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MEDICINA LEGAL TEORIA E EXERCÍCIOS – PERITO CRIMINAL GO

Aula 02
PROFESSOR GERALDO MIRANDA

Olá Pessoal, Aula 02

Espero que estejam animados!


Hoje veremos os seguintes tópicos do edital: Legislação sobre perícias.
Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico.

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1
2. LEGISLAÇÃO SOBRE PERÍCIAS ............................................................... 6
3. LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO ......................... 16
3.1. Leves ........................................................................................... 18
3.2. Graves ......................................................................................... 19
3.3. Gravíssimas .................................................................................. 21
3.4. Quesitos oficiais ............................................................................ 22
3.5. Concausas .................................................................................... 22
3.6. Lesões corporais culposas ............................................................... 23
3.7. Lesões corporais seguidas de morte ................................................. 23
4. QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ................................................. 31

ERRATA: Na aula 01 pág. 18, fig 15, onde se lê “típico”, leia-se “atípico”.

1. INTRODUÇÃO

Antes de falar sobre legislação preciso fazer uma introdução do que é


uma perícia: é todo exame realizado com a finalidade de esclarecer fatos de
interesse da justiça. A perícia é uma diligência de caráter técnico-especializado,
podendo ser realizadas nos vivos, nos mortos, em animais e objetos. Os
dispositivos legais que tratam da perícia são os artigos 155 a 184 e 275 a 281
do CPP (vamos estudar alguns desses artigos ainda nesta aula).

INICIATIVA DA PERÍCIA
A perícia médico-legal pode ser solicitada pela Autoridade Policial
(delegados de polícia), pela Autoridade Judiciária e Presidente do Inquérito

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Policial Militar. No entanto, somente o juiz pode solicitar exame de sanidade


mental.

PERITOS
É um apreciador técnico, assessor da autoridade. É o técnico ou
especialista que opina sobre as questões que lhe são submetidas pela
Autoridade Policial, a fim de direcionar suas investigações, ou pela Autoridade
Judiciária, para propiciar ao julgador formar a sua convicção. Segundo o CPP, o
exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
Obs: Art. 159 CPP definia a necessidade de 2 peritos para a realização de
exames de corpo de delito e outras perícias. Porém, com a edição da Lei nº
11.690, de 09 de junho de 2008, será necessária a presença de 1 perito.
Cuidado ao estudar por material desatualizado.
Cabe a este profissional elaborar o laudo pericial criminal, organizando
provas e determinando as causas dos fatos. Examinando locais de crime,
buscando evidências, selecionando e coletando indícios materiais e
encaminhando peças para exames com ou sem quesitos. Reconstituem fatos,
analisam peças, materiais, documentos e outros vestígios relacionados a
crimes, fotografando e identificando as peças e materiais e definindo tipo de
exame. Efetuam medições e ensaios laboratoriais, utilizando e desenvolvendo
técnicas e métodos científicos.

PERITOS OFICIAIS
São que exercem este mister por atribuição de cargos públicos. Segundo
o artigo 5° da Lei 12.030/09 “..são peritos de natureza criminal os peritos
criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com formação
superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade de
cada órgão e por área de atuação profissional”.

PERITOS NÃO OFICIAIS (Ad-hoc)


São aqueles designados pela autoridade para suprirem a falta de peritos
oficiais. São peritos habilitados (não existem mais os peritos leigos). Antes de
realizarem a perícia, prestam o compromisso de bem e fielmente desempenhar
o encargo que lhes é confiado. Podem também receber a denominação de
Peritos Louvados. A perícia deverá ser feita por um perito oficial. Entretanto,
em sua falta, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior, preferencialmente na área específica, entre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame (art 159
CPP).

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01) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 No que
se refere à perícia médica, julgue os itens subsequentes.
O perito nomeado em um processo civil poderá delegar suas funções a outro
profissional, desde que este profissional possua conhecimento específico a
respeito do caso em análise.

RESPOSTA E. A função do perito é pessoal e indelegável, portanto seu trabalho


é de sua exclusiva responsabilidade.

02) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 Ao


perito é assegurado o direito de ouvir testemunhas e recorrer a qualquer outra
fonte de informação que possa orientar seu trabalho.

RESPOSTA C. O item traz um entendimento previsto no art. 429, do Código de


Processo Civil, que diz: “Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o
perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários,
ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que
estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o
laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças”.

03) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 O


perito estará impedido de realizar uma perícia se for amigo íntimo ou inimigo de
qualquer das partes.

RESPOSTA E. Deixei para falar sobre isso nessa questão. Os casos de


impedimento legal são: se for parte no processo, se já estiver trabalhando no
processo em outra função que não a de perito, se alguma das partes for
parente, pertencer a órgão que é parte na causa, ser de área diferente da
matéria à qual refere à perícia. O caso previsto no item, ou seja, ser amigo
íntimo ou inimigo de qualquer das partes, constitui suspeita de parcialidade, e
não impedimento. Suspeita de parcialidade e impedimento são duas coisas
completamente distintas. Ademais, o item não tratou de assistente técnico,
mas, sim, de perito, que são funções distintas.

ASSISTENTES TÉCNICOS
São profissionais de confiança da parte que o indicou. Não estão sujeitos
aos impedimentos ou suspeições previstos em nossos códigos. Elaboram seus
pareceres com correção técnica porque têm compromisso com a verdade
técnica, esclarecendo pontos específicos distantes do conhecimento do

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magistrado. São também suas funções: acompanhar o desenrolar da prova


pericial, apresentar sugestões, ajudar na formulação de quesitos, criticar o
laudo do perito oficial mediante parecer técnico fundamentado etc.

04) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 A


medicina legal é o campo da ciência médica que faz a interface entre a medicina
e o direito, razão por que é necessária a observância de protocolos rígidos tanto
na realização de perícias quanto na confecção dos respectivos laudos, pois estes
são utilizados nas áreas penal, cível, trabalhista, administrativa e securitária, e
informalidades poderiam levar o laudo à perda de confiabilidade e serventia.
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem.
Não se pode alegar suspeição do perito por vínculo com a parte, no caso de
este ser assistente técnico.

RESPOSTA C. O CESPE comentou essa questão e a próxima, pois algum


candidato entrou com recurso. Veja a justificativa da banca “Como o assistente
técnico é perito da parte e não do juízo, o vínculo deste com a parte é admitido.
Portanto não se enquadra no inciso 3º do artigo 159 do CPP. O perito oficial é
do juízo, e o assistente técnico é o perito indicado pela parte, a qual mantém
vínculo. Não se pode igualar o assistente técnico à testemunha, sendo ele
perito, porém não oficial”.

05) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 A


designação direta do perito pela autoridade que dirige o inquérito ou preside o
processo na área criminal não fere a autonomia pericial e, portanto, não quebra
o protocolo legal.

RESPOSTA E. Conforme Art. 179 CPP – A solicitação da perícia será destinada


ao diretor da repartição que designará o perito. Portanto a designação de
perito, por autoridade, quebra o protocolo e infringe a lei, tornando o laudo
pouco confiável, mas é facultada ao juízo sua aceitação. A designação direta de
qualquer profissional ou mesmo do perito pelo juízo fere o que preceitua o art.
179, do CPP. A solicitação deve ser dirigida ao Diretor da Repartição e não
diretamente ao perito. No caso de localidades onde não existam peritos
oficiais, a designação não deve ser direta, pois é necessária, primeiramente, a
nomeação do profissional, como perito, ou dos peritos e depois a designação. É
sabido que, em muitos casos, os juízes designam um ou mais profissionais para
realizarem certo exame ou perícia, sem a nomeação prévia deste como perito,
e, alguns juízes, talvez a maioria, muito menos seguem o que preconiza o
inciso 2º do art. 159 do CPP, que exige a prestação de um compromisso.

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Embora seja praxe, isto é uma quebra da formalidade legal e pode levar o laudo
a perda de serventia, se for seguido o que reza estritamente a lei. OBS. Essa
resposta foi da própria banca.

CORPO DE DELITO

De acordo com o art. 158-CPP, quando a infração deixar vestígios, será


indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado. É a materialidade do delito (crime). É o
conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. É tudo que pode
ser visto, ouvido, tocado, cheirado ou degustado.

