celular que o mesmo não reconhece, nunca registrou e nunca o utilizou: (85)
99854-8531.

Ocorre que, ao passar do tempo, o autor descobriu que o seu nome


estava negativado devido haver débitos referentes ao contrato de plano no
número de telefone acima referido.

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 2
O Autor não reconhece esse número, em prova disso realizou um
B.O e, cabe lembrar que NUNCA REALIZOU NENHUM PEDIDO OU
ASSINOU TERMO PARA A CONTRATAÇÃO DE PLANO DE
CELULAR REGISTRADOS NO NÚMERO (85) 99854-8531 E NÃO
RECONHECE NEM MESMO O NÚMERO DE TELEFONE.

Diante disso, o autor percebeu que estava sofrendo abuso e


solicitou o cancelamento do número cadastrado em seu CPF sem seu
consentimento, entretanto o problema nunca fora resolvido pela empresa ré.

Não sabendo mais como resolver a cobrança indevida e a situação


constrangedora, o requerente intenta esta ação na busca da efetivação do seu
direito.

III- DO DIREITO

a) Da Aplicabilidade Do Código De Defesa Do Consumidor

Havendo um fornecedor, um consumidor e um produto fornecido


ou serviço prestado por esse fornecedor a esse consumidor, haverá relação de
consumo.

No caso, a empresa ré é a fornecedora de serviços (telefonia) sendo


o autor quem utiliza os serviços fornecidos pela ré como consumidor, estando
explícita a relação de consumo com a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor na lide.

Trata-se de relação de consumo (Artigos 2º e 3º ambos da Lei nº


8.078/90), e, portanto, deve ser a presente demanda interpretada conforme os
seus princípios e diretrizes jurídicas, principalmente o princípio da boa-fé
objetiva a que se deve nortear as relações de consumo.

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 3
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.

Com efeito, os princípios fundamentais das relações de consumo,


como da boa-fé, da confiança e da equidade contratual não permitem que,
exatamente a parte mais poderosa da relação, a detentora do poder
econômico, obtenha lucro desmedido e sem causa com o prejuízo da parte
frágil e vulnerável da relação: o consumidor.

O Código de Defesa do Consumidor define, de maneira bem nítida,


que o consumidor de produtos e serviços deve ser agasalhado pelas suas
regras e entendimentos, senão vejamos:

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestações de serviços.
(...)

§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado


de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Com isso, fica espontâneo o vislumbre da responsabilização da


demandada sob a égide da Lei nº 8.078/90, visto que se trata de um
fornecedor de serviços que, independentemente de culpa, causou danos
efetivos a um de seus consumidores.

b) Da Inversão Do Ônus Da Prova

Percebe-se, outrossim, que o demandante deve ser beneficiado pela


inversão do ônus da prova, pelo que reza o inciso VIII do artigo 6º do Código
de Defesa do Consumidor, tendo em vista que a narrativa dos fatos encontra

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 4
respaldo nos documentos anexos, que demonstram a verossimilhança do
pedido, conforme disposição legal:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de


nosso ordenamento jurídico, a exemplo do Código Civil, que evidenciam a
pertinência do pedido de reparação de danos.

Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser


tratados de forma igual perante a lei, mas sempre na medida de sua
desigualdade. Ou seja, no caso ora debatido, o demandante realmente deve
receber a supracitada inversão, visto que se encontra em estado de
hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com uma empresa de grande
porte, que possui maior facilidade em produzir as provas necessárias para a
cognição do Excelentíssimo magistrado.

c) Da Prática Abusiva (art. 39, III do CDC) e Da LGPD

É nítida a prática abusiva praticada pela empresa de serviço, que


registrou no CPF do autor um número de telefone que o mesmo não
reconhece, não autorizou e não permitiu, além disso, também NUNCA
solicitou contratação de plano para o referido número de telefone
contestado.

De acordo com a Anatel, a operadora é responsável por "tomar


todos os cuidados para impedir o cadastramento e a contratação indevida de
serviços, utilizando das tecnologias e dos procedimentos mais atualizados para
esta finalidade". A Anatel destacou que a operadora é responsável mesmo
se esse cadastro foi realizado por um de seus parceiros.

