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Advocacia Cível

Estratégias Probatórias II: Provas em Espécie

Thaís Amoroso Paschoal


Doutora e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Coordenadora de Integração da Escola de Direito e
Ciências Sociais, Supervisora do Núcleo de Prática Jurídica e Professora Permanente do PPGD da Universidade Positivo,
em Curitiba/PR. Membro integrante do IBDP e da Processualistas. Pesquisadora em grupos de pesquisa na UFPR e na
UP. Advogada.
1. Premissas
Provas em Espécie
Programa da disciplina:
1. Algumas premissas necessárias para compreensão da prova no Processo Civil atual.
2. Prova documental
*Ata notarial
*Falsidade documental
3. Exibição de documento ou coisa
4. Prova pericial
5. Inspeção judicial
6. Depoimento pessoal
*Interrogatório livre
7. Confissão
8. Prova testemunhal
9. Audiência de instrução e julgamento
10. Outras provas “especiais”
*Prova estatística
*Conduta processual das partes
11. Produção coletiva da prova e coletivização da prova
*A prova no processo estrutural.
Provas em Espécie
Algumas premissas necessárias para compreensão da prova no Processo Civil atual.
*Um novo olhar sobre a prova no processo civil
*Finalidade da prova: instrumental
*Contraditório
*Prova e verdade
*Direito autônomo
*Direito fundamental à prova: individual ou coletivo
*Direito à prova e dever de colaboração
*Flexibilização procedimental
*Meios de prova

Sugestões de leitura: MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Prova e convicção. 4ª ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018; PASCHOAL, Thaís Amoroso. Coletivização da prova. Técnicas de
produção coletiva da prova e seus reflexos na esfera individual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020;
AMARAL, Paulo Osternack. Provas – atipicidade, liberdade e instrumentalidade, 2ª ed. revista,
atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
2. Prova documental
(parte 01)
Prova documental
Conceito
“Todo ser composto de uma ou mais superfícies portadoras de símbolos capazes de transmitir
ideias e demonstrar a ocorrência de fatos. Esses símbolos são letras, palavras e frases,
algarismos e números, imagens ou sons gravados e registros magnéticos em geral; o que há
em comum entre eles é que sempre expressam ideias de uma pessoa, a serem captadas e
interpretadas por outras” (Dinamarco).

“Documento compreende não apenas os escritos, mas toda e qualquer coisa que transmita
diretamente um registro físico a respeito de algum fato, como os desenhos, as fotografias, as
gravações sonoras, filmes cinematográficos etc.” (Humberto Theodoro Junior).

*Documento e prova documental


Prova documental
Autoria

Art. 410 do CPC

Autor material e autor intelectual

*Documentos particulares assinados: autor é quem os firmou, mesmo que redigidos


por outrem (incisos I e II do art. 410 do CPC)

*Documentos que não se assina (livros empresariais), autor é quem os mandou compor
(inciso III do art. 410 do CPC)

“Um documento fará prova contra o autor intelectual quando contiver sua assinatura,
mesmo que a confecção material do suporte tenha sido feita por outrem (autor
material), por ordem ou com a chancela do autor intelectual (art. 408 do CPC/2015)”
(Wambier e Talamini).
Prova documental
Momento processual de sua produção

Autor (petição inicial – arts. 320 e 434 do CPC);


Réu (resposta – art. 434 do CPC)

“Não compete ao juiz, na petição inicial, exigir prova documental além da


estritamente imprescindível à caracterização e materialização do objeto
litigioso” (REsp 1.905.367 – DF; Rel. Min. Herman Benjamin; j.
24/11/2020; DJe 14/12/2020).
Prova documental
“[...] em Ação Civil Pública ambiental, elementos basilares mínimos são os que apontem a
situação certa ou duvidosa da dominialidade, laudo preliminar indicativo de desmatamento,
degradação ou poluição, se possível com coordenadas da área afetada. Em síntese, a
apresentação dos fatos deve ser simplificada, podendo-se servir de imagens, inclusive das
obtidas por satélite e drone. Despiciendo, enfim, venha a petição inicial acompanhada de
elementos documentais com confirmação definitiva da dominialidade, materialidade do
ilícito e designação de nome, sobrenome e CPF do(s) infrator(es), escrutínio que se
desenrolará no curso da instrução judicial. Nesta, provas suplementares capazes de elucidar o
acontecido serão produzidas, realizando-se diligências razoáveis para desvendar, por trás de
"laranjas" diretamente responsáveis, os verdadeiros beneficiários da exploração e
desmatamento ilícitos ou poluição. Vale dizer, em decorrência dos amplíssimos poderes do
juiz, a instrução judicial representa o palco mais apropriado para exaurir as possibilidades
probatórias racionais, sob o signo, no Direito Ambiental, do princípio in dubio pro Natura”.
(REsp 1.905.367 – DF; Rel. Min. Herman Benjamin; j. 24/11/2020; DJe 14/12/2020).
(Caso “Amazônia Protege”)
Prova documental
Momento processual de sua produção

Juntada posterior: documentos novos, quando destinados a fazer prova de


fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos
produzidos. (artigo 435 do CPC).

Flexibilidade: observância do art. 437, §1º, do CPC


Prova documental
Momento processual de sua produção

“Prova documental juntada intempestivamente. Manifestação da parte


adversa. Ausência de violação do contraditório. Possibilidade. Precedentes”
(REsp 1.719.131 – MG; 3ª Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; j.
11/02/2020; DJe 14/02/2020).

“A nulidade por inobservância do artigo 437, § 1º, do CPC/15 (artigo 398 do


CPC/73) deve ser proclamada nos casos em que os documentos juntados
pela parte adversa tenham sido relevantes e influenciaram o deslinde da
controvérsia, caracterizando-se prejuízo à parte contrária” (REsp n.
1.479.391 – SP; 4ª Turma; Rel. Min. Marco Buzzi; j. 26/11/2019; DJe
27/11/2019).
Prova documental

Produção da prova documental

*Audiência para exposição de reprodução cinematográfica ou fonográfica (art.


434, par. único, CPC)
Prova documental
Força probante dos documentos

Arts. 405 a 429 do CPC/2015

(i) Autenticidade do documento


O documento é autêntico quando: 1. Se pode identificar quem é o seu
autor; 2. Aquele é, de fato, o documento que o autor produziu.
Prova documental
(ii) Documentos públicos

Art. 405 do CPC

O autor material do documento é uma autoridade pública no exercício de sua função. O


autor material, portanto, não necessariamente se identificará com o autor intelectual.

A depender da autoridade que os confecciona, podem ser:


- Judiciais: quando elaborados por escrivão, com base em atos processuais ou peças dos
autos;
- Notariais: quando provenientes de tabeliães ou oficiais de Registros Públicos, e
extraídos de seus livros e assentamentos;
- Administrativos: quando oriundos de outras repartições públicas.
Prova documental
(ii) Documentos públicos

*Presunção legal de autenticidade do documento público, entre as partes e


perante terceiros - fé pública conferida aos órgãos estatais, desde que elaborados
pela autoridade competente. Admite, porém, prova em contrário.

A presunção pode ser desconstituída por declaração judicial de falsidade do


documento (art. 427 do CPC; arts. 430 a 433 do CPC).
Prova documental
(ii) Documentos públicos

“Consoante o artigo 405 do CPC/2015, laudo, termo de vistoria, relatório técnico, auto
de infração, certidão, declaração e outros atos gerados por agentes de qualquer órgão
do Estado possuem presunção (relativa) de legalidade, legitimidade e veracidade, por
se enquadrarem no conceito geral de documento público. Tal qualidade jurídica inverte
o ônus da prova, sem impedir, por óbvio, a mais ampla sindicância judicial. Por outro
lado, documento público não pode ser desconstituído por prova inconclusiva, dúbia,
hesitante ou vaga. São dotados de natureza pública documentos elaborados no âmbito
de Inquérito Civil e investigações preliminares conduzidas pelo Parquet” (Resp
1.778.729 – PA; 2ª Turma; Rel. Min. Herman Benjamin; j. 10/09/2019; Dje 08/09/2020).
Prova documental
(ii) Documentos públicos

“[...] documentos públicos juntados com a petição inicial encerram presunção de


legitimidade e veracidade, o que transfere, ipso facto, ao réu o encargo de produzir
prova em sentido contrário. Nessas condições, não se trata de inversão ope judicis do
ônus da prova, mas de aplicação pura e simples dos parâmetros legais ordinários da
disciplina probatória do art. 373, II, do CPC/2015” (REsp 1.905.367 – DF; Rel. Min.
Herman Benjamin; j. 24/11/2020; DJe 14/12/2020).
(Caso “Amazônia Protege”)
Prova documental
(ii) Documentos públicos

*A presunção de veracidade acobertada pela fé pública do oficial só


atinge os elementos de formação do ato e a autoria das declarações das
partes, e não o conteúdo destas mesmas declarações. Apenas os fatos
que ocorreram na presença da autoridade receberão a presunção de
veracidade.

Art. 405 do CPC: “O documento público faz prova não só da sua


formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o
tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença”.
Prova documental
(ii) Documentos públicos

*Caso sejam elaborados por oficial incompetente, ou sem as formalidades


legais, perdem a força de documento público, mas ainda terão eficácia
probatória do documento particular, se estiver subscrito pelas partes (art.
407 do CPC).

*Instrumento público insubstituível


Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato,
nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
3. Prova documental
(parte 02)
Prova documental
(iii) Documentos particulares

Aqueles em que não ocorre interferência de oficial público em sua elaboração.

Presunção legal de autenticidade


Art. 408. As declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou
somente assinado presumem-se verdadeiras em relação ao signatário (eficácia
probatória dos documentos que contém declarações constitutivas, ou seja, que
declaram a vontade e constituem um direito).
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência de determinado fato, o
documento particular prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de
prová-lo ao interessado em sua veracidade (declarações narrativas, ou seja, limitam-se à
declaração de um fato).
Prova documental
(iii) Documentos particulares

Essa eficácia probatória depende da certeza quanto à autenticidade do documento,


aplicando-se, neste caso, o art. 411 do CPC:

Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando:


I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de certificação, inclusive
eletrônico, nos termos da lei;
III - não houver impugnação da parte contra quem foi produzido o documento.

Havendo omissão, a autenticidade é presumida. A presunção cessa se for demonstrado


que o documento foi obtido com vício de consentimento.
Prova documental
(iii) Documentos particulares

*Havendo dúvida quanto à data do documento particular:

Art. 409. A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ou
impugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito.
Parágrafo único. Em relação a terceiros, considerar-se-á datado o documento particular:
I - no dia em que foi registrado;
II - desde a morte de algum dos signatários;
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer dos signatários;
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do
documento.
Prova documental
(iii) Documentos particulares

Classificação:

*Instrumentos particulares: escritos redigidos para documentar a prática de


um ato jurídico – formação de prova pré-constituída para uso futuro. Ex.:
instrumento de mandato, contrato de locação, recibo de pagamento feito etc.
Predominam as declarações de vontade.
*Simples documentos particulares: outros escritos que possam servir para
provar algum acontecimento ligado ao ato jurídico. Predominam as
declarações de conhecimento acerca de fatos.
Prova documental
(iii) Documentos particulares

*Telegramas, cartas e registros domésticos

Mesma eficácia probatória dos documentos particulares

Art. 413/CPC: original do telegrama deve ser subscrito pelo remetente, que poderá ter sua assinatura
reconhecida em cartório.
Art. 414/CPC – presunção iuris tantum – necessidade de provar as datas de sua expedição e de seu
recebimento pelo destinatário.

