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Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA

Curso: Ciências Contábeis


Disciplina: Perícia Contábil e Arbitragem
Professor: Cláudio Oliveira
Semestre: 2023/2

Apostila: 1ª NAP

UNIDADE I – INTRODUÇÃO, HISTÓRICO E CONCEITUAÇÃO DE PERÍCIA.

Seja pela globalização da economia, seja dos mercados, a necessidade do


conhecimento do profissional para o século XXI, ajustou a visão distorcida do
especialista puro, exigindo que o homem tenha conhecimentos sobre todas as áreas que
afetam sua especialidade.

Neste sentido, a Contabilidade, sendo uma ciência social, requer do Contador


conhecimentos gerais – diferente da expressão conhecimento profundo – de todas as
ciências que se inter-relacionam, traduzindo-se em necessário domínio da matemática,
especialmente a financeira, de noções de economia, direito, lógica e outras.

O Contador deve fazer parte desse mundo novo, pesquisando, atualizando-


se e sendo competente e ético com seus clientes na sociedade em geral.

A perícia pode ser entendida como sendo qualquer trabalho de natureza


específica. Pode haver em qualquer área, sempre onde existir a controvérsia ou a
pendência, inclusive em algumas situações empíricas (baseada na experiência sem
caráter cientifico). Sua origem é no interesse de pessoas litigantes, no interesse da
justiça e no interesse público, podendo ser: arbitral, judicial, extrajudicial,
administrativa ou operacional. As mais conhecidas são classificadas como sendo de
natureza criminal, contábil, trabalhista e outras que necessitem de constatação, prova ou
demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas e fatos.
A instalação de uma Perícia Judicial poderá ser provocada por uma das partes
interessadas ou no entendimento do Juízo, em caso de o processo não apresentar
elementos suficientes de convencimento que levem a um julgamento justo. O objetivo
da perícia é trazer aos autos provas materiais ou científicas obtidas por meio de
procedimentos como: exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento,
mensuração, avaliação e certificação (Resolução nº 858/99 - Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC T 13 - Da Perícia Contábil - Conselho Federal de Contabilidade).

1 - HISTÓRICO.

Observam-se indícios de perícia desde o inicio da civilização, entre os homens


primitivos, quando o líder desempenhava todos os papeis : de juiz, de legislador e
executor.
Há registros, na Índia, do surgimento do árbitro eleito pelas partes, que
desempenhava o papel de perito e juiz ao mesmo tempo.
Também há vestígios de Perícia nos antigos registros da Grécia e do Egito, com o
surgimento das instituições jurídicas, área em que já naquela época, se recorria aos
conhecimentos de pessoas especializadas.
Porém, a figura do perito, ainda que associada a árbitro, fica definida no Direito
Romano primitivo, no qual o laudo do perito constituía a própria sentença.
Depois da Idade Média, com o desenvolvimento jurídico ocidental, a figura do
perito desvinculou-se da do árbitro.

Citando Fonseca Apud Alberto (2000:38) :


“A partir do século XVII, criou-se definitivamente a figura do perito como auxiliar da
justiça, e ao perito extrajudicial, permitindo assim a especialidade do trabalho judicial.”

De Sá (1997:13) :
No tempo do Brasil Colônia, relevante já era a função contábil e das perícias, conforme
se encontra claramente evidenciado no Relatório de 19 de junho de 1779 doVice-rei
Marquês do Lavradio a seu sucessor Luís de Vasconcelos e Souza (Arquivo Nacional
do Rio de Janeiro).

Ainda citando Fonseca Apud Oliveira (2000:38), temos :

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“No Brasil, a Perícia Judicial foi introduzida pelo Código de Processo Civil de 1939, em
seus artigos 208 e 254, que regulam a Perícia, nomeação do perito pelo juiz e indicação
pelas partes.”
2 - CONCEITUAÇÃO.

A expressão Perícia advém do Latim: Peritia, que em seu sentido próprio significa
Conhecimento (adquirido pela experiência), bem como Experiência.

Aplica-se a Perícia, por incumbência direta ou indireta dos interessados, para que
este examine, refira e opine com relação à matéria.
Através das citações de D´Áurea et al (1953:134) :

“(...) a perícia é o testemunho de uma ou mais pessoas técnicas, no sentido de fazer


conhecer um fato cuja existência não pode ser acertada ou juridicamente apreciada,
senão apoiada em especiais conhecimentos científicos ou técnicos”.

“(...) a perícia se inclue nos meios de prova, nitidamente diferenciada do testemunho”.

Portanto, Perícia é a forma de se demonstrar, por meio de laudo pericial, a


verdade de fatos ocorridos contestados por interessados, examinados por especialista do
assunto, e a qual servirá como meio de prova em que se baseia o juiz para resolução de
determinado processo.

A Perícia pode ser realizada em todas as áreas do conhecimento humano.

Podemos observar que desde os tempos primórdios a figura do Contabilista esteve


presente em diversos momentos da história. Esta situação apenas vem demonstrar a sua
importância, tanto para a sociedade física quanto para a jurídica.

Semelhantemente a "perícia contábil", demonstrou sua necessidade e importância,


vindo a ser legalizada, através das Normas Brasileiras de Contabilidade e pelo Código
de Processo Civil.

