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Sugestões de leitura: MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Prova e convicção. 4ª ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018; PASCHOAL, Thaís Amoroso. Coletivização da prova. Técnicas de
produção coletiva da prova e seus reflexos na esfera individual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020;
AMARAL, Paulo Osternack. Provas – atipicidade, liberdade e instrumentalidade, 2ª ed. revista,
atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
2. Prova documental
(parte 01)
Prova documental
Conceito
“Todo ser composto de uma ou mais superfícies portadoras de símbolos capazes de transmitir
ideias e demonstrar a ocorrência de fatos. Esses símbolos são letras, palavras e frases,
algarismos e números, imagens ou sons gravados e registros magnéticos em geral; o que há
em comum entre eles é que sempre expressam ideias de uma pessoa, a serem captadas e
interpretadas por outras” (Dinamarco).
“Documento compreende não apenas os escritos, mas toda e qualquer coisa que transmita
diretamente um registro físico a respeito de algum fato, como os desenhos, as fotografias, as
gravações sonoras, filmes cinematográficos etc.” (Humberto Theodoro Junior).
*Documentos que não se assina (livros empresariais), autor é quem os mandou compor
(inciso III do art. 410 do CPC)
“Um documento fará prova contra o autor intelectual quando contiver sua assinatura,
mesmo que a confecção material do suporte tenha sido feita por outrem (autor
material), por ordem ou com a chancela do autor intelectual (art. 408 do CPC/2015)”
(Wambier e Talamini).
Prova documental
Momento processual de sua produção
“Consoante o artigo 405 do CPC/2015, laudo, termo de vistoria, relatório técnico, auto
de infração, certidão, declaração e outros atos gerados por agentes de qualquer órgão
do Estado possuem presunção (relativa) de legalidade, legitimidade e veracidade, por
se enquadrarem no conceito geral de documento público. Tal qualidade jurídica inverte
o ônus da prova, sem impedir, por óbvio, a mais ampla sindicância judicial. Por outro
lado, documento público não pode ser desconstituído por prova inconclusiva, dúbia,
hesitante ou vaga. São dotados de natureza pública documentos elaborados no âmbito
de Inquérito Civil e investigações preliminares conduzidas pelo Parquet” (Resp
1.778.729 – PA; 2ª Turma; Rel. Min. Herman Benjamin; j. 10/09/2019; Dje 08/09/2020).
Prova documental
(ii) Documentos públicos
Art. 409. A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ou
impugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito.
Parágrafo único. Em relação a terceiros, considerar-se-á datado o documento particular:
I - no dia em que foi registrado;
II - desde a morte de algum dos signatários;
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer dos signatários;
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do
documento.
Prova documental
(iii) Documentos particulares
Classificação:
Art. 413/CPC: original do telegrama deve ser subscrito pelo remetente, que poderá ter sua assinatura
reconhecida em cartório.
Art. 414/CPC – presunção iuris tantum – necessidade de provar as datas de sua expedição e de seu
recebimento pelo destinatário.
Cartas: todas as correspondências entre duas pessoas. Quando assinadas, são documentos
particulares, aplicando-se o art. 408 do CPC
Registros domésticos: apontamentos escritos pela parte, mas não assinados - anotações, memórias,
diários, relacionados com a vida profissional ou privada do autor.
*Força probante de ambos: fazem prova apenas contra quem os escreveu, e desde que a lei não exija
determinada prova para o ato (art. 415 do CPC).
Prova documental
(iii) Documentos particulares
Livros empresariais
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia,
demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não
correspondem à verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor
de seu autor no litígio entre empresários.
Livros empresarias
*parcial: pode ser de ofício ou a requerimento da parte, para que se extraia deles as informações que
interessarem ao litígio (art. 421/CPC).Pode ser substituída por reproduções fotográficas ou mecânicas
autenticadas.
* caráter excepcional da medida – garantia do sigilo profissional
*possibilidade de apreensão judicial e autorização, conforme o caso, de presunção de veracidade do fato que
a parte desejava provar por meio dos documentos – presunção iuris tantum – admite prova em contrário.