Cartas: todas as correspondências entre duas pessoas. Quando assinadas, são documentos
particulares, aplicando-se o art. 408 do CPC
Registros domésticos: apontamentos escritos pela parte, mas não assinados - anotações, memórias,
diários, relacionados com a vida profissional ou privada do autor.
*Força probante de ambos: fazem prova apenas contra quem os escreveu, e desde que a lei não exija
determinada prova para o ato (art. 415 do CPC).
Prova documental
(iii) Documentos particulares

Livros empresariais

Arts. 417 e 418 do CPC – prova contra seu autor

Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia,
demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não
correspondem à verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor
de seu autor no litígio entre empresários.

- regra da indivisibilidade da escrituração – 419/CPC – somente quando é a única prova


existente. Podem ser produzidas outras provas para se demonstrar o contrário.
Prova documental
(iii) Documentos particulares

Livros empresarias

- Exibição dos livros em juízo

*Integral: somente nas hipóteses do art. 420/CPC


I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.

*parcial: pode ser de ofício ou a requerimento da parte, para que se extraia deles as informações que
interessarem ao litígio (art. 421/CPC).Pode ser substituída por reproduções fotográficas ou mecânicas
autenticadas.
* caráter excepcional da medida – garantia do sigilo profissional

*possibilidade de apreensão judicial e autorização, conforme o caso, de presunção de veracidade do fato que
a parte desejava provar por meio dos documentos – presunção iuris tantum – admite prova em contrário.
Prova documental
(iii) Documentos particulares

Reprodução de documentos particulares

Art. 422/CPC

Podem ser produzidos de duas formas:


a) Por meios mecânicos – fotografia, xerox etc.
b) Por simples traslado

Valem como certidões sempre que o escrivão manifestar a conformidade com o original – autenticação da fotocópia,
feita pelo escrivão, qualquer tabelião ou oficial público – art. 423 do CPC.

Se o documento constar do processo, a cópia autenticada poderá assim ser declarada pelo advogado que a utilizar, por
exemplo para instruir agravo de instrumento – art. 425, IV, do CPC.

Art. 424 do CPC – cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original – escrivão deve autenticar
e partes devem ser intimadas – as cópias fotográficas também

Fotografia publicada em jornal – original do periódico – art. 422, § 2o.


Fotografias digitais – se não forem impugnadas, consideram-se verdadeiras. Havendo impugnação, deverá ser
apresentada a autenticação eletrônica ou realizada perícia – art. 422, §1º, CPC.
Prova documental

Documentos viciados em sua forma:

Art. 426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva merecer o


documento, quando em ponto substancial e sem ressalva contiver
entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento.
Prova documental
Documentos eletrônicos

- Documentos digitalizados – art. 11, Lei 11.419/2006


- E-mails e etc. – mesmo regime das fotos digitais – art. 422, §1º e §3º, CPC

Juntada no processo: conversão à forma impressa e verificação de autenticidade


(art. 439 CPC)

Art. 411, II – autêntico o documento, quando sua autoria estiver identificada por
qualquer meio legal de certificação, inclusive eletrônico.

Fax: Lei 9.800/1999


Prova documental
Documentos eletrônicos

Lei 13.874/2019 (Lei da Liberdade Econômica)

Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o


desenvolvimento e o crescimento econômicos do País, observado o disposto no
parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal:
[...]
X - arquivar qualquer documento por meio de microfilme ou por meio digital,
conforme técnica e requisitos estabelecidos em regulamento, hipótese em que se
equiparará a documento físico para todos os efeitos legais e para a comprovação
de qualquer ato de direito público;
Prova documental
Documentos eletrônicos

Lei 13.874/2019 (Lei da Liberdade Econômica)

Art. 18. A eficácia do disposto no inciso X do caput do art. 3º desta Lei fica condicionada à regulamentação em
ato do Poder Executivo federal, observado que:
I - para documentos particulares, qualquer meio de comprovação da autoria, integridade e, se necessário,
confidencialidade de documentos em forma eletrônica é válido, desde que escolhido de comum acordo pelas
partes ou aceito pela pessoa a quem for oposto o documento; e
II - independentemente de aceitação, o processo de digitalização que empregar o uso da certificação no
padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) terá garantia de integralidade, autenticidade
e confidencialidade para documentos públicos e privados.

Sugestão de leitura:
DIDIER JUNIOR, Fredie; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. O uso da tecnologia blockchain para arquivamento de
documentos eletrônicos e negócios probatórios segundo a lei de liberdade econômica. Revista de Estudos Jurídicos do
Superior Tribunal de Justiça, v. 1, n. 1 (2020). Disponível em
https://rejuri.stj.jus.br/index.php/revistacientifica/article/view/81/2
4. Prova documental
(parte 03): Ata notarial e Falsidade
Documental
Prova documental
Ata notarial

Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem


ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado,
mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som
gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.
Prova documental
Falsidade documental

“O documento é idôneo quando a declaração é verdadeira e a assinatura é


autêntica. Em regra, estabelecida a autenticidade do documento, presume-se
verdadeira a declaração nele contida”.
Por isso, exceto nos casos de vícios materiais evidentes (rasuras, borrões,
entrelinhas e emendas), não basta à parte impugnar simplesmente o documento
contra si produzido.

Art. 427 do CPC – somente cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-


lhe declarada judicialmente a falsidade.

Falsidade – formar documento que não é verdadeiro ou alterar documento


verdadeiro
Prova documental
Falsidade documental

Espécies de falsidade:

- autenticidade (falsidade da assinatura)

Art. 428, I, - a fé do documento particular cessa a partir do momento em que lhe


for contestada a autenticidade

Produzido o documento por uma parte e impugnada a autenticidade pela outra,


caberá à primeira o ônus de comprovar a veracidade da firma, na própria instrução
da causa, sem necessidade de arguição de falsidade – art. 429, II
Prova documental
Falsidade documental

- falsidade do documento:

a) quando a declaração intrinsecamente se refere a um fato não verdadeiro;

Falsidade ideológica, que corresponde ao fruto da simulação ou dos vícios de


consentimento (erro ou coação).
Nulidade do ato jurídico

Necessidade de ação própria (principal ou reconvencional) – sentença constitutiva


– não basta a simples alegação em contestação e nem o incidente de falsidade,
porque este possui apenas função declaratória.
Prova documental
Falsidade documental

Caberá a arguição de falsidade, porém, quando o documento apenas registra


objetivamente fato relevante para prova pertinente ao litígio. Isso porque a
falsidade, neste caso, poderá ser declarada independentemente da
desconstituição de qualquer ato jurídico. Neste caso, apenas se pretenderá
demonstrar que o documento é inábil para o processo.
Prova documental
Falsidade documental

STJ: “Na via do incidente de falsidade documental, somente se poderá


reconhecer o falso ideológico quando tal não importar desconstituição
de situação jurídica” (AgRg no REsp 1024640/DF; 3ª Turma; Rel. Min.
Massami Uyeda; j. 16/12/2008; DJe 10/02/2009).
Objeto: demonstrar que o recibo foi fruto de uma simulação e obter a
declaração de nulidade do negócio.
Prova documental
Falsidade documental

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. INCIDENTE DE FALSIDADE. NOTAS FISCAIS.


FALSIDADE IDEOLÓGICA. DOCUMENTOS NARRATIVOS. CABIMENTO.
PRECEDENTES. 1. A instauração de incidente de falsidade é possível mesmo quando se
tratar de falsidade ideológica, mas desde que o documento seja narrativo, isto é, que
não contenha declaração de vontade, de modo que o reconhecimento de sua falsidade
não implique a desconstituição de relação jurídica, quando será necessário o
ajuizamento de ação própria.
2. Recurso especial provido.
(REsp 1637099/BA; 3ª Turma; Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva; j. 26/10/2017; DJe
DJe 02/10/2017).
Objeto: demonstrar que as notas fiscais juntadas aos autos principais pela mãe da
criança, buscando demonstrar sua necessidade financeira, são falsas.
Prova documental
Falsidade documental

b) quando há vício na forma e nos aspectos exteriores da formação do


documento.

Falsidade material

Objeto de arguição de falsidade: formação de documento não verdadeiro

Altera-se um documento quando não se cria um documento novo, mas apenas


se modificam palavras, cláusulas ou termos de escrito preexistente, modificando o
sentido da declaração nele contida.
Prova documental
Falsidade documental

Ônus da prova

Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando:


I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte que
a arguir;
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento.

Duas formas de se obter a declaração de falsidade:

a) Ação declaratória autônoma prevista no art. 19, II, do CPC


b) Incidente de falsidade previsto no art. 430 do CPC
Prova documental
Falsidade documental

“Incumbe ao apresentante do documento o ônus da prova da


autenticidade da assinatura, quando devidamente impugnada pela
parte contrária, não tendo o reconhecimento das rubricas o condão
de transmudar tal obrigação, pois ainda que reputado autêntico
quando o tabelião confirmar a firma do signatário, existindo
impugnação da parte contra quem foi produzido tal documento cessa
a presunção legal de autenticidade”(REsp 1.313.866 – MG; Rel. Min.
Marco Buzzi; j. 15/06/2021; DJe 22/06/2021).
5. Incidente de falsidade documental e
Exibição de documento ou coisa
Prova documental
Falsidade documental

A arguição de falsidade

Objeto: tanto documentos públicos, como particulares

Admissível em qualquer tempo e grau de jurisdição

Momento:
- se o documento foi produzido com a inicial, o réu deverá suscitar na contestação;
- se em qualquer outro momento processual, a parte interessada terá 15 dias,
contados da intimação da juntada do documento nos autos.
Prova documental
Falsidade documental

Procedimento

Arguida a qualquer tempo e grau de Jurisdição, na contestação, réplica ou em 15


dias (art. 430 do CPC).

Art. 432 do CPC – intimação da parte contrária para responder (15 dias)

Perícia, salvo se a parte concordar em retira-lo dos autos (art. 432, par. único,
CPC).
Prova documental
Falsidade documental

Resumo do procedimento de arguição de falsidade

1. Deve ser provocado por petição da parte endereçada ao juiz ou relator, expondo os motivos em
que se funda a sua pretensão e indicando os meios com que provará o alegado (arts. 430 e 431 CPC).
2. Admitido o incidente, o juiz mandará intimar a parte que produziu o documento a responder no
prazo de 15 dias (art. 432 do CPC).
3. Pode o intimado responder ou silenciar, caso em que se presume que está insistindo na validade
do documento. Pode, também, requerer a retirada do documento do processo, caso em que o juiz
autorizará o desentranhamento (art. 432, parágrafo único).
4. Se a parte não responder ou se afirmar a improcedência da arguição, o juiz mandará realizar prova
pericial (art. 492).
5. A falsidade será decidida na sentença. Se for suscitada como questão principal (art. 430, par. único,
CPC) constará do dispositivo da sentença e formará a coisa julgada material (art. 433 do CPC).
Prova documental
Falsidade documental

Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no


prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do
documento aos autos.
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão
incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão
principal, nos termos do inciso II do art. 19 .
Exibição de documento ou coisa

Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou


coisa que se encontre em seu poder.

