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JÔNATAS HONÓRIO DOS REIS JÚNIOR

LUCAS FERREIRA

Conceito

A ata notarial é um instrumento público que tem por finalidade constatar


a realidade de um fato, de modo imparcial, público e responsável.

Ela é, necessariamente, firmada por um notário, como um tabelião, por


exemplo.

Podendo atestar a presença do próprio interessado ou de terceiro


presente naquele local. Ocorrendo assim, por exemplo, quando a parte
interessada busca o tabelião para que este narre fielmente – e, em
linguagem jurídica – uma declaração do interessado ou sua presença
naquele local.

Finalidade

A principal função da ata notarial é servir como meio de prova em um


processo judicial. Entretanto, há que se considerar que as atas podem ser
lavradas com o intuito de atingir outros objetivos.

Podendo a ata notarial auxiliar na verificação de fatos na internet,


desse modo, tratando-se de uma adição feita pelo Código De Processo
Civil.

Nessa modalidade, o tabelionato pode ser acionado para a verificação e


registro do conteúdo de páginas na internet, de publicações nas redes
sociais (Twitter, Facebook, Instagram e outras), de trocas de e-mails ou
de conversas em plataformas de mensagens instantâneas (WhatsApp,
Telegram).

Desse modo, muito mais que registrar declarações, cabe ao tabelião


acessar a plataforma ou endereço web e verificar o conteúdo apresentado
ali, registrando-o em ata. Contudo, mais do que o mero conteúdo, deve
também constar na ata a data e local de acesso. Esse aspecto é
fundamental quando se trata de elementos em meio eletrônico,
facilmente modificáveis.
Por fim, para contribuir com o trabalho de descrição realizado pelo
tabelião, admite-se que a ata notarial para verificação de fatos na internet
contenha uma imagem do conteúdo verificado pelo tabelião.

A ata notarial, pode ter como finalidade também, apresentar caráter de


NOTORIEDADE, neste tipo de ata notarial tem a função de fornecer uma
declaração acerca de um fato público conhecido, por meio de
testemunhas ou documentos reconhecidamente válidos.

Assim, o interessado apresenta-se frente ao tabelião, para que este


registre um fato que é já público em determinado círculo social.

Um dos usos da ata de notoriedade é, por exemplo, fazer a comprovação


de vida e de capacidade civil exigida por instituições bancárias e pelo
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). É utilizada ainda para
comprovar a união estável entre duas pessoas ou o exercício habitual de
uma determinada atividade.

ATA NOTARIAL COMO PRÉ-PRODUÇÃO DE PROVAS EM MEIO


ELETRÔNICO

Esse avanço que o CPC de 2015 trouxe ao ordenamento jurídico fez com
que a classe dos notários tivesse interesse na eficácia em produzir
provas, a pedido da parte, para o processo.

A clareza que esse meio de prova traz ao processo, com a ideia de


garantir a existência de tais fatos, é extremamente sólida e com a
validade da fé pública, torna-se valiosa.

Para a doutrina, a ata notarial é considerada como uma prova pré-


constituída, ou seja, uma prova documental, elaborada no âmbito
extrajudicial, amparada plenamente pelos princípios do contraditório e da
ampla defesa. Esses princípios estão relacionados à ideia de que,
primeiramente, o acusado enfrenta aquilo que está lhe sendo apontado.
No segundo, o acusado tem o direito de mostrar suas razões para tal ato.

A ata notarial tem amparo da fé pública daquele que a lavra, seja tabelião
ou preposto, que em razão da sua competência a designa para tal feito.
Deste modo, o CPC elencou a ata notarial como prova no processo, como
prova de grande valor probatório devido a esse valor que a mesma
protege.

Com o intuito de demonstrar a verdade, a ata notarial é considerada


como a obtenção de prova antecipada do judiciário, e como mencionado
no parágrafo anterior, por ser dotada de fé pública, a pela segurança que
a mesma alcança.

