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UNIDADE 3

ODONTOLOGIA
LEGAL E DO
TRABALHO
PERÍCIAS ODONTOLÓGICAS E DOCUMENTOS ODONTOLEGAIS

AUTORA
PRISCILA MARTINS
DUARTE
APRESENTAÇÃO

Agora que já conhecemos um pouco sobre como funciona nossa especialidade e


como ela surgiu, tanto no Brasil quanto no mundo, nossos estudos nesta Unidade
serão baseados nas legislações que regem a odontologia, O Código de Ética
Odontológico e a responsabilidade do cirurgião-dentista com a população.

OBJETIVO DA UNIDADE

Ao final desta unidade, você deverá ter adquirido os seguintes conhecimentos:

- Conhecer a definição de perícia e perito criminal;


- Identificar o momento de atuação dos diferentes tipos de peritos;
- Conhecer os documentos produzidos pelos peritos;
- Conhecer os principais tipos de perícias;
- Conhecer os principais documentos da Odontologia Legal;

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CONHEÇA O
CONTEUDISTA
Priscila Martins Duarte
Possuo graduação em Odontologia pela Universidade Católica de Brasília (UCB),
especialização e mestrado em Periodontia pela Faculdade São Leopoldo Mandic
(Campinas- SP), especialista em Prótese Dentária (ABCD-DF) e Odontologia Legal
(instituto Aria-DF). Professora titular do Centro Universitário ICESP e da
Especialização em Periodontia do IOA. Atuo na prática clínica nas minhas
especialidades da Odontologia desde 2006 e sou professora de graduação e pós-
graduação desde 2011.

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UNIDADE 3
Introdução

Com o desenvolvimento social e jurídico da sociedade todo tipo de


desentendimentos, controvérsias, atritos e descontentamentos surgem. Nessas
relações as partes podem ou não cumprir completamente sua parte nos acordos
podendo aparecer entre elas litígios ou questões que nem sempre são
solucionados de forma amistosa, necessitando assim da intervenção judicial para
a solução mais justa ou legal do referido problema. De acordo com a natureza
desses desentendimentos, apenas as provas apresentadas no processo
possibilitam ao magistrado fazer uma avaliação detalhada uma convicção
absolutamente correta sobre a verdade dos fatos narrados e comprovados pelas
partes para dar uma sentença justa em favor da parte que realmente tem razão.
Porém quando o assunto se apresenta mais complexo e específico, em que as
provas apresentadas não são suficientes para que o juiz consiga fazer uma
correta avaliação e emitir uma sentença, é necessária a nomeação de um
profissional especializado no assunto do processo. Este profissional é investido
na condição de perito e será responsável por examinar as provas apresentadas
com base em seus conhecimentos técnicos e científicos, comprometendo-se a
entregar dentro de um prazo determinado pelo juiz, um documento denominado
laudo pericial. Este documento deverá ser entregue às autoridades requisitantes
e seu conteúdo deverá fornecer subsídios relevantes para o esclarecimento da
verdade dos fatos.

O laudo pericial é um documento oficial de grande valia e responsabilidade


jurídica pois na maioria das vezes é com base nas informações contidas neste
laudo que o juiz toma sua decisão e promulga uma sentença. Por tanto, é
imprescindível que o profissional que recebe este tipo de incumbência, terá de
fazer uma autoavaliação determinando então sua capacidade de realizar os
exames solicitados de forma eficiente, do contrário poderá declarar sua
incapacidade no sentido de evitar erros.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Os desentendimentos sociais podem ocorrer no âmbito civil, trabalhista ou


criminal. Quando nós o processo tem como assunto a uma investigação de
paternidade, a qualidade de um exercício profissional prestado, avaliação de um
possível erro profissional com finalidade de ressarcimento do dano médico ou
odontológico, nos referimos a esfera civil. Quando a matéria fala de acidentes de
trabalho para determinar os benefícios previdenciários as perícias são
consideradas de natureza trabalhista. Já quando estes desentendimentos fazem
parte de crimes contra a pessoa e a saúde, por exemplo, crimes contra a vida,
identificação de cadáveres desconhecidos, lesões corporais, estupro e violação
sexual, crimes contra a criança e adolescente, entre outros nos referimos a esfera
criminal. É relevante ressaltar que os procedimentos processuais e periciais
seguem fundamente uma legislação especial e os trâmites processuais são
distintos em cada uma das esferas citadas.

