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Organização médico-legal
✓ Há 1 único Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses
o Sede: Coimbra
3) Tem a natureza de laboratório de Estado (porque cumpre algumas missões do próprio Estado: aloja
a base nacional de dados de perfis de ADN) e é considerado instituição nacional de referência
Deste modo, qualquer entidade pública ou privada pode pedir exames ao INMLCF. De seguida tem de se
averiguar se há ou não legitimidade, isto porque, por exemplo, pode o indivíduo em causa não ter dado o
consentimento (e este é necessário).
É o órgão máximo do ponto de vista pericial da medicina legal, que resolve os casos mais complexos e que
suscitem mais dúvidas e se pronuncia sobre os casos de negligência médica. É, portanto, o órgão que, a nível
nacional, se pronuncia quanto aos casos de alegada negligência médica.
EM SUMA:
O INMLCF, I.P. tem especialistas das diversas áreas da medicina + relatores (relator da área em causa)
Competências/funções do Conselho Médico-Legal:
1) Exercer funções de consultadoria técnico-científica
2) Emitir pareceres sobre as questões técnicas e científicas;
3) A consulta técnico-científica ao Conselho médico-legal pode ser solicitada:
- Pelo membro do governo responsável pela justiça
- Pelo conselho superior da magistratura
- Pelo Procurador-Geral da república
- Pelo presidente do conselho diretivo do INMLCF
O que significa que os magistrados não podem solicitar diretamente a consulta técnico-científica. Mas,
quando tal sucede ela não é rejeitada, sobretudo em casos de negligência médica (que corresponde a 95%
dos casos).
➔ O parecer, por sua vez, é insuscetível de revisão.
1) Realização de exames e perícias em pessoas no âmbito do direito civil, penal e de trabalho (perícias e
exames de avaliação do dano corporal)
2) Perícias de psiquiatria e psicologia forenses
3) Compete a realização das autópsias médico-legais, antropologia forenses, identificação de cadáveres e
embalsamentos
4) Colheita de amostras para exames complementares
*não fazem exames toxicológicos
Foi celebrado um protocolo entre o Ministério da Justiça e o Ministério da Saúde, ao abrigo do qual se
instalaram gabinetes médico-legais nos próprios hospitais, onde se criaram serviços que pertencem ao
INMDLCF, I.P. – com pessoas escolhidas pelo instituto, com as despesas pagas pelo Instituto, etc.
Portanto, os gabinetes médico-legais são serviços do INMLCF – que pertencem ao Ministério da Justiça –,
mas que funcionam nos Hospitais ao abrigo deste protocolo celebrado entre aqueles 2 ministérios.
Despesas de deslocação:
As despesas de deslocação estão perspetivadas na lei e, de facto, as pessoas podem ser ressarcidas por
despesas de deslocação aos serviços médico-legais.
➔ Esta é paga pelo Cofre Geral dos Tribunais através da sua delegação junto do tribunal que solicitou o
exame.
As quantias são consideradas custas do processo.
Exames complementares:
O instituto pode celebrar protocolos com instituições públicas ou privadas ou celebrar contratos com
médicos ou outros técnicos, com vista a realização de exames periciais complementares e de diagnóstico
(entre outros).
Requisição de perícias:
As perícias médico-legais solicitadas por autoridade judiciária ou judicial são ordenadas por despacho da
mesma, nos termos da lei do processo, não sendo, todavia, aplicáveis às efetuadas nas delegações do
Instituto ou nos gabinetes médico-legais as disposições contidas nos artigos 154º e 155º do Código de
Processo Penal.
Por razões de celeridade processual, a requisição dos exames deve ser acompanhada das informações
clínicas disponíveis ou que possam a vir a ser obtidas pela entidade requisitante ou até à data da sua
realização.
Acesso à informação:
No exercício das suas funções periciais, os médicos e outros técnicos têm acesso à informação relevante,
nomeadamente, à constante dos autos, a qua lhes deve ser facultada em tempo útil.
O presidente do instituto, os diretores das delegações, os diretores dos serviços técnicos ou os coordenadores
dos gabinetes médico-legais podem solicitar informações clínicas diretamente aos serviços clínicos
hospitalares, serviços clínicos de companhias seguradoras ou outras entidades públicas ou privadas, que as
devem prestar no prazo máximo de 30 dias.