A jurisprudência é firme quando trata do assunto:

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 5
D E C I S Ã O Agravo de Instrumento. Ação
Declaratória Cumulada com Cancelamento de
Negativação com Pedido de Antecipação Parcial dos
Efeitos da Tutela c/c Indenização por Danos Morais.
Relação de consumo. Operadora de telefonia celular.
Linha telefônica não contratada e inserção do nome do
consumidor nos cadastros restritivos de crédito. Decisão
agravada que indeferiu o pedido de antecipação de tutela.
Reforma da Decisão. O exame sobre a possibilidade de
concessão da tutela antecipada não exige análise sobre a
existência ou inexistência do direito posto em causa, mas,
tão-somente, que a prova deva ser suficiente para o
surgimento do verossímil. Receio de dano irreparável ou
de difícil reparação (periculum in mora). Incidência do
verbete nº 59 do TJRJ. Precedentes citados:
0021928-80.2015.8.19.0000 AGRAVO DE
INSTRUMENTO - DES. TULA CORRÊA DE
MELLO VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA DO
CONSUMIDOR - JULGAMENTO 02/06/2015
PROVIMENTO DO RECURSO.(TJ-RJ - AI:
00304560620158190000 RJ 0030456-06.2015.8.19.0000,
Relator: DES. REGINA LUCIA PASSOS, Data de
Julgamento: 29/06/2015, VIGÉSIMA QUARTA
CAMARA CIVEL/ CONSUMIDOR, Data de
Publicação: 01/07/2015 00:00)

Além disso, há de se ressaltar que ainda que a empresa tivesse sido


vitimada por ação fraudulenta de terceiros não estaria isenta do dever de
indenizar, haja vista a caracterização de fortuito interno, pois inerente ao risco
da atividade desenvolvida, conforme entendimento pacificado pela súmula nº
942 desta Corte Estadual.

Aplicável à espécie o enunciado nº 479, da súmula de jurisprudência


do Superior Tribunal de Justiça, porque “as instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e
delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.”

Assim, como essas situações refletem prejuízos decorrentes do


risco da atividade empresarial, devem ser suportados pelo empreendedor, e

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 6
não pelo consumidor que, além de técnica e economicamente vulnerável,
estava alheio aos fatos, de modo que não é tolerável que os fornecedores
percebam os bônus de sua atividade e não suportem os respectivos ônus.

Desse modo, demonstrada a falha na prestação do serviço, resta


incontroverso que as cobranças feitas à parte autora foram indevidas.
Exsurge, assim, a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços.

Ademais, destaca-se que o art. 6º do CDC em seu inciso IV, garante


o direito básico do consumidor de ser protegido contra práticas abusivas por
parte do fornecedor, na situação em questão, não há o que se discutir sobre,
pois REALMENTE FORA UMA PRÁTICA ABUSIVA!

d) Da Inexistência Do Débito

Disciplina o CPC, em seu artigo 4º, inciso I:

Art. 4º. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:


I – da existência ou da inexistência da relação jurídica;

Ainda o art. 6º, inciso III do CDC preleciona:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


(...)
III- a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem;(...)

Exa. como já dito outrora os valores cobrados pela Requerida são


inverídicos posto que o requerente JAMAIS tenha contratado por tal PLANO,
além de que nunca cadastrou o número (85) 99854-8531 em seu CPF.

Diante do exposto, requer que seja declarada a inexistência de tais


dívidas entre o Requerente e a Requerida, uma vez que o mesmo não as
reconhece.

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 7
e) Da Responsabilidade Civil

Da análise dos autos, temos que incontroversa a falha por parte da


empresa ré que permitiu o cadastro do número (85) 99854-8531 e a
contratação de plano telefônico em nome do autor, no qual o autor teve seu
nome negativado em decorrência deste feito. Logo, deve-se responder
objetivamente pelos danos causados ao consumidor, à luz do que dispõe o
artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

Com efeito, ao exercer sua atividade empresarial, é dever da


instituição ré ter um sistema que trabalhe sem erros, bem como funcionários
qualificados para gerir seu sistema, sem assim não atuar, assume os riscos de
sua atividade empresarial, inclusive de se submeter a fraude praticada por
terceiros, bem como o total embaraço e confusão do seu sistema de
gerenciamento de cartão de crédito que colocou em nome do autor um seguro
que não fora contratado, devendo suportar os ônus de tal conduta.

