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UNIDADE I

Perícia, Avaliação e
Arbitragem

Profa. Ma. Selma Doná


Perícia – conceito

 Perícia, na linguagem jurídica, designa especialmente, em sentido lato, a diligência realizada


ou executada por peritos, a fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos.

 Segundo Magalhães et al. (2001, p. 12): “A perícia, pela óptica mais ampla, pode ser
entendida como qualquer trabalho de natureza específica, cujo rigor na execução seja
profundo. Dessa maneira, pode haver perícia em qualquer área científica ou até em
determinadas situações empíricas, por outro lado, a natureza do processo é que a
classificará, podendo ser de origem judicial, extrajudicial, administrativa ou operacional.
Quanto à natureza dos fatos que a ensejam, pode ser classificada como criminal, contábil,
médica, trabalhista etc.”
Perícia – conceito

 A Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015 conceitua:

 A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar


à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou
constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em
conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que
for pertinente.
Perícia – habilitação

 A Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015, estabelece


no tocante à habilitação legal, que os contadores deverão estar inscritos no Conselho
Regional de Contabilidade, conforme item 4.

 “4 – A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o


Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.”
Perícia – objeto

 Segundo D’Auria apud Ornelas (2000, p. 35), “a perícia contábil tem por objeto central os
fatos ou questões contábeis relacionadas com a causa (aspecto patrimonial), as quais devem
ser verificadas e, por isso, são submetidas à apreciação técnica do perito, que deve
considerar, nessa apreciação, certos limites essenciais, ou caracteres essenciais”.

 Assim, Ornelas (2000, p. 35) considera que, independentemente dos procedimentos a serem
adotados, são características essenciais da perícia contábil:

a) Limitação da matéria;
b) Pronunciamento adstrito à questão ou questões propostas;
c) Meticuloso e eficiente exame do campo prefixado;
d) Escrupulosa referência à matéria periciada;
e) Imparcialidade absoluta de pronunciamento.
Perícia – objeto

 Segundo Neto e Mercandale (2000, p. 5): “No âmbito judicial, o objeto da perícia contábil são
as questões contábeis (propostas nos autos em forma de alegações ou contestações)
discutidas pelas partes e que são submetidas à apreciação do perito, a fim de se obter
parecer técnico que possibilite revelar a verdade dos fatos, contribuindo, assim, para o
desate da lide”.

 Portanto, a perícia contábil tem como objeto a determinação do juiz ou as dúvidas colocadas
pelas partes. O perito contador deve se ater às questões formuladas no objeto, não
estendendo ou extrapolando o solicitado; caso ocorra esse excesso, o laudo pericial será
nulo e o perito contador pode ser processado civil e criminalmente.
Campo de aplicação da perícia contábil

 A perícia contábil, como especialização da Ciência Contábil, é aplicada em todos os casos


em que há a necessidade de uma avaliação precisa de fatos que envolvam o patrimônio de
pessoas físicas ou jurídicas.

 Sá (1997, p. 93) explica que são muitos os casos de ações judiciais para os quais se requer
a perícia contábil. Como força de prova, alicerçada em outros elementos como a escrita
contábil, os documentos (tudo aliado a um acervo científico e tecnológico), a perícia é algo
especial e específico. São considerados grandes campos de ação do perito os seguintes:
alimentos, apuração de haveres, avaliação de patrimônio incorporado, busca e apreensão,
entre outros.
Diferença entre auditoria e perícia contábil

 A perícia é a prova elucidativa dos fatos; já a auditoria é revisão, verificação, tendendo a ser
necessidade constante, repetindo-se de tempos em tempos, com menos rigores
metodológicos, pois se utiliza da amostragem.