EXAME DE CORPO DE DELITO


O exame de corpo de delito direto é aquele realizado por perito para
provar a materialidade do crime. É o conjunto de meios materiais de
comprovação da existência dos elementos essenciais de um fato típico. Não se
deve confundir corpo de delito com corpo da vítima, levando-se em conta o fato
elementar que este último é apenas um dos elementos sobre o qual o exame
pericial buscará os vestígios materiais que tenham relação com o fato delituoso.
Pode ser DIRETO ou INDIRETO.
DIRETO - É o exame do elemento corporal, material, que demonstra e
comprova a existência real e material da infração.
INDIRETO - É feito por meio de informações, depoimentos, filmes e objetos. A
autoridade oficia o hospital para que este envie o BAM – Boletim de
Atendimento Médico (não sendo caso de internação ou CTI) ou o prontuário (se
foi caso de internação ou CTI).

06) PC-SP/DELEGADO DE POLICIA/2011 Perícia médico-legal baseada


exclusivamente em prontuários médicos denomina-se:
A) complementar
B) indireta
C) documental
D) subsidiária
E) direta

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RESPOSTA B. O exame está sendo realizado de forma indireta, então a


resposta é a letra B.

Perícias médicas

Existem centenas de tipos de exames periciais médico-legais, nas áreas


cíveis, criminais, previdenciárias, trabalhistas, securitárias e administrativas em
geral, entre outras, dependendo da natureza e da finalidade do exame. Vejam
alguns exemplos:
- Perícias criminais: são aquelas decorrentes de um evento delituoso. Muito
gente acha que no IML só vai gente morta. É um engano! De uma maneira
geral, cerca de 80% das perícias no IML são realizadas no vivo e apenas 20%
no morto. Exemplo de perícias: lesão corporal, embriaguez, conjunção carnal,
ato libidinoso, perícia de aborto, sanidade mental, sanidade física, perícia de
idade, antropologia forense, necrópsia, etc.
- Perícias cíveis: relacionadas com a esfera cível como nos casos de
responsabilidade profissional, arbitramento de honorários, etc.
- Perícias trabalhistas ou infortunística: para averiguação de acidentes de
trabalho, doenças profissionais e laborais.
- Perícias securitárias: prestam-se para efeito de recebimento de seguro. Ex.
Seguro DPVAT.

Como o foco do concurso é na esfera criminal, vamos falar um pouco mais


sobre os exames nessa área:
1) Exame no vivo: como principal objetivo constatar se houve dano à
pessoa, qual o tipo de dano e qual a gravidade. Ex. Lesões corporais e
crimes sexuais.
2) Exame no morto: tem como finalidade avaliar a realidade da morte e a
sua causa.
3) Exame em amostras biológicas: tanto na área civil quanto na criminal. Ex.
DNA, exames toxicológicos, etc.

2. LEGISLAÇÃO SOBRE PERÍCIAS

Hoje as perícias de natureza criminal estão reguladas pela lei 12030/09:


LEI Nº 12.030, DE 17 DE SETEMBRO DE 2009.

Dispõe sobre as perícias oficiais e dá outras providências.

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Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias oficiais de


natureza criminal.
Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é
assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso
público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de
perito oficial.
Art. 3o Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza
criminal, os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de
trabalho, observada a legislação específica de cada ente a que se encontrem
vinculados.
Art. 4o (VETADO)
Art. 5o Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o
perito se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos
criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com formação
superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade de
cada órgão e por área de atuação profissional.
Veja como isso já caiu nessa questão da UNIVERSA:

07) UNIVERSA/ Perito Criminal/Área 3 Odontologia/PCDF/2012 De


acordo com a Lei 12.030/2009, são considerados peritos de natureza criminal
A) os peritos-legistas, os peritos odontolegistas e os peritos criminais
B) os peritos particulares que exerçam atividade na área criminal e os
papiloscopistas
C) os médicos-legistas e os peritos-contadores
D) os peritos criminais e os peritos em fisiologia
E) os peritos oftamologistas e os peritos-legistas

RESPOSTA A. É exatamente o que está no Artigo 5 o da Lei 12030/09.

Todo exame pericial produzido é executado dentro de uma ordem legal,


pois é disciplinado na legislação processual penal. Vocês verão que as questões
são cópias dos artigos do CPP, principalmente o CAPÍTULO II (Do exame do
corpo de delito e das perícias em geral). Esses artigos estão também na parte
de Criminalística e na parte de Noções de Direito do Edital. Vamos ver alguns
artigos:

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Art. 158 – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de


corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.

A maioria das infrações penais é do tipo que deixa, comumente, vestígios,


que devem ser examinados obrigatoriamente conforme o artigo 158 acima
citado. Esse artigo evidencia a importância da perícia, referindo-se
taxativamente a sua indispensabilidade, sob pena de nulidade do processo.
Quanto ao desaparecimento dos vestígios, seja pela ação do tempo,
intempéries ou quaisquer outros meios, o legislador admite a constituição da
prova de maneira indireta, como o prontuário do paciente que foi atendido em
hospital, avaliação indireta de um objeto, etc.

08) FDRH/PERITO QUÍMICO FORENSE/IGP-RS/2008 Por disposição do


Código de Processo Penal, o exame de ...................................... é
indispensável quando a infração penal deixar vestígios, não podendo supri-lo(s)
............................................. Assinale a alternativa cujas palavras ou
expressões completam corretamente as lacunas da frase acima.
A) retrato falado – o reconhecimento
B) antecedentes – as alegações da vítima
C) corpo de delito – a confissão do acusado
D) depoimentos – os antecedentes do suspeito
E) histórico – os depoimentos de terceiros

RESPOSTA C. Questão bem direta. Cobrou o Artigo 158 do CPP que acabamos
de ver.

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas)
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na
área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame.

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§ 2 o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente


desempenhar o encargo.
§ 3 o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao
ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de
assistente técnico.
§ 4 o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após
a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as
partes intimadas desta decisão.

Com a nova redação a partir de 2008, o artigo 159 demonstra a


atribuição legal dos Peritos Oficiais na realização do exame de corpo de delito.
Na falta do Perito Oficial o CPP no seu § 1o traz a figura do Perito Ad Hoc termo
latim que significa “para o caso”.
A nova redação também criou a figura do assistente técnico que já existia
no processo civil e tem a missão de trabalhar para as partes. Tal concessão
teve por objetivo garantir o direito a ampla defesa na produção da prova
pericial. Mas só começará a atuar depois que os peritos oficiais emitirem o
respectivo laudo pericial oficial e depois de deferido pelo juiz da causa,
deixando claro que esse profissional só terá atuação na fase processual.

09) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 /PCDF/2012 De acordo com a


Lei n.º 11.690/2008, o assistente técnico atuará a partir de sua admissão
pelo juiz
A) antes da conclusão dos exames e da elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.
B) da esfera civil e após a conclusão dos exames e a elaboração do
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.
C) da esfera civil e antes da conclusão dos exames e da elaboração do
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.
D) e após a conclusão dos exames e a elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.
E) em qualquer fase do processo e após a conclusão dos exames e a
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa
decisão.

RESPOSTA D. Essa lei alterou dispositivos do CPP relativos à prova. A


alternativa D é cópia literal do § 4° do artigo 159 do CPP que acabamos de ver.

10) CESPE/Médico-Legista/PCES/2011 Os peritos não oficiais e os


assistentes técnicos diferem na sua concepção em relação aos peritos oficiais,

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visto que os peritos não oficiais (ad hoc), peritos do juízo, só podem atuar na
ausência do perito oficial e depois de firmar o compromisso de bem e
desempenhar, fielmente, o encargo perante a autoridade solicitante da perícia;
e os assistentes técnicos, peritos da parte, só podem atuar após a sua admissão
pelo juiz. Já o perito oficial prescinde de firmar o compromisso, que é inerente à
sua titulação, e sua atuação precede a do assistente técnico.

CERTO. A primeira parte da assertiva é entendimento dos §2° e §4° do artigo


159 do CPP citados acima. Já a parte final da assertiva também está correta,
pois realmente o perito oficial no exercício de função pública não precisa firmar
compromisso, o que já é inerente à sua função.

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à


perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou
questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima
de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em
prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6 o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu
de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que
manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
§ 7 o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um
perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.