Os exames periciais são realizados por perito oficial portador de diploma de


curso superior ou, na falta deste, duas pessoas idôneas, também portadoras de
diploma superior de curso superior, de preferência na área específica, entre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame, redação
dada pela Lei nº 11.690/2008, Código de Processo Penal. Os relatórios que são
gerados a partir das perícias realizadas, podem ser divididos em 2 tipos: autos e
laudos. Os autos são documentos elaborados pelos peritos em que são descritas
as observações dos exames realizados nas vítimas ou nos réus. Os laudos são
documentos oficiais elaborados pelos peritos nas repartições competentes, após
a realização de todos os exames necessários, técnico e científicos, obedecendo a
um formato já predeterminado, contendo ilustrações, avaliações, interpretações e
conclusões dos exames, incluindo resposta a todos os quesitos apresentados.

Peritos

A palavra perito origina-se do latim peritos que significa saber por experiência,
hábil, esperto, de onde se justifica a função do perito, indivíduo que desempenha
sua função na busca da verdade dos fatos utilizando seu conhecimento, sua
formação profissional em assunto específico, assim como as normas que
regulamentam a realização das perícias. Arbenz (1988) afirmou:

As perícias médico legais são realizadas por médicos e Odonto legista e as Odonto
legais por cirurgiões dentistas sempre profissionais legalmente habilitados ponto nada
impede que ambos intervenham em um mesmo caso de, desde que envolva problemas
médicos e odontológicos ponto enquadram-se nessa hipótese os exames de esqueleto,
cadáveres em processo de esqueleto esqueleto ou despojos humanos que entre outras
coisas, devem ser identificados ponto aos cirurgiões dentistas, nessas eventualidades,
cabe o importante mister de verificar, anotar e relatar antes, maxilares, mandíbula e
arcos dentários em conjunto ponto

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Tanto na área civil quanto na área criminal, os exames periciais são realizados por
peritos oficiais conforme dispõe o Art. 159 do Código de Processo Penal. Estes
são profissionais que ocupam cargos em instituições públicas, como os médicos
legistas do IML. Vários estados brasileiros assim como a polícia federal já
apresentam Odontolegistas em seu quadro de peritos oficiais.

Tipos de Peritos

Após essa breve conceituação sobre perícias e peritos é importante ressaltar que
existem 2 tipos de peritos: os peritos oficiais e os não oficiais também
denominados peritos louvados, nomeados, designados ou ad hoc (Vanrel e
Borborema, 2007).

Peritos Oficiais

O Art. 5º da lei 12.030/2009 diz: Observado o disposto na legislação específica de


cada ente a que o perito se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal
os peritos criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com
formação superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a
necessidade de cada órgão e por área de atuação profissional.

Estes são profissionais especializados em determinadas áreas, da medicina e da


odontologia, com formação específica e detalhada em regulamento, de acordo
com a necessidade de cada órgão e por área de atuação. Os peritos criminais
pertencem aos institutos de Criminalística, e os médicos legistas e odontolegistas
ao IML, todos ocupando este cargo com o objetivo de serem meios públicos para
auxílio da justiça (França, 2004). São profissionais altamente qualificados,
especializados em determinados assuntos, com autonomia técnica, científica e
funcional e que recebem incumbência de avaliar e esclarecer interesse da justiça.

Peritos Não Oficiais

Os peritos não oficiais também são profissionais altamente qualificados


portadores de diploma de curso superior que são NOMEADOS pelas autoridades
policial ou judicial com a finalidade de avaliar, analisar e examinar
detalhadamente todos os aspectos de determinado fato de interesse para a
justiça e emitir laudo pericial. Os peritos cíveis são determinados pelo Art. 156, §
1º do Código de processo Civil, como é dada a redação abaixo:

Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos


técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao
qual o juiz está vinculado.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

No § 5º do Art 156 do Código de processo Civil trata a matéria sobre quando não
há um perito disponível ao tribunal:

Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a


nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou
órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à
realização da perícia.