Prova documental
(iii) Documentos particulares
Art. 422/CPC
Valem como certidões sempre que o escrivão manifestar a conformidade com o original – autenticação da fotocópia,
feita pelo escrivão, qualquer tabelião ou oficial público – art. 423 do CPC.
Se o documento constar do processo, a cópia autenticada poderá assim ser declarada pelo advogado que a utilizar, por
exemplo para instruir agravo de instrumento – art. 425, IV, do CPC.
Art. 424 do CPC – cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original – escrivão deve autenticar
e partes devem ser intimadas – as cópias fotográficas também
Art. 411, II – autêntico o documento, quando sua autoria estiver identificada por
qualquer meio legal de certificação, inclusive eletrônico.
Art. 18. A eficácia do disposto no inciso X do caput do art. 3º desta Lei fica condicionada à regulamentação em
ato do Poder Executivo federal, observado que:
I - para documentos particulares, qualquer meio de comprovação da autoria, integridade e, se necessário,
confidencialidade de documentos em forma eletrônica é válido, desde que escolhido de comum acordo pelas
partes ou aceito pela pessoa a quem for oposto o documento; e
II - independentemente de aceitação, o processo de digitalização que empregar o uso da certificação no
padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) terá garantia de integralidade, autenticidade
e confidencialidade para documentos públicos e privados.
Sugestão de leitura:
DIDIER JUNIOR, Fredie; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. O uso da tecnologia blockchain para arquivamento de
documentos eletrônicos e negócios probatórios segundo a lei de liberdade econômica. Revista de Estudos Jurídicos do
Superior Tribunal de Justiça, v. 1, n. 1 (2020). Disponível em
https://rejuri.stj.jus.br/index.php/revistacientifica/article/view/81/2
4. Prova documental
(parte 03): Ata notarial e Falsidade
Documental
Prova documental
Ata notarial
Espécies de falsidade:
- falsidade do documento:
Falsidade material
Ônus da prova
A arguição de falsidade
Momento:
- se o documento foi produzido com a inicial, o réu deverá suscitar na contestação;
- se em qualquer outro momento processual, a parte interessada terá 15 dias,
contados da intimação da juntada do documento nos autos.
Prova documental
Falsidade documental
Procedimento
Art. 432 do CPC – intimação da parte contrária para responder (15 dias)
Perícia, salvo se a parte concordar em retira-lo dos autos (art. 432, par. único,
CPC).
Prova documental
Falsidade documental
1. Deve ser provocado por petição da parte endereçada ao juiz ou relator, expondo os motivos em
que se funda a sua pretensão e indicando os meios com que provará o alegado (arts. 430 e 431 CPC).
2. Admitido o incidente, o juiz mandará intimar a parte que produziu o documento a responder no
prazo de 15 dias (art. 432 do CPC).
3. Pode o intimado responder ou silenciar, caso em que se presume que está insistindo na validade
do documento. Pode, também, requerer a retirada do documento do processo, caso em que o juiz
autorizará o desentranhamento (art. 432, parágrafo único).
4. Se a parte não responder ou se afirmar a improcedência da arguição, o juiz mandará realizar prova
pericial (art. 492).
5. A falsidade será decidida na sentença. Se for suscitada como questão principal (art. 430, par. único,
CPC) constará do dispositivo da sentença e formará a coisa julgada material (art. 433 do CPC).
Prova documental
Falsidade documental
Ativa:
- juiz, de ofício;
- qualquer uma das partes;
- interveniente no processo.
Nos dois últimos casos, deve-se demonstrar interesse jurídico na medida.
O juiz pode indeferi-la, demonstrando que o documento ou coisa não tem nexo com a causa
ou não provará nenhum fato relevante, ou que o fato que se pretende provar já está
comprovado por outra prova.
Passiva:
Uma das partes ou terceiro detentor da coisa ou documento
Exibição de documento ou coisa
Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz
ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar
designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas
despesas que tiver.
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da
responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
assegurar a efetivação da decisão.