Assim, revela-se ilícita a conduta do réu o que enseja o dever de


restituição e da reparação pelos danos causados moralmente.

f) Do Dano Moral

Os danos morais suportados pela demandante tornam-se evidentes


diante dos fatos que deram origem à presente ação. Eles decorrem da
injustificada cobrança de plano não contratado pelo autor, e da negativação de
seu nome.

Tal inexistência de débito e consequentemente cobrança indevida e


negativação é causa de danos morais porque abala diretamente o estado
psicológico causando grande aflição e angústia à demandante.

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 8
Logo, é inegável o dano moral, pois teve seus dados pessoais
manipulados sem autorização, além de ter assumido uma dívida que não
contratou.

A jurisprudência é firme nesse entendimento:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. PLANO DE TELEFONIA NÃO
CONTRATADO. DANOS MORAIS. Diante da
cobrança indevida, deve ser reconhecido o prejuízo
moral indenizável, tendo em vista que o autor restou
cobrado por plano de telefonia não contratado.
Observância das funções reparatória, punitiva e
dissuasória da responsabilidade civil. Quantum arbitrado
no equivalente a dez salários mínimos. Ônus da
sucumbência readequado. Precedentes do STJ e desta
Corte. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº
70067897355, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Luiz Roberto Imperatore de
Assis Brasil, Julgado em 25/05/2016).(TJ-RS - AC:
70067897355 RS, Relator: Luiz Roberto Imperatore de
Assis Brasil, Data de Julgamento: 25/05/2016, Décima
Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 01/06/2016)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA


DE DESCONSTITUIÇÃO DE DÉBITO. CARTÃO
DE CRÉDITO. COMPRA DE APARELHO
CELULAR. COBRANÇA DE PLANO DE
TELEFONIA NÃO CONTRATADO. PAGAMENTO
DOS VALORES RELATIVOS À COMPRA
EFETIVADA. COBRANÇA DE JUROS SOBRE O
DÉBITO QUE DEVERIA TER SIDO
DESCONSTITUÍDO, ANTE O CANCELAMENTO
DA COBRANÇA DOS PLANOS DE TELEFONIA.
INSCRIÇÃO NEGATIVA INDEVIDA. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. LEGITIMIDADE
PASSIVA DA RÉ QUE ADMINISTRA O CARTÃO
DE CRÉDITO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 9
DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71007378383,
Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator:
Silvia Maria Pires Tedesco, Julgado em
27/04/2018).(TJ-RS - Recurso Cível: 71007378383 RS,
Relator: Silvia Maria Pires Tedesco, Data de Julgamento:
27/04/2018, Quarta Turma Recursal Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 03/05/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. TELEFONIA. PLANO NÃO
CONTRATADO. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA, QUE CANCELOU O PLANO DE
TELEFONIA NÃO CONTRATADO,
DETERMINOU A REPETIÇÃO DO ÍNDÉBITO,
NA FORMA DOBRADA, E CONDENOU A RÉ AO
PAGAMENTO DE R$ 5.000,00 A TÍTULO DE
DANOS MORAIS. RECURSO EXCLUSIVO DA RÉ.
Pretensão que envolve matéria objeto do recurso especial
nº 1.525.134/RS submetido ao rito dos recursos
repetitivos. Decisão proferida pelo STJ que determina a
suspensão de todas as ações em trâmite nas quais se
discutam as questões de direito que foram objeto da
afetação no REsp acima mencionado, obstando a prática
de quaisquer atos processuais até o julgamento do
recurso repetitivo. SUSPENSÃO DO PROCESSO ATÉ
QUE SEJA PROFERIDA DECISÃO NO RECURSO
ESPECIAL.(TJ-RJ - APL: 00155499820128190204,
Relator: Des(a). SÔNIA DE FÁTIMA DIAS, Data de
Julgamento: 27/06/2016, VIGÉSIMA TERCEIRA
CÂMARA CÍVEL)

Por derradeiro, tendo em vista a violação dos deveres anexos da


boa-fé objetiva, o Autor faz jus a ser ressarcido pelos danos de ordem moral
experimentados.

