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MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido de concessão de TUTELA DE EVIDÊNCIA
XXXXXXXXXXXXXX) sempre foram integralmente pagos pela parte autora, com base na boa-
fé.
Ocorre que, conforme será demonstrado, o montante exigido do consumidor final na conta
de energia elétrica inclui os custos de transmissão e distribuição da eletricidade e, sobre
estes, há incidência de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) mesmo
inexistindo fato gerador do tributo em questão neste ponto. Há, ainda, a incidência do
mesmo imposto estadual sobre outros valores destacados e que não correspondem ao
preço efetivo da energia consumida. Este é o ato coator praticado pela autoridade
impetrada e que é alvo neste mandamus.
Com isso, a parte impetrante busca o provimento jurisdicional para obter a declaração de
inexigibilidade das cobranças impugnadas, o que deverá culminar na exclusão dos valores
cobrados a estes títulos (ICMS sobre custos adjacentes ao valor da energia consumida) nas
contas de luz a partir deste momento e preparando uma futura ação ordinária para manejo
de pleito pela repetição de indébito / compensação dos valores cobrados indevidamente.
2 – PRELIMINARMENTE
Em casos análogos ao presente, tem sido costumeiro por parte dos Estados-membros
alegarem a ilegitimidade ativa ad causam dos demandantes, aduzindo em linhas gerais que
estes, como contribuintes de fato, não teriam legitimidade ativa para pleitear a restituição
de ICMS pago indevidamente, sendo que apenas os contribuintes de direito é que
possuiriam legitimidade para fazê-lo. Defendem que a relação jurídica tributária adjacente
ao ICMS incidente sobre a energia elétrica é integrada pelas concessionárias dos respectivos
serviços, de forma que estas deteriam exclusivamente a legitimidade ativa para discutir tais
questões.
No entanto, a matéria objeto de comento já foi alvo de julgamento pelo Superior Tribunal de
Justiça. Esta Corte firmou orientação, sob o rito dos recursos repetitivos (REsp 1.299.303-SC,
DJe 14/8/2012) que o consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa para
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propor ação declaratória cumulada com repetição de indébito que tenha por escopo afastar
a incidência de ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada de energia elétrica.
Referido precedente se encontra em anexo.
Outro não poderia ser o entendimento emanado pelo STJ já que, considerando a parceria (e
a subserviência) das concessionárias de energia elétrica com o Estado concedente e a
completa inexistência de conflito de interesses entre ambos, a declaração de ilegitimidade
do consumidor final teria o condão prático de impedir qualquer discussão de ilegalidade de
cobrança de ICMS. Há de se levar em conta, finalmente, que o art. 166 do Código Tributário
Nacional garante àquele que paga indevidamente o direito de pleitear por sua restituição.
Inobstante, como é cediço, a legitimidade para figurar no polo passivo será, sempre, da
autoridade que detém atribuição para adoção das providências tendentes a executar ou
corrigir o ato combatido. Por isso, a legitimidade passiva do impetrado é evidente, sendo
inclusive ratificada pela melhor jurisprudência:
Mesmo que a parte impetrada fosse, de fato, ilegítima, estaríamos diante de hipótese onde
este eminente juízo deveria determinar a correção do vício antes de optar pela extinção do
feito. Nesse sentido:
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Assim sendo, resta suficientemente delimitada a legitimidade passiva da parte impetrada ou,
subsidiariamente, o direito conferido à impetrante de corrigir esta informação.
3 – DO MÉRITO
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dezembro de 2002 e nº 152, de 3 de abril de 2003, conforme consta da Nota Técnica 302
/2005–SRE /ANEEL, também anexa.
Além disso, a simples visualização da conta de energia elétrica em anexo permite vislumbrar
que os valores destacados a título de Distribuição, Transmissão e Encargos / Encargos
Setoriais / Perdas / ETC (colocar todos os nomes existentes em “Composição do
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A autoridade coatora impetrada defende a tese de que a cobrança do ICMS sobre os custos
de transmissão e distribuição da energia elétrica (anteriores ao efetivo uso do bem pelo
consumidor final) encontraria respaldo no art. 2° inciso II da Lei Complementar 87/1996 (Lei
Kandir), o qual dispõe:
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desenhado na Constituição Federal, o ICMS não pode incidir sobre o simples deslocamento
de mercadorias de um estabelecimento para outro do mesmo contribuinte.