Efetivamente, não se pode concluir um relatório sem ter todas as informações clínicas necessárias. Daí que a
lei fixe este prazo máximo de 30 dias.
➔ Contudo, não há qualquer sanção prevista para o não cumprimento deste prazo, sendo que, a
única hipótese é o INML recorrer ao tribunal para que este aplique uma multa à instituição que devia
ter enviado as informações clínicas atempadamente.
Note-se: o incumprimento deste prazo é a principal causa do atraso da finalização das perícias médico-
legais.
Denúncia de crimes:
As delegações e os gabinetes médico-legais do Instituto podem receber denúncias de crimes devendo
remetê-las no mais curto prazo ao Ministério Público.
Sempre que tal se mostre necessário para a boa execução das perícias médico-legais, as delegações e os
gabinetes médico-legais do Instituto podem praticar atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os
meios de prova, procedendo, nomeadamente, ao exame, colheita e preservação de vestígios, sem prejuízo
das competências legais da autoridade policial à qual competir a investigação.
Ou seja, sempre que tal se mostre necessário, o Instituto pode realizar exames e perícias médico-legais,
mesmo antes da pessoa formalizar a queixa (isto acontece, sobretudo, nos exames sexuais – “o tempo é o
maior inimigo da medicina-legal»).
Assim, pela realização dos exames e perícias requisitados aos serviços do Instituto ou por este deferidas às
As quantias são consideradas custas do processo, mesmo que haja lugar ao seu arquivamento.
Efetivamente, esta foi a última revisão legislativa que operou no sentido de que as despesas com exames têm
de ser pagas na mesma (sendo pagas com dinheiro do Estado).
➔ Ver Portaria nº685/2005, de 18 de agosto relativamente à remuneração dos peritos. O perito é pago depois da
entrega do relatório. No INML existe um sistema de videoconferência e os peritos podem pedir aos
magistrados para este meio ser usado de modo a rentabilizar o tempo.
Esclarecimentos complementares:
Na prestação de esclarecimentos complementares posteriores à realização da perícia e envio do respetivo
relatório médico-legal deverá prescindir-se, sempre que possível, da presença do perito, devendo a
autoridade judicial que a solicita usar os meios técnicos processualmente previstos.
Destino dos produtos examinados:
A amostra fica depositada no serviço médico-legal durante o período de dois anos, após o qual o serviço
médico-legal pode proceder à sua destruição, salvo se, entretanto, o tribunal tiver comunicado a
determinação em contrário.
Antes a lei dizia que tinham de os conservar até que os magistrados ordenassem a sua destruição.
GENÉTICA-FORENSE
Definição do ramo
A Genética Forense é a única das ciências forenses que consegue quantificar a força do seu resultado. Tal
pode comportar algumas desvantagens, como o facto de os magistrados se apercebem de que não se chega a
100% de certezas, existindo sempre uma margem de dúvida, ainda que mínima. E isto porque é quem
recebe o relatório que interpreta o seu resultado (ou seja, os magistrados), sendo as ciências forenses um
auxiliador das suas tarefas decisórias.
➔ Efetivamente, nunca é possível atingir 100% de certeza, pois tal implicaria estudar toda a população
mundial. Na criminologia forense temos a ideia “in dúbio pro reu”, isto é: na falta de 100% de
certeza não se pode condenar ninguém. Porém, aqui 99,99% de certeza vale muito mais que 10
testemunhas.
Por sua vez, ao magistrado cabe interpretar os relatórios forenses (sendo certo que, estes relatórios não
são vinculativos).
Quanto mais raro o perfil analisado, mais provável é que tenha sido ele a deixá-lo (os grupos sanguíneos,
por exemplo, não constituem perfis raros).
➔ Desta feita, quanto mais marcadores se estudarem, mais certezas são alcançadas e tal é
qualificável.
Como referido, nesta matéria também a Polícia Judiciária tem laboratório científico que se dedica a estas
questões. Isto significa que, os magistrados podem enviar a amostra tanto para a PJ como para o INML. A
quem é enviada a amostra ficará responsável por estudar o caso.
Há muitos anos que há um acordo entre o INMLCF e a PJ, no sentido de que quem tem a amostra
problema, fica com o caso, a menos que haja uma determinação do magistrado titular em sentido diverso.