Art. 160– Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão


minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez)
dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
requerimento dos peritos.

Como já disse, o laudo pericial é a descrição completa e detalhada dos


exames realizados, desde a descrição do objeto examinado, passando pelas
análises feitas, até a conclusão a que chegaram os peritos, apresentado de
forma escrita, devidamente fundamentado, constando todas as observações

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pertinentes ao que foi verificado e contendo as respostas aos quesitos quando


existentes.

11) CESPE/ Odonto-Legista/PCRR/2003. O laudo pericial criminal, a priori,


deve ser elaborado no prazo máximo de dez dias.

RESPOSTA C. Artigo 160, parágrafo único do CPP. A questão fala a priori


porque pode ser prorrogado a requerimento do perito.

Art. 161 – o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.
Esse artigo fala do caráter de urgência no exames dos vestígios que
podem ser facilmente perdidos.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se
os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame
externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando
as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância
relevante.

12) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 Na


necropsia médico-legal, indicações, tais quais como morte súbita e morte
suspeita são aceitáveis; o aguardo de seis horas após a morte para o início da
necropsia é requisito mandatório; e a técnica a ser utilizada na abertura das
cavidades torácica e abdominal do cadáver é de livre escolha pelo médico-
legista.

RESPOSTA E. O CPP (art. 162) faculta a realização de necropsia antes de seis


horas, portanto o aguardo é facultativo e não mandatório.

Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade


providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o
lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta
de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não

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destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que


tudo constará do auto.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-
se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou
repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os
sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

Exumação é o ato de desenterrar um cadáver atendendo aos reclamos da


Justiça para averiguar uma causa de morte passada despercebida, esclarecer
um detalhe, confirmar um diagnóstico ou uma identificação.

13) UNIVERSA/SECTEC-GO/Papiloscopista Policial/2010 Havendo


dúvidas acerca da identidade do cadáver exumado, o reconhecimento será
realizado por
A) exumação.
B) perícia.
C) instituto de identificação.
D) médico-legista.
E) delegado de polícia.

RESPOSTA C. Art. 166 do CPP que acabamos de ver.

14) UNIVERSA/ AUXILIAR DE LABORATÓRIO CRIMINALÍSTICO GO/


2010 Além da prova pericial realizada sobre o corpo de delito, há outras que
também revelam-se necessárias para o esclarecimento de questões igualmente
relevantes. Acerca desse tema, assinale a alternativa correta.
A) A lei processual penal estabeleceu um tempo mínimo de doze horas, após o
óbito, para a realização da autopsia.
B) A exumação é exigida somente nos casos de morte violenta.
C) Se houver dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, o reconhecimento
poderá ser feito pela inquirição de testemunhas.
D) O exame pericial é dispensável nos crimes cometidos por meio de escalada,
porque pode ser suprido pela prova testemunhal.
E) Não cabe ao juiz ou à autoridade policial negar qualquer pedido de perícia
requerida pelas partes.

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RESPOSTA C
A) ERRADO. Segundo o artigo 162 são 6 horas.
B) ERRADO. A exumação pode ser também exigida em casos do direito civil.
C) CORRETO. Art. 166 que acabamos de ver.
D) ERRADO. Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento
de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de
descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em
que época presumem ter sido o fato praticado.
E) ERRADO. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for
necessária ao esclarecimento da verdade.

Art. 164 – Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem


encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e
vestígios deixados no local do crime.
Art. 165 – Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos
quando possível, juntarão ao laudo dos eames provas fotográficas, esquemas
ou desenhos devidamente rubricados.

O legislador dá orientações de como deve ser o exame pericial. A


fotografia, antes opcional, passou a ser obrigatória para local de crime com
cadáver. Tornam-se essenciais as tomadas fotográficas do cadáver, do modo
como foi achado, posição, lesões externas, do local, vestígios, etc.

Art. 169 – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na
dinâmica dos fatos.

Um dos requisitos indispensáveis para a realização satisfatória de uma


exame pericial é que o local esteja adequadamente isolado e preservado, para
que não se perca qualquer vestígio que seja produzido pelos integrantes da
cena do crime.

Art. 182 – O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-
lo, no todo ou em parte.

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O juiz pode desconsiderar o laudo pericial, desde que fundamente sua


decisão.
Art. 184 – Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade
policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.

O legislador se baseou no princípio da economia processual para não usar


tempo, recursos humanos e financeiros em uma tarefa que não seja necessária
ao esclarecimento da verdade. As partes pedem exames desnecessários com o
objetivo de ganhar tempo no processo.

15) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Com


relação à perícia e aos peritos, assinale a alternativa incorreta
A) Quando a infração deixar vestígios, é prescindível o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
B) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte, sendo necessária a devida fundamentação por parte do juiz.
C) Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente
para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os
laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas,
desenhos ou esquemas.
D) O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária. Da mesma forma, o perito nomeado pela autoridade não
poderá recusar o encargo, ressalvada a hipótese de escusa justificada.
E) O exame de corpo de delito e as perícias devem ser realizados por
peritos oficiais. Todavia, na sua ausência, o exame será realizado por
duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, entre as que tiverem habilitação
técnica relacionada com a natureza do exame.

RESPOSTA A. Veja que a UNIVERSA cobra a lei seca. Não tem jeito: é preciso
decorar esses artigos.
A) INCORRETA. Art. 158 do CPP.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
B) CORRETA. Art. 182 do CPP.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte.
C) CORRETA. Art. 170 do CPP.

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Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente


para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
esquemas.
D) CORRETA. Art. 275 e 277 do CPP.
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo,
sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
E) CORRETA. Art. 159. § 1° do CPP.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame.

16) FUMARC/PERITO CRIMINAL/PCMG/2013 Em relação às normas legais


atinentes ao trabalho pericial, NÃO é correto afirmar:
A) No caso que exija a atuação de perito não oficial, é obrigatório seu
compromisso para o bom e fiel desempenho da atividade.
B) As partes legalmente admitidas nos casos que exigem a atuação do Perito
Criminal poderão formular quesitos que serão a ele encaminhados.
C) Quando a transgressão deixar vestígios, requerendo a atuação do Perito
Criminal, é facultativa a realização do corpo de delito direto ou indireto.
D) Em localidades onde não haja a presença do Perito Criminal Oficial, o exame
técnico será feito por duas pessoas idôneas que possuam a habilitação técnica
para realizá-lo.

RESPOSTA C.
A) CORRETO. Art. 159. § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso
de bem e fielmente desempenhar o encargo.
B) CORRETO. Art. 159 § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às
partes, quanto à perícia: I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
prova ou para responderem a quesitos,
C) ERRADO. Art. 158 – Quando a infração deixar vestígios, será indispensável
o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão
do acusado.
D) CORRETO. Art. 159 § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior

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preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica


relacionada com a natureza do exame.

17) UNIVERSA/AUXILIAR DE LABORATÓRIO CRIMINALÍSTICO GO/


2010 A prova judiciária tem por objetivo a reconstrução dos fatos investigados
no processo, buscando a maior coincidência possível com a realidade histórica,
isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente ocorridos no espaço e
no tempo. Se deixar vestígios a infração, a materialidade do delito ou a
extensão de suas consequências deverão ser objeto de prova pericial, com
diversas características. Com relação a essa situação, assinale a alternativa
incorreta.
A) O exame de corpo de delito, nessa situação, é indispensável.
B) O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.
C) A prova será realizada de modo indireto, se ocorrer o desaparecimento
inevitável do vestígio.
D) A confissão do réu pode suprir o exame de corpo de delito.
E) A prova pericial será realizada diretamente sobre o objeto material do crime.

RESPOSTA D. Viram como a UNVERSA não sai do padrão de cobrar os artigos


do CPP nessa parte da matéria? Todas as assertivas estão corretas, EXCETO a
letra D já que reza o artigo 158 “Quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado”.

3. LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO

Define-se lesão corporal como sendo uma ofensa à integridade corporal


ou à saúde de outrem, conforme o artigo 129 do Código Penal. É todo e
qualquer dano ocasionado à normalidade do corpo humano, quer do ponto de
vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental. Nas lesões
corporais o objeto da tutela penal é a integridade biopsíquica. As lesões
classificam-se pelo resultado, não importando o seu lugar, o que as produziu ou
qual sua extensão. As lesões corporais dividem-se em dolosas e culposas.
Apenas as lesões corporais dolosas classificam-se em leves, graves e
gravíssimas. A lei dispõe “se da lesão corporal resulta (...)” e relaciona quatro
resultados que definem as lesões graves e cinco resultados que definem as
lesões gravíssimas. Por exclusão, as lesões não definidas pela lei são
consideradas leves. Quando não há lesão documentando a agressão (cuspida no
rosto, bofetão, empurrão etc.) temos as chamadas vias de fato.

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Veja a íntegra do artigo 129 do CP:

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não
quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das
hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei
nº 12.720, de 2012)

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§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação


dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº
11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias
são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um
terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um
terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído
pela Lei nº 11.340, de 2006)

NÃO SÃO CONSIDERADAS LESÃO CORPORAL: a rubefação (simples e fugaz


afluxo de sangue na pele, não comprometendo a normalidade corporal, quer do
ponto de vista anatômico, quer funcional ou mental); o eritema simples ou
queimadura de 1° grau (vermelhidão da pele que desaparece em poucas horas,
ou dias, mantendo a epiderme íntegra, sem comprometimento da normalidade
anatômica, fisiológica ou funcional); a dor desacompanhada do respectivo dano
anatômico ou funcional; a simples crise nervosa sem comprometimento do
equilíbrio da saúde física ou mental; o puro desmaio.

CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CORPORAIS SEGUNDO A QUANTIDADE DO


DANO:

3.1. Leves – A lesão corporal leve caracteriza-se por pequenos danos


superficiais de pouca repercussão orgânica e de recuperação rápida. Seu
conceito é tido por exclusão, isto é, as lesões leves não apresentam nenhum
resultado estabelecido nos §§ 1°, 2° e 3°, do art. 129 do CP. São
representadas frequentemente por danos superficiais comprometendo a pele, a
hipoderme, os vasos arteriais e venosos capilares ou pouco calibrosos - ex.: o
desnudamento da pele ou escoriação, o hematoma, a equimose (Fig. 01), ferida
contusa, luxação, edema, torcicolo traumático; convulsões ou outras alterações
patológicas congêneres.

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Fig. 01

3.2. Graves – São os danos corporais resultantes das consequências previstas


pelo § 1°:

- incapacidade para as ocupações habituais por + de 30 dias – é quando


o ofendido não pode retornar a todas as suas comuns atividades corporais
antes de transcorridos 30 dias, contados da data da lesão. O conceito de
ocupações habituais é mais do que o trabalho, embora também o inclua, assim,
é qualquer atividade funcional habitual e nisto estão amparados o recém-
nascido, o desempregado, o estudante e o aposentado. Essa incapacidade não
tem que ser total, bastando unicamente o comprometimento de uma ocupação
habitual que incapacite a vítima. O exame complementar, que sempre é
necessário, é um segundo exame pericial que se faz logo que decorra o prazo
de 30 dias, contado da data do crime e não da respectiva lavratura do corpo de
delito, para avaliar o tempo de duração da incapacidade. A incapacidade deve
cessar assim que a vítima tenha condições razoáveis de retornar às suas
atividades sem nenhum prejuízo, mesmo ainda não totalmente convalescida. A
cura é funcional e não anatômica.

- perigo de vida – é a probabilidade concreta e objetiva de morte (não pode


nunca ser suposto, nem presumido, mas real, clínica e obrigatoriamente
diagnosticado). É a situação clínica em que resultará a morte do ofendido se
não for socorrido adequadamente, em tempo hábil. Ex.: hemorragia por seção
de vaso calibroso, prontamente coibida; traumatismo cranioencefálico, feridas
penetrantes do abdome, lesão de lobo hepático, comoção medular,
queimaduras em áreas extensas corporais, colapso total de um pulmão etc.

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18) FUMARC/DELEGADO PCMG/2011 Considerando as lesões corporais


dolosas graves relativas à eventualidade “perigo de vida”, pode-se afirmar que
A) constitui prognóstico de morte futura.
B) constitui provável complicação letal vindoura.
C) constitui situação concreta de morte iminente.
D) todas as opções listadas acima contemplam o conceito perigo de vida.

RESPOSTA C. Entende-se por perigo de vida um conjunto de sinais e sintomas


clinicamente demonstrável de uma condição concreta de morte iminente, ou
seja, uma ameaça imediata de êxito letal. Não pode ser condicionada a
possíveis resultados.

- debilidade permanente de membro, sentido ou função


 Membros: são os braços, antebraços, cotovelos, mãos, dedos, coxas, pernas e
pés.
 Sentidos: são a visão, audição, olfato, paladar e tato.
 Função: é o conjunto de atividades de um ou mais órgãos, sistema ou aparelho
que conduz a uma atividade padrão (ex.: funções digestiva, mastigatória,
respiratória).
 Debilidade: não é anulação da atividade, mas sim uma expressiva redução.
 Permanente: quando cessam os meios habituais de tratamento ou recuperação.
A ablação ou inutilização de um órgão duplo, mantido o outro íntegro e
não abolida a função, constitui lesão grave (debilidade permanente). Assim, por
exemplo, a perda de uma mão, de um pulmão ou de um olho, não significam
perdas propriamente ditas, mas debilidade funcional, considerando-se que tais
órgãos contribuem no seu conjunto para uma função. O conceito de órgão,
sentido ou função, dentro desta discussão, tem um significado fisiológico e não
anatômico. O que se cogita avaliar aqui é uma determinada função. Nas
decisões da Justiça de terceiro grau, tem sido sempre dito que é desclassificado
o crime de lesão corporal gravíssima para grave, quando ocorre perda ou
inutilização apenas de um dos elementos componentes de determinada função
ou sentido, como é o caso dos órgãos duplos, em que há apenas a diminuição
funcional, não a sua perda.

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- aceleração de parto – consiste na antecipação quanto à data ou ocasião do


parto, mas necessariamente depois do tempo mínimo para a possibilidade de
vida extra-uterina e desencadeada por traumatismos físicos ou psíquicos. Na
aceleração do parto, o concepto deve nascer vivo e continuar com vida, dado o
seu grau de maturação; no aborto, o concepto é expulso morto, ou sem
viabilidade, se sobreviver.

3.3. Gravíssimas - São os danos corporais resultantes das consequências


previstas pelo § 2°:
- incapacidade permanente para o trabalho - Permanente é a incapacidade
que sobrevém no instante em que cessam os meios habituais de tratamento. A
lei diz claramente que a incapacidade diz respeito a qualquer tipo de trabalho, e
não somente para o trabalho especificamente exercido pela vítima.

- enfermidade incurável – Incurável é aquilo que é definitivo, em face de


processos normalmente utilizados para a cura.

- perda ou inutilização de membro, sentido ou função – Nesse caso a


graduação é maior do que na debilidade permanente (lesão grave). Não há
necessidade de um grau extremo de debilitação funcional, ou seja, a perda não
precisa ser absoluta, basta que a função fique praticamente inútil (um vestígio
funcional). Tanto faz a perda de membros, sentido ou função como suas
permanências inúteis. Em geral aceita-se que uma perda acima de 70%
caracteriza a perda ou a inutilização de membro, sentido ou função.
Exemplos: cegueira dos dois olhos; traumatismo em bolsa escrotal que
inutilize a função reprodutora, paralisação das pernas.

- deformidade permanente – Dois aspectos estão envolvidos: o caráter


permanente e a aparência. O conceito enfocado é o de gerar repugnância pela
perda de harmonia e não pelo feio ou bonito. As condições da vítima, no que diz
respeito à idade, ao sexo, à profissão ou ao estado social, não devem ter
nenhum relevo quanto à caracterização da deformidade sob a ótica do Direito
Público, como também não podem ficar condicionadas à impressão que alguém
tem de si mesmo, mas ao que pode despertar nos outros. Cicatrizes, alterações
de formas, desvios, claudicações expressivas, tudo isso poderá constituir uma
deformidade permanente, desde que seja aparente e afete o modo de vida da
pessoa. A deformidade permanente pode ter um resultado devastador na vida
do indivíduo, pois estigmatiza, deforma a personalidade, a conduta e o
comportamento de seu portador. Não importa a parte do corpo em que esteja

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localizada a deformidade, basta que ela possa eventualmente ser vista.