 A perícia repudia a amostragem como critério pelo caráter de eventualidade e só trabalha


com o universo completo, em que a opinião é expressa com rigores de cem por cento de
análise.
Processo judicial

 Processo: “[...] é o instrumento colocado a disposição dos cidadãos para solução de seus
conflitos de interesses e pelo qual o Estado exerce a jurisdição. Tal solução e exercício são
desenvolvidos com base em regras legais previamente fixadas e buscam, mediante a
aplicação do direito material ao caso concreto, a entrega do bem da vida, a pacificação social
e a realização da Justiça” (BARROSO, 2000, p. 3).
Procedimento judicial

 Procedimento: “[...] é a forma como o processo se exterioriza e materializa no mundo


jurídico. É através do procedimento que o processo age. Basicamente consiste ele numa
sequencia de atos que deve culminar com a declaração do Judiciário sobre quem tem o
direito material (bem da vida) na lide submetida a sua apreciação. Esta sequência deve
observar, obrigatoriamente, a dialética processual, consistente em facultar as partes a efetiva
participação durante seu desenvolvimento (tese do autor e antítese do réu) e garantir a
utilização de todos os recursos legais inerentes a defesa dos interesses de cada litigante,
tudo para formar o convencimento do julgador (síntese)” (BARROSO, 2000, p. 4).
Prova pericial

 Quando necessário esclarecer matéria específica ou requerida pelas partes, o juiz aplica o
artigo 465, do Código do Processo Civil (BRASIL, 2015):

 “Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o
prazo para a entrega do laudo.”
Tipos de perícias

Segundo Sá (1997, p. 19), é possível classificar as perícias em três grandes grupos gerais:

 perícia judicial: a verificação de uma empresa para que o juiz possa homologar a
recuperação judicial que ela pediu;

 perícia administrativa: a verificação contábil para apurar corrupção;

 perícia especial: aquela que se faz para fusão de sociedade.


Espécies de perícias

 Para Alberto (2000, p. 53), os ambientes de atuação que definirão as características podem
ser, do ponto de vista mais geral, o ambiente judicial, o ambiente semijudicial, o ambiente
extrajudicial e o ambiente arbitral.

São, então, quatro as espécies de perícias detectáveis, segundo o raciocínio esposado:


 perícia judicial: dentro dos processos judiciais, nomeada pelos juízes;
 perícia semijudicial: no Estado, fora do Poder Judiciário;
 perícia extrajudicial: nos confrontos judiciais entre particulares;
 perícia arbitral: perícia realizada por vontade das partes.
Interatividade

Perícia, na linguagem jurídica, designa especialmente, em sentido lato, a diligência realizada


ou executada por peritos, a fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos. De acordo
com o conceito que envolve a perícia, ela deve:

a) Ser específica.
b) Ter objeto próprio.
c) Ter objeto limitado.
d) Ter o objeto analisado de forma profunda.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta

Perícia, na linguagem jurídica, designa especialmente, em sentido lato, a diligência realizada


ou executada por peritos, a fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos. De acordo
com o conceito que envolve a perícia, ela deve:

a) Ser específica.
b) Ter objeto próprio.
c) Ter objeto limitado.
d) Ter o objeto analisado de forma profunda.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Perícias judiciais

 A perícia judicial tem fundamento em ação judicial e pode ser determinada pelo juiz do
processo ou requerida pelas partes em litígio.

 A perícia judicial é específica e se define pelo texto da lei; estabelece o artigo 464, do Código
de Processo Civil, na parte relativa ao processo de conhecimento: “a prova pericial consiste
em exame, vistoria ou avaliação” (BRASIL, 2015).
Perícias judiciais

A perícia judicial se motiva pelo fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou


especializado de um profissional para poder decidir; essas perícias podem ser:

 oficiais: determinadas pelo juiz, sem requerimento das partes;

 requeridas: determinadas pelo juiz, com requerimento das partes;

 necessárias: quando a lei ou a natureza do fato impõe sua realização;

 facultativas: o juiz determina se houve conveniência;

 perícias de presente: realizadas no curso do processo;

 perícias do futuro: são as cautelares preparatórias da ação


principal. Visam a perpetuar fatos que podem desaparecer
com o tempo.
Perícias judiciais

Há perícias de diversas modalidades e nas diversas esferas judiciais, podendo-se destacar:

 Cível: prestação de contas, avaliações patrimoniais, litígios entre sócios, indenizações,


avaliações de fundos de comércio, renovatórias de locações e outras.