▪ Amostra-referência → é aquela que está identificada (em que se conhece o indivíduo a quem
pertence)
2) Criminalística biológica
Fora desse núcleo → temos o citoplasma, onde se encontra o chamado ADN mitocondrial
o A nossa constituição genética é igual em todas as nossas células.
o Nas células sexuais temos metade da nossa constituição genética.
Aquilo que mais se estuda na genética forense são os cromossomas, que se encontram dentro do núcleo das
células.
Temos 46 cromossomas no total:
➢ 23 pares de cromossomas:
o Em cada par, há um cromossoma que vem do pai e um que vem da mãe – 1 par de
cromossomas sexuais.
Marcadores clássicos:
1) Enzimas eritrocitárias
2) Enzimas leucocitárias
3) Proteínas plasmáticas
4) Antigénios eritrocitários
5) Antigénios leucocitários
Quando ocorre a fecundação, o espermatozoide junta-se ao núcleo do óvulo, sendo que é a mãe a atribuir
o ADN mitocondrial (que está no citoplasma e não no núcleo das células).
➔ Assim, se realizarmos um estudo com base no ADN mitocondrial, podemos realizar uma
investigação de paternidade? Não, porque o pai não transmite ADN mitocondrial, mas apenas a
mãe.
✓ Com o cabelo arrancado (que inclui a sua raiz) pode fazer-se uma investigação de paternidade.
Mas uma haste de cabelo cortado não permite que se realize uma investigação de paternidade, porque
uma haste de cabelo (sem raiz) só tem ADN mitocondrial, isto é, ADN da mãe, não servindo, pois, para a
realização de testes de paternidade.
Quando se estuda uma pessoa com base nos cromossomas não sexuais, só podemos saber quais
cromossomas vêm do pai ou da mãe, se os compararmos com os dele, já que os únicos cromossomas onde
existe certeza da sua origem são o cromossoma sexual Y (que vem sempre do pai) e o cromossoma X (que
vem sempre da mãe).
Sendo assim, quando vou estudar um determinado marcador, vou encontrar duas variáveis:
a. uma do pai
b. e outra da mãe.
Depois tenho de compará-las com o pai e com a mãe para saber qual vem dum e do outro.
Gene: é a unidade básica responsável por uma característica e que se transmite hereditariamente
(=marcador genético).
Locus: é a porção básica que um gene ocupa num cromossoma. É a localização de um marcador
genético. É igual em toda a gente.
Alelo: é a variável que as pessoas têm naquele marcador genético – dependem de pessoas para pessoa.
► Temos o ADN codificante – é responsável pelo funcionamento do nosso corpo e pelas nossas
características (responsável pela produção de proteínas, enzimas, etc.). Os erros/mutações no ADN
codificante podem conduzir a abortos espontâneos, mal funcionamento do corpo, doenças genéticas, etc.
► Temos também o ADN não codificante – é um ADN que não produz nada (há quem lhe chame de ‘ADN
lixo’. Portanto, é um ADN que pode acumular erros ao longo de gerações e gerações e tal não tem
consequências (corresponde a grande parte do seu genoma). O ADN não codificante é diferente em todos
nós, sendo aquele que mais interessa à genética forense.
O ADN não codificante é diferente em todos nós – é este que permite distinguir pessoas.
➔ Por tal razão, a genética forense não consegue distinguir irmãos gémeos verdadeiros, porque
partilham do mesmo ADN não codificante, embora seja possível se se encontrar uma mutação
genética, que pode verificar-se posteriormente.
Dentro deste temos o ADN repetitivo em tandem, que é aquele em que um conjunto de bases se vai
repetindo. O mais utilizado são os microssatélites que têm entre 1 a 6 bases. Podemos ainda reconhecer a
existência de minissatélites.
O ADN repetitivo em tandem – tem a ver com o n.º de repetições que temos (temos zonas do nosso genoma
que têm bases que e repetem – unidades repetitivas) → normalmente, são essas zonas que se estudam na
genética forense.
Tanto a maternidade como a paternidade são factos biológicos que carecem de vínculo jurídico. Contudo,
estes dois factos biológicos têm um modo diferente de se provados.
➢ No caso da mãe → a filiação resulta do facto do nascimento.