O Art.159, § 1º, do Código de Processo Penal, diz como proceder na ausência de


peritos oficiais:

Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre
as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

Na área civil, há ainda a presença de um outro papel de extrema relevância nos


processos judiciais, que é o de Assistente Técnico. A legislação vigente relata que
não havendo peritos oficiais, o juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo
para a entrega conforme os incisos I e II do § 1º do Art. 465 do novo Código de
Processo Civil, que incumbe às partes, dentro de 15 dias contados da intimação
do despacho de nomeação do perito, indicar assistente técnico e apresentar os
quesitos sobre os fatos que se pretende esclarecer.

A atuação dos peritos pode acontecer, na fase inquisitorial ou seja no inquérito,


ou em qualquer outra fase do processo, dependendo do surgimento de fatos
novos que necessitem de esclarecimento técnico científico. No foro civil, de
acordo com o novo Código de Processo Civil, a atuação e indicação dos peritos é
regida pelos Art. 156 a 158 como segue o texto abaixo:

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os
órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo
tribunal ao qual o juiz está vinculado.
§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por
meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande
circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao
Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a
indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados.
§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do
cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a
experiência dos peritos interessados.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos


dos arts. 148 e 467 , o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia
informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que
participarão da atividade.
§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal,
a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou
órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à
realização da perícia.
Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz,
empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo
legítimo.
§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação,
da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a
alegá-la.
§ 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização
dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a
nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a
área de conhecimento.
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá
pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias
no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções
previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para
adoção das medidas que entender cabíveis.

Na esfera criminal a intervenção do perito, na maioria das vezes, acontece na fase


introdutória do processo, de acordo com determinação do juiz, porém pode
acontecer a qualquer momento, desde que o magistrado julgue a necessidade de
esclarecimento de fatos relevantes. Os procedimentos periciais são regulados
pelo Código de Processo Penal Título VII Capítulo II, conforme redação abaixo:

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito
quando se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em
locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a


produção da prova pericial fica responsável por sua preservação.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou
recolhido, que se relaciona à infração penal.
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
etapas
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a
produção da prova pericial
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime
ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial
produzido pelo perito responsável pelo atendimento;
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando
suas características e natureza;
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é
embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas,
químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
quem realizou a coleta e o acondicionamento;
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a
garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua
posse;
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e
unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou
o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo,
assinatura e identificação de quem o recebeu;
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a
metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de
se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por
perito;
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do
material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou
transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente;
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação
vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
quando for necessária a realização de exames complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados
como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal
responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer


vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo
tipificada como fraude processual a sua realização.
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela
natureza do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio
durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características,
impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para
registro de informações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a
finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção,
a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e
apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a
destinação, a data e horário da ação.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária
determinar as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante
requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre
as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido,


ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente
técnico.
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão
dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas
desta decisão.
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – Requer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a
quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias,
podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser
fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à
perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for
impossível a sua conservação.
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte
indicar mais de um assistente técnico.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o
que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos
peritos.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele
prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno
para a verificação de alguma circunstância relevante.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará
para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se
lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar
da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem
indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do
auto.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem


encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios
deixados no local do crime.
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando
possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade,
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido
os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido
ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a
fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do
Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data
do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos
ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas
e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados
com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os
vestígios, indicarão com que instrumentos, porque meios e em que época presumem
ter sido o fato praticado.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas,
deterioradas ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação
por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio,
a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à
elucidação do fato.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra,
observar-se-á o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato,
se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou
sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que
existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se
daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os
exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver
ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por
precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da
infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da
repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será
assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser
datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame
as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o
seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a
autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade,
complementar ou esclarecer o laudo.
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo
exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo
ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no
art. 19.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial
negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento
da verdade.