 Família e Sucessões: avaliação de pensões alimentícias, avaliações patrimoniais e outras;

 Falência e Recuperação Judicial: perícias falimentares em geral.

 Criminal: fraudes e vícios contábeis, adulterações de


lançamentos e registros, desfalques e alcances, apropriações
indébitas e outras.

 Trabalho: indenizações de diversas modalidades, liquidações


de processos e outros.
Perícia extrajudicial

É aquela que independe de tramitação judicial, sendo livremente contratada entre as partes
envolvidas. Esse tipo de perícia se processa por meio de exames, que podem ser genéricos ou
específicos. A perícia extrajudicial se subdivide em:

 Demonstrativa: tem como finalidade demonstrar a veracidade ou não do fato ou caso


previamente especificado na consulta.

 Discriminativa: tem como finalidade colocar nos justos termos os interesses de cada um dos
envolvidos na matéria potencialmente duvidosa.

 Comprobatória: tem como finalidade a comprovação das


manifestações patológicas da matéria periciada (fraude,
desvios, simulações), entre outros.
Perícia extrajudicial

Os tipos mais importantes de perícia extrajudicial são:


 perícia fiscal, procedida pelos agentes das fiscalizações federal, estadual ou municipal;
 perícia para equivalência patrimonial entre empresas;
 perícia para avaliação patrimonial de bens e direitos;
 perícia para avaliação de fundo de comércio;
 perícia para avaliação de bens e direitos para integralização do capital social das sociedades
anônimas;
 perícia para cisão, fusão, incorporação ou transformação de empresas;
 perícias para arbitramentos de valores indenizatórios;
 perícia para litígio entre sócios de empresas;
 perícias para avaliação de resultados econômicos das
empresas;
 perícias para avaliação de locações ou indenizações em caso
de ações renovatórias de contratos de locação.
Perícia contábil no Código Civil e no Código de Processo Civil

 O Código Civil compreende o conjunto de normas relativas a contratos, atividades comerciais


e empresariais, dentre outras, regulamentando o direito dos envolvidos.

 Já o Código de Processo Civil estabelece os procedimentos que devem ser respeitados em


todos os processos.

 Portanto, no Código Civil, verificamos a necessidade da perícia contábil; enquanto no Código


de Processo Civil, os procedimentos de nomeação e desenvolvimento da atividade pericial
contábil.
Aspectos ligados à perícia contábil no Código Civil

A seguir destacamos aspectos ligados à perícia constantes do CC:

 Nas dissoluções de sociedade (art. 51, CC);

 Contagem dos prazos (art. 132, CC);

 Fraudes contra credores (arts. 158 a 165, CC);

 Prova (art. 212, CC);

 Documento público (arts. 215 a 220, CC);

 Obrigatoriedade de registro público de documento particular


(art. 221, CC);

 Validade de documentos enviados por meio eletrônico ou


similar (art. 222, CC);
Aspectos ligados à perícia contábil no Código Civil

 Limite de validade de autenticação do tabelião de notas (art. 223, CC);

 Obrigatoriedade de tradução de documentos escritos em outras línguas (art. 224, CC);

 Limite de validade das provas de reproduções de originais (art. 225, CC);

 Valor probante dos registros contábeis vinculados à sua consistência (art. 226);

 Forma de liquidação de dívida e a obrigação de fazer em moeda corrente (arts. 315, 318
a 325);

 Permissão de estipular aumento progressivo de prestações sucessivas (art. 316, CC);

 Do inadimplemento das obrigações (arts. 389 a 391, CC);

 Da mora (art. 394 e 395);


Aspectos ligados à perícia contábil no Código Civil

 Premissas de perdas e danos (art. 404, CC);

 Do termo inicial da contagem dos juros de mora (arts. 405 a 407, CC);

 Da retirada de sócio da sociedade (art. 1.031, CC);

 Da liquidação da sociedade – atribuições do liquidante (arts. 1.102 a 1.112, CC);

 Do contabilista e outros auxiliares – responsabilidade civil


(arts. 1.177 e 1.178, CC);

 Das premissas para a escrituração contábil (arts. 1.179 a


1.195).
Características da perícia judicial

 Segundo Sá (1997, p. 64), a perícia judicial possui um ciclo normal, dividido em três fases:
preliminar, operacional e final.