Exibição de documento ou coisa
Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se:
I - concernente a negócios da própria vida da família;
II - sua apresentação puder violar dever de honra;
III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes
consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação penal;
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão,
devam guardar segredo;
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a
recusa da exibição;
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI do caput disserem respeito a
apenas uma parcela do documento, a parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para dela
ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado.
Exibição de documento ou coisa
Consequências da não exibição
Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que,
por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar se:
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo
do art. 398 ;
II - a recusa for havida por ilegítima.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja
exibido.
Exibição de documento ou coisa
*Essa tese não se aplica aos pedidos de exibição ainda regidos pelo CPC/1973, aos quais
continuam aplicáveis os Temas 47, 149 e 705/STJ." (Acórdão publicado no DJe de
1º/7/2021) - "descabimento de multa cominatória na exibição, incidental ou autônoma,
de documento relativo a direito disponível".
6. Prova pericial
(parte 01)
Prova pericial
Admissibilidade:
- Auxiliar do juízo.
- Escolhido pelo juiz (art. 465 do CPC) ou pelas partes (art. 471 CPC)
- Auxiliar da justiça (art. 149 do CPC)
- Dever e recusa do encargo: art. 157 do CPC
- Substituição do perito: art. 468 do CPC
- Suspeição: arts. 144, 145 e 148, e 465, §1º, I, do CPC
- Possibilidade de mais de um perito e assistentes técnicos diferentes
(art. 475 do CPC)
- Função remunerada – art. 95 do CPC
7. Prova pericial
(parte 02) e Inspeção Judicial
Prova pericial
Pagamento dos honorários periciais:
Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do
perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for
determinada de ofício ou requerida por ambas as partes.
§ 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito
deposite em juízo o valor correspondente.
§ 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida monetariamente e
paga de acordo com o art. 465, § 4º .
§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça,
ela poderá ser:
I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do Poder
Judiciário ou por órgão público conveniado;
II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de
ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal
respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.
§ 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda Pública
para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas processuais, a
execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a utilização de servidor público ou da
estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das despesas seja
beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2º .
§ 5º Para fins de aplicação do § 3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da
Defensoria Pública.
Prova pericial
Pagamento dos honorários periciais:
Valor probante
- Antes de iniciar o trabalho, o perito deverá informar as partes da data e local designados para
início da perícia (arts. 466, §2º, e 474, CPC), sob pena de nulidade. A intimação será feita na
pessoa do advogado, salvo se a perícia tiver que recair sobre o próprio litigante;
- O perito produzirá um laudo, que será depositado em cartório, no mínimo 20 dias antes da
audiência de instrução e julgamento (art. 477 do CPC). O juiz fixará prazo para entrega do
laudo, que poderá ser ampliado, a pedido do perito (art. 476 CPC), uma única vez, pela metade
do tempo, mas desde que seja respeitado o prazo de 20 dias antes da audiência.
- A audiência de instrução e julgamento não poderá ser realizada se o laudo pericial não
houver sido apresentado. Neste caso, a audiência terá de ser suspensa, e o juiz determinará a
substituição do perito, podendo impor-lhe a penalidade do art. 468, §1º, CPC
- As partes serão intimadas para se manifestar sobre o laudo, podendo apresentar quesitos
suplementares. Poderão pleitear o comparecimento do perito à audiência, para prestar os
esclarecimentos oralmente (art. 477, §3º, do CPC). A partir dessa intimação, os assistentes
técnicos terão 10 dias para apresentar seus pareceres (art. 477, §1º, CPC).
Prova pericial
Nova perícia
Art. 464
(...)
§ 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à
perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto
controvertido for de menor complexidade.
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista,
pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial
conhecimento científico ou técnico.
§ 4 o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica
específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos
controvertidos da causa.
Inspeção judicial
Objeto e extensão
- Poderá ocorrer em qualquer fase processual, antes da sentença, a pedido das partes ou
de ofício.
- Pode ser realizada em Juízo, na audiência, caso em que a coisa ou pessoa inspecionada
deve ser levada até o juiz.
- Mas pode o juiz também se deslocar para fazer a inspeção, nos casos do art. 483 do
CPC.