O uso de prótese ainda que perfeita, que esconde a deformidade, um olho
de vidro ou uma dentadura, perpetua a deformação. O agravamento existe,
está camuflado, remediado, simulado. Vejam essa jurisprudência: “O fato de ter
a vítima implantado uma ponte no lugar dos dentes perdidos na agressão que
sofreu é irrelevante para fins de tipificação penal da infração. Ninguém está
obrigado a usar postiços ou disfarces para favorecer a sorte do seu
ofensor”(TJSP-AC-RT693/339).

- aborto – é a interrupção da gravidez, normal e não patológica, em qualquer


fase do processo gestatório, haja ou não a expulsão do concepto morto, ou, se
vivo, que morra logo após pela inaptidão para a vida extra-uterina.

3.4. Quesitos oficiais

Existem os chamados quesitos oficiais, mas a autoridade responsável pelo


inquérito pode formular novas questões. As respostas aos quesitos no exame de
lesão corporal, como em qualquer relatório, devem ser sempre incisivas,
evitando-se expressões dúbias.
1) Houve ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente?
2) Qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa?
3) A ofensa foi produzida com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo
comum? (resposta especificada)
4) Da ofensa resultou perigo de vida?
5) Da ofensa resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de
30 (trinta) dias?
6) Da ofensa resultou debilidade permanente de membro sentido ou função;
incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou
inutilização de membro, sentido ou função ou deformidade permanente?
(resposta especificada)

3.5. Concausas

Concausa: é o conjunto de fatores, preexistentes ou supervenientes,


suscetíveis de modificar o curso natural do resultado de uma lesão ao arrepio
da vontade do autor.
Concausas preexistentes

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São aquelas que já existiam antes da lesão e são capazes de modificar o


resultado. As concausas preexistentes são classificadas em anatômicas,
fisiológicas e patológicas.
a) Concausas preexistentes anatômicas
São anomalias congênitas (má formação), como a patologia cistus inversus
(órgãos do lado contrário).
b) Concausas preexistentes fisiológicas
Referem-se ao estado de funcionamento, no momento da lesão, de
determinado órgão (ex.: o sujeito está com a bexiga cheia; se houver trauma
pode estourar a bexiga, ao passo que se ela estivesse vazia, esse mesmo
trauma não a afetaria).
c) Concausas preexistentes patológicas
São os casos de hemofilia, diabetes, aneurisma etc.
Concausas supervenientes
Ocorrem depois, com o agravamento. Podem envolver imperícia,
negligência, imprudência, infecções etc.

3.6. Lesões corporais culposas

É o parágrafo 6° do artigo 129 do CP e neste caso não existe a graduação


da pena referente à quantidade e à qualidade do dano como ocorre nas lesões
corporais de natureza dolosa. Nesse caso o perito deve considerar o dano,
estabelecer a relação de causalidade, caracterizar a previsibilidade de dano e
responder aos quesitos.

3.7. Lesões corporais seguidas de morte

É o parágrafo 3° do artigo 129. Os italianos chamam de “homicídio


preterintencional” e os alemães de “crime qualificado pelo resultado”. A ação é
dolosa, mas o resultado morte é culposo. O reconhecimento de uma lesão
corporal seguida de morte compete ao julgador e não ao perito; a este compete
tão somente a descrição parcial da sede, número, direção, profundidade das
lesões etc.

Vamos aos exercícios:

No almoço de natal de 2001, Pedrinho, um garoto de sete anos de idade,


portador da síndrome de Down, ao comer um pedaço de peru com farofa que
seu pai havia encomendado, mordeu uma pedra e luxou gravemente o dente
21, que precisou ser ferulizado aos adjacentes, em consultório. Seu pai

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registrou ocorrência policial e entrou com um processo pleiteando indenização.


No primeiro dia do ano seguinte, apesar de ser feriado, Pedrinho foi
encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para ser submetido a exame
pericial, que constatou imobilização dentária e hiperemia com tumefação na
mucosa gengival vestibular correspondente ao ápice do dente lesado. Com base
na situação hipotética apresentada acima, julgue os itens a seguir.
19) CESPE/ Odonto-Legista/PCRR/2003. Considerando que o exame
pericial não tivesse permitido um prognóstico definitivo, em função da evolução
incerta do caso, os peritos deveriam ter solicitado que Pedrinho retornasse no
dia 31/1/2002 para o primeiro exame complementar.

ERRADO. O exame complementar dever ser realizado 30 dias da ocorrência da


lesão e não 30 dias após o primeiro exame. Se a lesão ocorreu em 25 de
dezembro de 2001 o exame complementar deveria ser feito em 25 de janeiro
de 2002.

20) CESPE/ Odonto-Legista/PCRR/2003. Sendo Pedrinho estudante, o


afastamento de suas ocupações habituais por mais de trinta dias em
decorrência do incidente não estaria amparado por lei.

ERRADO. Como já explicado, ocupação habitual é qualquer atividade funcional


habitual e isso inclui o estudante.

21) UNIVERSA/Perito Médico-Legista/PCDF 2008. Em um exame de corpo


de delito, os peritos não puderam responder quanto à gravidade da lesão e
marcaram corretamente um exame complementar. Assinale a alternativa que
contém a data marcada para o retorno.
A) 30 dias após a data da lesão
B) 30 dias após o primeiro exame
C) 15 dias após a data da lesão
D) 25 dias após o primeiro exame
E) 40 dias após a data do primeiro exame

RESPOSTA A. Vejam esse artigo do CPP.


Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da

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autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério


Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo
de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no
art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de
30 dias, contado da data do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova
testemunhal.

Vejam o caso da fotografia abaixo (fig. 2): uma presidiária passou uma
navalha no pescoço de outra presidiária, resultando uma lesão cortante (ou
incisa). Ela já tinha sido suturada quando se fez o primeiro exame, mas deve-se
aguardar o processo de cicatrização para ser avaliada novamente.

Fig. 02

22) CESPE/Perito Odonto-Legal/PC/PB 2009 Segundo o art. 129 do


Código Penal Brasileiro (CPB), a doutrina e a jurisprudência, assinale a opção
correta.
A) As lesões corporais podem ser divididas em dolosas ou intencionais.
B) A debilidade permanente da função mastigatória caracteriza uma lesão
corporal dolosa em gravíssima.
C) A perda dos incisivos centrais superiores caracteriza uma lesão corporal
dolosa em gravíssima.
D) Se, ao levar um soco, uma pessoa cai na rua e um caminhão quase esmaga
sua cabeça, tem-se configurado perigo de vida.
E) A perda do olho esquerdo caracteriza, em uma pessoa que enxerga bem do
outro olho, uma lesão corporal dolosa grave.

RESPOSTA C

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A) ERRADO. As lesões corporais são divididas em dolosas (com intenção) e


culposas (sem intenção). Existem subdivisões do dolo mas não vamos entrar
nessa seara.
B) ERRADO. Debilidade permanente é classificada como lesão corporal grave
e não gravíssima.
C) CERTO. A perda de incisivos caracteriza deformidade permanente por ser
um dano estético, visível e não reparável naturalmente.
D) ERRADO. Entende-se por perigo de vida um conjunto de sinais e sintomas
clinicamente demonstrável de uma condição concreta de morte iminente, ou
seja, uma ameaça imediata de êxito letal. Não pode ser condicionada a
possíveis resultados. São exemplos de perigo de vida: ferimentos de grandes
cavidades, coma, asfixia, fratura alta da coluna e traumatismo crânio-
encefálico.
E) ERRADO. Trago as palavras do França “a amputação de um braço não
leva à perda da função, no sentido de uma lesão gravíssima, mas a uma
debilidade de função, assim como a enucleação de um olho não quer dizer a
perda de um órgão, mas uma debilidade funcional. Mesmo sendo o olho
anatomicamente um órgão, ele é parte de uma função e por ela se valoriza. O
caráter estético não está aí arguído”. A banca classificou a perda de um
olho como deformidade permanente por isso é uma lesão gravíssima.