O valor probatório da ata também está previsto no art. 405 do CPC: “Art.
405. O documento público faz prova não só da sua formação, mas
também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o
servidor declararam que ocorreram em sua presença”. Nesse sentido, a
ata segue a disciplina de prova documental, devendo ser regida por essa
espécie.

Para o Tabelião do 6º Ofício de Notas de Belo Horizonte, João Teodoro da


Silva (2011, p. 3):

Documento é uma palavra que, empregada em sentido amplo, significa o


meio exterior de perpetuar a existência de um fato ou de uma coisa.
Nesta acepção, diz-se documento histórico, por exemplo. Mas a palavra é
muito comumente empregada em sentido estrito, jurídico, para indicar o
meio exterior de perpetuar a existência de um fato jurídico, de um ato
jurídico, especificamente de um negócio jurídico, ou ainda de uma coisa
que seja objeto de relação jurídica.

Como citado, o documento, por sua vez, pode ser relacionado ao negócio
jurídico. A ata notarial então é classificada como documento de
instrumento público, regida pelas normas especificadas pela Lei nº 8.935,
conhecida como a Lei dos Cartórios. Para a doutrina, a ata notarial tem
um peso significativo maior do que o documento particular, isso porque
pressupõe-se que o documento lavrado pelo tabelião está sempre em
conformidade com a legislação, não sendo motivo de questionamentos
por parte do judiciário.

Não a caracterizando como maior ou melhor que outra, não existe no


ordenamento jurídico brasileiro uma hierarquia de provas, ou seja, ela é
tão valiosa como as demais e são utilizadas com o fulcro de presumir a
veracidade de fatos. Portanto, a ata notarial é uma prova produzida de
forma unilateral, pois depende apenas da vontade de uma das partes
envolvidas no fato para ser elaborada.

Nesse sentido, o juiz deve interpretar a prova diante de todo conjunto


probatório, jamais exclusivamente sobre uma delas, visto que a prova,
extraída por meio de ata notarial, por si só não tem caráter absoluto,
mesmo que ela seja dotada de fé pública.

Por fim, cabe mencionar, como se dá a ESTRUTURA BÁSICA de uma


ATA NOTARIAL.

O trabalho de redigir a ata notarial cabe ao tabelião ou seus prepostos,


que devem fazê-lo em linguagem jurídica. Recomenda-se que o texto
tenha tom imparcial, mantendo a coesão e coerência.

Tendo isso em mente, são elementos essenciais em uma ata notarial:

Identificação da parte solicitante: deve-se qualificar a parte, se


pessoa física ou jurídica, comprovando sua capacidade e condição, por
meio de seus documentos.
Data e hora da lavratura da ata: o tabelião precisa sempre identificar
de forma clara em que dia e horário foram realizados os procedimentos
de verificação e lavratura.
Local da ocorrência dos fatos: cabe também ao notário especificar em
que local os fatos ocorreram, ou ainda, em qual local ocorreu a verificação
(em caso de diligências, por exemplo).
Descrição dos fatos: neste trecho, deve-se descrever os fatos conforme
narrados pela parte ou testemunhas, ou ainda, conforme foram
observados pelo profissional, sobretudo em se tratando de ata de
verificação de fatos na internet ou em diligência.
Finalidade da ata: deve o tabelião, com base na solicitação das partes e
no seu conhecimento técnico, deixar expresso qual a finalidade do
documento lavrado.
Assinatura do tabelião: para que a fé-pública se manifeste na ata
notarial é preciso que esta seja devidamente assinada pelo tabelião e
fique registrada junto ao tabelionato.

Importa ressaltar que essa é apenas a estrutura básica de uma ata


notarial simples. Podendo as atas, em geral, cumprirem diferentes
finalidades, a depender da eventual necessidade de que se incluam outras
informações no documento.

Referencial Teórico

https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigo/60770/a-ata-notarial-e-
a-sua-eficcia-na-produo-de-provas-processuais-frente-s-novas-
tecnologias

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