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Segundo a Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TP 01 (R1), A perícia
contábil é o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância
decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou
constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em
conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no
que for pertinente.

A perícia contábil pode ser executada somente por profissionais com formação
em contabilidade e registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC).
Dependendo do seu objetivo, a perícia contábil pode ser judicial ou extrajudicial.

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UNIDADE II - TIPOS DE PERÍCIA.

Muitos são os casos de ações judiciais para os quais se requer a Perícia Contábil.
Como força de prova, alicerçada em outros elementos que provam, como a escrita
contábil, os documentos, entre outros, a perícia é específica.
São elas às vezes decisivas nos Julgamentos. Onde se envolvem fatos
patrimoniais de pessoas, empresas, instituições, portanto, onde esteja a dúvida, aparece
a perícia como auxiliar. Logo, grande é o campo de ação do Perito Contábil.

2.1 - PERÍCIA JUDICIAL.

A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário.


A perícia judicial é especifica e define-se pelo texto da lei; estabelece o artigo
420 do Código de Processo Civil na parte relativa ao “Processo de Conhecimento”:
“a prova pericial consiste em exame, vistoria e avaliação.”

Ela se motiva no fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou


especializado de um profissional para poder decidir; essas perícias podem ser :
Oficiais : determinadas pelo juiz sem requerimento das partes;
Requeridas : determinadas pelo juiz, com requerimento das partes;
Necessárias : quando a lei ou a natureza do fato impõe sua realização;
Facultativas : o juiz determina, se houver conveniência;
Perícias de presente : realizadas no curso do processo;
Perícias do futuro : são as cautelares preparatórias da ação principal. Visam a perpetuar
fatos que podem desaparecer com o tempo.

O profissional a realizar estas perícias, deverá atentar-se ao objeto de forma clara


e objetiva, pois em todos os casos a perícia terá força de prova, e isto implica
responsabilidade para o perito, quer civil, quer criminal.

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CICLO NORMAL DA PERICIA JUDICIAL
Podemos dizer que o ciclo da pericia judicial envolve seu curso, em suas fases:
Preliminar, Operacional e Final.

1. FASE PRELIMINAR:
A pericia é requerida ao juiz, pela parte interessada na mesma;
O juiz defere a pericia e escolhe o perito;
As partes formulam quesitos e indicam seus assistentes;
Os peritos são certificados da indicação;
Os peritos propõem os honorários e requerem deposito;
O juiz estabelece prazo, local e hora para inicio.

Ainda segundo o mesmo autor, de Sá (1997:63) , o ciclo da Perícia Judicial compõe-


se de três fases:

2. FASE OPERACIONAL:
Inicio da perícia e diligências;
Curso do trabalho;
Elaboração do laudo;

3. FASE FINAL:
Assinatura do laudo;
Entregado laudo ou laudos;
Levantamento dos honorários;
Esclarecimentos (se requeridos).

Em todas as fases, existem prazos e formalidades a serem cumpridas.”

Ainda segundo a NBC TP 01 (R1) os tipos de pericias são: perícia judicial,


perícia extrajudicial, estatal ou voluntária, perícia arbitral, perícias oficial e estatal e
perícia voluntária.

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2.2 - PERÍCIA EXTRAJUDICIAL.
A perícia extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária.
É aquela realizada fora do judiciário, por vontade das partes. Seu objetivo
poderá ser: demonstrar a veracidade ou não do fato em questão, discriminar interesses
de cada pessoa envolvida em matéria conflituosa; comprovar fraude, desvios,
simulação.

A perícia extrajudicial é aquela realizada fora do estado por necessidade


escolha de entes físicos e jurídicos. Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo as
finalidades intrínsecas para as quais foram designadas, em demonstrativos,
discriminativas e comprobatórias. Assim o dizemos por que, no primeiro caso das
demonstrativas, a finalidade para a qual se busca a via perícia é demonstrar a
veracidade ou não do fato ou coisa previamente especificados na consulta; já no
segundo caso, esta via instada a colocar nos justos termos ou interesses de cada um dos
envolvidos na matéria potencialmente duvidosa ou conflituosa; e no terceiro caso,
quando visa a comprovação das manifestações patológicas da matéria periciada
(fraudes, desvios, simulações etc). (ALBERTO, 2002 p.54)

Quando da necessidade de esclarecimento de assuntos técnicos, em que estes


colidem por desconhecimento da matéria específica, a intervenção de um profissional
“esperto” se faz necessária, no intuito de evitar característica litigiosa que venha
envolver o poder judiciário. (LOPES DE SÁ, 2005 p.19)

2.2.1 - PERÍCIA ARBITRAL.


A perícia arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem e pelos
regulamentos das Câmaras de Arbitragem.
É a realizada por um perito, e, embora não seja judicialmente determinada, tem
valor de perícia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as partes litigantes escolhem as
regras que serão aplicadas na arbitragem.
A arbitragem é, portanto, um método extrajudicial para solução de conflitos, cujo
árbitro desempenha função semelhante à do juiz estatal.

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Por final, a perícia arbitral, que é a perícia realizada no juízo arbitral –
instância decisória criada pela vontade das partes -, não sendo enquadrável em
nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcialmente
como se judicial e extrajudicial fosse. Subdivide-se em probante e decisória, segundo se
destine a funcionar como meio de prova do juízo arbitral, como subsidiadora da
convicção do arbitro, ou é ela própria a arbitragem, ou seja, funciona seu agente ativo
como o próprio arbitro da controvérsia. (ALBERTO, 2002 p.54).