Fase preliminar:
1. A perícia é requerida ao juiz pela parte interessada;

2. O juiz defere a perícia e escolhe seu perito;

3. As partes formulam quesitos e indicam seus assistentes;

4. Os peritos são cientificados da indicação;

5. Os peritos propõem honorários e requerem depósito;

6. O juiz estabelece prazo, local e hora para início.


Características da perícia judicial

Fase operacional:

1. Início da perícia e das diligências;

2. Curso do trabalho;

3. Elaboração do laudo.
Características da perícia judicial

Fase final:

1. Assinatura do laudo;

2. Entrega do laudo ou laudos;

3. Levantamento dos honorários;

4. Esclarecimentos (se requeridos).

 Sá (1997, p. 65) ainda complementa: “[...] o ciclo da perícia


judicial compõe-se da fase inicial, operacional e final e estas
de eventos distintos que formam todo o conjunto de
ocorrências que caracterizam tais tarefas”.
Características da perícia judicial

 A perícia judicial difere das demais modalidades de perícia, sendo realizada em ações
judiciais, podendo ocorrer na fase inicial do processo (instrução), ou na fase final (execução).
Essa perícia poderá ser solicitada pelas partes ao juiz que, analisando o pedido, poderá
deferi-la ou não. Ela poderá ainda ser determinada pelo juiz, quando verificar que a matéria a
ser analisada depende de parecer de um técnico especialista.
Características da perícia judicial

Tipos de ações judiciais que exigem a atuação do perito judicial:


 ações alimentares;
 ações de inventário;
 dissolução de sociedades;
 desapropriações;
 reclamatórias trabalhistas;
 fundo de comércio;
 avaliação do intangível;
 execuções fisco-tributárias;
 recuperações judiciais;
 indenizatórias contratuais;
 impugnações de créditos;
 inquérito policial.
Características da perícia judicial

 O objeto da perícia é o limitador, seja ela contábil ou de qualquer outra espécie. Nas
contábeis, o perito deve ter muito claro o objeto a ser periciado, pois, de maneira alguma,
poderá exceder esse limite, sob pena, principalmente nas perícias judiciais, de ter seu
trabalho desconsiderado e até ser destituído pelo juiz que o nomeou e ainda responder civil e
criminalmente.
Interatividade

Segundo ensina Sá (1997, p. 64), a perícia judicial tem um ciclo normal, que pode ser dividido
em três fases. Considerando essa assertiva, aponte quais são essas fases.

a) Inicial, alternativa e conclusiva.


b) Antecedente, conclusiva e alternativa.
c) Preliminar, operacional e final.
d) Operacional, alternativa e conclusiva.
e) Preliminar, alternativa e conclusiva.
Resposta

Segundo ensina Sá (1997, p. 64), a perícia judicial tem um ciclo normal, que pode ser dividido
em três fases. Considerando essa assertiva, aponte quais são essas fases.

a) Inicial, alternativa e conclusiva.


b) Antecedente, conclusiva e alternativa.
c) Preliminar, operacional e final.
d) Operacional, alternativa e conclusiva.
e) Preliminar, alternativa e conclusiva.
Usuários da perícia contábil

 Os usuários da perícia contábil são as pessoas físicas e jurídicas, o Poder Judiciário e os


operadores do Direito.

 A aplicação da perícia se diferencia da contabilidade em geral por ser específica e ter um


objeto próprio, podendo ser aplicada aos usuários da contabilidade quando houver
imperfeições, inadequações e irregularidades.