É verdade que o verbete acima transcrito foi publicado anteriormente à edição da Lei
Complementar n° 87/1996 (de 13 de setembro do mesmo ano). No entanto, tanto o
Superior Tribunal de Justiça quanto o Supremo Tribunal Federal já enfrentaram o tema em
questão, reiteradas vezes, à luz do embate provocado entre o texto expresso do artigo 12 da
Lei Complementar e a já enaltecida súmula. Mostra-se imperioso destacar a este respeitoso
juízo, então, os precedentes que comprovam o enfrentamento da tese por parte do Poder
Judiciário e que culminam em ganho de causa ao contribuinte – contrariamente, portanto,
aos interesses da Fazenda Pública Estadual. Para tanto, transcrevemos abaixo trechos dos
votos proferidos em dois julgados do STJ:
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de bens destinados ao comércio, que constituam objeto das atividades comerciais do seu
proprietário. O artigo 155 da Constituição Federal estabelece, em seu inciso II, ser de
competência dos Estados e do Distrito Federal a instituição de impostos sobre “operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços (...)”. É exatamente o
vocábulo “operações", limitador do campo de incidência do ICMS, que impede que o
imposto estadual incida sobre saída que não esteja amparada por negócio jurídico mercantil,
ou seja, que não tenha conteúdo econômico que viabilize e justifique a tributação.
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São por tais razões que não podem fazer parte da base de cálculo do ICMS as cobranças
realizadas com o fito de remunerar os custos e encargos oriundos da utilização do sistema
de transmissão e distribuição de energia elétrica. Vale colacionar, em complemento à
exposição acima, as premissas assentadas pelo Ministro Luiz Fux em brilhante voto no AgRg
no REsp 797.826/MT, julgado em 03/05/2007 (íntegra em anexo):
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Ao final de sua lição, o eminente Ministro citou com propriedade o §9° do artigo 34 dos Atos
e Disposições Constitucionais Transitórias, o qual estabelece:
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VER SE NA LEI DE REGÊNCIA DO SEU ESTADO EXISTE ALGUM ARTIGO COM TEXTO PARECIDO
E CITAR. CASO NÃO EXISTA OU MENCIONE ALGUMA OUTRA ESPÉCIE DE CÁLCULO,
ESCOLHER ENTRE IGNORAR OU CITAR E PEDIR SUA IMEDIATA INCONSTITUCIONALIDADE
COM BASE NO ART. 34 DO ADCT, SUPRA MENCIONADO.
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cobrança (vide conta de energia em anexo), bem como considerando uma análise
sistemática do ordenamento jurídico e o posicionamento pacificado pelo Superior Tribunal
de Justiça acerca do tema.
Destarte, para casos tais como o presente, o novo Código de Processo Civil autoriza a
concessão da tutela provisória baseada em evidência, conforme visto nos artigos 294 c/c
311, in verbis:
Conforme se vê, ao contrário da sistemática anterior relativa aos pedidos de antecipação dos
efeitos práticos da tutela – onde se mostrava imperiosa a demonstração tanto da fumaça do
bom direito quanto do perigo da demora fundado em receio de lesão grave ou de difícil
reparação – o novo CPC traz, na Tutela de Evidência, uma hipótese que independe da
demonstração do perigo de dano ou do resultado útil ao processo, constituindo-se em pleito
subjetivo ao autor que, em casos como este, comprovar as alegações de fato
documentalmente e estiver pleiteando por matéria já enfrentada em julgamentos de casos
repetitivos ou que sejam abarcadas pelo texto de súmulas vinculantes.
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No imbróglio ora exposto, contamos com entendimento do STJ exarado sob a sistemática
dos recursos repetitivos e consolidado pela Súmula n° 166, que veda expressamente a
tributação de ICMS sobre valores que não decorram da circulação (no sentido jurídico) de
mercadoria – com transferência de propriedade. Veja-se:
Com isso, o impetrante pleiteia a Vossa Excelência que, em sede de tutela provisória de
evidência, defira o pedido pela imediata cessação da cobrança de ICMS sobre todos os
custos adjacentes ao valor cobrado pelo consumo da energia elétrica, notadamente os
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custos com transmissão, distribuição, encargos, perdas, encargos setoriais, etc., nas faturas
vincendas de energia elétrica da unidade consumidora n° xxxxxxxxxxxxx.
5 – DOS PEDIDOS
Dispensa desde já a audiência com fins exclusivamente conciliatórios (sendo evidente a total
impossibilidade de acordo no caso dos autos) e protesta pelo julgamento antecipado da
demanda, à luz do disposto no artigo 355, I do novo Código de Processo Civil, já que a
situação exposta não carece de produção de provas em audiência.
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Advogado
OAB
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