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Projeto de pesquisa

1 Dados de identificação

Autor: Laura Andrade Marques


Endereço eletrônico: laurandmarques@gmail.com
Título: Responsabilidade civil dos filhos em relação aos pais idosos: o abandono afetivo
inverso

2 Introdução

O envelhecimento da população brasileira reflete, numa certa medida, o


envelhecimento da população mundial e têm despertado muitas reflexões, principalmente
aquelas relacionadas ao cuidado com os idosos. O abandono desta população pelos seus
familiares vem aumentando, ocasionando sérios riscos à saúde e à qualidade de vida destes
sujeitos.

O conteúdo principal é o abandono afetivo inverso, que é quando os filhos


desamparam os seus pais, propriamente quando estes mais se veem necessitados de apoio, ou
seja, na velhice. Há, assim, um abandono inverso, pois os casos mais habituais que ocorrem
em relação a este assunto são quando os pais abandonam seus filhos, os negando amor e
carinho, mas é necessário se falar quando ocorre o oposto.

Desta reflexão emergem os questionamentos deste estudo: As leis brasileiras vêm


efetivamente demonstrando na prática que protegem o idoso? Quais são os tipos de violências
que os idosos sofrem? Como os tribunais entendem os casos de abandono?

Destarte, buscou-se pesquisar o maior número possível de obras publicadas sobre o


assunto, com o fim de se organizar as várias opiniões, antepondo-as logicamente quando se
apresentarem antagônicas, com vistas a harmonizar os pontos de vista existentes na mesma
direção. Enfim, tal metodologia propõe apresentar, de maneira clara e didática, um panorama
das várias posições existentes adotadas pelas doutrinas, jurisprudências dos Tribunais Pátrios,
assim como em artigos publicados na Internet.

3. Tema
Responsabilidade civil dos filhos com seus pais idosos e a efetividade das leis
brasileiras no caso de indenização pelos danos sofridos.
4. Delimitação do Tema

As obrigações dos filhos e consequências jurídicas do abandono de pais idosos, bem


como possível indenização por dano moral na esfera jurídica.

5. Problema e hipóteses

Problema: Os filhos possuem obrigação de ampararem seus pais na velhice? As leis


brasileiras vêm efetivamente demonstrando na prática que protegem o idoso? Como os
tribunais entendem os casos de abandono, é possível a indenização pelos danos sofridos?

Hipótese

O envelhecimento é um fenômeno que atinge todos os seres vivos. Nos seres humanos
esse processo biológico de redução das capacidades físicas e mentais é acompanhado pela
consciência de que não há mais forças nem saúde, perde-se a mobilidade e a utilidade, pois a
incapacidade de poder se locomover, trabalhar ou ajudar, mesmo em pequenas tarefas,
prejudica a autoestima de muitos idosos.

É também o momento da solidão. Uma das maiores queixas dos que envelhecem é
exatamente o esvaziamento do ninho familiar o que traz o sentimento de abandono. O
envelhecimento traz com ele, ainda, diversos tipos de demências o que pode provocar os
abusos, os diversos tipos de abandonos.

A Constituição Federal, legislação que ampara o idoso, é um ordenamento jurídico


oriundo de um trabalho intenso de parlamentares, que originou-se de movimentos populares
contra a Ditadura Militar que se instalou na República Federativa do Brasil a partir do ano de
1964. A constituição é conceituada por Silva (2015) como:

A constituição do Estado, considerada sua lei fundamental,


seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um
sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que
regula a forma de Estado, a forma de seu governo, o modo de
aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus
órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do
homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição
é o conjunto de normas que organiza os elementos
constitutivos do Estado. (SILVA, 2015, p. 82)