Os peritos oficiais e não oficiais (ou louvados) também estão sujeitos à suspensão
e impedimentos para executarem perícias conforme dispõe o inciso II do Art. 148
do novo CPC (Código de Processo Civil), que descreve os motivos de impedimento
e suspeição que se aplicam aos auxiliares da justiça, incluindo a função pericial.
Um perito estará IMPEDIDO quando:

for parte
tiver prestado depoimento como testemunha
for cônjuge parente direto em qualquer grau ou em linha colateral até o
terceiro grau do advogado de uma das partes, do defensor público ou do
membro do Ministério público que é atuar no processo
for cônjuge parente em linha reta em qualquer grau ou colateral até terceiro
grau de qualquer uma das partes
for membro da administração de pessoa jurídica em que parte no processo
for periciando do seu paciente

Ainda com de acordo com o Art. 148 inciso II do novo Código De Processo Civil,
haverá SUSPEIÇÃO do perito quando:

for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados


for credor ou devedor de qualquer uma das partes ou cônjuge bem como aos
parentes em linha reta em qualquer grau ou colateral até o terceiro grau
for herdeiro donatário ou empregador de qualquer das partes
tiver recebido presentes de qualquer das partes ou tiver aconselhado em
relação à causa ou ainda auxiliado financeiramente do processo ou ainda tiver
sido assistente técnico de alguma das partes

As hipóteses de impedimento e suspeição previstas no CPC também se aplicam


ao processo penal.

Assistente Técnico

De acordo com a natureza do processo, as partes não tem condição para


elaboração dos quesitos, fazendo-se então, necessária a atuação dos assistentes
técnicos indicados pela parte

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Diferente dos peritos, os assistentes técnicos são profissionais de confiança das


partes do processo que visam auxiliar e guiar as partes. Por isso, não estão
sujeitos a impedimento ou suspeição como os peritos, conforme dispõe o

Art.466, § 1º do novo Código de Processo Civil. Os assistentes técnicos devem elaborar


seus pareceres com absoluta honestidade, credibilidade e probidade, procurando
sempre esclarecer pontos duvidosos do laudo do perito oficial, no sentido de favorecer
a veracidade dos fatos relatados pela parte que o indicou.

É de extrema relevância a atuação do assistente técnico, devendo ele


acompanhar todos os exames realizados pelo perito oficial. Dentro de 15 dias
após a entrega do laudo pelo perito oficial, o assistente técnico poderá
apresentar seu parecer, comentando todos os detalhes apresentados no lado
oficial e, eventualmente, impugnando os pontos que lhe pareçam equivocados,
segundo redação dada pelo Art, 477, § 1º do novo Código de Processo Civil. No
âmbito penal a indicação de assistente técnico se dá pelo § 3º do Art. 159 do
Código de Processo Penal:

Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao


querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
Já no âmbito civil a indicação de assistente técnico se dá pelo § 1º do Art. 465 do
Código de Processo Civil:
Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de
nomeação do perito:
II - Indicar assistente técnico;

E por fim, no âmbito trabalhista, a indicação de assistente técnico se dá pelo


parágrafo único do Art. 3º da Lei 5.584/1970:
Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo laudo terá que ser
apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser
desentranhado dos autos.
Ainda no processo trabalhista, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho
(Decreto-Lei nº 5.452/1943), diz que:
É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou técnico

Perícias

Em sentido amplo podemos dizer que as perícias são toda e qualquer ação
promovida por autoridade policial, judiciária, administrativa, militar ou trabalhista,
acompanhada de exames específicos da natureza do fato a ser examinado e
possuem como principal finalidade fornecer informações técnico-científicas à
justiça. Trata-se portanto, de um procedimento que não pode deixar dúvidas a
respeito das informações sobre o documento elaborado pelo perito.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Os exames periciais não se limitam apenas às pessoas, de acordo com as


características das lesões encontradas na vítima, devem ser examinados objetos,
veículos, instrumentos, pedras, enfim, todo e qualquer tipo de instrumento que
possa eventualmente ter sido usado ou causado as referidas lesões ou até
mesmo a morte. Muitas vezes, é de extrema relevância examinar o próprio réu,
pois vários casos já foram solucionados por marcas, sinais ou outros detalhes
encontrados em seu corpo, registrados durante a prática delituosa ou durante o
crime.