- O juiz poderá ser assistido por peritos (art. 482).
- As partes têm o direito de assistir a inspeção (art. 483, parágrafo único), devendo ser
intimadas da data e local da realização da diligência.
- Concluída a diligência, será lavrado um auto circunstanciado, constando tudo o que for
útil ao julgamento da causa (art. 484), podendo ser instruído com desenho, gráfico ou
fotografia (art. 484, parágrafo único). O auto deve ser objetivo, limitando-se a retratar as
informações obtidas na diligência. É documento essencial, pois, sem isso, a inspeção
judicial não poderá ter valor de prova, já que se tratará e ciência privada de fatos pelo
juiz.
8. Depoimento pessoal
Depoimento pessoal
Arts. 385 a 388 do CPC
*Diferencia-se do interrogatório livre (art. 139, VIII, CPC), que é uma forma de
esclarecimento dos fatos pelo juiz, que não sujeita a parte à confissão ficta. A
doutrina não considera o interrogatório livre um meio de prova, mas apenas
uma forma de esclarecimento.
Depoimento pessoal
Iniciativa
Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta
seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz
de ordená-lo de ofício.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da
pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-
lhe-á a pena.
§ 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte.
§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção
judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de
instrução e julgamento.
Depoimento pessoal
Pena de confesso – confissão ficta, art. 385, § 1o: admitir como verdadeiros
os fatos contrários ao interesse da parte e favoráveis ao adversário. Para
tanto, porém, o depoente ter que ter sido intimado com a advertência
prevista no § 1o do art. 385.
Aplicável tanto quando a parte não comparece, quando como responde com
evasivas – art. 386 do CPC.
- Requerimento pela parte ou determinada de ofício pelo juiz (art. 385 do CPC).
- Se o depoente residir fora da comarca onde corre o feito, poderá ser ouvido por carta precatória ou rogatória,
ou por videoconferência (art. 385, §3º, CPC).
- Necessidade de intimação pessoal, constando no mandado a advertência do art. 385, § 1o.
- Na audiência, o depoimento das partes será tomado antes da oitiva das testemunhas, primeiro do autor, depois
do réu (art. 361, II, CPC)
- No ato da audiência, ou em petição anterior, a parte poderá pedir dispensa do ônus de depor, alegando justo
motivo. O juiz decidirá de plano e aplicará a pena de confesso, caso o pedido seja indeferido.
- O interrogatório será feito inicialmente pelo juiz à parte, que não poderá se representar por procurador (art.
387 do CPC). Na sequência, serão formuladas perguntas pelo advogado da parte depoente.
- Ao litigante que ainda não prestou depoimento é vedado assistir ao interrogatório da outra parte (art. 385, §2º,
CPC).
- As repostas devem ser orais, não pode o depoente utilizar-se de escritos. O juiz, porém, poderá permitir que a
parte consulte notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos (art. 387 do CPC).
- O advogado da parte que presta o depoimento não poderá formular perguntas. Poderá, porém, pedir ao juiz
que esclareça pontos obscuros no relato do depoente, podendo ser requerido ao final do interrogatório, antes
de seu encerramento.
- O depoimento será reduzido a termo, assinado pelo juiz, pelo interrogado e pelos advogados.
- Possibilidade de depoimento antes da audiência (art. 139, VI, do CPC) ou até mesmo da propositura da ação,
por meio da produção antecipada da prova.
9. Confissão
Confissão
Arts. 389 a 395 do CPC
Requisitos:
Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando,
todavia, os litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais
sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá
sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta
de bens.
Confissão
Requisitos:
Legitimidade
Qualquer pessoa, desde que não seja considerada, pela lei, incapaz,
impedida ou suspeita, pode ser chamada a depor como testemunha
(art. 447 do CPC). Até as impedidas ou suspeitas, porém, poderão
ser ouvidas pelo juiz, quando estritamente necessário. Mas seus
depoimentos serão prestados independentemente de compromisso
(art. 447, §§ 4º e 5º, CPC) e o juiz lhe atribuirá o valor que possam
merecer.