2.2.2 – PERÍCIA OFICIAL E ESTATAL (PERÍCIA SEMIJUDICIAL)


Perícias oficial e estatal são executadas sob o controle de órgãos de Estado.
É a perícia realizada no meio estatal, por autoridades policiais, parlamentares ou
administrativas que têm poder jurisdicional, por estarem sujeitas a regras legais e
regimentais, e é semelhante à Perícia Judicial.

A pericia oficial e estatal (semijudicial) é aquela realizada dentro do aparato


institucional do estado porém fora do poder judiciário, tendo como finalidade
principal ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuário. Esta
espécie de perícia subdividi-se segundo o aparato estatal atuante, em policial
(nos inquéritos), parlamentar (nas comissões parlamentares de inquérito ou
especiais) e administrativo tributário (nas esferas da administração pública
tributaria ou conselhos de contribuintes) classificamo-las em semijudiciais
porque as autoridades policiais, parlamentares ou administrativas tem algum
poder jurisdicional, ainda que relativo e não com a expressão e extensão do
poder jurisdicional classicamente enquadrável como pertencente ao poder
judiciário e ainda por estarem sujeitas a regras legais e regimentares que se
assemelham as judiciais.(ALBERTO, 2002 p. 53, 54)

É a perícia realizada dentro do aparato institucional do Estado, entretanto,


estando fora do Poder Judiciário. Costumam-se essas periciais são realizadas pelas
autoridades policiais. Estas perícias poderão fazer parte, se necessário for, de um
processo judicial. (LOPES DE SÁ, 2005 p.19).

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2.2.3 - PERÍCIA VOLUNTARIA
Perícia voluntária é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum
acordo entre as partes.
UNIDADE III - PERÍCIA CONTÁBIL JUDICIAL.

É um importante ramo da Contabilidade, e, para sua realização, faz-se necessário


profissional especializado, que esclareça questões sobre o patrimônio das pessoas físicas
e jurídicas.
Segundo a NBC TP 01 (R1), A perícia contábil é de competência exclusiva de
contador em situação regular em Conselho Regional de Contabilidade.

Para a execução da Perícia Contábil, o profissional utiliza um conjunto de


procedimentos técnicos, como: pesquisa, diligências, levantamento de dados, análise,
cálculos, por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento,
mensuração, avaliação e certificação.

A conclusão da Perícia Contábil é expressa em laudo pericial, esclarecendo


controvérsias.

No entendimento de Sá (1997:63) :

“Perícia contábil judicial é a que visa servir de prova, esclarecendo o juiz sobre
bassuntos em litígio que merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos ao
patrimônio aziendal ou de pessoas.”

A manifestação do perito sobre os fatos devidamente apurados se dará através do


Laudo Pericial, onde, na condição de prova técnica, servirá para suprir as insuficiências
do magistrado no que se refere aos conhecimentos técnicos ou científicos.

PERÍCIA CONTÁBIL JUDICIAL


Júlio César Zanluca

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Cada vez mais essencial para a solução de litígios na Justiça. Assim pode ser
definido o trabalho do perito-contador. O Judiciário recorre ao perito contábil quando o
juiz necessita de um laudo profissional especializado ou para atender ao pedido de uma
das partes envolvidas no processo.
Muitas perícias na área da contabilidade são hoje requeridas principalmente na
parte de levantamento de perdas e danos, avaliação de haveres na dissolução ou saída de
sociedade, revisão de encargos financeiros contra bancos e outras questões como leasing
e prestação de contas.
Na Justiça Estadual, no Foro Cível, concentram-se demandas que envolvem
aspectos patrimoniais, alimentares, relacionamentos comerciais e contratos de toda
natureza, nos quais estejam presentes os direitos e obrigações de ordem privada
relativos às pessoas, aos bens e as suas relações.
A perícia é um meio de prova previsto no Direito, assim como a documental, a
testemunhal e a do depoimento pessoal. Pela definição da Norma Brasileira de
Contabilidade, a perícia contábil é “o conjunto de procedimentos técnicos, que tem por
objetivo a emissão de laudo ou parecer sobre questões contábeis, mediante exame,
vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificado.”
A Lei de Falências fortaleceu mais ainda no mercado a importância da perícia
contábil. Isso porque a nova norma determina que o pedido de recuperação judicial -
instrumento que substituiu a concordata e é considerado a principal novidade - só será
apreciado depois que um especialista apresentar um parecer sobre a situação contábil da
companhia.
Há dois tipos de perícia contábil: judicial ou extrajudicial. No caso da judicial, o
perito contador é nomeado por um juiz para analisar uma determinada causa e emitir seu
parecer. No caso da perícia extrajudicial, ela serve para avaliar bens e direitos, cálculo
de indenizações, venda e compra de empresas, partilha de bens, liquidação de haveres,
divórcio. A perícia é o único meio de prova capaz e eficaz de avaliar as questões
materiais que são controvertidas durante a ação.
O contador, na função de perito, deve manter adequado nível de competência
profissional, atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), além das
técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia.