Uma vez realizados os exames periciais, tanto na área criminal (Art.160 do Código
De Processo Penal), quanto na área civil (Art. 477, caput, do novo Código De
Processo Civil), os peritos deverão apresentar os laudos periciais, no prazo
descrito nesses artigos. No entanto, é importante ressaltar que o juiz não fica
restrito ao laudo, conforme dispõe o Art. 182 do Código De Processo Penal:
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo no todo ou em
parte .

As perícias Odontolegais podem ser classificadas de acordo com o objeto do seu


estudo como: em vivo, cadáver, esqueleto e no local. No vivo, as perícias
abrangem todos os estudos sobre identificação humana, lesões corporais, erros
profissionais e casos de estimativa de idade. No cadáver abrange os estudos
realizados no morto visando a identificação humana, causa da morte, tempo de
morte e todos os temas pertinentes a tanatologia forense. No esqueleto, tem a
finalidade de identificar, analisar sinais de fraturas, pesquisar projéteis de armas
de fogo e outros elementos necessários para o esclarecimento do fato. As
perícias no local, realizada pelos peritos criminais, têm por objetivo o estudo das
manchas de sangue, saliva, esperma, mucosidades, impressões papilares, dentais,
labiais e pegadas, em resumo todos os vestígios relacionados com o crime ou a
vitima.

As perícias ainda podem ser divididas em outros tipos de acordo com exame a
ser realizado em: exame odontolegal ou medico-loegal, necreopsia ou atuópsia,
exumação, exames de laboratório e corpo de delito.

Documentos Odontolegais

Documento vem do latim documentum que denota lição, prova, ensino e, por sua
vez, é derivado de docere, que significa ensinar, demonstrar. O significado está
relacionado a todo e qualquer documento escrito que, por direito, afirma ou faz
fé daquilo que atesta, ressaltando os o conceito de documento como todo escrito
ou impresso que fornece uma informação ou prova. O termo legal refere-se a
tudo que é relativo ou está em conformidade com a lei.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

O cirurgião-dentista no exercício amplo de sua profissão tem obrigação de


registrar todos os procedimentos realizados, com a finalidade de atender às
exigências clínicas, administrativas e legais. Este registro é feito através da
documentação odontológica, na qual incluem-se as anotações dos atos
praticados na clínica diária e seu relacionamento com o paciente. Entre estes
documentos, podemos citar o prontuário odontológico, as receitas, os
encaminhamentos, exames imaginológicos, notificações compulsórias, entre
outros. Estes documentos são clínicos e devem ser produzidos com o fim de
diagnosticar, planejar, executar e acompanhar o tratamento odontológico como
um todo. Passam a ser então considerados Odontolegais quando utilizados em
um processo como prova, na tentativa de estabelecer justiça, uma realidade cada
vez mais presente nos meios odontológicos em virtude do grande aumento dos
processos envolvendo cirurgiões dentistas. Vanrell (2009) declarou que os
documentos Odontolegais compreendem:

... conjunto de declarações pensou escritas, firmados por cirurgião-dentista, no


exercício da profissão um, para servir como prova, que podem ser utilizados com
finalidade jurídica ponto

Entende-se portanto que os documentos Odontolegais compreendem todo


aquele documento produzido pelo cirurgião-dentista no seu exercício profissional
e servem para comprovar algum fato, acontecimento ou algo que foi dito.
Ressalntado então o fato de que não necessariamente esses documentos
precisam ser escritos, expressando então o valor de qualquer manifestação oral.

Vanrell (2009) classificou os documentos Odontolegais de acordo com a


procedência, finalidade e conteúdo.

Procedência

Oficiais: documentos emitidos por órgão oficial ou por um profissional que


esteja em uso de cargo ou função pública, no momento de sua expedição
Oficiosos: todo documento produzido por cirurgião-dentista, em consultório
particular ou instituições a fins, desde que não vinculado a cargos ou funções
públicas

Finalidade

Administrativos: documentos destinados a apresentação diante de qualquer


pessoa, empresa, instituição ou repartição, com a condição de que venha a
fazer parte de um processo judicial
Judiciais: se destina aos autos de um processo, sendo elaborados com essa
finalidade

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Conteúdo

Verdadeiro: documentos que têm informações e fatos verídicos, realmente


comprovados no paciente
Falso: documentos cujo texto não correspondem à realidade, apresentando
informações e fatos inverídicos ou que não ocorreram

Atestados

O atestado é o documento Odontolegal mais produzido pelo cirurgião-dentista


(Almeida et al, 2004). Consiste em uma declaração escrita e assinada que uma
pessoa faz verdade de um fato para servir de documento a outra pessoa (Garbin
et al, 2000). De acordo com França (2008), são documentos nos quais se afirma a
veracidade de um fato ou a existência de um estado ou situação. A possibilidade
de emissão de atestado odontológico está prevista na Lei nº 5081 conforme
estudamos anteriormente.