23) UNIVERSA/Médico-Legista Goiás/ 2010 Um indivíduo normal, vítima


de uma agressão física intencional, sofreu um traumatismo com perfuração do
olho esquerdo e consequente extravasamento e não recebeu os cuidados
devidos. Dessa forma, a lesão apresentada, do ponto de vista jurídico, será
classificada como
A) lesão corporal gravíssima.
B) lesão corporal grave.
C) lesão corporal leve.
D) lesão corporal grave ou gravíssima, a depender de outros fatores não
enunciados.
E) lesão corporal leve ou grave, a depender de outros fatores não enunciados.

RESPOSTA: ANULADA. Justificativa da Banca: “Embora a expressão


“perfuração do olho” leve à ideia de uma perfuração significativa, pode ser uma
perfuração de qualquer magnitude, e, embora a expressão “extravasamento”
sugira uma caudalosa saída do conteúdo, esse extravasamento pode ser
mínimo. Dessa forma, a lesão pode ser leve, grave ou gravíssima.”
O gabarito preliminar deu como resposta a alternativa A, pois a banca induziu
que o extravasamento tivesse levado a perda do olho o caracterizaria uma

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deformidade (por causa do dano estético) e por consequência uma lesão


corporal gravíssima. Mas devido ao grande número de recursos (porque a banca
não foi clara se realmente houve a perda do olho) a banca anulou, pois se o
extravasamento causasse apenas perda da visão de um único olho isso seria
debilidade da função e a lesão seria grave. Se esse extravasamento fosse
mínimo como justificou a Banca seria uma lesão corporal leve.

Vejam essas jurisprudências sobre esse assunto que confirmam nosso


entendimento:
- Quanto ao mérito, foi informado que a defesa sustenta a inocorrência de
lesão corporal gravíssima, pois a vítima sofreu a perda de apenas um dos
globos oculares, restando, portanto, o outro olho com o qual poderia enxergar.
Entretanto, o voto preponderante asseverou que a natureza gravíssima se
justifica em virtude da deformidade permanente causada no rosto da vítima,
fato comprovado por prova pericial. (TJDFT 20110020029953RVC, julgamento
28/03/2011).
- Embora a perda de um dos olhos constitua "debilidade permanente do
sentido" (III, § 1º, art. 129, do CP) da visão, conforme alegado pelo apelante,
na espécie, além da debilidade do sentido, a lesão que a vítima sofreu
resultou em "deformidade permanente" (III, § 2º, do art. 129, do CP) que
é facilmente constatada pela observação das fotografias da vítima, que está
com um orifício resultante da extirpação cirúrgica do que restou do globo
ocular. (ACR 3098780 PR 0309878-0)

Um idoso de 65 anos de idade submeteu-se a exame ambulatorial no IML


logo após 30 dias da ocorrência de acidente automobilístico. O idoso
apresentava andar claudicante, cicatriz hipocrômica e hipertrófica na face
anterior de perna direita, consequente de traumatismo provocado pela alavanca
de câmbio que o atingiu durante a colisão do veículo que dirigia. O idoso havia
renovado sua carteira nacional de habilitação quinze dias antes do acidente e
constava em seu prontuário que ele estava apto, sem restrições para dirigir
veículo automotor. A partir da situação acima apresentada, julgue os itens
subsecutivos.
24) CESPE/Médico-Legista/PCES/2011 Nessa situação, mesmo que a lesão
esteja em evolução, o legista deve concluir o laudo nesse momento, visto que,
no Código de Processo Penal, não há previsão de outros exames em tempo
superior a trinta dias.

ERRADO. A questão tem dois erros: primeiro que não se deve concluir uma
lesão em evolução pois o perito deve avaliar a existência de sequelas e suas

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consequências. Segundo, que há previsão de outros exames no artigo 181 do


CPP:
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo
exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

25) CESPE/Médico-Legista/PCES/2011 O exame acima descrito configura


exame médico legal complementar, cujo objetivo consiste em evidenciar a
resposta ao quesito relativo ao tempo de impossibilidade de exercício de
ocupações habituais, que, juridicamente, possibilita a distinção da natureza da
lesão, ou seja, se corresponde a lesão leve ou grave.

CORRETO. Entendimento do artigo 168 do CPP § 2o Se o exame tiver por fim


precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal (que é
justamente a incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias),
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do
crime.

26) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Abel,


após ingerir pequena quantidade de bebida com teor alcoólico, inicia uma
discussão com sua colega de trabalho, Zulmira, grávida de 6 meses. Após se
sentir ofendido verbalmente, Abel obtém uma barra de madeira e desfere
alguns golpes contra Zulmira apenas no intuito de feri-la fisicamente, e não o
seu feto. Zulmira foi, então, socorrida e levada ao pronto-socorro pelo corpo de
bombeiros. Constatou-se no hospital a interrupção da gravidez pela morte do
feto no ventre de Zulmira em função das agressões sofridas pela mãe. Nessa
situação, Abel deverá ser enquadrado no crime de
A) Homicídio
B) Infanticídio
C) Maus-tratos
D) Lesão corporal gravíssima
E) Aborto provocado por terceiro

RESPOSTA D. Há nexo de causalidade entre a lesão e o resultado,


enquadrando-se no Art 129 parág 2° - aborto. Repare que ele tinha intenção
apenas de feri-la.

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27) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Ao


retornar para casa após um dia de trabalho, Ana é surpreendida com a
presença de seu colega de profissão, Lúcio, em frente à sua residência. Lúcio
relatou que não “iria deixar barato” o fato de Ana ter-se negado a aceita-lo
como namorado. Assim sendo, no intuito único de ferir fisicamente sua amada,
Lúcio a segura firmemente e corta o rosto dela com um instrumento
perfurocortante. Após atendimento médico, Ana foi levada ao InstitutoMédico
Legal, e o laudo pericial constatou a presença de ruptura total de alguns trechos
terminais nos nervos maxilares e mandibulares. Nesse caso, a pena prevista
para o crime cometido por Lúcio é de
A) Detenção, de dois meses a um ano
B) Detenção, de três meses a um ano
C) Reclusão, de um a cinco anos
D) Reclusão, de dois a oito anos
E) Reclusão, de quatro a doze anos

RESPOSTA D. Inicialmente a Banca colocou como gabarito preliminar a letra C,


mas depois mudou para a letra D. Veja a justificativa da Banca: “Considerando
que Ana é ferida por um instrumento perfurocortante, causando ruptura de
trechos terminais dos nervos maxilares e mandibulares, a formação de cicatriz
e a alteração estética da paciente serão permanentes. Assim, há uma lesão
corporal de natureza gravíssima e não apenas grave, e a pena para lesão
corporal gravíssima é reclusão, de dois a oito anos”. A Banca fez o meu
trabalho: explicou certinho a questão. Somente gostaria de frisar as penas das
lesões corporais, afinal essa foi uma questão da “nossa” Banca:

Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.

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§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o
resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

28) FUMARC/MEDICO LEGISTA/PCMG 2013 Trata-se de lesão corporal de


natureza gravíssima, conforme o Artigo 129 do Código Penal Brasileiro:
A) Perigo de vida.
B) Deformidade permanente.
C) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.
D) Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias.

RESPOSTA B. Essa questão cobrou a literalidade da lei. As alternativas A, C e


D são os incisos da lesão grave. Logo, só sobrou a letra B.

29) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Joel,


após discussão com Valdir, em que foram feitas ofensas verbais, pegou um
tijolo e o arremessou sobre a face de Valdir, com a intenção única de agredi-lo
fisicamente. Os peritos criminais detectaram extensa equimose facial do lado
esquerdo, grande corte com perda de substância, medindo 9,3 cm × 4,4
cm nos seus maiores diâmetros, além de diversos cortes de menor
extensão. No exame físico intra bucal, observaram grandes fraturas
coronárias dos dentes 24, 25 e 34. O exame radiográfico não
demonstrou fraturas nos ossos da face. Decorridos 6 meses, o corte facial
resultou em extensa cicatriz (9 cm × 4 cm) e outras de menor diâmetro.
Valdir referia que se sentia constrangido publicamente diante de seu
aspecto físico após tais agressões. Diante disso, Joel foi julgado e
condenado pelo crime de lesão corporal de natureza gravíssima. De acordo
com essas informações, o enquadramento no crime em que Joel foi
condenado foi fundamentado no fato de ele ter
A) causado enfermidade incurável na vítima.
B) causado deformidade permanente na vítima.
C) omitido socorro à vítima.
D) produzido incapacidade permanente para o trabalho na vítima.