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 10
A ilegalidade da conduta da instituição Ré é manifesta e evidencia o
desrespeito aos direitos assegurados pelo Código de Defesa do Consumidor,
devendo, portanto, o Autor ser ressarcido de seu prejuízo.

Com efeito, dispõe o Estatuto Consumerista:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


(…)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

Segundo a doutrina de Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda


(Tratado de Direito Privado, Borsoi, T.LIII, par.5509 e 5510; T.26, par.3108):

Nos danos morais, a esfera ética da pessoa é que é


ofendida; o dano não patrimonial é o que, só atingindo o
devedor como ser humano, não lhe atinge o patrimônio
(…). A ofensa à honra pode ferir, por exemplo, o direito
de liberdade e o direito de velar pela própria intimidade;
mas a honra é o entendimento da dignidade humana,
conforme o grupo social em que se vive, o sentimento de
altura dentro de cada um dos homens.

Frise-se, ainda, o caráter punitivo e educativo de tal sanção, no


sentido de prevenção, para que tal conduta da Ré não se torne habitual
perante seus consumidores.

Segundo Caio Mário da Silva Pereira (Instituições de Direito Civil,


Vol. II, Forense, 1997, p. 242), o fundamento do dano moral repousa nas
seguintes noções:

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 11
1. De um lado, a ideia de punição ao infrator, que
não pode ofender em vão a esfera jurídica alheia (…).
2. De outro lado proporcionar à vítima uma
compensação pelo dano suportado, pondo-lhe o ofensor
nas mãos uma soma que não é o pretium doloris, porém
uma ensancha de reparação da afronta (…).
3. A essas motivações, acrescenta-se o gesto de
solidariedade à vítima, que a sociedade lhe deve.

Não há dúvidas, também, de que a abertura de um contrato


sem prévia solicitação e sem autorização, além de prática abusiva,
configura ato ilícito indenizável.

Destarte, restando plenamente configurado o atentado à esfera de


direitos da personalidade do Autor, deve ser as instituições Ré condenada a
pagar valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), em indenização dos danos morais.

IV- DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer de Vossa Excelência sejam julgados


procedentes os seguintes pedidos:

a) A concessão da justiça gratuita, pelo fato da parte Autora não possuir


condições de custear o próprio processo, sem prejuízo do próprio sustento ou
de sua família;

b) Que, no mérito, seja a presente julgada inteiramente procedente, declarando


a inexistência de débitos do Requerente em face da Requerida, uma vez que
jamais existiu relação contratual alguma entre as partes para o plano d
telefonia, além de cancelar a linha do número (85) 99854-8531 e da referida
dívida que negativou o nome do autor;

c) A citação da demandada para comparecer a audiência conciliatória e,


querendo, oferecer sua defesa na fase processual oportuna, sob pena de revelia
e confissão ficta da matéria de fato, com o consequente julgamento
antecipado da lide;

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 12
d) que seja concedido o pedido de inversão do ônus da prova para que a
demandada junte ao processo os documentos que provem que o contrato fora
realmente assinado;

e) A condenação da demandada a pagar ao demandante um quantum a título


de danos morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), em atenção às
condições das partes, principalmente o potencial econômico-social da
demandada, a gravidade da lesão, sua repercussão e as circunstâncias fáticas;

f) A condenação da demandada em custas judiciais e honorários advocatícios

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados.

Dá-se à presente o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.


Fortaleza/CE, 30 de outubro de 2022.

Emmilly Joicy D. Dantas Alves


OAB/CE 24.740

Este documento foi gerado pelo usuário 897.***.***-72 em 21/11/2023 16:21:44


Número do documento: 23110913334158900000070234258
https://pje.tjce.jus.br:443/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23110913334158900000070234258
Assinado eletronicamente por: EMMILLY JOICY DIOGENES ALVES - 09/11/2023 13:33:41
Num. 71734294 - Pág. 13

Você também pode gostar