Trazendo seus direitos fundamentais, a Constituição Federal institui, inicialmente, em


seu artigo 203, inciso V, que a Assistência Social será prestada ao idoso que dela necessitar
comprovando não possuir meios para sua própria manutenção, situação regulamentada na
chamada Lei de Orgânica da Assistência Social, conhecida como “LOAS” – Lei Federal nº
8.742 de 07 de dezembro de 1993. Sobre esta proteção diferenciada, há importante lição de
um Ministro do Supremo Tribunal Federal:

Os direitos fundamentais que, antes, buscavam proteger


reivindicações comuns a todos os homens, passaram a, igualmente,
proteger seres humanos que se singularizam pela influência de certas
situações específicas em que apanhados. Alguns indivíduos, por conta
de certas peculiaridades, tornam-se merecedores de atenção especial,
exigida pelo princípio do respeito à dignidade humana. Daí a
consagração de direitos especiais aos enfermos, aos deficientes, às
crianças, aos idosos... O homem não é mais visto em abstrato, mas na
concretude das suas diversas maneiras de ser e de estar na sociedade.
(MENDES, 2012, p. 229).

Posteriormente, a Constituição Federal traz em seu bojo o amparo ao idoso, mais


precisamente em seu artigo 230, deixando evidente que a família tem de prestar tal amparo,
depois a sociedade e, por último, o Estado. A lição trazida por Canotilho (2013) é lapidar
sobre referida proteção constitucional ao idoso:

O antigo enfoque jurídico patrimonial, produtivo e exclusivamente


econômico que preponderava no sistema impedia que o idoso
ocupasse um lugar relevante na ordem jurídica e social, uma vez que,
geralmente, e encontrava já do lado de fora da cadeia produtiva. Tal
lógica eminentemente produtivista foi interrompida pelo legislador
constitucional de 1988, o qual, ao estabelecer que o centro do
ordenamento jurídico fora ocupado pela dignidade da pessoa
humana, reverteu o quadro patrimonialista que até então preenchia o
direito privado. Na materialização da dignidade da pessoa idosa,
portanto, estão sendo valorizados aspectos de outra ordem, tais como
a convivência intergeracional, a preservação da memória e de
identidades culturais, a transmissão das tradições e dos costumes às
gerações mais jovens. A lógica produtivista deixou de determinadas
todas as prioridades, do ponto de vista jurídico, e as relações de
índole existencial puderam instalar-se em seu lugar. (CANOTILHO,
2014, p. 2145)

Também foi previsto na Constituição Federal, no artigo 229, como direito


fundamental, o dever dos filhos maiores em amparar seus pais quando idosos: “Os pais têm o
dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade” (BRASIL, 1988).

Após a Constituição Federal, outras leis vieram regulamentar a obrigação dos filhos
em amparar seus pais na velhice. Tais como Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8.742, de
07 de dezembro de 1993), Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, de 04 de janeiro de 1994),
Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 01 de outubro de 2003) e Código Civil.

Já no Estatuto do Idoso, nota-se que o ordenamento jurídico prevê em lei especial


proteção específica ao idoso, através da Lei Federal 10.741 de 1º de outubro de /2003 batizada
como Estatuto do Idoso, cuja obrigatoriedade emana seus efeitos em todo o território
nacional, estados-membros, municípios e Distrito Federal.

De início, o referido estatuto menciona ser idosa aquela pessoa que possuir 60
(sessenta) anos de idade ou mais, reportando-se, na sequência, que o idoso possui todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, o que acaba por consolidar-se no texto
constitucional. No artigo 3º do mencionado estatuto, verifica-se que em primeiro lugar está a
família como obrigada a assegurar ao idoso os direitos que lhe são pertinentes à vida, saúde,
alimentação, dignidade, entre outros.

Procurando conjugar-se ao texto constitucional o estatuto do idoso, em seu artigo 9º,


impõe ao Estado garantir uma velhice saudável e em condições de dignidade, além dos
direitos lá previstos que estão contidos nas especificações anteriores.