*Meio de obtenção de prova.


Exibição de documento ou coisa

Exibição de documento ou coisa ou produção


antecipada da prova?
Exibição de documento ou coisa
“Para essa situação, afigura-se absolutamente viável — e tecnicamente mais adequado - o
manejo de ação probatória autônoma de exibição de documento ou coisa, que, na falta de
regramento específico, há de observar o procedimento comum, nos termos do art. 318 do
novo Código de Processo Civil, aplicando-se, no que couber, pela especificidade, o disposto
nos arts. 396 e seguintes, que se reportam à exibição de documentos ou coisa
incidentalmente. Também aqui não se exige o requisito da urgência, tampouco o caráter
preparatório a uma ação dita principal, possuindo caráter exclusivamente satisfativo, tal como
a jurisprudência e a doutrina nacional há muito reconheciam na postulação de tal ação sob a
égide do CPC/1973. A pretensão, como assinalado, exaure-se na apresentação do documento
ou coisa, sem nenhuma vinculação, ao menos imediata, com um dito pedido principal, não
havendo se falar, por isso, em presunção de veracidade na hipótese de não exibição,
preservada, contudo, a possibilidade de adoção de medidas coercitivas pelo juiz [...] o
cabimento da ação de exibição de documentos não impede o ajuizamento de ação de
produção de antecipação de provas”.
(STJ; REsp 1.803.251 – SC; 3ª Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; j. 22.10.2019; DJe
08.11.2019).
Exibição de documento ou coisa
Legitimidade

Ativa:
- juiz, de ofício;
- qualquer uma das partes;
- interveniente no processo.
Nos dois últimos casos, deve-se demonstrar interesse jurídico na medida.

O juiz pode indeferi-la, demonstrando que o documento ou coisa não tem nexo com a causa
ou não provará nenhum fato relevante, ou que o fato que se pretende provar já está
comprovado por outra prova.

Passiva:
Uma das partes ou terceiro detentor da coisa ou documento
Exibição de documento ou coisa

Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:


I - a descrição, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa, ou
das categorias de documentos ou de coisas buscados;
II - a finalidade da prova, com indicação dos fatos que se relacionam com o
documento ou com a coisa, ou com suas categorias;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o
documento ou a coisa existe, ainda que a referência seja a categoria de
documentos ou de coisas, e se acha em poder da parte contrária.
Exibição de documento ou coisa
Procedimento (incidente contra a parte)

- Pedido formulado na inicial, contestação ou em petição posterior.


- O incidente corre nos próprios autos, como parte da fase instrutória.
- Requisitos: art. 397 do CPC
- Deferido o pedido, a parte contrária será intimada na pessoa de seu advogado, para responder em 5
dias.
- Três atitudes: exibir o documento ou coisa; silenciar; contestar o pedido.
- Se o documento é exibido, encerra-se o incidente.
- Se a exibição não ocorrer, sem qualquer justificativa, o juiz proferirá decisão interlocutória, admitindo
como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar (art. 400,
I, do CPC). Daí porque, dentre os requisitos do pedido de exibição, está a exposição desses fatos.
- Se o demandado negar a existência do documento ou da coisa, caberá ao requerente o ônus de
provar a sua existência e, com base nessa prova, o juiz decidirá o incidente.
- Se o demandado negar o dever de exibir o documento ou a coisa ou alegar que a parte não precisa
deles, o ônus da prova é seu. O juiz analisará os argumentos e julgará o pedido de exibição. Se concluir
que a parte tinha o dever de exibir o documento ou a coisa, aplicará a sanção do art. 400, II, do CPC, ou
seja, admitirá a veracidade dos fatos a cuja prova se destinava o documento ou a coisa.
- Decisão: sempre interlocutória - agravo de instrumento (art. 1015, VI, CPC).
Exibição de documento ou coisa
Cabimento de Agravo de Instrumento (art. 1015, VI, CPC/15)

“A referida hipótese de cabimento abrange a decisão que resolve o incidente processual


de exibição instaurado em face de parte, a decisão que resolve a ação incidental de
exibição instaurada em face de terceiro e, ainda, a decisão interlocutória que versou
sobre a exibição ou a posse de documento ou coisa, ainda que fora do modelo
procedimental delineado pelos artigos 396 e 404 do CPC/15, ou seja, deferindo ou
indeferindo a exibição por simples requerimento de expedição de ofício feito pela parte
no próprio processo, sem a instauração de incidente processual ou de ação incidental”.
Objeto: definir se a decisão interlocutória que indeferiu a expedição de ofício para
agente financeiro que é terceiro, a partir do qual se buscava a apresentação de
documentos comprobatórios de vínculo entre os autores e o sistema financeiro de
habitação e os riscos cobertos pela apólice de seguro, versa sobre exibição de
documento e, assim, se é cabível agravo de instrumento com fundamento no artigo
1.015, VI, do CPC/15.
(REsp 1.798.939 – SP; 3ª Turma; Rel. Min. Nancy Andrighi; j. 12.11.2019; DJe 21.11.2019)
Exibição de documento ou coisa

Procedimento (incidente contra a parte)

Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:


I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o
intuito de constituir prova;
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
Exibição de documento ou coisa
Procedimento (contra terceiro)

(Arts. 401 a 403 do CPC)

- Incidente processual, com a citação do terceiro


- Requisitos – também os do art. 397 do CPC
- Citação do terceiro para responder em 15 dias – art. 401 do CPC
- Três atitudes: exibir o documento ou coisa; silenciar; contestar o pedido.
a) se exibir, encerra-se o processo;
b) Se negar a existência do documento ou a posse: depoimento em audiência;
c) silenciando, será condenando o terceiro a depositar em juízo, em 5 dias, a
coisa ou o documento.
Exibição de documento ou coisa
Procedimento (contra terceiro)

Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse do documento ou da


coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como
o das partes e, se necessário, o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.

Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz
ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar
designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas
despesas que tiver.
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da
responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
assegurar a efetivação da decisão.
Exibição de documento ou coisa

Possíveis defesas (parte e terceiro): inexistência do documento ou


coisa, desnecessidade do documento ou da coisa, ou a ocorrência de
fatos escusativos previstos no art. 404 do CPC.
Exibição de documento ou coisa
Motivos para recusa

Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se:
I - concernente a negócios da própria vida da família;
II - sua apresentação puder violar dever de honra;
III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes
consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação penal;
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão,
devam guardar segredo;
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a
recusa da exibição;
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI do caput disserem respeito a
apenas uma parcela do documento, a parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para dela
ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado.
Exibição de documento ou coisa
Consequências da não exibição

Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que,
por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar se:
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo
do art. 398 ;
II - a recusa for havida por ilegítima.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja
exibido.
Exibição de documento ou coisa

Tema 1000 – STJ

“Desde que prováveis a existência da relação jurídica entre as partes e de


documento ou coisa que se pretende seja exibido, apurada em
contraditório prévio, poderá o juiz, após tentativa de busca e apreensão
ou outra medida coercitiva, determinar sua exibição sob pena de multa
com base no art. 400, parágrafo único, do CPC/2015”.

*Essa tese não se aplica aos pedidos de exibição ainda regidos pelo CPC/1973, aos quais
continuam aplicáveis os Temas 47, 149 e 705/STJ." (Acórdão publicado no DJe de
1º/7/2021) - "descabimento de multa cominatória na exibição, incidental ou autônoma,
de documento relativo a direito disponível".
6. Prova pericial
(parte 01)
Prova pericial

Arts. 464 a 480 do CPC

a) Conceito: exame feito em pessoas ou coisas, por profissional


portador de conhecimentos técnicos e com a finalidade de obter
informações capazes de esclarecer dúvidas quanto a fatos
(Dinamarco).
Prova pericial
Espécies: (art. 464 do CPC)

- Exame: inspeção sobre coisas, pessoas ou documentos, para


verificação de qualquer fato ou circunstância que tenha interesse
para a solução do litígio.
- Vistoria: inspeção realizada sobre bens imóveis;
- Avaliação ou arbitramento: apuração de valor, em dinheiro, de
coisas, direitos ou obrigações em litígio.
Prova pericial
Admissibilidade:

Art. 464 (...)


§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de
técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.
Prova pericial

Admissibilidade:

Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na


inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato,
pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar
suficientes.
Prova pericial
O perito (arts. 156 a 158 CPC; art. 465 CPC)

- Auxiliar do juízo.
- Escolhido pelo juiz (art. 465 do CPC) ou pelas partes (art. 471 CPC)
- Auxiliar da justiça (art. 149 do CPC)
- Dever e recusa do encargo: art. 157 do CPC
- Substituição do perito: art. 468 do CPC
- Suspeição: arts. 144, 145 e 148, e 465, §1º, I, do CPC
- Possibilidade de mais de um perito e assistentes técnicos diferentes
(art. 475 do CPC)
- Função remunerada – art. 95 do CPC
7. Prova pericial
(parte 02) e Inspeção Judicial
Prova pericial
Pagamento dos honorários periciais:

Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do
perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for
determinada de ofício ou requerida por ambas as partes.
§ 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito
deposite em juízo o valor correspondente.
§ 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida monetariamente e
paga de acordo com o art. 465, § 4º .
§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça,
ela poderá ser:
I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do Poder
Judiciário ou por órgão público conveniado;
II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de
ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal
respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.
§ 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda Pública
para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas processuais, a
execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a utilização de servidor público ou da
estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das despesas seja
beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2º .
§ 5º Para fins de aplicação do § 3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da
Defensoria Pública.
Prova pericial
Pagamento dos honorários periciais:

“A jurisprudência do STJ (...) no sentido de que o ônus de arcar com


honorários periciais, na hipótese em que a sucumbência recai sobre o
beneficiário da assistência judiciária gratuita ou de isenção legal, como no
caso dos autos, deve ser imputado ao Estado, que tem o dever
constitucional de prestar assistência judiciária aos hipossuficientes" (STJ,
AgInt no REsp 1.666.788/SC; 2ª Turma; Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de
13/05/2019).
Prova pericial
Negócio jurídico processual para escolha do perito

Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o


mediante requerimento, desde que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes
técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local
previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e
pareceres em prazo fixado pelo juiz.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por
perito nomeado pelo juiz.
Prova pericial