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O trabalho do perito contábil tem como base a análise de livros, registros de
transações e documentos que envolvem os fatos a serem investigados. No entanto, na
prática, os peritos muitas vezes devem procurar procedimentos de acordo com os fatos
adotados pelas partes, desde que não comprometam as normas legais e a sua ética
profissional.
Durante o processo da perícia, três profissionais podem atuar
concomitantemente, pois o autor e o réu podem indicar assistentes técnicos para
acompanharem o profissional indicado pelo magistrado. Este faz o laudo e o submete
aos assistentes. Caso um deles discorde, é feito então um outro laudo.
Quando a perícia é solicitada é porque não se tem condições de resolver o que
está sendo pleiteado por uma das partes com as provas existentes. Surge então a
necessidade de entrar na matéria técnica, nome dado à perícia, seja, ela contábil,
administrativa ou médica, entre outras.
Em áreas como a Justiça do Trabalho é muito grande a procura pela perícia. Já
na Justiça Estadual, onde estão as áreas cível, de família e fazenda pública, a perícia não
é muito pedida na fase de instrução do processo. Mas, em compensação, o laudo pericial
é solicitado na liquidação da sentença.
O perito é indicado pelo juiz e goza da confiança do mesmo, devendo realizar o
trabalho e apresentar o laudo por escrito, respondendo aos quesitos determinados.
Quesitos são questões ou perguntas determinados pelo juiz ou pelas partes interessadas.

3.1 - OBJETIVO DA PERÍCIA CONTÁBIL.

A Perícia tem como objetivo fundamentar as informações demandadas,


mostrando a veracidade dos fatos de forma imparcial e merecedora de fé, tornando-se
meios de prova para o juiz de direito resolver as questões propostas.

São objetivos específicos da Perícia Contábil : Objetividade, Precisão, Clareza,


Fidelidade, Concisão, Confiabilidade inequívoca baseada em materialidades e Plena
satisfação da finalidade.

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a) Objetividade : caracteriza-se pela ação do perito em não desviar-se da matéria
que motivou a questão.
b) Precisão : consiste em oferecer respostas pertinentes e adequadas às questões
formuladas ou finalidades propostas.
c) Clareza : está em usar em sua opinião de uma linguagem acessível a quem vai
utilizar-se de seu trabalho, embora possa conservar a terminologia tecnológica e
cientifica em seus relatos.
d) Fidelidade : caracteriza-se por não deixar-se influenciar por terceiros, nem por
informes que não tenham materialidade e consistência competentes.
e) Concisão : compreende evitar o prolixo e emitir uma opinião que possa de
maneira fácil facilitar as decisões.
f) Confiabilidade : consiste em estar à perícia apoiada em elementos inequívocos
e válidos legal e tecnologicamente.
g) Plena satisfação da finalidade : é, exatamente, o resultado de o trabalho estar
coerente com os motivos que o ensejaram.

3.2 – PLANEJAMENTO DA PERÍCIA

O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial, na qual o perito


estabelece as diretrizes e a metodologia a serem aplicadas.

Objetivos:

Os objetivos do planejamento da perícia são:

(a) conhecer o objeto e a finalidade da perícia para permitir a escolha de


diretrizes e procedimentos a serem adotados para a elaboração do
trabalho pericial;

(b) desenvolver plano de trabalho onde são especificadas as diretrizes e


procedimentos a serem adotados na perícia;

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(c) estabelecer condições para que o plano de trabalho seja cumprido no
prazo estabelecido;

(d) identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no


andamento da perícia;

(e) identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que


não passem despercebidos ou não recebam a atenção necessária;

(f) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia;

(g) estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da


equipe de trabalho, sempre que o perito necessitar de auxiliares.

3.3 – DESENVOLVIMENTO DA PERÍCIA

Elaborado o plano de trabalho pericial, o perito pode convidar os assistentes


técnicos para uma reunião de trabalho, presencial ou por meio eletrônico, para dar
conhecimento do planejamento da execução do trabalho pericial.

Ao identificar na etapa de elaboração do planejamento, as diligências necessárias


desde que não haja preclusão de prova documental, é necessário considerar a legislação
aplicável, documentos, registros, livros contábeis, fiscais e societários, laudos e
pareceres já realizados e outras informações pertinentes para determinar a natureza do
trabalho a ser executado.

O planejamento deve ser realizado pelo perito nomeado ainda que o trabalho
venha a ser realizado de forma conjunta.

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O planejamento da perícia deve ser mantido por qualquer meio de registro que
facilite o entendimento dos procedimentos a serem aplicados e sirva de orientação
adequada à execução do trabalho.

O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos novos surjam
no decorrer da perícia.

3.4 - EQUIPE TÉCNICA

Quando a perícia exigir o trabalho de terceiros (equipe de apoio, trabalho de


especialistas ou profissionais de outras áreas de conhecimento), o planejamento deve
prever a orientação e a supervisão do perito nomeado, que responde pelos trabalhos por
eles executados.

3.5 - CRONOGRAMA

O perito nomeado deve considerar que o planejamento tem início antes da


elaboração da proposta de honorários, para apresentá-la à autoridade competente ou ao
contratante, há necessidade de se especificarem as etapas do trabalho a serem realizadas
salvo as que possam surgir quando da execução do trabalho pericial.