 As pessoas físicas podem se utilizar da perícia contábil quando houver a necessidade de


verificação, em livros ou documentos contábeis, de fatos que possam prejudicar seu
patrimônio.
Usuários da perícia contábil

 Existem casos de sócios que podem se sentir prejudicados na distribuição de lucros e


pedem, por meio de um perito contábil, a verificação dos resultados da empresa.

 As pessoas jurídicas podem se utilizar dos serviços dos peritos contábeis, que atuarão como
assistentes técnicos nos processos dos quais elas são parte, com o objetivo de acompanhar
o perito judicial nas diligências e na elaboração do laudo pericial, bem como na emissão de
parecer técnico que possa lhe dar subsídios para impugnação do laudo do perito do juízo.

 O Poder Judiciário utiliza os serviços do perito judicial como


auxiliar do juiz, podendo haver a nomeação desse profissional
na fase inicial do processo, com o objetivo de se obterem
provas para o julgamento deste ou na fase de execução, com
o propósito de apurar os valores devidos.
Usuários da perícia contábil

 Há a figura do árbitro, que também é usuário dos serviços de peritos judiciais, pois ele
também precisa, muitas vezes, de elementos confiáveis para poder tomar suas decisões.
Além disso, tratando-se de matéria contábil, ele poderá solicitar um laudo pericial ou um
parecer a um profissional da contabilidade.

 Os operadores do Direito também se utilizam da perícia contábil, muitas vezes, para auxiliar
no momento de proporem uma determinada ação em juízo, com o objetivo de saberem
antecipadamente se o resultado que buscam valerá a pena. Dessa forma, antes de proporem
a ação, solicitarão ao perito contábil um parecer que demonstre, de forma clara, o objeto que
buscarão em juízo.
Procedimentos básicos da perícia contábil

Os procedimentos básicos para a execução da perícia contábil são:

 Nomeação;

 Aceitação ou escusa;

 Prazo para o laudo;

 Exames, análises e avaliação dos documentos, prova e outros;

 Elaboração do laudo;

 Honorário;

 Conclusão;

 Esclarecimentos adicionais.
Procedimentos básicos da perícia contábil

 De acordo com o Código do Processo Civil (BRASIL, 2015), temos os seguintes


procedimentos relativos à perícia:

 “Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o
prazo para a entrega do laudo.

 § 1° Incumbe as partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de


nomeação do perito:

I. Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o


caso;
II. Indicar assistente técnico;
III. Apresentar quesitos.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 465.

 § 2° Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:

I. Proposta de honorários;
II. Currículo, com comprovação de especialização;
III. Contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as
intimações pessoais.

 § 3° As partes serão intimadas da proposta de honorários


para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco)
dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes
para os fins do art. 95.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 465.

 § 4° O juiz poderá autorizar o pagamento de ate cinquenta por cento dos honorários
arbitrados a favor do perito no inicio dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago
apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos
necessários.

 § 5° Quando a pericia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração


inicialmente arbitrada para o trabalho.

 § 6° Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder


a nomeação de perito e a indicação de assistentes técnicos no
juízo ao qual se requisitar a pericia.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso.

 § 1° Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento


ou suspeição.

 § 2° O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das
diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com
antecedência mínima de 5 (cinco) dias.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição.

 Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará


novo perito.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 468. O perito pode ser substituído quando:


I. Faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II. Sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado.
 § 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional
respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o
possível prejuízo decorrente do atraso no processo.
 § 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo
trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo
de 5 (cinco) anos.
 § 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2º,
a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários
poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts.
513 e seguintes deste Código, com fundamento na decisão
que determinar a devolução do numerário.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que
poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos.

 Art. 470. Incumbe ao juiz:


I. indeferir quesitos impertinentes;
II. formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante
requerimento, desde que:
I. Sejam plenamente capazes;
II. A causa possa ser resolvida por autocomposição.

 § 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos


para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente
anunciados.