Não sendo o objetivo deste trabalho o comentário em todos os itens do referido


Estatuto do Idoso, menciona-se que o artigo 43 ampara o idoso em sua proteção no inciso II
por falta, omissão ou abuso da família, cabendo ao Poder Judiciário ou ao Ministério Público
a tomada de medidas necessárias para garantir a cessação de ofensa aos direitos do idoso que
está sendo molestado em sua dignidade física, social e psicológica.

O Ministério Público possui amparo constitucional especificado a partir do artigo 127


da Constituição Federal, sendo que suas funções estão preordenadas no artigo 129, dentre as
quais destacamos importantes para o referido estudo, promover ação penal pública que é
incondicionada (artigo 95), bem como outras funções que lhe forem conferidas, o que se
verifica no artigo 73 do Estatuto do Idoso, dentre as quais destacamos o artigo 74, inciso VII:
“zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo
as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis”. (BRASIL, 2003).

O Estatuto Idoso no Capítulo II dos Crimes em Espécie, já previu punição penal para
quem descumprir a legislação, conforme artigos 97 a 99, convidando o leitor a busca-los:

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-


lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar,
retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não
pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: Pena – detenção
de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Parágrafo único. A pena é
aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Art. 98. Abandonar o
idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência,
ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando
obrigado por lei ou mandado: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3
(três) anos e multa. Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde,
física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou
degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis,
quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou
inadequado: Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
(BRASIL, 2003).

Vale ressaltar, que os crimes descritos acima são de ação penal pública
incondicionada, ou seja, o Ministério Público passa a ser parte legítima para Representação
processual independente da anuência ou provocação do Idoso. Assim, verificamos que o
Estatuto do Idoso garante proteção àqueles que tiverem a idade mínima de 60 (sessenta) anos,
podendo o Ministério Público atuar para defender alguma ofensa em sua esfera jurídica, tendo
em vista que referido estatuto é lei especial que se sobrepõe a qualquer outra lei federal, com
exceção à Constituição Federal que é suprema a qualquer legislação nacional.

Por fim, o Código Civil brasileiro, oriundo da Lei Federal 10.406/2002, é considerada
lei geral, tendo em vista que trata das relações jurídicas ocorridas de forma genérica entre as
pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Referido código possui artigos específicos no que
tange àquele que causar dano a outrem.
Em seu artigo 1.696, o Código Civil brasileiro também trata acerca da obrigação dos
filhos em prestar alimentos aos pais e ainda estende tal obrigação aos ascendentes caso
aqueles faltem.

O artigo 186 do Código Civil trata de atos ilícitos, mencionando: “Aquele que, por
ação ou omissão voluntário, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Entra em cena a
Responsabilidade Civil, sistema que faz com que o causador de um dano seja obrigado a
repará-lo. Assim é a lição de Nery Junior & Nery (2005):

Natureza da responsabilidade civil. A responsabilidade civil é a


consequência da imputação civil do dano a pessoa que lhe deu causa
ou que responda pela indenização correspondente, nos termos da lei
ou do contrato. A indenização devida pelo responsável pode ter
natureza compensatória e/ou reparatória do dano causado. (NERY
JUNIOR & NERY, 2005, p. 267).

Em complemento ao artigo mencionado, surge o artigo 927 do Código Civil que


menciona a obrigatoriedade de reparar o dano a todo aquele que causar dano a outrem, sendo
referido artigo complementado pela Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso V que
menciona: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização
por dano material, moral ou a imagem”. (BRASIL, 2002)

No que tange ao tema em estudo referente ao idoso, referidos artigos do Código Civil
podem ser utilizados para o idoso requerer a reparação de danos, seja material ou moral, em
face daqueles que lhe causem algum malefício, inclusive à sua imagem. Vale ressaltar, que a
indenização por danos morais não tem apenas o objetivo de compensar o dano causado à
vítima, mas também tem como objetivo a prevenção contra a prática de novos ilícitos e como
punição do ofensor.