O plano de trabalho deve evidenciar todas as etapas necessárias à execução da


perícia, como: diligências, deslocamentos, trabalho de terceiros, pesquisas, cálculos,
planilhas, respostas aos quesitos, reuniões com os assistentes técnicos, prazo para
apresentação do laudo pericial contábil ou oferecimento do parecer pericial contábil.

3.6 - TERMOS E ATAS

Termo de diligência é o instrumento por meio do qual o perito cumpre a


determinação legal ou administrativa e solicita que sejam colocados à disposição livros,
documentos, coisas, dados e informações necessárias à elaboração do laudo pericial
contábil ou parecer pericial contábil.

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O termo de diligência serve para formalizar e comprovar o trabalho de campo;
deve ser redigido pelo perito nomeado; e ser encaminhado ao diligenciado.

O perito deve observar os prazos a que está obrigado por força de determinação
legal e, dessa forma, definir o prazo para o cumprimento da solicitação pelo
diligenciado.

Caso ocorra a negativa da entrega dos elementos de prova formalmente


requeridos, o perito deve se reportar diretamente a quem o nomeou, contratou ou
indicou, narrando os fatos e solicitando as providências cabíveis.

3.6.1 – ESTRUTURA DO TERMO DE DILIGÊNCIA

O termo deve conter os seguintes itens:

(a) identificação do diligenciado;

(b) identificação das partes ou dos interessados e, em se tratando de


perícia judicial ou arbitral, o número do processo ou procedimento, o tipo e o
juízo em que tramita;

(c) identificação profissional do perito;

(d) indicação de que está sendo elaborado nos termos desta Norma;

(e) indicação detalhada dos documentos, coisas, dados e informações,


consignando as datas e/ou períodos abrangidos, podendo identificar o quesito a
que se refere;

(f) indicação do prazo e do local para a exibição dos elementos indicados


na alínea anterior;

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(g) local, data e assinatura.

3.6.2 - ATAS

Tudo quanto é debatido e deliberado nas reuniões realizadas pelo perito pode ser
lavrado em ata, a qual será assinada pelos presentes, que receberão uma via da mesma, e
uma das vias deve ser juntada com o laudo.

3.7 - A EXECUÇÃO DA PERíCIA

Ao ser intimado para dar início aos trabalhos periciais, o perito nomeado deve
comunicar às partes e aos assistentes técnicos: a data e o local de início da produção da
prova pericial contábil, exceto se fixados pelo juízo, juízo arbitral ou autoridade
administrativa:

(a) caso não haja, nos autos, dados suficientes para a localização dos assistentes
técnicos, a comunicação deve ser feita aos advogados das partes e, caso estes
também não tenham informado endereço nas suas petições, a comunicação deve
ser feita diretamente às partes e/ou ao Juízo, juízo arbitral ou autoridade
administrativa;

(b) assim que formalizada sua contratação, pode o assistente técnico manter
contato com o perito, colocando-se à disposição para cooperar do
desenvolvimento do trabalho pericial;

(c) o perito nomeado deve assegurar aos assistentes técnicos o acesso aos autos e
aos elementos de prova arrecadados durante a perícia, indicando local, data e
hora para exame deles;

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(d) os assistentes técnicos têm o dever inalienável de colaborar para a revelação
da verdade e comportar-se de acordo com a boa-fé e com a equidade, além de
cooperar entre si e com o perito nomeado, para que se obtenha um resultado da
perícia em tempo razoável;

(e) os assistentes técnicos podem entregar ao perito nomeado cópia do seu


parecer prévio, planilhas ou memórias de cálculo, informações e demonstrações
que possam esclarecer ou auxiliar o trabalho a ser desenvolvido pelo perito
nomeado, assegurado o acesso ao outro assistente.

O assistente técnico pode, logo após a sua contratação, manter contato com o
advogado da parte que o contratou, requerendo dossiê completo do processo para
conhecimento dos fatos e melhor acompanhamento dos atos processuais no que for
pertinente à perícia.

O perito, enquanto estiver de posse do processo ou de documentos, deve zelar


por sua guarda e segurança e ser diligente.

Para a execução da perícia contábil, o perito deve ater-se ao objeto e ao lapso


temporal da perícia a ser realizada.

Mediante termo de diligência, o perito deve solicitar, por escrito, todos os


documentos e informações relacionados ao objeto da perícia, fixando o prazo para
entrega.

A eventual recusa no atendimento aos elementos solicitados nas diligências ou


qualquer dificuldade na execução do trabalho pericial devem ser comunicadas ao juízo,
com a devida comprovação ou justificativa, em se tratando de perícia judicial; ao juiz
arbitral ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial.

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O perito pode utilizar os meios que lhe são facultados pela legislação e as
normas concernentes ao exercício de sua função, com vistas a instruir o laudo pericial
contábil ou o parecer pericial contábil com as peças que julgar necessárias.

O perito deve manter registro dos locais e datas das diligências, nome das
pessoas que o atender, livros e documentos ou coisas vistoriadas, examinadas ou
arrecadadas, dados e particularidades de interesse da perícia, rubricando a
documentação examinada, quando julgar necessário e possível, juntando o elemento de
prova original, cópia ou certidão.

A execução da perícia, quando incluir a utilização de equipe técnica, deve ser


realizada sob a orientação e supervisão do perito, que assume a responsabilidade pelos
trabalhos.