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E) provocado debilidade permanente de membro, sentido ou função na


vítima.

RESPOSTA B. Mais uma da UNIVERSA. Depois de tudo que vimos a questão


ficou fácil não é? A Banca deu várias dicas “extensa cicatriz”, “natureza
gravíssima”, “constrangido publicamente”. É claro que houve deformidade
permanente. Essas questões têm que ser claras, porque olhando o paciente, às
vezes ficamos na dúvida, imagine fazendo uma questão de prova!

Por hoje é só pessoal!!! Até o nosso próximo encontro. Não percam o foco
e bons estudos.

Geraldo

4. QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

01) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 No que
se refere à perícia médica, julgue os itens subsequentes.
O perito nomeado em um processo civil poderá delegar suas funções a outro
profissional, desde que este profissional possua conhecimento específico a
respeito do caso em análise.

02) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 Ao


perito é assegurado o direito de ouvir testemunhas e recorrer a qualquer outra
fonte de informação que possa orientar seu trabalho.

03) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 O


perito estará impedido de realizar uma perícia se for amigo íntimo ou inimigo de
qualquer das partes.

04) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 A


medicina legal é o campo da ciência médica que faz a interface entre a medicina
e o direito, razão por que é necessária a observância de protocolos rígidos tanto
na realização de perícias quanto na confecção dos respectivos laudos, pois estes
são utilizados nas áreas penal, cível, trabalhista, administrativa e securitária, e
informalidades poderiam levar o laudo à perda de confiabilidade e serventia.
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem.
Não se pode alegar suspeição do perito por vínculo com a parte, no caso de
este ser assistente técnico.

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05) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 A


designação direta do perito pela autoridade que dirige o inquérito ou preside o
processo na área criminal não fere a autonomia pericial e, portanto, não quebra
o protocolo legal.

06) PC-SP/DELEGADO DE POLICIA/2011 Perícia médico-legal baseada


exclusivamente em prontuários médicos denomina-se:
A) complementar
B) indireta
C) documental
D) subsidiária
E) direta

07) UNIVERSA/ Perito Criminal/Área 3 Odontologia/PCDF/2012 De


acordo com a Lei 12.030/2009, são considerados peritos de natureza criminal
A) os peritos-legistas, os peritos odontolegistas e os peritos criminais
B) os peritos particulares que exerçam atividade na área criminal e os
papiloscopistas
C) os médicos-legistas e os peritos-contadores
D) os peritos criminais e os peritos em fisiologia
E) os peritos oftamologistas e os peritos-legistas

08) FDRH/PERITO QUÍMICO FORENSE/IGP-RS/2008 Por disposição do


Código de Processo Penal, o exame de ...................................... é
indispensável quando a infração penal deixar vestígios, não podendo supri-lo(s)
............................................. Assinale a alternativa cujas palavras ou
expressões completam corretamente as lacunas da frase acima.
A) retrato falado – o reconhecimento
B) antecedentes – as alegações da vítima
C) corpo de delito – a confissão do acusado
D) depoimentos – os antecedentes do suspeito
E) histórico – os depoimentos de terceiros

09) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 /PCDF/2012 De acordo com a


Lei n.º 11.690/2008, o assistente técnico atuará a partir de sua admissão
pelo juiz
A) antes da conclusão dos exames e da elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.
B) da esfera civil e após a conclusão dos exames e a elaboração do
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.

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C) da esfera civil e antes da conclusão dos exames e da elaboração do


laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.
D) e após a conclusão dos exames e a elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa decisão.
E) em qualquer fase do processo e após a conclusão dos exames e a
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas dessa
decisão.

10) CESPE/Médico-Legista/PCES/2011 Os peritos não oficiais e os


assistentes técnicos diferem na sua concepção em relação aos peritos oficiais,
visto que os peritos não oficiais (ad hoc), peritos do juízo, só podem atuar na
ausência do perito oficial e depois de firmar o compromisso de bem e
desempenhar, fielmente, o encargo perante a autoridade solicitante da perícia;
e os assistentes técnicos, peritos da parte, só podem atuar após a sua admissão
pelo juiz. Já o perito oficial prescinde de firmar o compromisso, que é inerente à
sua titulação, e sua atuação precede a do assistente técnico.

11) CESPE/ Odonto-Legista/PCRR/2003. O laudo pericial criminal, a priori,


deve ser elaborado no prazo máximo de dez dias.

12) CESPE / Perito Criminal Federal (área 12) Medicina/PF 2013 Na


necropsia médico-legal, indicações, tais quais como morte súbita e morte
suspeita são aceitáveis; o aguardo de seis horas após a morte para o início da
necropsia é requisito mandatório; e a técnica a ser utilizada na abertura das
cavidades torácica e abdominal do cadáver é de livre escolha pelo médico-
legista.

13) UNIVERSA/SECTEC-GO/Papiloscopista Policial/2010 Havendo


dúvidas acerca da identidade do cadáver exumado, o reconhecimento será
realizado por
A) exumação.
B) perícia.
C) instituto de identificação.
D) médico-legista.
E) delegado de polícia.

14) UNIVERSA/ AUXILIAR DE LABORATÓRIO CRIMINALÍSTICO GO/


2010 Além da prova pericial realizada sobre o corpo de delito, há outras que
também revelam-se necessárias para o esclarecimento de questões igualmente
relevantes. Acerca desse tema, assinale a alternativa correta.

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A) A lei processual penal estabeleceu um tempo mínimo de doze horas, após o


óbito, para a realização da autopsia.
B) A exumação é exigida somente nos casos de morte violenta.
C) Se houver dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, o reconhecimento
poderá ser feito pela inquirição de testemunhas.
D) O exame pericial é dispensável nos crimes cometidos por meio de escalada,
porque pode ser suprido pela prova testemunhal.
E) Não cabe ao juiz ou à autoridade policial negar qualquer pedido de perícia
requerida pelas partes.

15) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Com


relação à perícia e aos peritos, assinale a alternativa incorreta
A) Quando a infração deixar vestígios, é prescindível o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
B) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte, sendo necessária a devida fundamentação por parte do juiz.
C) Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente
para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os
laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas,
desenhos ou esquemas.
D) O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária. Da mesma forma, o perito nomeado pela autoridade não
poderá recusar o encargo, ressalvada a hipótese de escusa justificada.
E) O exame de corpo de delito e as perícias devem ser realizados por
peritos oficiais. Todavia, na sua ausência, o exame será realizado por
duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, entre as que tiverem habilitação
técnica relacionada com a natureza do exame.

16) FUMARC/PERITO CRIMINAL/PCMG/2013 Em relação às normas legais


atinentes ao trabalho pericial, NÃO é correto afirmar:
A) No caso que exija a atuação de perito não oficial, é obrigatório seu
compromisso para o bom e fiel desempenho da atividade.
B) As partes legalmente admitidas nos casos que exigem a atuação do Perito
Criminal poderão formular quesitos que serão a ele encaminhados.
C) Quando a transgressão deixar vestígios, requerendo a atuação do Perito
Criminal, é facultativa a realização do corpo de delito direto ou indireto.
D) Em localidades onde não haja a presença do Perito Criminal Oficial, o exame
técnico será feito por duas pessoas idôneas que possuam a habilitação técnica
para realizá-lo.

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17) UNIVERSA/AUXILIAR DE LABORATÓRIO CRIMINALÍSTICO GO/


2010 A prova judiciária tem por objetivo a reconstrução dos fatos investigados
no processo, buscando a maior coincidência possível com a realidade histórica,
isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente ocorridos no espaço e
no tempo. Se deixar vestígios a infração, a materialidade do delito ou a
extensão de suas consequências deverão ser objeto de prova pericial, com
diversas características. Com relação a essa situação, assinale a alternativa
incorreta.
A) O exame de corpo de delito, nessa situação, é indispensável.
B) O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.
C) A prova será realizada de modo indireto, se ocorrer o desaparecimento
inevitável do vestígio.
D) A confissão do réu pode suprir o exame de corpo de delito.
E) A prova pericial será realizada diretamente sobre o objeto material do crime.