Os atestados odontológicos devem apresentar formato definido. Constituindo-se


de 5 partes distintas bom os elementos essenciais são:
Identificação do profissional de prestadora de serviço odontológico
Identificação do paciente
Finalidade: pelo qual há a necessidade da emissão do atestado odontológico
Fato ocorrido/consequências do tratamento: declaração especificando data e
horário do atendimento, em que o paciente foi submetido a determinado
procedimento odontológico, sem mencionar a natureza do procedimento. É
importante que conste a conclusão das consequências do procedimento
realizado, ou seja, se há a necessidade de repouso pós-operatório, por
exemplo.
Local, data da expedição, assinatura e carimbo do profissional: deve constar
local e data em que o documento foi redigido, bem como a assinatura e
carimbo do profissional para que não haja dúvidas sobre a legitimidade do
documento emitido
A falsificação de atestado odontológico não está expressamente o brasileiro,
conforme estudamos anteriormente, diferente do que acontece com a
falsificação de atestado médico, crime típico da medicina.

Relatório

“Relatório é a narração escrita e minuciosa de todas as operações de uma


perícia..., determinada por autoridade policial ou judiciária profissionais,
anteriormente nomeados e comprometidos na forma da lei (Fávero, 1951)

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

O relatório é o registro escriturado minucioso com a finalidade de explanar os


minunciosamente documento escrito os conhecimentos específicos às
autoridades policiais e judiciárias. Já explanamos anteriormente os principais
tipos de relatório: laudos e autos.

Um relatório deve conter as seguintes partes:

Preâmbulo- abertura do relatório ponto parte em que os períodos fazem sua


identificação e do examinado, qualificam a autoridade requisitante descrevem a
finalidade da perícia hora, data e local do exame;

Quesitos- perguntas que devem ser respondidas pela perícia;


Histórico ou comemorativo- narração de tudo que interessar sobre o ocorrido
no intuito de localizar o fato no tempo e no espaço. Deve conter o histórico de
todas as informações obtidas do interessado ou de terceiros vinculados ao
sobre a responsabilidade desses;
Descrição- parte mais importante do relatório. Contém os elementos do
exame pericial, todos os detalhes achados objetivos os exames realizados.
Não deve conter suposições, deve ser confeccionado de maneira objetiva,
contendo esquemas, ilustrações, gráficos, fotografias ou qualquer recurso que
permita uma melhor compreensão e clareza do relatório;
Discussão- parte do relatório em que as hipóteses existentes e o perito
expõem sua opinião justificando de forma racional e baseada em literatura
científica atualizada, visando anular quaisquer conjecturas presentes, com
objetivo de realizar um diagnóstico lógico e correto para o caso em questão.
Nesta parte, o perito oferece elementos para concluir o relatório;
Conclusão- síntese do ponto de vista do perito, baseando-se nos elementos
objetivos e comprovados anteriormente, permitindo ao perito chegar a uma
conclusão.

Parecer

O parecer médico é definido por Fávero (1975) como:


Resposta a uma consulta feita por interessado médicos, há uma comissão de
profissionais ou a uma sociedade científica diferentes a questão a ser esclarecida
ponto é um documento particular pedido a quem tenha competência especial no
assunto, e que independe de qualquer compromisso legal e que é aceito ou faz fé pelo
renome de quem subscreve

Essa definição pode ser facilmente estendida para o âmbito odontológico.


Diferente do relatório, não obedecendo regra fixa para a sua elaboração. Porém,
vários autores recomendam que sigam os mesmos moldes do relatório, diferindo
apenas na substituição do histórico e da descrição pela exposição dos motivos
pelo qual está sendo elaborado.