Prova Testemunhal
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto
as incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º São incapazes:
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao
tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao
tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos
sentidos que lhes faltam.
Prova Testemunhal
§ 2º São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral,
até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o
interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de
outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa
jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes.
§ 3º São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas
ou suspeitas.
Admissibilidade
Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.
Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova
testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a
qual se pretende produzir a prova.
Prova Testemunhal
Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não
podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de
parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das
práticas comerciais do local onde contraída a obrigação.
*Valor probante
Prova Testemunhal
- Principais deveres:
*comparecer em juízo, podendo ser conduzida coercitivamente (art.
455, §5º, CPC);
*prestar depoimento (art. 457 do CPC);
*dizer a verdade (art. 458 do CPC). Desobediência – crime, art. 342
do CP – tanto quando se faz afirmação falsa, como quando se nega
ou oculta a verdade (art. 458, parágrafo único, CPC).
Prova Testemunhal
Direitos
Acareação
- Publicidade: a audiência é pública (art. 368 do CPC), exceto nos casos do art.
189/CPC.
- Solenidade;
- Essencialidade;
- Presidência do juiz: exercício do poder de polícia do juiz (art. 360 CPC) e de
outras funções previstas no art. 360 do CPC;
- Unidade e continuidade: realizada em um só ato, ainda que seja fracionada
em mais de uma sessão – garante a concentração dos atos e facilitam o bom
entendimento dos elementos da instrução - art. 465 do CPC.
Consequentemente, se uma das sessões for anulada, todo o ato será.
Audiência de instrução
e julgamento
Atos praticados:
Adiamento da audiência
- se faltar o advogado, sem justificativa, o juiz poderá dispensar a produção das provas
por ele requeridas (art. 362, § 2º). O advogado pode justificar a ausência até o início da
audiência (art. 362, § 1º). Se conseguir comprovar depois da audiência que ocorreu fato
absolutamente imprevisível, a audiência poderá ser anulada;
- se faltarem todos os advogados, o juiz poderá promover a colheita da prova,
considerando dispensadas as reperguntas;
- se faltar a parte intimada para prestar depoimento pessoal, o juiz aplicará a pena de
confesso;
- se faltar a testemunha ou o perito, poderão ser coercitivamente conduzidos. Se a
testemunha iria comparecer espontaneamente, o juiz considerará que a parte desistiu
da sua oitiva.
- se houver retardamento na entrega do laudo pericial, é possível também adiar, sem
prejuízo das sanções ao perito, estudadas na aula de prova pericial.
Audiência de instrução
e julgamento
Em resumo:
1. Pregão – chamamento das partes (as testemunhas somente serão apregoadas quando
forem prestar o depoimento);
2. Tentativa de conciliação
- Art. 139, V, CPC – dever do juiz
- Primeiro ato praticado na audiência - art. 359 do CPC
- Havendo acordo, o juiz o tomará por termo nos autos e o homologará por sentença,
nos termos do art. 487, III, b, do CPC, ficando dispensadas as provas orais, encerrando-
se a audiência.
- Caso não seja realizado o acordo, a audiência seguirá, com a instrução da causa.
Audiência de instrução
e julgamento
3. Instrução
Documentação da audiência
a) apesar da expressiva quantia supostamente não restituída até agosto de 1992, a primeira medida
extrajudicial tomada pelos autores ocorreu apenas em 2003, e a primeira medida judicial em 2004.