Para Cavalieri Filho (2004) o dano moral é: “a reação psicológica que a pessoa
experimenta em razão de uma agressão a um bem integrante de sua personalidade,
causando-lhe vexame, sofrimento, humilhação e outras dores do espírito” (CAVALIERI
FILHO, 2004, p.93).

Além do mais, o idoso pode obter prioridade em seu processo, conforme se verifica no
Estatuto do Idoso em seu artigo 71, tendo de ser requerido pelo idoso (processualmente
falando, através de seu advogado). A prioridade coloca o processo do idoso para ser julgado e
decidido de forma antecipada aos outros que não tem referido privilégio.

O Código Civil traz em seu artigo 945 o capítulo sobre a “indenização” que se dará
pela extensão do dano causado, não sendo aceita pelos Tribunais brasileiros indenizações
desproporcionais, o que o próprio código dá poderes para sua adequação.

Em suma, a Constituição Federal e o Estatuto do Idoso relatam que a primeira


entidade que deve ampará-lo é a família, cuja mesma atualmente diante dos princípios
constitucionais considera família a base da sociedade, conforme artigo 226.

Entretanto, é preciso mencionar que não há qualquer discriminação entre os diversos


tipos de família, nem em relação aos filhos, tanto os oriundos do casamento, àqueles de
relacionamentos extraconjugais, bem como aqueles oriundos de adoção. Na mesma ótica que
os ascendentes têm obrigação de amparar os descendentes, conforme se verifica no artigo 227
da Constituição Federal, de outra monta, os descendentes têm obrigação de amparar os
ascendentes quando necessitem. Tal situação acabou por receber no mundo jurídico a
nomenclatura de “abandono afetivo reverso”, tendo sido recepcionada pelos tribunais
brasileiros.

Alguns questionamentos são levantados, tendo de se analisar se o mero dissabor (fatos


comuns da vida) acaba causando a obrigação de indenizar. Em decisão do Superior Tribunal
de Justiça (Recurso Especial nº 1493125/SP) de caso análogo se decidiu:

RESPONSABILIDADE CIVIL - Abandono afetivo e material - Ação


de indenização por danos materiais e morais proposta por filha
contra pai - Paternidade reconhecida em ação judicial proposta 38
(trinta e oito) anos após o nascimento da autora - Transferência de
patrimônio por parte do réu aos outros filhos - Sentença de
improcedência - Impossibilidade de se impor o dever de amor e afeto
- Danos morais não configurados - Indenização inexigível -
Precedentes jurisprudenciais - Abandono material não caracterizado
- Questão patrimonial a ser dirimida em ação própria- Apelação
desprovida.

Notou-se em referido julgamento que não há o dever de amor e afeto por parte do
ascendente, não tendo sido reconhecido o dever de indenizar por parte do ascendente.
Por fim, verificou-se que não é um simples fato que fará a parte requerente pleitear
uma indenização por danos morais por abandono afetivo.

Em complemento, um julgamento do Recurso Especial que deu azo para que um


descendente pudesse exigir o pagamento de dano moral em face de seu ascendente (Recurso
Especial nº 1159242/SP), foi no mesmo sentido do que o anteriormente indagado. Os trechos
principais vêm abaixo:

Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes à


responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar
no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo está
incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa
expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas
desinências, como se observa do art. 227 da CF/88. 3. Comprovar que
a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida implica em se
reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de omissão.
Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado,
leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia - de
cuidado - importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí,
a possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por
abandono psicológico.

O primeiro tópico da decisão acima demonstra a inexistência de qualquer restrição


legal quando se fala em responsabilidade civil (dever de indenizar) quando a causa envolve a
família. Verifica-se que a situação pode, perfeitamente, se configurar como responsabilidade
civil, o abandono de idoso por omissão - falta de um dever de agir - do descendente ou
familiar que tem referida obrigação, o que conduz à condenação de indenizar.