Valor probante

Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto


no art. 371 , indicando na sentença os motivos que o levaram a
considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo,
levando em conta o método utilizado pelo perito.
Prova pericial
“É certo que ao repudiar o laudo pericial, pode o juiz determinar uma nova
avaliação. Mas é também importante ressaltar que a lei (artigo 437 do CPC)
não o obriga a tal, apenas lhe faculta fazê-lo, se assim o entender necessário,
já que possui a liberdade de apreciar livremente as provas trazidas aos autos,
devendo, como já foi dito, demonstrar os motivos que formaram seu
convencimento. Razoável, então, encontra-se o quantum sentenciado."
Realmente, o artigo 437 do CPC (artigo 480 do CPC/2015) não impõe
realização de nova perícia, mas a faculta, caso o juiz a entenda necessária.
Assim, nada o impede de afastar o laudo judicial e tomar por base tabela
administrativa ou outros elementos probatórios constantes dos autos, já
que a lei lhe confere ampla liberdade para ponderar a prova no seu conjunto,
desde que motivadamente” (REsp 1.661.856 – MA; 2ª Turma; Rel. Min.
Herman Benjamin; j. 13/11/2018; 11/09/2018).
Prova pericial
Procedimento

- O pedido será formulado na inicial (autor) ou na contestação (réu)


- Será apreciado no saneamento (art. 357, § 2º, CPC). Deferida a perícia o juiz nomeará
desde logo o perito e determinará a intimação das partes para que, em 15 dias,
apresentem quesitos e indiquem assistentes técnicos (art. 465, §1º, do CPC).
- No mesmo prazo, as partes poderão impugnar o perito. O perito, também, poderá
recusar o encargo. Se o juiz acolher a alegação ou a recusa, nomeará outro profissional.
- O juiz analisará os quesitos das partes, podendo indeferir os impertinentes e formular,
de ofício, os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa (art. 470
CPC).
- Deferidos os quesitos, o juiz intimará o perito para apresentar sua proposta de
honorários. Na sequência, as partes serão intimadas para se manifestar sobre a proposta
(5 dias).
Prova pericial
Procedimento

- Antes de iniciar o trabalho, o perito deverá informar as partes da data e local designados para
início da perícia (arts. 466, §2º, e 474, CPC), sob pena de nulidade. A intimação será feita na
pessoa do advogado, salvo se a perícia tiver que recair sobre o próprio litigante;
- O perito produzirá um laudo, que será depositado em cartório, no mínimo 20 dias antes da
audiência de instrução e julgamento (art. 477 do CPC). O juiz fixará prazo para entrega do
laudo, que poderá ser ampliado, a pedido do perito (art. 476 CPC), uma única vez, pela metade
do tempo, mas desde que seja respeitado o prazo de 20 dias antes da audiência.
- A audiência de instrução e julgamento não poderá ser realizada se o laudo pericial não
houver sido apresentado. Neste caso, a audiência terá de ser suspensa, e o juiz determinará a
substituição do perito, podendo impor-lhe a penalidade do art. 468, §1º, CPC
- As partes serão intimadas para se manifestar sobre o laudo, podendo apresentar quesitos
suplementares. Poderão pleitear o comparecimento do perito à audiência, para prestar os
esclarecimentos oralmente (art. 477, §3º, do CPC). A partir dessa intimação, os assistentes
técnicos terão 10 dias para apresentar seus pareceres (art. 477, §1º, CPC).
Prova pericial
Nova perícia

Art. 480 do CPC

Determinada de ofício, inclusive pelo Tribunal, ou a requerimento da


parte.

- Objeto: mesmos fatos objeto da primeira perícia


- Finalidade: corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados da
primeira perícia.
- Ambos os laudos permanecerão nos autos e serão considerados
Prova pericial
Prova técnica simplificada

Art. 464
(...)
§ 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à
perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto
controvertido for de menor complexidade.
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista,
pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial
conhecimento científico ou técnico.
§ 4 o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica
específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos
controvertidos da causa.
Inspeção judicial

Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em


qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de
se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa.
Inspeção judicial

Objeto e extensão

- Pessoas: partes ou terceiros, sempre que for necessário


verificar seu estado de saúde, condições de vida etc.;
- Coisas: móveis ou imóveis, ou documentos de arquivos que
não possam ser retirados;
- Lugares: ex. via pública, agência bancária.
Inspeção judicial
Procedimento

- Poderá ocorrer em qualquer fase processual, antes da sentença, a pedido das partes ou
de ofício.
- Pode ser realizada em Juízo, na audiência, caso em que a coisa ou pessoa inspecionada
deve ser levada até o juiz.
- Mas pode o juiz também se deslocar para fazer a inspeção, nos casos do art. 483 do
CPC.
- O juiz poderá ser assistido por peritos (art. 482).
- As partes têm o direito de assistir a inspeção (art. 483, parágrafo único), devendo ser
intimadas da data e local da realização da diligência.
- Concluída a diligência, será lavrado um auto circunstanciado, constando tudo o que for
útil ao julgamento da causa (art. 484), podendo ser instruído com desenho, gráfico ou
fotografia (art. 484, parágrafo único). O auto deve ser objetivo, limitando-se a retratar as
informações obtidas na diligência. É documento essencial, pois, sem isso, a inspeção
judicial não poderá ter valor de prova, já que se tratará e ciência privada de fatos pelo
juiz.
8. Depoimento pessoal
Depoimento pessoal
Arts. 385 a 388 do CPC

Meio de prova destinado à busca de esclarecimentos sobre fatos do


processo, bem como, e em especial, obter a confissão da parte, podendo
ensejar, inclusive, a confissão ficta.

*Diferencia-se do interrogatório livre (art. 139, VIII, CPC), que é uma forma de
esclarecimento dos fatos pelo juiz, que não sujeita a parte à confissão ficta. A
doutrina não considera o interrogatório livre um meio de prova, mas apenas
uma forma de esclarecimento.
Depoimento pessoal
Iniciativa

Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta
seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz
de ordená-lo de ofício.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da
pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-
lhe-á a pena.
§ 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte.
§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção
judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de
instrução e julgamento.
Depoimento pessoal

Momento processual de produção

Audiência de instrução e julgamento (art. 385 do CPC),


quando requerido pela parte. Sem prejuízo de ser objeto de
produção antecipada da prova.
Depoimento pessoal
Consequência decorrente do ônus de prestar depoimento pessoal

Pena de confesso – confissão ficta, art. 385, § 1o: admitir como verdadeiros
os fatos contrários ao interesse da parte e favoráveis ao adversário. Para
tanto, porém, o depoente ter que ter sido intimado com a advertência
prevista no § 1o do art. 385.

Aplicável tanto quando a parte não comparece, quando como responde com
evasivas – art. 386 do CPC.

- Se os fatos forem suficientes ao acolhimento do pedido do autor, o juiz


poderá dispensar as demais provas e passar ao julgamento da causa.
Depoimento pessoal
Recusa de depor

Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:


I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu
cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível;
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas
referidas no inciso III.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado e de
família.
Depoimento pessoal
Legitimação

A parte deve prestar pessoalmente o depoimento.

Nem mesmo o representante de incapaz, ou o presentante de pessoa jurídica


poderá prestar o depoimento.
*A jurisprudência, porém, admite no caso de pessoas jurídicas, desde que haja
poderes específicos. Podem levar a juízo a confissão da parte, desde que tenham
poderes específicos para isso e nos limites desses poderes, naquilo que pode
vincular o representado.
Terceiros intervenientes também podem prestar o depoimento pessoal (exceto o
assistente simples).
Depoimento pessoal
Procedimento

- Requerimento pela parte ou determinada de ofício pelo juiz (art. 385 do CPC).
- Se o depoente residir fora da comarca onde corre o feito, poderá ser ouvido por carta precatória ou rogatória,
ou por videoconferência (art. 385, §3º, CPC).
- Necessidade de intimação pessoal, constando no mandado a advertência do art. 385, § 1o.
- Na audiência, o depoimento das partes será tomado antes da oitiva das testemunhas, primeiro do autor, depois
do réu (art. 361, II, CPC)
- No ato da audiência, ou em petição anterior, a parte poderá pedir dispensa do ônus de depor, alegando justo
motivo. O juiz decidirá de plano e aplicará a pena de confesso, caso o pedido seja indeferido.
- O interrogatório será feito inicialmente pelo juiz à parte, que não poderá se representar por procurador (art.
387 do CPC). Na sequência, serão formuladas perguntas pelo advogado da parte depoente.
- Ao litigante que ainda não prestou depoimento é vedado assistir ao interrogatório da outra parte (art. 385, §2º,
CPC).
- As repostas devem ser orais, não pode o depoente utilizar-se de escritos. O juiz, porém, poderá permitir que a
parte consulte notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos (art. 387 do CPC).
- O advogado da parte que presta o depoimento não poderá formular perguntas. Poderá, porém, pedir ao juiz
que esclareça pontos obscuros no relato do depoente, podendo ser requerido ao final do interrogatório, antes
de seu encerramento.
- O depoimento será reduzido a termo, assinado pelo juiz, pelo interrogado e pelos advogados.
- Possibilidade de depoimento antes da audiência (art. 139, VI, do CPC) ou até mesmo da propositura da ação,
por meio da produção antecipada da prova.
9. Confissão
Confissão
Arts. 389 a 395 do CPC

Admissão da verdade de um fato contrário ao próprio interesse e


favorável ao adversário.
Alcança apenas o fato alegado, e não as possíveis consequências que
do fato possam resultar.

*Confissão e reconhecimento jurídico do pedido


Confissão

Ato exclusivo da parte (pessoalmente ou por representante com


poderes e nos limites dos poderes – art. 392, §2º, CPC).

Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada.


§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte ou por
representante com poder especial.
§ 2º A confissão provocada constará do termo de depoimento
pessoal.
Confissão

Art. 392 (...)


§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz
de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
§ 2º A confissão feita por um representante somente é eficaz
nos limites em que este pode vincular o representado.
Confissão
Classificação

*Judicial: feita nos autos, tomada por termo


- espontânea: decorre da iniciativa do próprio confitente, que dirige petição
nesse sentido ao juiz, manifestando seu propósito de confessar. Será reduzida
a termo nos autos;
- provocada: resulta de depoimento pessoal, requerido pela parte contrária
ou determinado de ofício pelo juiz. Não pode ser prestada por mandatário.
Confissão
Classificação

*Extrajudicial: o confitente faz, fora do processo, de forma escrita ou


oral, perante a parte contrária (caso em que tem a mesma eficácia
probatória da judicial, fazendo prova plena contra o confitente) ou
terceiros, ou ainda através de testamento. Nesses dois últimos
casos, o juiz a apreciará livremente, dentro dos critérios que regulam
as provas documentais.

Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá eficácia


nos casos em que a lei não exija prova literal.
Confissão
Requisitos:

- Capacidade plena do confitente (art. 392, §1º, CPC): Pessoas


maiores e capazes. Os representantes legais de incapazes nunca
podem confessar por eles. Pode ser feita por procurador com
poderes especiais (art. 390, §1º, CPC).
Confissão
Requisitos:

- Inexigibilidade de forma especial para a validade do ato jurídico


confessado. Ex.: não se pode confessar um casamento sem se
demonstrar que ele se realizou com as solenidades legais; ou a
aquisição da propriedade imobiliária sem a transcrição no registro
de imóveis.
Confissão

Requisitos:

- Disponibilidade do direito relacionado com o fato confessado:


direitos disponíveis (art. 392 do CPC).
Confissão

*Confissão realizada perante juiz incompetente


Confissão

*Pode ser objeto de produção antecipada de


provas?
Confissão
Confissão em caso de litisconsórcio

Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando,
todavia, os litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais
sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá
sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta
de bens.
Confissão
Requisitos:

Tratando-se de litisconsórcio unitário, o ato não poderá gerar


prejuízo, nem mesmo àquele que o praticou. Sendo a confissão meio
de prova pelo qual a parte reconhece um fato contrário a seus
interesses, será ela ineficaz se se tratar de litisconsórcio unitário e
apenas um ou alguns dos litisconsortes confessarem.
Confissão
"Mesmo litigando conjuntamente, cada um dos litisconsortes é considerado, em relação
à parte contrária, como litigante distinto, de modo que as ações de um não prejudicarão
nem beneficiarão as ações dos demais. Cada litisconsorte, para obter os resultados
processuais que pretende, deve exercer suas atividades autonomamente,
independentemente da atividade de seu companheiro de litígio. Em contrapartida, os
interesses eventualmente opostos ou conflitantes do outro litisconsorte não
contaminarão a sua atividade processual. Isto ocorre no plano jurídico; no plano fático, o
prejuízo ou o benefício pode ocorrer. Por exemplo: se um litisconsorte confessa, tal
confissão não se estende aos outros litisconsortes, os quais continuarão litigando sem
que o juiz possa considerá-los também em situação de confissão. Todavia, por ocasião
da sentença, e em virtude do princípio do livre convencimento do juiz, poderá ele levar
em consideração, na análise da matéria, a confissão do litisconsorte como elemento de
prova, podendo advir daí um prejuízo de fato. O que o Código quer expressar, porém,
no artigo apontado, é que não existe benefício ou prejuízo jurídico na atuação de um
litisconsorte, significando que a atividade de um não produz efeitos jurídicos na
posição do outro. Há hipóteses, porém, em que é inevitável a interferência de
interesses. Isto ocorre quando os interesses no plano material forem inseparáveis ou
indivisíveis (...).” (Vicente Greco Filho, in Direito Processual Civil Brasileiro, 1º vol., Ed.
Saraiva, 17ª ed., p. 125).
(REsp 1091710/PR; CE; Rel. Min. Luiz Fux; j. 17.11.2010; DJe 25.03.2011).
Confissão
Efeitos

- Fazer prova plena contra o confitente – art. 391 do CPC


- Suprir, em regra, eventuais defeitos formais do processo
- Irretratabilidade/irrevogabilidade: preclusão. Uma vez proferida, a confissão
não mais se retrata, exceto se se provar vício de consentimento (erro ou
coação). Art. 393 do CPC e art. 214 do CC. Neste caso, deverá:
- ingressar com ação anulatória, se o processo em que confessou ainda
estiver pendente, art. 966, §4º, CPC.
- ingressar com ação rescisória, se já houver sentença com força de coisa
julgada material e a confissão constituir o único fundamento dessa
sentença (art. 966, VI, CPC). A legitimidade para qualquer uma delas é
somente do confitente ou de seus herdeiros, se vier a falecer. (art. 393,
parágrafo único, CPC).
Confissão
Indivisibilidade da confissão

Art. 395. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a


parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que
a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém
cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos,
capazes de constituir fundamento de defesa de direito
material ou de reconvenção.
10. Prova testemunhal
(parte 01)
Prova Testemunhal

Arts. 442 a 463 do CPC

Aquela que se obtém por meio do relato prestado, em juízo,


por pessoas que conhecem o fato litigioso. Não podem ter
interesse na causa e devem satisfazer a requisitos legais de
capacidade para o ato que vão praticar.

Sugestão de leitura: RAMOS. Vitor de Paula. Prova testemunhal. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 2018.
Prova Testemunhal
Momento de requerimento

- Autor: petição inicial


- Réu: contestação
- Ou na fase de especificação de provas, durante as providências preliminares
- Cada parte deverá arrolar no máximo 10 testemunhas, no máximo 3 para
cada fato (art. 357, §6º, CPC)
- Uma vez deferida a prova testemunhal, ambas as partes poderão arrolar
testemunhas, mesmo que uma delas não tenha pleiteado a produção da
prova.
- Revel, sem aplicação dos efeitos da revelia, poderá produzir testemunhas.
Prova Testemunhal
“PROCESSO CIVIL. PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535
DO CPC. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. NÚMERO DE TESTEMUNHAS.
UNIFICAÇÃO. OITIVA DE MAIS DE 3 (TRÊS) TESTEMUNHAS PARA CADA FATO
PROBANDO. PODER INSTRUTÓRIO DO MAGISTRADO. TESTEMUNHAS DO JUÍZO.
POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 130 E 407, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC.
(...) 2. Se a parte apresentar mais de 3 testemunhas para provar cada fato, facultar-
se-á ao magistrado dispensar as que excedam a esse número, ou seja, o juiz
poderá dispensar as testemunhas restantes quando já se dê por habilitado a
formar convicção sobre determinado fato probando. 3. A limitação das 3
testemunhas constante do parágrafo único do art. 407 do CPC se restringe ao
número de testemunhas a serem indicadas pelas partes, não se aplicando ao
arbítrio do juiz em decidir quantas testemunhas serão por ele ouvidas para cada
fato probando. 4. Se entender pertinente à instrução processual, o magistrado
poderá ouvir mais pessoas como testemunhas do juízo, providência esta que não
segue as restrições do parágrafo único do art. 407 do Diploma Processual Civil, e
sim os ditames do art. 130 do mesmo Codex. Recurso especial conhecido em parte
e, nesta parte, improvido.” (REsp 1371246/RS, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, julgado em 05/12/2013, DJe 16/12/2013)
Prova Testemunhal

Legitimidade

Qualquer pessoa, desde que não seja considerada, pela lei, incapaz,
impedida ou suspeita, pode ser chamada a depor como testemunha
(art. 447 do CPC). Até as impedidas ou suspeitas, porém, poderão
ser ouvidas pelo juiz, quando estritamente necessário. Mas seus
depoimentos serão prestados independentemente de compromisso
(art. 447, §§ 4º e 5º, CPC) e o juiz lhe atribuirá o valor que possam
merecer.
Prova Testemunhal
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto
as incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º São incapazes:
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao
tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao
tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos
sentidos que lhes faltam.
Prova Testemunhal
§ 2º São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral,
até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o
interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de
outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa
jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes.

§ 3º São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.

§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas
ou suspeitas.

§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados independentemente de compromisso,


e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.
Prova Testemunhal

Admissibilidade

Art. 442 do CPC

A prova testemunhal, que é regra geral, só não será admitida:

- se o fato já estiver provado por documento, ou confissão, expressa ou


presumida;
- se o fato só puder ser demonstrado por documento ou perícia.
Prova Testemunhal

Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.

Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:


I - já provados por documento ou confissão da parte;
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.

Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova
testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a
qual se pretende produzir a prova.
Prova Testemunhal

Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não
podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de
parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das
práticas comerciais do local onde contraída a obrigação.

Art. 446. É lícito à parte provar com testemunhas:


I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a vontade declarada;
II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento.
Prova Testemunhal

*Valor probante
Prova Testemunhal

“Em ações de usucapião, as provas testemunhais colhidas, e que podem


comprovar a longeva posse do autor, são de inegável relevância para o
deslinde da controvérsia. E, na específica hipótese dos autos, não poderia
sucumbir diante de fotos de satélite, tiradas de longa distância, e sem a
realização de um exame pericial acurado que possa comprovar as alegações
dos réus. Da mesma forma que não se pode admitir que prova documental
sem a análise técnica de um expert prevaleça sobre a farta prova
testemunhal produzida nos autos, não se pode, nesta sede, admitir que tão
somente os depoimentos testemunhais sobreponham-se
indiscriminadamente sobre a prova documental produzida quando a Corte
local expressamente reconhece suposta existência de contradição entre elas”
(REsp 1902406/MS; 3ª Turma; Rel. Min. Nancy Andrighi; j. 09/11/2021; DJe
12/11/2021).
Prova Testemunhal
“Documentos em nome de terceiros, notadamente genitores, cônjuges e
certidão de nascimento de filhos se prestam como início de prova material do
labor rurícola, desde que sua força probante seja corroborada por robusta
prova testemunhal.
IV - A 1ª Seção desta Corte no julgamento, em 28.08.2013, do Recurso
Especial n. 1.348.633/SP, sedimentou entendimento, inclusive sob a
sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, acerca da possibilidade
de extensão da eficácia probatória da prova material tanto para o período
anterior quanto para o período posterior à data do documento
apresentado, desde que corroborada por robusta prova testemunhal,
originando o Enunciado Sumular n. 577/STJ, nos seguintes termos: É possível
reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo
apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal
colhida sob o contraditório” (1ª Turma; Rel. Min. AgInt no REsp 1949509/MS;
j. 14/02/2022; DJe 17/02/2022).
Prova Testemunhal
Direitos e deveres das testemunhas

Comparecimento, depoimento e veracidade.

- Principais deveres:
*comparecer em juízo, podendo ser conduzida coercitivamente (art.
455, §5º, CPC);
*prestar depoimento (art. 457 do CPC);
*dizer a verdade (art. 458 do CPC). Desobediência – crime, art. 342
do CP – tanto quando se faz afirmação falsa, como quando se nega
ou oculta a verdade (art. 458, parágrafo único, CPC).
Prova Testemunhal
Direitos

*recusar-se a depor – art. 448; art. 457, §3º, CPC).