19
ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Portanto, é importante ressaltar, que o parecer, é um é um documento sem


necessidade de vínculo prévio ou compromisso legal, a emissão de informações e
verídicas não incide em nenhum crime (diferente dá emissão de atestado falso) e
seu valor incorre apenas do conceito científico e do renome do profissional que o
emite.

20
DICA DO
PROFESSOR
Com grande frequência autoridades policiais e judiciárias enfrentam fatos para os
quais não se encontra, na prova ou testemunha, o esclarecimento necessário
para entender os fatos ocorridos. Por isso, os mais diversos recursos são
empregados para o esclarecimento da verdade.

Na justiça costuma se dizer que não há hierarquia entre as provas. Todas são
igualmente passíveis de utilização pelo juiz para esclarecimentos, no entanto, é
preciso reconhecer que a prova pericial representa um patamar diferenciado, na
medida que contém elementos com maior grau de objetividade, além de
apresentar, na maioria das vezes, embasamento científico. Assim, sem influências
emocionais e outras interferências que possam comprometer as outras
modalidades de prova, o perito analisa, com base na ciência de seu domínio, os
vários elementos que sejam fornecidos para o devido esclarecimento dos fatos.

Conforme vimos, há várias implicações jurídicas relevantes das perícias como na


produção dos documentos Odontolegais.

21
SAIBA MAIS
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
ASPECTOS LEGAIS DA DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA: UMA
REVISÃOSOBRE VALIDADE LEGAL, PRIVACIDADE E ACEITAÇÃO NO MEIO JURÍDICO.
DOI: https://doi.org/10.21117/rbol.v4i2.96

22
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 1
Cargo: Perito Criminal
Ano: 2018
Órgão: Polícia Civil/MA
Instituição: CESPE
Nível: Superior

Assinale a opção correta acerca das responsabilidades do perito oficial e das


exigências técnicas e procedimentais inerentes ao exercício desse cargo.

a) Os peritos oficiais, em cada laudo elaborado, terão de consignar o compromisso


de bem e desempenhar fielmente o encargo.
b) O laudo pericial, nos termos da legislação processual penal, deverá ser
elaborado no prazo máximo de trinta dias, prorrogável por igual período.
c) A intimação de peritos para oitiva em juízo deverá ser feita com antecedência
mínima de dez dias em relação à data do procedimento judicial.
d) No âmbito da investigação policial, o perito oficial deve se subordinar técnica e
funcionalmente à autoridade policial que presidir o inquérito policial.
e) A elaboração de laudo pericial por profissional sem a devida habilitação legal
tornará nula a prova somente se ficar demonstrada a ocorrência de prejuízo à
parte interessada.

SEU GABARITO

23
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
Questão 2

Ano: 2018 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: ITEP - RN Provas: INSTITUTO AOCP -
2018 - ITEP - RN - Perito Criminal - Químico
Os documentos odontolegais são: atestados, relatórios e pareceres. O documento
mais comumente produzido pelo cirurgião-dentista é o atestado. Em relação ao
Atestado Odontológico, assinale a alternativa correta.
Alternativas

a) O cirurgião-dentista não precisa descrever em qual horário o paciente esteve


sob seus cuidados, podendo apenas escrever o período que esse paciente esteve
em tratamento (manhã, tarde ou noite).
b) O atestado odontológico pode ser realizado pela secretaria do cirurgião-
dentista, o qual apenas o assina.
c) Fazer ou comercializar um atestado falso enquadra o cirurgião-dentista no
Art.302 do Código Penal, cuja pena é detenção de 6 meses a 1 ano.O cirurgião-
dentista não precisa descrever o diagnóstico ou ato odontológico ao qual o
paciente foi submetido (salvo se esse paciente pedir, sugerindo-se, assim, colocar
somente o CID).
d) O acompanhante do paciente tem direito a receber um atestado odontológico
feito pelo cirurgião-dentista, da mesma forma que o paciente recebeu, com os
mesmos elementos, menos o CID, constando apenas que acompanhou o paciente
na consulta.

