Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ECONÔMICO
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
CONTABILIZAÇÃO
2
Reitere-se, a rigor, a doação de bens do sócio à pessoa
jurídica configura acréscimo patrimonial para a pessoa jurídica, o qual se sujeita à
incidência do Imposto de Renda. No caso de tributação com base no lucro real, o valor do
bem recebido em doação integrará o resultado não operacional da empresa. No caso
de tributação com base no lucro presumido, o valor da doação não integrará a receita
bruta, mas deverá ser acrescido à base de cálculo do IRPJ, sendo tributado como outras
receitas e ganho de capital.
3
Insta destacar, por fim, que a contrapartida do Ativo RLP não
pode ser a conta de caixa ou bancos, pela saída dos recursos utilizados para aquisição
dos mesmos, por que não podemos dar margem à RFB poder configurar essa operação
como aquisição onerosa do crédito, e sim doação das cártulas representativas do
crédito pelos sócios à empresa, nos termos do artigo 182 da
Lei nº 6.404/1976, porque, do contrário, a Receita Federal poderia classificar o crédito
como sendo CRÉDITO DE TERCEIROS, totalmente vedado pela legislação em vigor e
glosar a operação como um todo. Desse modo, a caracterização do ingresso desse
ativo na contabilidade deverá ser como DOAÇÃO dos sócios à empresa, se for
necessária essa demonstração e/ou informação à Receita Federal.
De acordo com as novas regras contábeis deverá ser feito o registro contábil do
recebimento das doações e investimentos em contrapartida a conta de resultado (Receita), quando não houver absolutamente
nenhuma obrigação adicional a cumprir. Até 31.12.2007, por força do disposto no art. 182, § 1º, "d", da Lei nº 6.404/1976, as
doações e subvenções eram classificadas no Patrimônio Líquido, no subgrupo das Reservas de Capital. Todavia, o
mencionado dispositivo foi expressamente revogado, a partir de 1º.01.2008, pela Lei nº 11.638/2007, art. 10. Por outro lado,
as doações e subvenções não deixaram de ser recepcionadas pela Lei das S/A. Isso fica claro ao analisarmos o art. 195-A,
incluído na Lei nº 6.404/1976 pela Lei nº 11.638/2007. Segundo esse dispositivo: "Art. 195-A. A assembléia geral poderá, por
proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de
doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo
obrigatório (inciso I do caput do art. 202 da Lei)." Observa-se que a conta de incentivos fiscais é oriunda da destinação do
lucro líquido apurado no exercício. Com isso, trata-se claramente de uma reserva de lucros, o que, por si só, deixa claro que
os valores das doações e subvenções transitaram pelas contas de resultado e, portanto, compuseram o resultado do exercício.
Isso equivale a dizer que o lucro do exercício está influenciado por valores não tributados pelo Imposto de Renda (RIR/1999,
art. 443). Naturalmente, para fazer uso desse benefício, a empresa não poderá distribuir tais valores. Por esse motivo, a
constituição da reserva para incentivos fiscais se torna mister, porquanto evita uma distribuição até mesmo equivocada de
tais valores. Consideremos, a título de exemplo, uma doação de imóvel recebida em janeiro de 2008. Nesse caso, teríamos:
D - Terrenos (Ativo Imobilizado) R$ 300.000,00 C - Doações do Poder Público (Conta de Resultado - Receitas) R$ 300.000,00
Tendo em vista que o referido valor transitou pela conta de resultado, este irá compor o resultado do exercício. Se
considerarmos que, naquele período, a hipotética empresa tenha apurado um lucro de R$ 750.000,00, já computado o valor
das doações do Poder Público, teremos: D - ARE (Conta de Resultado) R$ 750.000,00 C - Lucro do Exercício (Patrimônio
Líquido) R$ 750.000,00 e D - Lucro do Exercício (Patrimônio Líquido) R$ 750.000,00 C - Reservas de Incentivos Fiscais (PL
- Reservas de Lucros) R$ 300.000,00 C - Lucros a Pagar (Passivo Circulante) R$ 450.000,00 Como se observa nesse
exemplo, a empresa teve o cuidado de destacar a parte do lucro obtido no ano com doações e somente destinar ao Passivo
Circulante, a título de lucros a pagar, o valor que não contempla a doação recebida. Portanto, a empresa não perderá o
direito ao incentivo fiscal. (Lei nº 6.404/1976, art. 195-A; Lei nº 11.638/2007, art. 10)
4
Outrossim, prescreve o art. 38, do Decreto-lei nº 1.598/77
(que adaptou a antiga legislação tributária à então novel Lei das S.A.), bem como o art.
182 da Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.), subsidiariamente aplicável às sociedades
limitadas, determina que as "doações" devem ser contabilizadas em “reservas de
capital” e não devem ser computadas na determinação do lucro real. Contabilizar-se
em conta de Reserva de Lucros se estaria cometendo o erro de se reconhecer como
lucro créditos que se encontram em regime de indisponibilidade.
5
CONCLUSÕES
6
Base legal:
• Lei nº 5.172/66
• Decreto nº 70.235/72.
• Lei nº 9.430/1996
• Lei nº 10.833/2003
• Lei nº 11.941/2009
• Instrução Normativa RFB nº 1.300/12
• Portaria MF nº 343/2015