-ninguém deve ser obrigado a depor sobre fatos que importem desonra própria ou dos
que lhe são próximos.
-dever se sigilo – violação do segredo profissional é crime (art. 154 CP) – apenas fatos
que forem confiados pela parte à testemunha no estrito exercício da profissão.
*ser tratado pelas partes com urbanidade, às quais não é lícito formular perguntas ou
considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias (art. 459, §2º, CPC).
*ser reembolsada pela despesa que efetuou para comparecer à audiência, devendo a
parte pagá-la logo que arbitrada, ou depositá-la em cartório dentro de três dias (art. 462
CPC).
*quando sujeita ao regime da legislação trabalhista, a testemunha não pode sofrer, por
comparecer à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de serviço (art. 463,
parágrafo único), pois o depoimento prestado em juízo é considerado serviço público.
11. Prova testemunhal
(parte 02) e Audiência de instrução e
julgamento
Prova Testemunhal
A produção da prova testemunhal

- Designada a audiência, a parte deverá depositar em cartório, no prazo que o


juiz designar, o rol de testemunhas, que deverá conter as informações do art.
450 do CPC. Caso não designado, o prazo será de 15 dias (art. 357, §4º, CPC).
- Depois que apresentado o rol, a parte só poderá substituir a testemunha
que falecer; que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; que,
tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça (art.
451 do CPC).
- Cabe ao advogado da parte intimar as testemunhas (art. 455 do CPC),
devendo comprovar a intimação nos autos em até 3 dias antes da audiência,
sob pena de se presumir a desistência da testemunha (art. 455, §§ 1º e 3º,
CPC). A parte pode comprometer-se a levar a testemunha
independentemente de intimação (art. 455, §2º, CPC). Neste caso, o não
comparecimento da testemunha implicará desistência de seu depoimento
pela parte que a requereu.
Prova Testemunhal
A produção da prova testemunhal

- As testemunhas são ouvidas na audiência de instrução e julgamento, depois dos


esclarecimentos dos peritos e dos depoimentos pessoais das partes (arts. 453 e 461, III,
CPC).
- Art. 449 do CPC – ouvidas no juízo, salvo em caso de impossibilidade.
- Na audiência, o juiz ouvirá as testemunhas separada e sucessivamente: primeiro as do
autor, depois as do réu, sendo que uma não poderá ouvir o depoimento das outras (art.
456 do CPC). A ordem de oitiva, porém, não é absoluta, podendo ser invertida quando
necessário, desde que não acarrete prejuízo.
- Antes de depor, a testemunha será qualificada, isto é, declarará o nome por inteiro, a
profissão, a residência e o estado civil, bem como se tem relações de parentesco com a
parte, ou interesse no objeto do processo (art. 457, caput, CPC).
- Neste momento, a parte poderá contraditar a testemunha
Prova Testemunhal

Contradita: impugnação da testemunha pela parte contrária, podendo alegar


incapacidade, impedimento ou suspeição, de acordo com o art. 447 do CPC.
O juiz, então, ouvirá a testemunha e a parte que a arrolou. Se reconhecida a
procedência da arguição, o depoimento não será tomado, salvo como mero
informante. Se a testemunha negar os fatos que lhe são imputados, a parte
poderá provar a contradita com documentos ou com até 3 testemunhas,
apresentadas no ato e inquiridas em separado. Sendo provados os fatos, o
juiz dispensará a testemunha, ou tomará o depoimento sem o compromisso
legal, se for o caso.
Prova Testemunhal
- Após a qualificação, e antes da inquirição, a testemunha deverá prestar o compromisso
de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado, e será advertida pelo juiz que se
sujeita à sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade (art. 458 CPC).
- O juiz fará as perguntas; depois a parte que arrolou a testemunha, e depois a parte
contraria (art. 459 do CPC).
- O juiz indeferirá as perguntas inúteis, as impertinentes, capciosas ou vexatórias. As
perguntas indeferidas serão transcritas no termo, se a parte o requerer (art. 459, § 3º,
CPC).
- O depoimento é sempre oral, não podendo a testemunha embasar-se em declarações.
Poderá, porém, consultar anotações breves ou documentos em seu poder.
- Findo o depoimento, o escrivão lavrará o termo, que será assinado pelo juiz, pelas
testemunhas e advogados das partes.
- O juiz poderá determinar a acareação ou a oitiva de testemunha referida (art. 461 do
CPC), de ofício ou a requerimento da parte. Sua efetivação pode ocorrer na própria
audiência se estiverem presentes os interessados; ou em outra data designada pelo juiz,
caso em que a conclusão dos trabalhos da audiência ficará suspensa.
Prova Testemunhal

Acareação

Consiste em promover o confronto pessoal numa só


audiência, das pessoas que prestam depoimentos
contraditórios. É cabível também entre testemunhas e parte,
mas não entre as duas partes.
Prova Testemunhal

Oitiva de testemunha referida

Testemunha referida: pessoa estranha ao processo, que foi


mencionada no depoimento de outra testemunha ou da
parte. Sua oitiva pode destinar-se a confirmar ou esclarecer
depoimento já tomado.
Audiência de instrução
e julgamento
Arts. 358 a 368 do CPC

Ato processual complexo e solene realizado na sede do juízo


que se presta para o juiz colher a prova oral e ouvir
pessoalmente as partes e seus procuradores, prestando-se à
instrução, discussão e decisão da causa. Por meio dela, põem-
se em prática os princípios da oralidade e concentração do
processo moderno.

“Palco da oralidade” (Liebman)


Audiência de instrução
e julgamento

Necessidade: sempre que houver prova oral a ser produzida


(depoimento pessoal ou prova testemunhal).

Momento de designação: saneamento, quando as provas a


serem produzidas forem deferidas (art. 357, V, CPC).
Audiência de instrução
e julgamento
Características:

- Publicidade: a audiência é pública (art. 368 do CPC), exceto nos casos do art.
189/CPC.
- Solenidade;
- Essencialidade;
- Presidência do juiz: exercício do poder de polícia do juiz (art. 360 CPC) e de
outras funções previstas no art. 360 do CPC;
- Unidade e continuidade: realizada em um só ato, ainda que seja fracionada
em mais de uma sessão – garante a concentração dos atos e facilitam o bom
entendimento dos elementos da instrução - art. 465 do CPC.
Consequentemente, se uma das sessões for anulada, todo o ato será.
Audiência de instrução
e julgamento
Atos praticados:

- Atos preparatórios: designação de data e horário para a audiência,


intimação das partes e outras pessoas que devam participar; depósito do rol
de testemunhas; pregão das partes e advogados na sua abertura
(testemunhas são apregoadas no momento de cada depoimento). Enfim,
tudo aquilo que for necessário para a produção de cada prova, conforme
vimos nas aulas sobre as provas em espécie (quesitos de esclarecimento, rol
de testemunhas, intimação para depoimento pessoal etc.).
- Atos de tentativa da conciliação das partes, quando cabível;
- Atos de instrução: esclarecimentos do perito e assistentes técnicos,
depoimentos pessoais, inquirição de testemunhas, acareação de partes e
testemunhas;
- Ato de julgamento: debate oral e sentença.
Audiência de instrução
e julgamento
Antecipação da audiência

Necessidade do advogado – art. 363 do CPC

Adiamento da audiência

Art. 362 do CPC

*Necessidade de intimação – art. 363 CPC


*Por convenção das partes, uma única vez (art. 362, I, CPC).
*Por ausência de algum sujeito necessário (art. 362, II, CPC). Partes, advogados e
assistentes técnicos não são sujeitos necessários.
*Por atraso injustificado no seu início, em tempo superior a 30 (trinta) minutos (art. 362,
III, CPC).
Audiência de instrução
e julgamento
Nem sempre, porém, a ausência resulta em adiamento. Assim:

- se faltar o advogado, sem justificativa, o juiz poderá dispensar a produção das provas
por ele requeridas (art. 362, § 2º). O advogado pode justificar a ausência até o início da
audiência (art. 362, § 1º). Se conseguir comprovar depois da audiência que ocorreu fato
absolutamente imprevisível, a audiência poderá ser anulada;
- se faltarem todos os advogados, o juiz poderá promover a colheita da prova,
considerando dispensadas as reperguntas;
- se faltar a parte intimada para prestar depoimento pessoal, o juiz aplicará a pena de
confesso;
- se faltar a testemunha ou o perito, poderão ser coercitivamente conduzidos. Se a
testemunha iria comparecer espontaneamente, o juiz considerará que a parte desistiu
da sua oitiva.
- se houver retardamento na entrega do laudo pericial, é possível também adiar, sem
prejuízo das sanções ao perito, estudadas na aula de prova pericial.
Audiência de instrução
e julgamento
Em resumo:

a) São sujeitos necessários, sem cuja presença a audiência de instrução e


julgamento não se realiza e, portanto, será adiada: o juiz, o MP, o perito e as
testemunhas intimadas;
b) São sujeitos não necessários, cuja ausência somente causa o adiamento
quando decorrer da falta de intimação ou motivo relevante, justificado: as
partes, os advogados, os assistentes técnicos e as testemunhas cuja
intimação houver sido dispensada;
c) A justificativa, eficaz para o fim de provocar o adiamento da audiência,
deve ser feita antes da sua abertura, salvo quando o impedimento resultar de
fato muito recente.

(Cândido Rangel Dinamarco, Instituições de Processo Civil, v. 3).


Audiência de instrução
e julgamento
Procedimento

Fases: conciliação, instrução, debate e decisão.

1. Pregão – chamamento das partes (as testemunhas somente serão apregoadas quando
forem prestar o depoimento);
2. Tentativa de conciliação
- Art. 139, V, CPC – dever do juiz
- Primeiro ato praticado na audiência - art. 359 do CPC
- Havendo acordo, o juiz o tomará por termo nos autos e o homologará por sentença,
nos termos do art. 487, III, b, do CPC, ficando dispensadas as provas orais, encerrando-
se a audiência.
- Caso não seja realizado o acordo, a audiência seguirá, com a instrução da causa.
Audiência de instrução
e julgamento
3. Instrução

- As provas serão produzidas na ordem que estabelece o art. 361


CPC.
- Aplica-se o procedimento previsto para cada uma das provas, já
estudado.
*Incomunicabilidade das testemunhas (art. 456 CPC).
*Perito responderá os quesitos de esclarecimento, devendo ser
intimado pelo menos 10 dias antes da audiência (art. 477 do
CPC).
Audiência de instrução
e julgamento

4. Finda a instrução, terão início os debates orais (alegações


finais). O juiz dará a palavra, sucessivamente, ao advogado do
autor, e depois ao do réu, bem como ao MP, pelo prazo de 20
minutos cada um. O prazo poderá ser ampliado em 10
minutos (art. 364 CPC). É possível, porém, determinar a
apresentação de memoriais escritos (art. 364, § 2º).
Audiência de instrução
e julgamento

5. Findo o debate, será proferida sentença, da qual as partes


serão intimadas no ato, tendo início o prazo para recurso. O
juiz poderá, porém, proferir sentença em 30 dias (art. 366
CPC). Caberá apelação, no prazo de 15 dias.
Audiência de instrução
e julgamento

Documentação da audiência

Art. 367 CPC

- Tudo que ocorrer na audiência, incluindo todas as decisões que


forem proferidas e eventuais recursos, tem que ser documentado.
- É lavrado um termo geral (“Termo de audiência”), em que constará
tudo o que ocorrer na audiência, e termos em separado (termo de
assentada), para cada depoimento colhido na audiência.
- Como regra, será digital.
12. Algumas provas
“especiais”
Conduta processual
das partes