18) FUMARC/DELEGADO PCMG/2011 Considerando as lesões corporais


dolosas graves relativas à eventualidade “perigo de vida”, pode-se afirmar que
A) constitui prognóstico de morte futura.
B) constitui provável complicação letal vindoura.
C) constitui situação concreta de morte iminente.
D) todas as opções listadas acima contemplam o conceito perigo de vida.

No almoço de natal de 2001, Pedrinho, um garoto de sete anos de idade,


portador da síndrome de Down, ao comer um pedaço de peru com farofa que
seu pai havia encomendado, mordeu uma pedra e luxou gravemente o dente
21, que precisou ser ferulizado aos adjacentes, em consultório. Seu pai
registrou ocorrência policial e entrou com um processo pleiteando indenização.
No primeiro dia do ano seguinte, apesar de ser feriado, Pedrinho foi
encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para ser submetido a exame
pericial, que constatou imobilização dentária e hiperemia com tumefação na
mucosa gengival vestibular correspondente ao ápice do dente lesado. Com base
na situação hipotética apresentada acima, julgue os itens a seguir.
19) CESPE/ Odonto-Legista/PCRR/2003. Considerando que o exame
pericial não tivesse permitido um prognóstico definitivo, em função da evolução
incerta do caso, os peritos deveriam ter solicitado que Pedrinho retornasse no
dia 31/1/2002 para o primeiro exame complementar.

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20) CESPE/ Odonto-Legista/PCRR/2003. Sendo Pedrinho estudante, o


afastamento de suas ocupações habituais por mais de trinta dias em
decorrência do incidente não estaria amparado por lei.

21) UNIVERSA/Perito Médico-Legista/PCDF 2008. Em um exame de corpo


de delito, os peritos não puderam responder quanto à gravidade da lesão e
marcaram corretamente um exame complementar. Assinale a alternativa que
contém a data marcada para o retorno.
A) 30 dias após a data da lesão
B) 30 dias após o primeiro exame
C) 15 dias após a data da lesão
D) 25 dias após o primeiro exame
E) 40 dias após a data do primeiro exame

22) CESPE/Perito Odonto-Legal/PC/PB 2009 Segundo o art. 129 do


Código Penal Brasileiro (CPB), a doutrina e a jurisprudência, assinale a opção
correta.
A) As lesões corporais podem ser divididas em dolosas ou intencionais.
B) A debilidade permanente da função mastigatória caracteriza uma lesão
corporal dolosa em gravíssima.
C) A perda dos incisivos centrais superiores caracteriza uma lesão corporal
dolosa em gravíssima.
D) Se, ao levar um soco, uma pessoa cai na rua e um caminhão quase esmaga
sua cabeça, tem-se configurado perigo de vida.
E) A perda do olho esquerdo caracteriza, em uma pessoa que enxerga bem do
outro olho, uma lesão corporal dolosa grave.

23) UNIVERSA/Médico-Legista Goiás/ 2010 Um indivíduo normal, vítima


de uma agressão física intencional, sofreu um traumatismo com perfuração do
olho esquerdo e consequente extravasamento e não recebeu os cuidados
devidos. Dessa forma, a lesão apresentada, do ponto de vista jurídico, será
classificada como
A) lesão corporal gravíssima.
B) lesão corporal grave.
C) lesão corporal leve.
D) lesão corporal grave ou gravíssima, a depender de outros fatores não
enunciados.
E) lesão corporal leve ou grave, a depender de outros fatores não enunciados.

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Um idoso de 65 anos de idade submeteu-se a exame ambulatorial no IML


logo após 30 dias da ocorrência de acidente automobilístico. O idoso
apresentava andar claudicante, cicatriz hipocrômica e hipertrófica na face
anterior de perna direita, consequente de traumatismo provocado pela alavanca
de câmbio que o atingiu durante a colisão do veículo que dirigia. O idoso havia
renovado sua carteira nacional de habilitação quinze dias antes do acidente e
constava em seu prontuário que ele estava apto, sem restrições para dirigir
veículo automotor. A partir da situação acima apresentada, julgue os itens
subsecutivos.
24) CESPE/Médico-Legista/PCES/2011 Nessa situação, mesmo que a lesão
esteja em evolução, o legista deve concluir o laudo nesse momento, visto que,
no Código de Processo Penal, não há previsão de outros exames em tempo
superior a trinta dias.

25) CESPE/Médico-Legista/PCES/2011 O exame acima descrito configura


exame médico legal complementar, cujo objetivo consiste em evidenciar a
resposta ao quesito relativo ao tempo de impossibilidade de exercício de
ocupações habituais, que, juridicamente, possibilita a distinção da natureza da
lesão, ou seja, se corresponde a lesão leve ou grave.

26) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Abel,


após ingerir pequena quantidade de bebida com teor alcoólico, inicia uma
discussão com sua colega de trabalho, Zulmira, grávida de 6 meses. Após se
sentir ofendido verbalmente, Abel obtém uma barra de madeira e desfere
alguns golpes contra Zulmira apenas no intuito de feri-la fisicamente, e não o
seu feto. Zulmira foi, então, socorrida e levada ao pronto-socorro pelo corpo de
bombeiros. Constatou-se no hospital a interrupção da gravidez pela morte do
feto no ventre de Zulmira em função das agressões sofridas pela mãe. Nessa
situação, Abel deverá ser enquadrado no crime de
A) Homicídio
B) Infanticídio
C) Maus-tratos
D) Lesão corporal gravíssima
E) Aborto provocado por terceiro

27) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Ao


retornar para casa após um dia de trabalho, Ana é surpreendida com a
presença de seu colega de profissão, Lúcio, em frente à sua residência. Lúcio
relatou que não “iria deixar barato” o fato de Ana ter-se negado a aceita-lo
como namorado. Assim sendo, no intuito único de ferir fisicamente sua amada,

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Lúcio a segura firmemente e corta o rosto dela com um instrumento


perfurocortante. Após atendimento médico, Ana foi levada ao InstitutoMédico
Legal, e o laudo pericial constatou a presença de ruptura total de alguns trechos
terminais nos nervos maxilares e mandibulares. Nesse caso, a pena prevista
para o crime cometido por Lúcio é de
A) Detenção, de dois meses a um ano
B) Detenção, de três meses a um ano
C) Reclusão, de um a cinco anos
D) Reclusão, de dois a oito anos
E) Reclusão, de quatro a doze anos

28) FUMARC/MEDICO LEGISTA/PCMG 2013 Trata-se de lesão corporal de


natureza gravíssima, conforme o Artigo 129 do Código Penal Brasileiro:
A) Perigo de vida.
B) Deformidade permanente.
C) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.
D) Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias.

29) UNIVERSA/Perito Criminal/Prova 3 Odontologia/PCDF/2012 Joel,


após discussão com Valdir, em que foram feitas ofensas verbais, pegou um
tijolo e o arremessou sobre a face de Valdir, com a intenção única de agredi-lo
fisicamente. Os peritos criminais detectaram extensa equimose facial do lado
esquerdo, grande corte com perda de substância, medindo 9,3 cm × 4,4
cm nos seus maiores diâmetros, além de diversos cortes de menor
extensão. No exame físico intra bucal, observaram grandes fraturas
coronárias dos dentes 24, 25 e 34. O exame radiográfico não
demonstrou fraturas nos ossos da face. Decorridos 6 meses, o corte facial
resultou em extensa cicatriz (9 cm × 4 cm) e outras de menor diâmetro.
Valdir referia que se sentia constrangido publicamente diante de seu
aspecto físico após tais agressões. Diante disso, Joel foi julgado e
condenado pelo crime de lesão corporal de natureza gravíssima. De acordo
com essas informações, o enquadramento no crime em que Joel foi
condenado foi fundamentado no fato de ele ter
A) causado enfermidade incurável na vítima.
B) causado deformidade permanente na vítima.
C) omitido socorro à vítima.
D) produzido incapacidade permanente para o trabalho na vítima.
E) provocado debilidade permanente de membro, sentido ou função na
vítima.

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GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E C E C E B A C D C

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C E C C A C D C E E

21 22 23 24 25 26 27 28 29
A C NULA E C D D B B

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