O perito deve especificar os elementos relevantes que serviram de suporte à


conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil.

3.8 - PROVA PERICIAL.

Os principais meios de prova admitidos em processos judiciais pela legislação


brasileira são: depoimento pessoal, confissão, exibição (de documento ou coisa),
testemunho, perícia, inspeção judicial. A Perícia Contábil é, portanto, considerada um
meio de prova de grande valor.

A prova pericial contábil tem como objetivo primordial mostrar a verdade dos
fatos do processo na instância decisória e é utilizada se o objeto da questão o requerer.

Para Silva (Revista Brasileira de Contabilidade, nº 113:34)

“A prova pericial é o meio de se demonstrar nos autos, por meio de documentos, peças
ou declarações de testemunhas, tudo que se colheu nos exames efetuados”.

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A prova pericial é obtida mediante procedimentos determinados pela Resolução
do CFC 858/99 – Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC-T 13.4.1, da Perícia
Contábil, alterados pela NBC TP01 (R1).

3.9 – PROCEDIMENTOS PERICIAIS CONTÁBEIS

Os procedimentos periciais contábeis visam fundamentar o laudo pericial


contábil e o parecer pericial contábil e abrangem, total ou parcialmente, segundo a
natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação,
arbitramento, mensuração, avaliação, certificação e testabilidade. Esses procedimentos
são assim definidos:

(a) exame é a análise de livros, registros de transações e documentos, enfim


todos os elementos ao alcance do profissional, preferencialmente os que
tenham capacidade legal de prova. O perito, todavia, compulsa também
componentes patrimoniais concretos (dinheiro, títulos, mercadorias, bens
móveis, veículos, etc), além de tais elementos, lida, ainda, com
instrumentações, como normas, cálculos, regulamentos, etc.
(b) vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação,
coisa ou fato, de forma circunstancial. A vistoria é um exame pericial, mas
distingue-se dele pela origem e por seus efeitos. Por ela se confirmam
estados e situações alegadas por interessados, para reclamar direitos,
defender-se de acusações, justificar e comprovar atos e, em oposição, por
aqueles que sustentam obrigações de terceiros, acusam ou pretendem
garantir seus direitos.
(c) indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores
do objeto ou de fato relacionado à perícia;
(d) investigação é a pesquisa que busca constatar o que está oculto por quaisquer
circunstâncias, ou seja, a investigação é uma técnica pericial abrangente, que

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tem por finalidade detectar se houve sobre determinado fato, procedimento
que obscurece a verdade, como: fraude, má-fé, dolo, erro, etc.
(e) arbitramento é a determinação de valores, quantidades ou a solução de
controvérsia por critério técnico-científico;
(f) mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens,
direitos e obrigações;
(g) avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações,
despesas e receitas;
(h) certificação é o ato de atestar a informação obtida na formação da prova
pericial. A certificação está contida no laudo, que, por ser efetuado por um
profissional habilitado formal e tecnicamente, é merecedor de fé pública.
(i) testabilidade é a verificação dos elementos probantes juntados aos autos e o
confronto com as premissas estabelecidas.

Todos os meios são válidos para que o perito forme a sua opinião, evidenciando
sempre a verdade dos fatos, porém, não se esquecendo de sua conduta ética.

O perito contábil em qualquer trabalho que venha desenvolver, terá acesso a todos
os documentos necessários para a elaboração do laudo pericial, inclusive, em alguns
casos poderá solicitar o depoimento dos envolvidos.

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UNIDADE IV - O PERITO CONTADOR (EXPERT) (PERITO DO JUIZ E OU
PERITO DO JUÍZO)

O profissional no desempenho da função pericial deve considerar os efeitos em


benefício da sociedade, propiciando bem-estar a todos que têm interesse no deslinde da
controvérsia. As características de excelência moral, intelectual e técnica são condições
essenciais para o encargo a ser confiado pelo Juízo. Dentre as principais qualidades que
formarão o conjunto de capacitação do perito, temos como exemplo, a Ética que conduz
a um trabalho honesto e eficaz em decorrência de uma formação sadia do profissional.
É acrescido também ao perito a capacidade de estar sempre atualizado,
pesquisando novas técnicas e estar sempre preparado para a execução de trabalhos de
boa qualidade.
O principal lastro de sustentação da realização profissional constitui-se
basicamente pelo compromisso moral e ético do perito com a sua classe profissional e,
consequentemente, com a sociedade.
As atividades de Perícia Contábil são prerrogativas do Bacharel em Ciências
Contábeis e reguladas pelas Resoluções nº 857 - Normas Brasileiras de Contabilidade -
NBC P2 - Normas Profissionais do Perito e nº 858/99 - Normas Brasileiras de
Contabilidade - NBC 13 - Da Perícia Contábil, do Conselho Federal de Contabilidade,
publicados no Diário Oficial da União de 29 de outubro de 1999.

Segundo a NBCPP01 (R1)/2020, diz que:

O Perito é o contador detentor de conhecimento técnico e científico,


regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade e no Cadastro

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Nacional dos Peritos Contábeis, que exerce a atividade pericial de forma pessoal
ou por meio de órgão técnico ou científico, com as seguintes denominações:

(a) perito do juízo é o contador nomeado pelo poder judiciário para


exercício da perícia contábil;

(b) perito arbitral é o contador nomeado em arbitragem para exercício da


perícia contábil;

(c) perito oficial é o contador investido na função por lei e pertencente a


órgão especial do Estado;

(d) assistente técnico é o contador ou órgão técnico ou científico indicado


e contratado pela parte em perícias contábeis.