SEU GABARITO

24
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
Questão 3

Ano: 2012 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: FUNIVERSA - 2012 - PC-DF -
Perito Criminal - Odontologia
Com relação à documentação odontológica, assinale a alternativa correta.
Alternativas

a) A anamnese é realizada por meio de um questionário para ser respondido e


preenchido diretamente pelo paciente, reservando-se um segundo momento para
o contato direto com o profissional. Devem ser feitos questionamentos específicos
para a história da doença atual, não sendo relevantes os dados relacionados à
saúde geral e à história médica pregressa.
b) O termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) é um documento
imprescindível no prontuário odontológico, devendo ser redigido em linguagem
clara, objetiva e em forma de convite. Para a realização de qualquer procedimento
na prática odontológica, são necessárias sua leitura prévia e a devida assinatura
por parte do paciente, mesmo nos casos de emergência.
c) As anotações no prontuário devem sempre ser feitas de forma legível e sem
rasuras. Todavia, por serem amplamente encontradas nos prontuários
odontológicos, as rasuras ou qualquer tipo de alteração dos registros de
documentos nos prontuários não comprometem o valor legal deles.
d) A composição, a ordenação e a sistematização do prontuário odontológico
variam de acordo com a literatura. Há pouco tempo, foi incluída no prontuário e é
amplamente utilizada a seção “bibliografia”, na qual o cirurgião-dentista deve citar
o referencial científico (livros, artigos científicos, anais de congresso) que
fundamentou seus procedimentos realizados no paciente.
e) Os serviços odontológicos também estão sujeitos às determinações estipuladas
no Código de Defesa do Consumidor, o qual indica que, nos casos de vício oculto,
o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
Somados a outros aspectos, depreende-se, assim, que não há prazo mínimo
definido para inexigibilidade de guarda de prontuário odontológico, devendo ser
mantido por toda a vida do paciente ou do profissional.

SEU GABARITO

25
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
Questão 4

Ano: 2017
Banca: Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação - IBFC
Prova: IBFC - POLITEC PR - Odontolegista - 2017
Os documentos odontolegais são firmados por cirurgião-dentista no exercício da
profissão e podem ser utilizados com finalidades jurídicas. A respeito dos
documentos odontolegais, analise as afirmativas a seguir.

I. Notificação ou comunicação compulsória é um documento que relata fatos, de


índole odontológica ou não, observados ou constatados no exercício da profissão,
e que, por força de lei, o cirurgião-dentista tem obrigação de comunicar.

II. Relatório é um documento que exige compromisso prévio, que obedece a


determinada formalidade, minucioso e que deve contribuir com o esclarecimento
de um ou mais fatos de ordem odontológica.

III. O parecer é um documento que exige compromisso legal do parecerista,


podendo ser enquadrado como falsa perícia.

Assinale a alternativa correta.

a) Estão corretas todas as afirmativas


b) Estão corretas apenas as afirmativas I e II
c) Estão corretas apenas as afirmativas II e III
d) Estão corretas apenas as afirmativas I e III
e) Nenhuma das afirmativas está correta

SEU GABARITO

26
EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 5

Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: POLÍCIA CIENTÍFICA - PE Prova: CESPE
- 2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA - PE - Perito Criminal - Odontologia
Atuando como perito, o cirurgião-dentista aplica conhecimentos teóricos que
Alternativas

a) contribuem para a definição do tratamento adequado para a correção de


problemas orofaciais.
b) objetivam o esclarecimento de fatos relacionados à área odontológica, a
autoridade policial ou judiciária.
c) envolvem métodos e processos empregados em exames bucais de rotina
realizados em um consultório odontológico.
d) obedecem à orientação habitual de se fazer diagnóstico bucal.
e) envolvem a estimativa de prognósticos relativos ao complexo craniofacial.

SEU GABARITO

27
ANOTAÇÕES

28
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

VANRELL, J. P. Odontologia Legal e Antropologia Forense. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2019.

DARUGE, E.; DARUGE Júnior, E.; FRANCESQUINI Júnior, L. Tratado de Odontologia Legal e
Deontologia. São Paulo: Santos, 2017.

SILVA, M.; Compêndio de Odontologia Legal. Rio de Janeiro. Editora Médica e Científica –
MESDI, 1997.

http://www.planalto.gov.br

29
GABARITOS
1) GABARITO: A

2) Gabarito: D

3) Gabarito:E

4) Gabarito: A

5) Gabarito: B

30

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