Assim “mesmo que a pretensão não se encontre prescrita, a longa espera dos autores para buscar seu
direito em juízo pode, e deve, ser levada em consideração no presente caso para que o julgador forme
seu convencimento quanto ao mérito da causa”; b) os autores afirmaram inicialmente que os valores
mantidos em todas as contas teriam desaparecido. Após as provas documental e pericial produzidas,
manifestaram-se nos autos afirmando que somente com relação a parte dessas contas é que não
teria havido levantamento ou transferência dos valores; c) a perícia, embora realizada por
amostragem, confirmou que os valores bloqueados foram integralmente restituídos; d) à época da
ocorrência dos fatos (década de 90), era muito comum a realização de transações verbais, em
decorrência da relação de proximidade e confiança estabelecida entre o cliente e o gerente das contas,
não se podendo “admitir, sob pena de violação ao princípio da boa-fé objetiva, que o contratante, que
antes usufruía dessa relação, porque lhe era conveniente, agora se insurja contra o ‘costume’
certamente estabelecido entre as partes”; e) diversas das transferências questionadas foram realizadas
entre as contas dos próprios autores. Assim, “ainda que não tenham sido juntadas todas as
autorizações para os lançamentos questionados, o julgador tem liberdade para se valer dos demais
elementos de prova trazidos aos autos, a fim de formar sua convicção, inclusive com base nas máximas
de experiência, como já bem destacado no tópico anterior. Anote-se, por fim, que a inversão do ônus
da prova e a procedência da ação cautelar são irrelevantes para alterar essa situação. No que se refere
à inversão do ônus da prova, a irrelevância decorre do fato de que, mesmo sem a juntada de todos os
documentos, a análise do contexto fático-probatório é suficiente para comprovar a regularidade dos
débitos e transferências questionados (TJPR; Apelação Cível n. 908.334-1; 15ª Câmara Cível; Rel. Des.
Luiz Carlos Gabardo; j. 08.05.2013; DJ 15.07.2013).
Conduta processual
das partes
Estabilidade
*Vedação ao venire contra factum proprium
Prova estatística
*Prova estatística
Sugestão de leitura:
ARENHART, Sérgio Cruz. A prova estatística e sua utilidade em litígios complexos. In
Revista Direito e Praxis, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, 2019, p. 661-677. Disponível em
https://www.scielo.br/j/rdp/a/MyncqMv7F6pGjLsM6pMx7Nb/?format=pdf&lang=pt
Prova estatística
*Prova estatística
Prova estatística
Sugestão de leitura: PASCHOAL, Thaís Amoroso. Coletivização da prova. Técnicas de produção coletiva da prova e seus
reflexos na esfera individual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
Concertação de atos para
produção de provas
*Recomendação 38/2011
*Resolução 350/2020
Concertação de atos para
produção de provas
Aproveitamento da prova
produzida coletivamente
Incidente de
coletivização da prova
Definição do juízo
Instauração competente
Identificação pelo juiz ou *Competência adequada
pelas partes (proximidade com o local do
fato; maior número de ações;
especialidade etc.)
163
Incidente de coletivização
da prova
Contraditório Aproveitamento da
Individual ou por prova nas ações
representante adequado individuais
164
Incidente de
coletivização da prova
*Prova emprestada
*Compartilhamento de competências
- Pro et contra
15. Produção coletiva antecipada da
prova.
Produção antecipada
coletiva da prova
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de
certos fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio
adequado de solução de conflito;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
§ 1o O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade
apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão.
§ 2o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser
produzida ou do foro de domicílio do réu.
§ 3o A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha
a ser proposta.
§ 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da
União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara
federal.
§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato
ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição
circunstanciada, a sua intenção.
Produção antecipada
coletiva da prova
Por que produzir uma prova coletiva antecipadamente?
Objeto
a) esclarecimento de fatos previamente à propositura de ações
coletivas, subjacentes a qualquer direito coletivo ou
coletivizável;
b) fato comum (único ou não) que interesse a várias pessoas,
ainda que para subsidiar pretensões diversas.
Produção antecipada
coletiva da prova
PL 4441/2020
Art. 20 Qualquer legitimado poderá propor ação coletiva de produção antecipada da prova,
que terá por objeto fato que sustente pretensões difusas, coletivas ou individuais
homogêneas.
§1º O juiz poderá determinar ou autorizar a participação de amicus curiae.
§2º Na ação coletiva de produção antecipada da prova, não haverá condenação ao
pagamento de custas e honorários advocatícios, salvo se houver resistência ao pedido de
produção da prova.
§3º A prova produzida poderá ser utilizada em qualquer ação coletiva ou individual que
tenha por objeto pretensões fundadas no fato provado, observado o contraditório.