➢ Para o pai não se pode provar o seu envolvimento biológico, como se prova a maternidade. →
Aplica-se, pois, uma presunção ou testes genéticos (art. 1826º CC).
A investigação biológica da paternidade é realizada aquando das reclamações de paternidade e das
impugnações de paternidade. Apesar das várias soluções previstas no CC para determinação da paternidade,
os exames de sangue têm uma função importantíssima. Refere um Acórdão do STJ (1991) que “os exames
de sangue não constituem uma presunção da paternidade, pois tendem à prova direta da paternidade
biológica”.
Prova de Paternidade
O objetivo da investigação de paternidade é o de determinar se o pretenso pai em questão é ou não excluído
da paternidade do investigante. Com esse fim, estudam-se os vários marcadores genéticos (STR’S) que
conferem uma individualidade biológica determinada pelo perfil genético dos intervenientes no processo.
Numa investigação de paternidade, procura-se saber se o pretenso pai pode ou não ser o pai da criança. A
investigação biológica da paternidade ocorre em virtude:
a. De uma reclamação de paternidade
b. Ou de uma impugnação da paternidade
1.º - Pretende-se saber se é possível excluir o pretenso pai como pai da criança.
2.º - Não sendo possível excluir, desde logo, o indivíduo como pai da criança → é necessário calcular a
probabilidade do parentesco.
Exclusão ou incompatibilidade (deve ser sempre o tribunal a excluir a paternidade já que as provas na
área forense são apenas um auxiliar a uma conclusão a retirar pelo tribunal):
Exclusão de 1ª ordem ou baseada na 1ª regra de Landsteiner
Consiste no aparecimento no filho de um alelo novo que não existe nem na mãe nem no pretenso pai.
Hipóteses explicativas:
1. ele não é o pai;
2. ele pode ser o pai, mas é possível esta exclusão porque pode ter havido uma mutação na formação do
espermatozoide (é bastante raro que tal aconteça).
Esta é uma das limitações da genética forense: apesar de raro, há a possibilidade de ter havido uma
mutação na formação daquele espermatozoide, e o A mutou-se para B – pelo que o individuo é o pai
biológico da criança, mas há uma mutação de pai para filho, o que dificulta as análises genéticas.
ASSIM: um filho pode não ter exatamente a mesma constituição de metade da mãe e metade do pai, porque
pode haver uma mutação na formação do espermatozoide ou do óvulo.
NOTA: Em regra, só se estuda a possibilidade de mutações se houver algum tipo de exclusão de 1.ª ordem.
Consiste na não transmissão do pai para o filho de um alelo que deveria obrigatoriamente transmitir.
Hipóteses explicativas:
a. ele não é o pai;
b. Pode ter ocorrido uma mutação;
c. ele pode ser o pai e ser possível esta exclusão, porque pode ter havido uma transmissão de um
alelo silencioso, isto é, de um alelo que está lá, mas não se consegue identificar.
Esta é uma outra limitação da genética forense: um alelo silencioso é um alelo que existe, mas que não
se consegue identificar/determinar. Isto pode acontecer:
a. Quando se estudam amostras muito degradadas (quando há degradação, degradam-se os alelos
maiores) – Isto pode acontecer quando se fazem investigações de paternidade em material
degradado (p.e. ossadas). O ADN diz-se degradado quando a cadeia de ADN está partida. É mais
provável a degradação de alelos grandes, devendo, em material degradado ser procurado o alelo
mais pequeno para a realização do estudo.
Como ultrapassar o problema das mutações na genética forense?
Estabeleceu-se a seguinte regra – Se se realizar uma investigação de paternidade, estudando 20 marcadores
(por exemplo):
1. E não houver exclusão nenhuma nesses 20 marcadores → calcula-se a probabilidade de paternidade
2. Se nesses 20 marcadores há apenas uma exclusão de 1.ª ordem ou duas exclusões de 2.º ordem →
então calcula-se a probabilidade de paternidade sem ter em conta aqueles marcadores em que houve
exclusão (calcula-se a probabilidade com base nos outros 19 marcadores) – admite-se que aquela
exclusão se deverá a uma mutação
3. Se houver três ou mais exclusões de 1.ª ordem ou 3 ou mais exclusões de 2.ª ordem → considera-se
provada a exclusão de paternidade (como a taxa de mutação nos marcadores genéticos é superior,
consensualmente aceita-se que possa haver duas exclusões de 1.ª ordem).
