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I.

Provas

Em meios de entender em sentido amplo o conceito de provas e a forma que as mesmas


influenciam o nosso sistema jurídico é importante perceber que, “Toda a ciência
jurídica se reduz a uma ciência das provas e que o próprio direito não existe
independentemente de sua prova”, isto porque, segundo o pensamento de Francesco
Carnelutti, em noventa e nove por cento dos casos a balança da justiça passará para as
mãos do juiz e será o juiz , quem não vivenciou os factos trazidos pelas partes ao
processo, que agora terá que conhecê-los, o que será possível através das provas, visto
que, ao fornecer ao juiz os dados ou elementos necessários o mesmo consegue controlar
a veracidade das correspondentes afirmações das partes envolvidas.

A definição legal da prova está prevista no Artigo 341º do Código Civil Português, que
determina também a sua função– “As provas tem por função a demonstração da
realidade dos factos”, importante referir que realidade é aquilo que os factos são
distinto de verdade, que é aquilo que dele sabemos ou tentamos saber. Através da
análise de tal definição pode ser concluído que a prova é referida não só como meio
como também como resultado, visto que a mesma vai possibilitar a convicção do
julgador no final da atividade probatória à luz do princípio da livre apreciação das
provas, no sentido do Artigo 607.º, n.º 5 do Código de Processo Civil “O juiz aprecia
livremente as provas segundo a sua prudente convicção acerca de cada facto (…)”.

A regra em Portugal é a do sistema de liberdade de julgamento, ou seja, a possibilidade


da prova livre ou da liberdade da prova. A mesma surge como consequência de uma
garantia constitucional explicita no Artigo 20º, nº1 da Constituição da Républica
Portuguesa- (Acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva)

Meios de prova

Quanto aos meios de prova podemos analisar que, a mesma vai ser caracterizada
(como pessoa ou coisa) usada como fonte a partir do qual o juiz chegará ao
conhecimento ou verificação de um facto. Em Portugal, existem atualmente diversos
tipos de meios de prova admitidos
Prova por Confissão obtida mediante depoimento da parte envolvida Artigo 352.º, do
Código Civil Português- que pode ser feita judicial ou extrajudicialmente de acordo
com a força probatória que a mesma tiver, esta tem que ser feita por pessoas
consideradas de capacidade para tal, pode ser considerada inadmissível e mesmo
passível de nulidade e anulabilidade de acordo com os Artigos 354º e 359º do Código
Civil Português.

Prova por Documentos (coisa ou algo), em que a prova é, como o nome indica, em
forma de documentos apresentados -Artigo 362º do Código Civil Português, sendo
apenas admitidos uma vez que estejam de acordo com os pressupostos do Artigo 363º
do Código Civil Português- Modalidades dos documentos escritos e ss.

Prova Pericial onde é definido que a resposta dos peritos, quando são necessários
conhecimentos especiais relativamente ao objeto/situação deparada, também são aceites
pelo tribunal para livre apreciação-Artigos 388º e 389º do Código Civil Português.

Prova por Inspeção em que existe a perceção direta de fatos pelo tribunal que depois
aprecia livremente a mesma-Artigos 390º e 391º do Código Civil Português.

Prova testemunhal em que a prova é uma pessoa (terceiro) que esteja capacitada para
depor como testemunha-Artigo 392º do Código Civil Português.
De relevância mencionar, que existe a possibilidade de Contraprova estipulada no nosso
ordenamento jurídico, onde o acusado pode, por ser parte contrária, apresentar
contraprovas dos mesmos factos-Artigo 346º do Código Civil Português.

De igual destaque, o facto de, sendo o nosso sistema de provas livre, existe a
possibilidade de outros meios de provas nomeadamente apresentação de coisas móveis e
imóveis -Artigo 416º do Código Civil Português.

Critérios de Aceitação da Prova

Na análise da admissibilidade da prova falamos de princípios constitucionais, como o


Princípio da proporcionalidade, que se debruça acerca da adequação de uma relação
entre dois bens ou dois valores variáveis e comparáveis e o Princípio da prova livre,
assim com a licitude das mesmas.
Outro critério de aceitação é o ónus da prova, que é um termo utilizado para definir
quem a pessoa que detém a responsabilidade de sustentar a alegação. Ou seja, como
regra geral, especifica, que o responsável por uma alegação, também é o responsável
pela apresentação das provas necessárias para a sustentar.

Existem duas vertentes a seguir, em primeiro lugar, quem alega um determinado fato,
tem obrigação de provar o mesmo, nisto reside o ónus da prova. Não obstante, o
legislador previu situações em que esse ónus sofre desvios à regra geral, quer perante
determinados casos especiais, “compete ao réu a prova dos factos constitutivos do
direito que se arroga” - Artigo 343º do Código Civil Português, quer nos casos de
inversão do ónus da prova que tendo por base o Artigo 344º do Código Civil Português

Existem então, a imposição do- onus probandi, - nos casos em que a alegação dos factos
constitutivos da situação negada pelo autor é atribuído ao réu ficando a cargo do autor,
provar os factos constitutivos, modificativos ou extintivos do direito invocado pelo réu .
(Cf. Artigo 342º nº 2 do Código Civil Português).

Relativamente a fatos impeditivos, podemos dizer que são fatos suscetíveis de obstar a
quem direito invocado, se tenha validamente constituído. Quanto aos factos
modificativos, podemos afirmar que são fatos que podem alterar o direito que foi
invocado. Quando se verifica a existência destes fatos, o ónus da prova não cabe ao
alegante, mas sim a quem estão a ser atribuídos estes fatos.

Presunção????

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