*Presunção hominis (Egas Moniz de Aragão) – adequada


fundamentação

Sugestão de leitura: AMARAL, Paulo Osternack. Provas – atipicidade,


liberdade e instrumentalidade, 2ª ed. revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
Conduta processual das partes
*Presunção hominis (Egas Moniz de Aragão) – adequada fundamentação

i) a negativa de exibir documentos ou coisas;


ii) a informação de endereços falsos para evitar intimações;
iii) o desconhecimento malicioso de uma assinatura em um documento;
iv) a dedução de nulidades e incidentes infundados;
v) a ausência voluntária de depósito das custas processuais/antecipação dos honorários do
perito;
vi) a falta de colaboração maliciosa ou infundada com os peritos;
vii) a obstrução injustificada na produção de uma prova;
viii) a resistência injustificada de reconhecimento de pessoa ou de coisa;
ix) as respostas dadas pelas partes ao serem interrogadas ou ao prestarem informações ou
quando são demandas pela parte contrária;
x) o não comparecimento aos atos processuais;
xi) a obstrução ao curso regular do processo;
xii) a formulação de impugnações manifestamente improcedentes
(CAMBI, Eduardo. Conduta processual das partes (e de seus procuradores) como meio de
prova e teoria narrativista do Direito. In Revista de Doutrina da 4ª Região, Porto Alegre, n. 57,
dez. 2013. Disponível em:
http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao057/Eduardo_Cambi.html
Conduta processual das partes

a) apesar da expressiva quantia supostamente não restituída até agosto de 1992, a primeira medida
extrajudicial tomada pelos autores ocorreu apenas em 2003, e a primeira medida judicial em 2004.
Assim “mesmo que a pretensão não se encontre prescrita, a longa espera dos autores para buscar seu
direito em juízo pode, e deve, ser levada em consideração no presente caso para que o julgador forme
seu convencimento quanto ao mérito da causa”; b) os autores afirmaram inicialmente que os valores
mantidos em todas as contas teriam desaparecido. Após as provas documental e pericial produzidas,
manifestaram-se nos autos afirmando que somente com relação a parte dessas contas é que não
teria havido levantamento ou transferência dos valores; c) a perícia, embora realizada por
amostragem, confirmou que os valores bloqueados foram integralmente restituídos; d) à época da
ocorrência dos fatos (década de 90), era muito comum a realização de transações verbais, em
decorrência da relação de proximidade e confiança estabelecida entre o cliente e o gerente das contas,
não se podendo “admitir, sob pena de violação ao princípio da boa-fé objetiva, que o contratante, que
antes usufruía dessa relação, porque lhe era conveniente, agora se insurja contra o ‘costume’
certamente estabelecido entre as partes”; e) diversas das transferências questionadas foram realizadas
entre as contas dos próprios autores. Assim, “ainda que não tenham sido juntadas todas as
autorizações para os lançamentos questionados, o julgador tem liberdade para se valer dos demais
elementos de prova trazidos aos autos, a fim de formar sua convicção, inclusive com base nas máximas
de experiência, como já bem destacado no tópico anterior. Anote-se, por fim, que a inversão do ônus
da prova e a procedência da ação cautelar são irrelevantes para alterar essa situação. No que se refere
à inversão do ônus da prova, a irrelevância decorre do fato de que, mesmo sem a juntada de todos os
documentos, a análise do contexto fático-probatório é suficiente para comprovar a regularidade dos
débitos e transferências questionados (TJPR; Apelação Cível n. 908.334-1; 15ª Câmara Cível; Rel. Des.
Luiz Carlos Gabardo; j. 08.05.2013; DJ 15.07.2013).
Conduta processual
das partes

*Conduta processual das partes como meio de prova

Estabilidade
*Vedação ao venire contra factum proprium
Prova estatística

*Prova estatística

“A prova estatística corresponde a particular modalidadede prova científica, em que o


método estatístico é empregado para, a partir da avaliação de um universo de
elementos – inteiramente ou por amostragem – extrair conclusões que possam servir
como argumentos de prova no processo civil” (Sérgio Cruz Arenhart).

Sugestão de leitura:
ARENHART, Sérgio Cruz. A prova estatística e sua utilidade em litígios complexos. In
Revista Direito e Praxis, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, 2019, p. 661-677. Disponível em
https://www.scielo.br/j/rdp/a/MyncqMv7F6pGjLsM6pMx7Nb/?format=pdf&lang=pt
Prova estatística
*Prova estatística

- Cimino v. Raymark Industmes: danos médios para cada categoria de doença


relacionada ao amianto poderiam ser aplicados a autores que não eram membros da
amostra estatística objeto da prova, sem ofender o devido processo, pois os testes
estatísticos indicaram um nível de conferência de 99% nos resultados médios e a
probabilidade de que muitos dos casos não puderam ser julgados (MULLENIX, Linda S.
Beyond Consolidation: Postaggregative Procedure in Asbestos Mass Tort Litigation. In
William & Mary Law Review 32 (1991), p. 477. Disponível em
http://scholarship.law.wm.edu/wmlr/vol32/iss3/2 ).

- Autos n. 1999.01.1.035037-3, 2ª Vara Cível de Brasília/DF


Prova estatística
- Castaneda v. Partida (1977);

“Embora 79% da população local fosse de origem mexicana (65%, se


considerada apenas a população alfabetizada), aquele grupo
representava apenas 39% dos escolhidos para atuação em júris,
considerando um período de onze anos. Na época, havia 180.525
pessoas aptas a participarem de júris, dos quais 142.675 eram de
origem mexicana. Porém, das 851 pessoas escolhidas para atuar
em júris, apenas 341 tinham ascendência mexicana, o que
indicava estatisticamente uma sub-representação do grupo”.
Prova estatística

Prova estatística

*Importância da fundamentação da decisão


13. Concertação de atos para
produção de provas
Concertação de atos para
produção de provas
Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde de
forma específica e pode ser executado como:
[...]
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.

§ 2o Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de outros, no


estabelecimento de procedimento para:
(...)
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;
(...)
VI - a centralização de processos repetitivos.

Sugestão de leitura: PASCHOAL, Thaís Amoroso. Coletivização da prova. Técnicas de produção coletiva da prova e seus
reflexos na esfera individual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
Concertação de atos para
produção de provas

Rede de cooperação nacional

*Recomendação 38/2011
*Resolução 350/2020
Concertação de atos para
produção de provas

Rede de cooperação nacional

*Juízes de cooperação: Facilitação da prática de atos de cooperação judiciária.


*Núcleos de cooperação: Sugestão de diretrizes gerais, harmonizar rotinas e
procedimentos de cooperação, consolidar os dados e as boas práticas junto ao
respectivo tribunal.
*Comitês executivos de cooperação: Organização das ações nacionais dos núcleos
de cooperação judiciária e providenciará a reunião, pelo menos uma vez por ano,
mediante convocatória, dos núcleos e dos Juízes de Cooperação de todos os
tribunais.
Concertação de atos para
produção de provas

*Produção concertada da prova de fatos repetitivos


Concertação de atos para
produção de provas

Contaminação água potável (CEDAE/RJ)

*Perícia única na saída de tratamento para demonstrar a qualidade da água


*Perícia individualizada nas unidades imobiliárias envolvidas.
Concertação de atos para
produção de provas
Cooperação entre tribunal de justiça e tribunal regional federal para a criação de Núcleos 4.0 em cada um dos
tribunais, com compartilhamento de competências para processamento e julgamento de ações envolvendo
vícios construtivos em imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação. (Grupo: Cooperação
judiciária nacional - XI FPPC-Brasília)

Descrição. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 827.996/PR, em regime de repercussão geral


(Tema 1.011), fixou a competência da Justiça Federal para o processamento e julgamento das causas em que
se discute contrato de seguro vinculado à apólice pública, nas quais a Caixa Econômica Federal (CEF) atue em
defesa do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), devendo haver o deslocamento dos
processos para o juízo federal a partir do momento em que a CEF ou a União, de forma espontânea ou
provocada, indiquem o interesse em intervir na causa. Existem aproximadamente 7.000 processos na justiça
estadual de Pernambuco que, em sua maioria, deverão ser redistribuídos para as varas federais. Esses
processos possuem, normalmente, pluralidade de autores. A intimação da CEF para análise e posterior
manifestação do interesse em todos os processos não contribuiria para, em tempo razoável, haver o
julgamento do mérito incluindo a atividade satisfativa (CPC, arts. 4º e 6º), muito menos para uma prestação
eficiente da jurisdição. O TJPE e o TRF5 firmaram Termo de Cooperação para criação de Núcleos 4.0 (um
federal e outro estadual), para onde os processos deverão ser encaminhados. Haverá a habilitação dos juízes
em ambas as unidades para a prática dos seguintes atos: i) separação dos processos por empreendimentos
imobiliários (conjuntos habitacionais); ii) realização de perícias por empreendimentos, independente se neles
há processos de competência federal ou estadual; iii) homologação conjunta de acordos; iv) julgamento
conjunto dos processos. Outros pontos importantes são a utilização da mesma versão do Pje, e a celebração
de negócio jurídico processual entre as partes concordando com a tramitação dos processos nos Núcleos 4.0.
14. Produção coletiva da prova. Incidente
de coletivização da prova.
Produção coletiva da prova
1. Incidente de coletivização da prova –
concertação de atos para produção coletiva
da prova
2. Produção antecipada coletiva da prova
(inclusive negociada).

Aproveitamento da prova
produzida coletivamente
Incidente de
coletivização da prova

1998: pílulas de farinha


250 ações individuais
Ação coletiva (Procon e Município de São Paulo) – condenação em R$
1.000.000,00 danos morais coletivos
TJSP: 461 decisões
TJRS: 22 decisões
TJPR: 5 decisões
TJSC: 9 decisões
STJ: 9 acórdãos e 50 decisões monocráticas
Incidente de
coletivização da prova

Dano ambiental (região de Adrianópolis)


Duas ações coletivas (Vara Federal de Curitiba)
2.300 ações individuais (pedido de danos morais – Vara Cível de Bocaiúva do Sul/PR)
Incidente de
coletivização da prova

• Benefícios previdenciários decorrentes de exposição a agentes nocivos;


• Acidente com inúmeras vítimas;
• Ações propostas por adquirentes de unidades habitacionais contra a
Construtora;
• Dieselgate;
• Tabagismo;
• Reparação de danos por vício de produto;
• Questões contratuais.
Incidente de
coletivização da prova
Objeto da prova:
• Lotes de anticoncepcional eram compostos por pílulas de farinha;
• Os medicamentos chegaram ao mercado e foram comercializados;
• Descumprimento do dever de informação;
• Excesso de velocidade, ultrapassagem irregular, embriaguez etc.;
• Derramamento de chumbo na região de Adrianópolis/PR;
• Insalubridade do local de trabalho;
• Defeito de determinado produto;
• Omissão de publicidade.
Incidente de
coletivização da prova
Atos concertados para produção de provas

Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido,


prescinde de forma específica e pode ser executado como:
I - auxílio direto;
II - reunião ou apensamento de processos;
III - prestação de informações;
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.
(...)
§ 2o Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de
outros, no estabelecimento de procedimento para:
(...)
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;
Incidente de coletivização
da prova

Definição do juízo
Instauração competente
Identificação pelo juiz ou *Competência adequada
pelas partes (proximidade com o local do
fato; maior número de ações;
especialidade etc.)

Provocação do juiz de Saneamento


cooperação compartilhado
Adequações procedimentais,
Identificação de outros negócios jurídicos processuais,
casos com a questão de fato limites e etapas da fase instrutória
repetitiva etc.