Por fim, percebe-se que apesar de haver leis e estatutos que protegem os idosos, na
prática jurídica, não é seguido à risca. Os julgamentos na alta corte federal os casos
envolvendo direito privado envolvendo o Código Civil são discordantes, notando-se que só o
caso concreto trará a luz para o julgamento, pois nota-se que o próprio idoso considera
reprovável a conduta do abandono, conforme descrevem Carvalho & Camilo (2011), o que
pode gerar danos irreparáveis.

6 Objetivos:

Geral:
Identificar e analisar os problemas ético-jurídicos decorrentes do abandono dos filhos
em relação aos pais idosos

Específicos:

a) Analisar o que pode causar o abandono do idoso;


b) Discutir os princípios jurídicos aplicáveis à Responsabilidade Civil dos filhos;
c) Investigar a possibilidade do reparo do dano moral ao idoso;
d) Apontar leis e estatutos que protegem os idosos e sua eficiência;
e) Apontar divergências entre as leis vigentes na prática;
f) Apresentar potenciais soluções

7 Justificativa

A reflexão acerca da responsabilidade civil dos filhos com os pais idosos, previsto no
artigo 229 da Constituição Federal, é de urgente e extrema importância.

Ainda hoje, em 2022, milhares de idosos são abandonados pelos filhos. Essa realidade pode
decorrer de diversos fatores: seja pela ausência de carinho que recebeu a infância, pela falta
de tempo, entre outros. Essas dificuldades resultam em estatísticas inaceitáveis.

Com o objetivo de atrair atenção para o tema, o trabalho apontará que também é possível ser
atribuído o direito ao pagamento de indenização por abandono afetivo a favor dos idosos,
tendo em vista que os idosos também se enquadram no quadro de vulnerabilidade, bem como
análise do abandono afetivo nas relações familiares, onde o abandono que os idosos sofrem
por suas famílias será abordado, com destaque também sobre a importância do afeto e a
consequência dessa ausência, em especial a responsabilização e a consequente reparação civil
conforme o entendimento dos Tribunais.

O abandono ocorre quando os familiares responsáveis, não dão os devidos cuidados e atenção,
que normalmente caracteriza-se pela falta de proximidade e afeto.

A Constituição Federal de 1988 traz em seu artigo 229 que: “os pais têm o dever de assistir,
criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais
na velhice, carência ou enfermidade”. Observado o dever dos filhos de amparar os pais.

A responsabilidade dos filhos em prestar assistência material já é consolidado e sabido por


obrigação constitucional. Além do comando da Carta Maior, o idoso também está amparado
pelo Estatuto do Idoso. Porém, não existe, no ordenamento jurídico pátrio, diploma legal que
regule a obrigação da assistência imaterial, o afeto tanto valorizado no vínculo familiar, cuja
ausência gera diversas consequências.

8. Procedimentos Metolológicos

Quanto à metodologia empregada, registra-se que na fase de investigação foi utilizado


o método dedutivo e foram acionadas as técnicas do referente, da categoria, do conceito
operacional, do fichamento e da pesquisa bibliográfica e jurisprudencial.

9 Cronograma de atividades

Ago./2022 Set/2022 Out/2022 Nov./2022

Reunião com x x x x
orientador

Escolha do x x
tema e
Pesquisa
bibliográfica

Redação do x x x
Trabalho

Entrega para x

Orientador

Bibliografia

Estatuto do Idoso – Lei Federal 10.741/2003. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm.

.Código Civil Brasileiro – Lei Federal 10406/2002. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm.

Constituição Federal de 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) – Lei Federal 8742/1993. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742compilado.htm.
Política Nacional do Idoso – Lei Federal 8842/94. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742compilado.htm.

Superior Tribunal de Justiça. Acórdão. Recurso Especial nº 1493125-SP. 3ª Turma. DIREITO CIVIL -
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