 § 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar,


respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.

 § 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a


que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.”
Procedimentos básicos da perícia contábil

 “Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na
contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos
elucidativos que considerar suficientes.”
Interatividade

 De acordo com o art. 465, o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará
de imediato o prazo para a entrega do laudo. No parágrafo 1º, caberá às partes, dentro de 15
(quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

a) Arguir o impedimento do perito, se for o caso.


b) Arguir suspeição do perito, se for o caso.
c) Indicar assistente técnico.
d) Apresentar quesitos.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta

 De acordo com o art. 465, o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará
de imediato o prazo para a entrega do laudo. No parágrafo 1º, caberá às partes, dentro de 15
(quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

a) Arguir o impedimento do perito, se for o caso.


b) Arguir suspeição do perito, se for o caso.
c) Indicar assistente técnico.
d) Apresentar quesitos.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Profissionais envolvidos na perícia contábil

 A nomeação de perito judicial por parte do juízo ocorre diante da necessidade do juiz de
esclarecer dúvidas existentes no processo judicial. O profissional nomeado deve ter domínio
da matéria a ser elucidada e ser de confiança do juiz.

 As partes podem nomear auxiliares para acompanhar o perito do juízo, os quais são
denominados assistentes técnicos e representam as partes envolvidas.

 O perito do juízo é autônomo nas suas decisões, dando satisfação somente ao juiz que o
nomeou.
Perito judicial

 Definidas e interligadas as bases conceituais, objeto e objetivo da perícia, é possível


perceber que algumas das suas características devem compor o perfil do profissional que
atua ou pretende atuar nesse ramo de conhecimento; é exigível e desejável que se
conscientize da necessidade de discernir, analisar, julgar e agregar sua personalidade, em
grau de que lhe empreste autoridade moral natural para o acatamento de seu trabalho,
independentemente de atender aos aspectos formais e relativos a ele. Resumindo, é preciso
ser ético em contraposição a ter ética, o que é substancialmente diferente, pois ter é tão
somente atender as regras formalmente expressas porque a elas está subjugado, enquanto
ser é entender as regras, formalizadas ou não, como uma atitude natural, intrínseca ao
próprio ser, que só quem é conscientizado pode ter.
Responsabilidade civil e criminal

 Não basta ao perito a responsabilidade moral e intelectual. De acordo com o Código de


Processo Civil (CPC), o perito possui também responsabilidade civil e criminal, delegado ao
pagamento de indenização de prejuízos que causar por dolo ou culpa, nos moldes do artigo
158, do CPC (BRASIL, 2015), o qual dispõe “o perito que, por dolo ou culpa, prestar
informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar a parte, ficara inabilitado,
por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal
estabelecer”. A responsabilidade, nesse caso, refere-se às informações inverídicas e a
prejuízos causados à parte, podendo ficar inabilitado de trabalhar em outras perícias por dois
anos.
Responsabilidade criminal e infração ao Código de Ética

 No tocante à responsabilidade criminal, dispõem os artigos 342 e 347, do Código Penal, que
os atos praticados pelo auxiliar da Justiça, entendidos como dolo ou culpa, podem ainda ser
passíveis de pena de reclusão e multa, no caso desse profissional proferir afirmação falsa,
de se calar a verdade ou induzir o juiz ao erro.

 Código Penal – “Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial, ou em juízo arbitral.”

 “Art. 347 (Fraude Processual) – Inovar artificiosamente, na


pendência de processo civil ou administrativo, o estado de
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
ou o perito.”
Responsabilidade criminal e infração ao Código de Ética

 A Resolução do CFC NBC PG 01 (Código de Ética do Profissional Contabilista), de 7 de


fevereiro de 2019, aborda nos seus artigos 4º e 5º algumas condutas de caráter obrigatórias
em relação ao perito-contador e ao perito-contador assistente que, se transgredidas,
ensejam a aplicação das penalidades de: advertência reservada, censura reservada e
censura pública.
Perito judicial

Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto
de capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão:

 a legal;

 a profissional;

 a ética;

 a moral.
Perito judicial

 Sá (1997, p. 21) complementa: “o perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural
e intelectualmente e exercer virtudes morais e éticas com total compromisso com a verdade”.