163
Incidente de coletivização
da prova

Contraditório Aproveitamento da
Individual ou por prova nas ações
representante adequado individuais

Produção da prova Valoração da prova

164
Incidente de
coletivização da prova

*Prova emprestada
*Compartilhamento de competências

- Pro et contra
15. Produção coletiva antecipada da
prova.
Produção antecipada
coletiva da prova
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de
certos fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio
adequado de solução de conflito;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
§ 1o O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade
apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão.
§ 2o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser
produzida ou do foro de domicílio do réu.
§ 3o A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha
a ser proposta.
§ 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da
União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara
federal.
§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato
ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição
circunstanciada, a sua intenção.
Produção antecipada
coletiva da prova
Por que produzir uma prova coletiva antecipadamente?

*Autos n. 1999.01.1.035037-3, 2ª Vara Cível de Brasília/DF


*REsp 1187632/DF, 4ª Turma, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
j. em 05.06.2012, DJe de 06/06/2013
Produção antecipada
coletiva da prova

*Para além do inquérito civil (art. 8, §1º, da Lei 7.347/85)


- Valor probatório relativo
- Contraditório mitigado
Produção antecipada
coletiva da prova

*Manejo por todos os legitimados


*Ampla participação (art. 382 do CPC)
Produção antecipada
coletiva da prova
Produção antecipada da prova de caráter coletivo

Objeto
a) esclarecimento de fatos previamente à propositura de ações
coletivas, subjacentes a qualquer direito coletivo ou
coletivizável;
b) fato comum (único ou não) que interesse a várias pessoas,
ainda que para subsidiar pretensões diversas.
Produção antecipada
coletiva da prova
PL 4441/2020

Art. 20 Qualquer legitimado poderá propor ação coletiva de produção antecipada da prova,
que terá por objeto fato que sustente pretensões difusas, coletivas ou individuais
homogêneas.
§1º O juiz poderá determinar ou autorizar a participação de amicus curiae.
§2º Na ação coletiva de produção antecipada da prova, não haverá condenação ao
pagamento de custas e honorários advocatícios, salvo se houver resistência ao pedido de
produção da prova.
§3º A prova produzida poderá ser utilizada em qualquer ação coletiva ou individual que
tenha por objeto pretensões fundadas no fato provado, observado o contraditório.
§4º A documentação da prova produzida ficará disponível na rede mundial de
computadores, no sítio do respectivo tribunal.
Produção antecipada
coletiva da prova

*Produção antecipada da prova de caráter coletivo


passivo
Produção antecipada
coletiva da prova

*Aproveitamento da prova
(prova emprestada)
Produção coletiva da prova

O transporte da prova produzido coletivamente

*Prova produzida numa ação coletiva;


*Prova produzida num incidente de coletivização da prova;
*Prova produzida numa ação individual, com utilização numa
ação coletiva.
Produção coletiva da prova
Caso Vale do Ribeira/PR

Provas produzidas:

*Prova documental
- Pareceres e estudos realizados por especialistas, na região do Vale do Ribeira;
- Contratos e registros relativos à atividade da empresa;
- Ofícios expedidos a órgãos públicos;
- Relatório de avaliação de risco realizado pela Secretaria da Saúde do Paraná e pela
Sanepar, afirmando que não houve contaminação das águas na região.

Sugestão de leitura: PASCHOAL, Thaís Amoroso. O caso da contaminação por chumbo no Vale
do Ribeira/PR e a convivência entre ações individuais e coletivas: alguns parâmetros para um
melhor aproveitamento dos atos processuais coletivos. In VITORELLI, Edilson; ZANETI JR.,
Hermes. Casebook de processo coletivo. Estudos de processo a partir de casos – v. 1. São Paulo:
Almedina, 2020.
Produção coletiva da prova
Caso Vale do Ribeira/PR

Provas produzidas:

*Prova pericial
- Produzido pelo Instituto de Perícia, Ciência e Tecnologia de Curitiba
(LACTEC);
- Características do solo da região (que contribuiria para um aumento nos
índices de chumbo);
- Existência de resíduos a céu aberto, em locais próximos à empresa.
Produção coletiva da prova
Caso Vale do Ribeira/PR

Quanto aos danos individuais:

“Por outro lado, no movimento 539, deferiu-se a realização de perícia toxicológica; de


perícia médico-veterinária e de exame de mercado imobiliário. Aludidas diligências
probatórias não foram levadas adiante, não obstante tal deferimento judicial, dada a
ausência de recolhimento de honorários sucumbenciais, dada a não aceitação do munus
por parte dos experts na área de toxicologia humana - notadamente, dada a dificuldade
envolvendo a constituição de comitês de ética médica, no que toca a experimentos e
testes envolvendo a captação de sangue humano -, como já relatado no curso dessa
demanda. Aludidos comitês são impostos pela Resolução n. 196, de 10 de outubro de
1996, do Conselho Nacional da Saúde, dentre outros diplomas normativos aplicáveis.
Restou frustrado, por conseguinte, o intento de se apurar, com o exame efetivo do estado
de saúde dos moradores de Adrianópolis, e sob bilateralidade de audiência, se haveria,
de fato, o pretenso excesso na concentração de chumbo (Pb) no sangue de tais pessoas”
(Sentença, p. 35).
Produção coletiva da prova
Caso Vale do Ribeira/PR
Outros elementos:

*Estudos publicados em revistas acadêmicas que, a partir de coleta de dados na região, examinou várias
questões afetas a este caso:

- CUNHA, Fernanda et al. Human and environmental lead contamination in the Upper Ribeira Valley,
southeastern Brazil. Terrae, Campinas, n.2, p.28-36. 2005.
- FIGUEIREDO, Bernardino Ribeiro. A contaminação ambiental e humana por chumbo no Vale do Ribeira
(SP-PR). ComCiência. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/2005/11/09.shtml.
- PAOLIELLO, Mônica Maria Bastos et al. Exposure of children to lead and cádmium from a mining area of
Brazil. Environmental Research, Baltimore, v.88, 2002.
- PAOLIELLO, Mônica Maria Bastos et al. Determinants of blood lead levels in an adult population from a
mining area in Brazil. Journal de Physique IV, Grenoble, v.107, 2003.
16. A prova no
processo estrutural
A prova no processo estrutural
O processo estrutural

Técnica que promove a construção de uma decisão a partir da consideração das possibilidades
de todos os envolvidos, inclusive possibilitando resultado diverso daquele pleiteado
inicialmente, sem que isso caracterize ofensa aos princípios da demanda e da congruência. A
técnica acaba por permitir que o Judiciário adentre nas estruturas burocráticas das instituições,
a fim de propiciar a construção das medidas mais adequadas à prestação da tutela aos direitos.

“O nome 'estrutural' das sentenças proferidas nesses processos é dado pelo fato de, por meio
delas, os tribunais de justiça estarem envolvidos na gestão das estruturas burocráticas e
assumirem certo nível de supervisão sobre as políticas e práticas institucionais de vários tipos. É
importante observar que, via de regra, neste tipo de sentença os juízes não fixam analítica e
antecipadamente todas e cada uma das atividades que devem ser exercidas pelo réu para
satisfazer o pedido do autor reconhecido na decisão. Em vez disso, o que costumam fazer é
indicar os resultados que a execução deve produzir e, em todo o caso, estabelecer os critérios
gerais que devem ser respeitados para esse fim. As formas de atingir o objetivo especificado na
decisão são deixadas ao critério da parte obrigada, ou do órgão que opera em nome do tribunal
interino e em lugar da parte obrigada” (VERBIC, Francisco. Ejecución de sentencias en litigios de
reforma estructural en la república argentina – dificultades políticas y procedimentales que
inciden sobre la eficacia de estas decisiones. In ARENHART, Sérgio Cruz; JOBIM, Marco Félix
(coord.). Processos estruturais. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 65-66 – tradução livre).
A prova no processo estrutural
Características

*Existência de um problema estrutural: existência de um “estado de


desconformidade estruturada” (Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr.), exigindo
a necessidade de reestruturação ou reorganização para sua solução. Essa
solução será construída no processo, preferencialmente com a participação de
todos os sujeitos processuais.
*Olhar retrospectivo e prospectivo: a solução do problema estrutural exige
que se conheça profundamente o problema estrutural (olhar retrospectivo) e
uma análise que permita a construção de medidas voltadas à solução do
problema (olhar prospectivo). Para isso, a produção de provas é fundamental,
inclusive de forma antecipada, de forma a possibilitar um mapeamento
adequado do problema.
A prova no processo estrutural
Características

*Procedimento flexível: a adequação do procedimento é fundamental para permitir


a construção de medidas voltadas a uma decisão efetiva. Essa adequação pode ser
realizada de ofício pelo juiz (art. 139, VI, CPC) ou pelas partes, de comum acordo,
via negócios jurídicos processuais (art. 190 do CPC).

*Consensualidade: preferencialmente, as soluções devem ser construídas de


comum acordo entre as partes e demais envolvidos na solução do problema. Foi o
que ocorreu, por exemplo, no caso do HC de Curitiba/PR. Porém, quando não for
possível, nada impede que o juiz determine as medidas adequadas. Essa
determinação, porém, depende do conhecimento do problema estrutural e das
instituições envolvidas na solução do problema. Foi o que ocorreu, por exemplo, no
caso da ACP do Carvão, de Criciúma/SC.
A prova no processo estrutural
Características

*Multipolaridade: em regra, o processo estrutural terá espaço quando houver


pluralidade de partes, sendo necessário o conhecimento e envolvimento de
instituições variadas para a solução do problema. Porém, nada impede que,
estando-se diante de um problema estrutural, haja espaço para medidas estruturais
também num processo bipolar.

*Complexidade: em geral, as medidas estruturais serão necessárias em litígios


complexos, que apresentam problemas para cuja solução é necessário o
conhecimento de instituições e a construção de soluções.
*Flexibilização do princípio da demanda e do princípio da congruência: as medidas
estruturais adotadas poderão ser diversas daquelas que integraram a pretensão do
autor. Por isso, deve haver flexibilização do princípio da demanda e da congruência.
Muitas vezes, inclusive, durante a fase de implementação das medidas serão
necessárias adaptações nas medidas determinadas.
A prova no processo estrutural
Características

*Adaptabilidade das medidas estruturantes: o acompanhamento da


implementação das medidas poderá demonstrar a necessidade de sua
adaptação no curso do tempo.

*Acompanhamento constante da implementação das medidas: justamente em


razão da possibilidade de adequação das medidas, descrita no item anterior, é
fundamental que haja uma acompanhamento da implementação das medidas
determinadas, a fim de verificar sua adequação e suficiência para a solução do
problema estrutural e, eventualmente, orientar a adoção de novas medidas
que se mostrem necessárias.
A prova no processo estrutural

*Caso do Hospital de Clínicas de Curitiba/PR


*ACP do Carvão, em Criciúma/SC
*Caso Rio Doce
A prova no processo estrutural

A importância da prova no processo estrutural


*Produção antecipada
*Produção coletiva da prova
MUITO OBRIGADA!
Thaís Amoroso Paschoal
Instagram: @profathaispaschoal

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