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A ciência Forense é uma área interdisciplinar, que envolve a física, a biologia, a

química, a matemática e várias outras ciências de fronteira, que têm como objetivo dar
suporte às investigações relativas à justiça civil e criminal. Neste sentido, a ciência
forense apresenta-se como uma ciência multidisciplinar, pois se utiliza dos princípios e
técnicas de outras ciências para investigação de delitos, de maneira que a mesma pode
ser aplicada para identificar, recuperar, reconstruir ou analisar uma evidência durante
uma investigação criminal.
O termo forense vem do latim forensis, que significa "de antes do fórum”, o
termo forense é efetivamente um sinônimo para legal ou relacionado aos tribunais.
Sendo que o profissional que atua nesta área é o perito criminal ou forense, um
profissional especializado em investigação forense, cuja principal responsabilidade é
examinar evidências físicas e fornecer conclusões científicas e técnicas em casos
criminais. Deste modo, a perícia se apresenta como um meio de prova técnica ou
científica, que tem por objetivo a obtenção de certo conhecimento relevante para o
acertamento do fato (elemento de prova), a partir de um procedimento técnico realizado
sobre a pessoa ou coisa (fonte de prova).
Neste contexto, a atuação da perícia criminal apresenta-se como uma ferramenta
essencial para o embasamento da decisão judicial, de maneira que sua livre atuação tem
sido evocada como imprescindível para a defesa dos direitos e garantias fundamentais
das pessoas.
Considerando-se que dentro da perícia criminal existem diversas áreas de
atuação, devemos considerar também que o “fonoaudiólogo perito” também atua na
elucidação de fatos de interesse da justiça, de órgãos investigativos, agências
reguladoras, órgãos administrativos, de seguradoras ou de particulares, no caso de
perícia extrajudicial.
Desde a aprovação da Resolução do CFFa em 2016, os aspectos relacionados à
perícia fonoaudiológica foram apresentados e descritos de maneira que ficou definido
que a Perícia em Fonoaudiologia “é a utilização de conhecimentos técnicos e científicos
nas áreas relacionadas à comunicação humana, seus atributos e funções, cuja análise
permita a identificação biométrica e característica da funcionalidade do sujeito,
englobando aspectos perceptivos visuais, auditivos, tátil-cinestésicos e motores”.
Apontada como uma especialização dentro da fonoaudiologia, a fonoaudiologia
forense aplica conhecimentos e técnicas da área em contextos legais e investigativos. De
maneira que o objetivo principal da fonoaudiologia forense é fornecer informações e
análises relacionadas à voz, fala e comunicação humana que possam ser usadas como
provas em processos judiciais ou investigações criminais.
Algumas das principais áreas de atuação da fonoaudiologia forense incluem:
 Identificação de falantes: Através da análise de gravações de voz, os
fonoaudiólogos forenses podem ajudar a identificar e comparar falantes,
analisando características únicas da voz e do padrão de fala, incluindo
entonação, ritmo, sotaque e articulação.
 Análise de gravações de áudio: Fonoaudiólogos forenses podem analisar
gravações de áudio para detectar manipulações, edições ou adulterações e ajudar
na autenticação das gravações.
 Leitura labial: Fonoaudiólogos com habilidades em leitura labial podem analisar
gravações de
A área de atuação do fonoaudiólogo forense dá-se em cinco grandes áreas:
 Administrativa
 Judicial
 Criminal
 Assistência técnica
 Extrajudicial
A perícia administrativa pode acontecer em órgãos públicos, como no caso de
requerimento de benefício previdenciário, onde o trabalhador deve passar por uma
perícia para conseguir a benfeitoria; em órgãos privados, como em seguradoras
particulares, onde o cliente deve passar por uma perícia para receber a indenização
contemplada em sua apólice. Vale ressaltar que nesse tipo de perícia não há um modelo
normativo a ser seguido. O perito que atua na área administrativa efetua perícias de
convênios e demandas internas em instituições públicas ou privadas, como em
avaliações admissionais de profissionais que irão trabalhar em funções de risco vocal ou
auditivo, e participação em juntas médicas periciais de capacidade laborativa.
A pericia judicial é um meio de prova que objetiva esclarecer o juiz sobre
desacordos que envolvam conhecimentos técnicos. É produzida num processo judicial
para decidir fatos controversos trazidos pelas partes, como por exemplo, um funcionário
que aciona a justiça para requerer indenização por perda auditiva induzida por ruído
ocupacional. Neste caso, o juiz poderá nomear um profissional especializado na área
para averiguar e provar os fatos, dando seu parecer.
A perícia criminal pode ser Cível ou Federal, normalmente realizada por funcionário
público que atua exclusivamente para o Estado, como nos casos de necessidade de
identificação do indivíduo pela voz, seja por meio de gravações telefônicas, de áudio ou
vídeo. A voz de um sequestrador, por exemplo, pode ser identificada para comprovar a
participação do mesmo no crime.
A assistência técnica, por sua vez, ocorre quando as partes envolvidas no processo
solicitam a participação de um profissional para acompanhar o trabalho realizado pelo
perito judicial. O assistente técnico busca defender os interesses da parte que o
contratou e, neste caso, pode apresentar quesitos para serem respondidos pelo perito e
ainda acompanhar os procedimentos realizados pelo mesmo, além de poder oferecer seu
parecer crítico ao laudo do perito.
E por fim, a perícia extrajudicial que é aplicada em ocasiões em que é desnecessária
a presença do Estado por meio do Poder Judiciário. Segue o mesmo princípio da perícia
judicial, porém se diferencia quando se fala do assistente técnico, pois se as partes
concordarem em aceitar o resultado apresentado pelo perito, não será necessária a
participação do assistente técnico, tornando-se um processo mais rápido e barato que a
perícia judicial.
Estão de acordo com as propostas da perícia fonoaudiológica a grafotécnia que
define a escrita como a representação gráfica do pensamento. A grafotecnia portanto,
tem importância na perícia de documentos suspeitos de fraude, destacando através de
técnicas de observação dos elementos gráficos os principais pontos que identificam a
individualidade da grafia de cada pessoa, sendo que por mais que um falsário consiga
aproximar-se da forma gráfica de outrem, ele jamais irá igualar à escrita da vítima, uma
vez que a escrita é realizada por comandos cerebrais.
Assim como especificado pela Resolução nº 584 de 2020 do Conselho Federal de
Fonoaudiologia sobre as competências relativas ao profissional especialista em Pericia
fonoaudiológica, fica estabelecido como seus fazeres:
Art. 4º I Computação gráfica, Métodos de coleta, manipulação e analise de material
em áudio, vídeo, escrito e fotografia digital.
A perícia fonoaudiológica na pratica forense e mundialmente utilizada, no
entanto no Brasil, ainda apresenta-se como um novo objeto de estudo, com pouca
atuação deste profissional nas equipes multidisciplinares, apesar da demanda cada vez
maior de sua contribuição.

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