 Dessa forma, verifica-se que o perfil do profissional que deve atuar em perícia envolve
aspectos técnicos, morais e éticos; conhecimentos jurídicos e boa expressão,
necessariamente, pela escrita.
Perito judicial

 A capacidade legal é a que lhe confere o título de bacharel em Ciências Contábeis (e


equiparados) e o registro no Conselho Regional de Contabilidade.
A capacidade profissional é caracterizada por:
 conhecimento teórico da contabilidade;
 conhecimento prático das tecnologias contábeis;
 experiência em perícias;
 perspicácia;
 perseverança;
 sagacidade;
 conhecimento geral de ciências afins à contabilidade;
 índole criativa e intuitiva.
Assistente técnico

 O perito indicado pelas partes (denominado assistente técnico) deverá acompanhar o perito
nomeado pelo juiz nas diligências que forem efetuadas.

 Sua indicação é permitida legalmente, como traz o artigo 465, 1º, II, do Código de Processo
Civil (BRASIL, 2015).

 “Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o
prazo para a entrega do laudo.

 § 1º Incumbe as partes, dentro de 15 (quinze) dias contados


da intimação do despacho de nomeação do perito:
II. Indicar assistente técnico;”
Assistente técnico – responsabilidades

 A responsabilidade do assistente técnico é com as partes que o indicaram, não podendo


deixar de obedecer às Normas Brasileiras de Contabilidade e às Normas de Profissionais de
Perito, aos procedimentos éticos e aos limites da perícia, por seu objeto.
Assistente técnico – pareceres

 Como a função do assistente técnico é de verificação e fiscalização do trabalho do perito do


juízo, poderá interferir nas conclusões emitidas, apresentando parecer técnico divergente.

 Os pareceres são apresentados em separado, nos termos do paragrafo 1º, do artigo 477, do
CPC (BRASIL, 2015), no prazo de 15 dias após a apresentação do laudo:

 “Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20
(vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.

 § 1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se


sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15
(quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das
partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.”
Assistente técnico – pareceres

 Na atuação como assistente técnico na Justiça do Trabalho, o perito deverá observar o prazo
estabelecido no parágrafo único, da Lei n. 5.584, de 26 de junho de 1970 (BRASIL, 1970),
com a seguinte redação:

 “Art. 3º. Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo laudo
terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser
desentranhado dos autos.”
Interatividade

Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto
de capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão:

a) Técnica e moral.
b) Legal, profissional, ética e moral.
c) Profissional, financeira e científica.
d) Conhecimento, financeira e moral.
e) Científica e ética.
Resposta

Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto
de capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão:

a) Técnica e moral.
b) Legal, profissional, ética e moral.
c) Profissional, financeira e científica.
d) Conhecimento, financeira e moral.
e) Científica e ética.
Referências

 ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.


 BARROSO, C. E. F. M. Processo civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento.
São Paulo: Saraiva, 2000, p. 04 (Coleção Sinopses Jurídicas, v. 11).
 HOOG, Wilson A. Z. Perícia Contábil: normas brasileiras interpretadas. 5. ed. Curitiba: Juruá,
2012.
 MAGALHÃES, A. D. F.; LUNKES, I. C. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal,
processual e operacional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
 NETO, C. E. O.; MERCANDALE, I. Roteiro prático de perícia contábil. 2. ed. São Paulo:
Juarez de Oliveira, 2000.
Referências

 Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01. Disponível em:


http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.pdf.
 ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
 SÁ, Antonio Lopes de. Perícia Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
 TAKATORI, Ricardo Sussumo; DONÁ, Selma Lúcia. Perícia, avaliação e arbitragem. São
Paulo: Editora Sol, 2020.
ATÉ A PRÓXIMA!

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