Ao Perito aplica-se ao perito a NBC PG 01 – Código de Ética Profissional do


Contador, a NBC PG 100 – Cumprimento do Código, dos Princípios Fundamentais e da
Estrutura Conceitual e a NBC PG 300 – Contadores que Prestam Serviços (Contadores
Externos) e a NBC PG 12 – Educação Profissional Continuada naqueles aspectos não
abordados por esta Norma.

4.1 - HABILITAÇÃO PROFISSIONAL

O perito deve comprovar sua habilitação por intermédio de Certidão de


Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade ou do
Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do CFC. O perito pode anexá-las no primeiro
ato de sua manifestação e na apresentação do laudo ou parecer.

A indicação ou a contratação de assistente técnico ocorre quando a parte ou a


contratante desejar ser assistida por contador, ou comprovar algo que dependa de
conhecimento técnico-científico, razão pela qual o profissional só deve aceitar o

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encargo se reconhecer estar capacitado com conhecimento, discernimento e
independência para a realização do trabalho.

4.2 - IMPEDIMENTOS PROFISSIONAIS

Impedimentos profissionais são situações fáticas ou circunstanciais que


impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funções ou realizar atividade
pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens previstos nesta
Norma explicitam os conflitos de interesse motivadores dos impedimentos a que está
sujeito o perito nos termos da legislação vigente.

Caso o perito não possa exercer suas atividades com isenção, é fator
determinante que ele se declare impedido, após nomeado ou indicado, quando
ocorrerem as situações previstas nesta Norma.

Quando nomeado, o perito deve dirigir petição, no prazo legal, justificando a


escusa ou o motivo do impedimento.

Quando indicado nos autos pela parte e não aceitando o encargo, o assistente
técnico deve comunicar a ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, facultado
o envio de cópia à autoridade competente.

O assistente técnico deve declarar-se impedido quando, após contratado,


verificar a ocorrência de situações que venham suscitar impedimento em função da sua
imparcialidade ou independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu
trabalho.

4.3 - SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO LEGAL

O perito nomeado deve se declarar suspeito ou impedido quando não puder


exercer suas atividades, observadas as disposições legais.

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O perito deve declarar-se suspeito quando, após nomeado ou contratado,
verificar a ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da sua
imparcialidade ou independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu
trabalho em relação à decisão.

Os casos de suspeição e impedimento a que está sujeito o perito nomeado são os


seguintes:

(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;

(b) ser inimigo capital de qualquer das partes;

(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de
parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou
entidades das quais esses façam parte de seu quadro societário ou de direção;

(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus
cônjuges;

(e) ser parceiro, empregador ou empregado de uma das partes;

(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da


discussão; e

(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de uma das


partes.

O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo.

4.4 - CURRICULUM VITAE

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Um dos itens importantes para o ingresso no mercado é o da apresentação do
Curriculum Vitae. O perito deverá ter disponível um detalhado de no máximo 02(duas)
laudas (fls), contendo no mínimo a identificação, endereço completo (telefone, fax, e-
mail), qualificação (curso de formação, especialização e outros específicos), referências
(profissionais, pessoais e periciais, caso já tenha sido nomeado pelo Juízo), a área de
atuação desejável (dar uma ênfase especial a área de formação e que tenha experiência
profissional).
De posse do Curriculum Vitae, o primeiro passo é protocolar via petição o
Curriculum Vitae na Diretoria Geral da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios, para efetuar a inscrição no Cadastro Único de Peritos - instiuido
pela Portaria CG Nº 52, de 14/02/2006 e posteriormente alterada pela Portaria GC Nº
657 de 27 de setembro de 2006.
Nos termos da Portaria da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios - TJDFT, o Cadastro será organizado por especialidade e
disponibilizado aos magistrados no sistema informatizado do Tribunal. Homologado a
inscrição, deverá o perito, pessoalmente protocolar nas Secretarias das Varas que
desejar ser nomeado, pois alguns Juizes preferem conhecer o perito-candidato e poderá
entrevistá-lo de imediato. Após o protocolo, o documento ficará arquivado nas
Secretarias dos Cartórios do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (Varas
Cíveis, Fazenda Pública, Criminais, Falência e Concordatas e Órfãos e Sucessões).
Querendo o perito ainda, efetuar cadastro na Justiça Federal e na Justiça do Trabalho
(Varas Trabalhistas), deverá fazê-lo por Tribunal.

4.5 - NOMEAÇÃO DO PERITO JUDICIAL


Após a rejeição de conciliação na "Audiência de Conciliação" o Juízo deverá
nomear o perito, conforme o artigo 421 do Código do Processo Civil que prevê:
"Art 421 - O juiz nomeará o perito fixando de imediato o prazo para a entrega do
laudo.
Parágrafo 1º - Incumbe às partes, dentro em cinco (5) dias, contados da intimação do
despacho de nomeação do perito;
I - indicar os assistentes técnicos;
II - apresentar quesitos.