§4º A documentação da prova produzida ficará disponível na rede mundial de
computadores, no sítio do respectivo tribunal.
Produção antecipada
coletiva da prova
*Aproveitamento da prova
(prova emprestada)
Produção coletiva da prova
Provas produzidas:
*Prova documental
- Pareceres e estudos realizados por especialistas, na região do Vale do Ribeira;
- Contratos e registros relativos à atividade da empresa;
- Ofícios expedidos a órgãos públicos;
- Relatório de avaliação de risco realizado pela Secretaria da Saúde do Paraná e pela
Sanepar, afirmando que não houve contaminação das águas na região.
Sugestão de leitura: PASCHOAL, Thaís Amoroso. O caso da contaminação por chumbo no Vale
do Ribeira/PR e a convivência entre ações individuais e coletivas: alguns parâmetros para um
melhor aproveitamento dos atos processuais coletivos. In VITORELLI, Edilson; ZANETI JR.,
Hermes. Casebook de processo coletivo. Estudos de processo a partir de casos – v. 1. São Paulo:
Almedina, 2020.
Produção coletiva da prova
Caso Vale do Ribeira/PR
Provas produzidas:
*Prova pericial
- Produzido pelo Instituto de Perícia, Ciência e Tecnologia de Curitiba
(LACTEC);
- Características do solo da região (que contribuiria para um aumento nos
índices de chumbo);
- Existência de resíduos a céu aberto, em locais próximos à empresa.
Produção coletiva da prova
Caso Vale do Ribeira/PR
*Estudos publicados em revistas acadêmicas que, a partir de coleta de dados na região, examinou várias
questões afetas a este caso:
- CUNHA, Fernanda et al. Human and environmental lead contamination in the Upper Ribeira Valley,
southeastern Brazil. Terrae, Campinas, n.2, p.28-36. 2005.
- FIGUEIREDO, Bernardino Ribeiro. A contaminação ambiental e humana por chumbo no Vale do Ribeira
(SP-PR). ComCiência. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/2005/11/09.shtml.
- PAOLIELLO, Mônica Maria Bastos et al. Exposure of children to lead and cádmium from a mining area of
Brazil. Environmental Research, Baltimore, v.88, 2002.
- PAOLIELLO, Mônica Maria Bastos et al. Determinants of blood lead levels in an adult population from a
mining area in Brazil. Journal de Physique IV, Grenoble, v.107, 2003.
16. A prova no
processo estrutural
A prova no processo estrutural
O processo estrutural
Técnica que promove a construção de uma decisão a partir da consideração das possibilidades
de todos os envolvidos, inclusive possibilitando resultado diverso daquele pleiteado
inicialmente, sem que isso caracterize ofensa aos princípios da demanda e da congruência. A
técnica acaba por permitir que o Judiciário adentre nas estruturas burocráticas das instituições,
a fim de propiciar a construção das medidas mais adequadas à prestação da tutela aos direitos.
“O nome 'estrutural' das sentenças proferidas nesses processos é dado pelo fato de, por meio
delas, os tribunais de justiça estarem envolvidos na gestão das estruturas burocráticas e
assumirem certo nível de supervisão sobre as políticas e práticas institucionais de vários tipos. É
importante observar que, via de regra, neste tipo de sentença os juízes não fixam analítica e
antecipadamente todas e cada uma das atividades que devem ser exercidas pelo réu para
satisfazer o pedido do autor reconhecido na decisão. Em vez disso, o que costumam fazer é
indicar os resultados que a execução deve produzir e, em todo o caso, estabelecer os critérios
gerais que devem ser respeitados para esse fim. As formas de atingir o objetivo especificado na
decisão são deixadas ao critério da parte obrigada, ou do órgão que opera em nome do tribunal
interino e em lugar da parte obrigada” (VERBIC, Francisco. Ejecución de sentencias en litigios de
reforma estructural en la república argentina – dificultades políticas y procedimentales que
inciden sobre la eficacia de estas decisiones. In ARENHART, Sérgio Cruz; JOBIM, Marco Félix
(coord.). Processos estruturais. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 65-66 – tradução livre).
A prova no processo estrutural
Características