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1 Dados de identificação
2 Introdução
3. Tema
Responsabilidade civil dos filhos com seus pais idosos e a efetividade das leis
brasileiras no caso de indenização pelos danos sofridos.
4. Delimitação do Tema
5. Problema e hipóteses
Hipótese
O envelhecimento é um fenômeno que atinge todos os seres vivos. Nos seres humanos
esse processo biológico de redução das capacidades físicas e mentais é acompanhado pela
consciência de que não há mais forças nem saúde, perde-se a mobilidade e a utilidade, pois a
incapacidade de poder se locomover, trabalhar ou ajudar, mesmo em pequenas tarefas,
prejudica a autoestima de muitos idosos.
É também o momento da solidão. Uma das maiores queixas dos que envelhecem é
exatamente o esvaziamento do ninho familiar o que traz o sentimento de abandono. O
envelhecimento traz com ele, ainda, diversos tipos de demências o que pode provocar os
abusos, os diversos tipos de abandonos.
Após a Constituição Federal, outras leis vieram regulamentar a obrigação dos filhos
em amparar seus pais na velhice. Tais como Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8.742, de
07 de dezembro de 1993), Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, de 04 de janeiro de 1994),
Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 01 de outubro de 2003) e Código Civil.
De início, o referido estatuto menciona ser idosa aquela pessoa que possuir 60
(sessenta) anos de idade ou mais, reportando-se, na sequência, que o idoso possui todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, o que acaba por consolidar-se no texto
constitucional. No artigo 3º do mencionado estatuto, verifica-se que em primeiro lugar está a
família como obrigada a assegurar ao idoso os direitos que lhe são pertinentes à vida, saúde,
alimentação, dignidade, entre outros.
O Estatuto Idoso no Capítulo II dos Crimes em Espécie, já previu punição penal para
quem descumprir a legislação, conforme artigos 97 a 99, convidando o leitor a busca-los:
Vale ressaltar, que os crimes descritos acima são de ação penal pública
incondicionada, ou seja, o Ministério Público passa a ser parte legítima para Representação
processual independente da anuência ou provocação do Idoso. Assim, verificamos que o
Estatuto do Idoso garante proteção àqueles que tiverem a idade mínima de 60 (sessenta) anos,
podendo o Ministério Público atuar para defender alguma ofensa em sua esfera jurídica, tendo
em vista que referido estatuto é lei especial que se sobrepõe a qualquer outra lei federal, com
exceção à Constituição Federal que é suprema a qualquer legislação nacional.
Por fim, o Código Civil brasileiro, oriundo da Lei Federal 10.406/2002, é considerada
lei geral, tendo em vista que trata das relações jurídicas ocorridas de forma genérica entre as
pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Referido código possui artigos específicos no que
tange àquele que causar dano a outrem.
Em seu artigo 1.696, o Código Civil brasileiro também trata acerca da obrigação dos
filhos em prestar alimentos aos pais e ainda estende tal obrigação aos ascendentes caso
aqueles faltem.
O artigo 186 do Código Civil trata de atos ilícitos, mencionando: “Aquele que, por
ação ou omissão voluntário, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Entra em cena a
Responsabilidade Civil, sistema que faz com que o causador de um dano seja obrigado a
repará-lo. Assim é a lição de Nery Junior & Nery (2005):
No que tange ao tema em estudo referente ao idoso, referidos artigos do Código Civil
podem ser utilizados para o idoso requerer a reparação de danos, seja material ou moral, em
face daqueles que lhe causem algum malefício, inclusive à sua imagem. Vale ressaltar, que a
indenização por danos morais não tem apenas o objetivo de compensar o dano causado à
vítima, mas também tem como objetivo a prevenção contra a prática de novos ilícitos e como
punição do ofensor.
Para Cavalieri Filho (2004) o dano moral é: “a reação psicológica que a pessoa
experimenta em razão de uma agressão a um bem integrante de sua personalidade,
causando-lhe vexame, sofrimento, humilhação e outras dores do espírito” (CAVALIERI
FILHO, 2004, p.93).
Além do mais, o idoso pode obter prioridade em seu processo, conforme se verifica no
Estatuto do Idoso em seu artigo 71, tendo de ser requerido pelo idoso (processualmente
falando, através de seu advogado). A prioridade coloca o processo do idoso para ser julgado e
decidido de forma antecipada aos outros que não tem referido privilégio.
O Código Civil traz em seu artigo 945 o capítulo sobre a “indenização” que se dará
pela extensão do dano causado, não sendo aceita pelos Tribunais brasileiros indenizações
desproporcionais, o que o próprio código dá poderes para sua adequação.
Notou-se em referido julgamento que não há o dever de amor e afeto por parte do
ascendente, não tendo sido reconhecido o dever de indenizar por parte do ascendente.
Por fim, verificou-se que não é um simples fato que fará a parte requerente pleitear
uma indenização por danos morais por abandono afetivo.
Por fim, percebe-se que apesar de haver leis e estatutos que protegem os idosos, na
prática jurídica, não é seguido à risca. Os julgamentos na alta corte federal os casos
envolvendo direito privado envolvendo o Código Civil são discordantes, notando-se que só o
caso concreto trará a luz para o julgamento, pois nota-se que o próprio idoso considera
reprovável a conduta do abandono, conforme descrevem Carvalho & Camilo (2011), o que
pode gerar danos irreparáveis.
6 Objetivos:
Geral:
Identificar e analisar os problemas ético-jurídicos decorrentes do abandono dos filhos
em relação aos pais idosos
Específicos:
7 Justificativa
A reflexão acerca da responsabilidade civil dos filhos com os pais idosos, previsto no
artigo 229 da Constituição Federal, é de urgente e extrema importância.
Ainda hoje, em 2022, milhares de idosos são abandonados pelos filhos. Essa realidade pode
decorrer de diversos fatores: seja pela ausência de carinho que recebeu a infância, pela falta
de tempo, entre outros. Essas dificuldades resultam em estatísticas inaceitáveis.
Com o objetivo de atrair atenção para o tema, o trabalho apontará que também é possível ser
atribuído o direito ao pagamento de indenização por abandono afetivo a favor dos idosos,
tendo em vista que os idosos também se enquadram no quadro de vulnerabilidade, bem como
análise do abandono afetivo nas relações familiares, onde o abandono que os idosos sofrem
por suas famílias será abordado, com destaque também sobre a importância do afeto e a
consequência dessa ausência, em especial a responsabilização e a consequente reparação civil
conforme o entendimento dos Tribunais.
O abandono ocorre quando os familiares responsáveis, não dão os devidos cuidados e atenção,
que normalmente caracteriza-se pela falta de proximidade e afeto.
A Constituição Federal de 1988 traz em seu artigo 229 que: “os pais têm o dever de assistir,
criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais
na velhice, carência ou enfermidade”. Observado o dever dos filhos de amparar os pais.
8. Procedimentos Metolológicos
9 Cronograma de atividades
Reunião com x x x x
orientador
Escolha do x x
tema e
Pesquisa
bibliográfica
Redação do x x x
Trabalho
Entrega para x
Orientador
Bibliografia
Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) – Lei Federal 8742/1993. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742compilado.htm.
Política Nacional do Idoso – Lei Federal 8842/94. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742compilado.htm.
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