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Parágrafo 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na
inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e
julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado"
A nomeação poderá ser no próprio Termo de Audiência de Conciliação, onde
não havendo conciliação, as partes solicitam a realização de uma perícia técnica
contábil. O Juízo defere o pedido, entendendo ser necessário a presença de um expert no
tema da controvérsia, objetivando o deslinde, nomeará um perito de sua confiança e se
dará nos seguintes termos: ..."Defiro a prova pericial requerida. Nomeio perito deste
Juízo, o Contador Dr. Douglas Will Martins com endereço na Secretaria, que terá vista
dos autos e aceitando apresentará a proposta de honorários, faculto às partes a
indicação de seus assistentes técnicos e apresentação de quesitos e,m 05 dias" .
As intimações, inclusive da nomeação se dará através do "Mandato de
Intimação" por via postal - AR ou também por via telefone devidamente certificado pela
Diretora de Secretaria, junto aos autos. A falta de intimação do despacho de nomeação
do perito pode ser suprida pelo Juiz com ampliação do prazo estipulado no Código de
Processo Civil, artigo 421, § 1º "Incumbe às partes dentro em (5) dias, contados da
intimação do despacho de nomeação do perito".
A faculdade de indicação do Perito Assistente é que não sendo perito do Juízo, é
entendido como mero assessor do litigante. Por isso, cada litisconsorte é livre de indicar
o seu assistente, especialmente no caso de interesses distintos ou antagônicos (Art. 421:
3 Código de Processo Civil).
As partes apresentando os quesitos, pode o juiz analisá-los e excluir aqueles não
pertinentes ao litígio ou incluir outros se assim entender, conforme previsto no artigo
426 do Código do Processo Civil, que compete ao juiz: " I - Indeferir quesitos
impertinentes e II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da
causa." , mas deve justificar o indeferimento porque a decisão é agravável. "As partes
devem ser intimadas do indeferimento de quesitos; a efetivação da medida sem tal
intimação prévia constitui em cerceamento de direito".

Após a nomeação do Perito Oficial do Juízo, dentre outros virão os seguintes


procedimentos:

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1. Retirada do Processo - se dará após cumprimento do prazo estipulado pelo Juízo,
para indicação dos Assistentes e apresentação dos quesitos, o Perito será
notificado via intimação AR, telefone OU e-mail para conhecimento e
comparecer à Secretaria para retirar o processo ou manifestar algum
impedimento, se houver;
2. No caso de impedimento - o perito-contador ao ser nomeado deverá manifestar o
seu impedimento para execução da perícia contábil, nos termos do item 2.4.1,
e/ou ainda escusar-se dos serviços sempre que reconhecer não estar capacitado à
altura do encargo confiado, conforme o item 2.2.3 da Resolução nº 857;
3. Apresentação de Proposta de Honorários - aceito o encargo confiado, o Perito
deverá apresentar por meio de petição, a sua proposta de honorários dentro do
prazo estabelecido, geralmente de 05(cinco) dias, recomendando-se a
apresentação de um plano de trabalho detalhado, estimando o número de horas
previstas para a execução do trabalho, mediante avaliação dos serviços (item
2.5.1 da Resolução nº 857 NBC P2), considerando dentre outros os fatores da
relevância, do vulto, do risco, da complexidade e outros fatores ou custos de
laudos interprofissionais inerentes à elaboração do Trabalho;
4. Pedido de redução/parcelamento ou Arbitramento pelo Juízo - havendo
solicitação de redução ou parcelamento da verba honorária pela parte
interessada, o Juízo submeterá (que diga o Senhor...) ao Perito que manifestará,
por meio de petição se aceita a contraproposta. Não havendo acordo sobre o
valor, o Juízo, considerando a necessidade da perícia, poderá arbitrar o valor ou
então poderá nomear outro perito, se assim o desejar;
5. Depósito dos Honorários e Início dos Trabalhos - havendo o acordo, após o
depósito total ou da parcela inicial dos honorários, o perito será intimado a
comparecer à instalação da perícia ou simplesmente ser intimado e retirar (com
carga de responsabilidade) o processo do Cartório para o início dos trabalhos;

4.6 - ASSISTENTE TECNICO (PERITO-CONTADOR ASSISTENTE)


A contratação do perito-contador é de iniciativa privativa da parte e indicá-lo
como seu assistente técnico é facultativo. Não há obrigatoriedade legal por ser
considerado um assessor técnico importante para a parte.

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O perito-contador assistente, se contratado previamente pela parte desde o início
do processo, a participar dos trabalhos na petição inicial, acompanhando todo o
processo, inclusive na fase de elaboração dos quesitos e, sendo indicado pela parte
como seu assistente técnico fará parte do processo judicial como tal.
Deverá ser cuidadoso no que se refere ao contrato de prestação de serviços, com
cláusulas claras e definidas por etapas na realização do trabalho, por exemplo: na
petição inicial, na elaboração de quesitos, na indicação para atuar como perito-contador
assistente, ou acompanhamento processual do início ao final, conforme o caso requeira.
A intervenção legal do Perito-Contador assistente no processo se dá nos termos
do Parágrafo único do artigo 433 do Código do Processo Civil, quando apresentar o seu
parecer técnico sobre o Laudo Pericial e encaminhado por meio de petição da parte.

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