EM SUMA:
1) Quando há apenas uma exclusão de 1ª ordem ou até duas exclusões de 2ª ordem, será calculada a
probabilidade de paternidade sem ter em conta os marcadores em que se verifica a exclusão.
2) Se o número de exclusões for superior ao previsto no 1), considera-se provada a exclusão.
3) Se não há nenhuma exclusão, avança-se para o cálculo da probabilidade de paternidade = Inclusão
Hoje em dia é consensualmente aceite que devemos ter mais de 2 exclusões de 1ª ordem para excluir a
paternidade. E isto porque, quando trabalhamos com marcadores genéticos, a taxa de mutação é de 1/1000.
(E isto apesar de que são mais polimórficos.) Há também que ter em conta que nos marcadores clássicos, a
taxa de mutação é inferior.
NOTA: Quando há poucas exclusões e a taxa de probabilidade da paternidade é muito elevada o que pode
acontecer é o pai não ser o sujeito, mas o seu irmão ou familiar próximo. Nestes casos, o médico diz ao
tribunal que o pai poderá ser alguém próximo ao sujeito que foi analisado.
Exemplo 1:
A – Inclusão
B – Exclusão de 1.ª ordem (existe no filho um alelo que não existe nem no pai nem na mãe – alelo 11)
C – Inclusão
D – Exclusão de 1.ª ordem (pela regra antiga: já dizíamos que este não é o pai da criança – hoje já não)
E – Inclusão
X=1
Probabilidade de ser filho do pretenso pai = 1
Em qualquer laboratório a nível mundial, há duas formas de apresentar o resultado da probabilidade de
paternidade:
➔ A probabilidade de paternidade pode ser expressa em termos (Equação de Essen Moller) ou como
índice de paternidade e será sempre acompanhada pela respetiva tradução verbal de Hummel (hoje já
não).
Quanto ao valor de Y → é necessário conhecer as frequências alélicas (frequência do alelo transmitido pelo
pai na população). Para isso é necessário estudar previamente as populações de referência.
CONCLUSÃO:
➔ Quanto mais baixo for o denominador, o valor final aumenta – ou seja, quanto mais raro for o
alelo transmitido pelo pai na população, mais alta é a probabilidade da paternidade.
A escala de Hummel já não é usada e tem apenas valor de orientação para o magistrado.
➔ Um bom laboratório deve, pelo menos, atingir 99.99% de probabilidades. Não deve o magistrado
receber nenhum relatório de paternidade que não atinja 99.99%.
2. o pretenso pai está desaparecido e utilizam-se familiares afastados, já que quanto mais afastado,
mais baixa a probabilidade.
b. se o pretenso pai está ausente, podem ser utilizadas amostras sanguíneas dos familiares;
CASOS PRÁTICOS
1.º sistema – Inclusão para os 2
2.º – Inclusão para Diogo; Exclusão para o Miguel
3.º - Inclusão; 4.º - inclusão; 5.º - inclusão; 6.º - inclusão; 7.º - inclusão
8.º - Inclusão para o Diogo + Exclusão para o Miguel
➔ Já temos duas exclusões para o Miguel
CRIMINALÍSTICA E IDENTIFICAÇÃO
Há um conjunto de regras para a colheita de amostras que se têm de cumprir, e que se relacionam
diretamente com o sucesso do resultado das análises forenses.
➔ Se a colheita não for bem feita, muitas vezes, isso invalida o sucesso da investigação.
Cabe ao Procurador orientar os agentes da polícia para que tais regras sejam cumpridas.
Coloca-se a questão de saber quais os cuidados a ter nas colheitas das amostras de material genético:
o No exame local
o No exame da vítima
o E no exame do agressor
Devemos evitar colocar uma amostra que colhemos no local do crime num local com calor e humidade.
o Por seu turno, se aquele perfil for muito comum, menor será essa probabilidade.
Likelohood Ratio
O LR é tanto maior quanto mais baixa for a frequência do perfil na população. Que população? É o
tribunal que determina a população que se deve comparar.
cromossoma Y tem especialmente na criminalística biológica uma grande importância – no caso dos crimes
sexuais.
Quando há uma violação – encontramos uma mistura de sémen do agressor com as células vaginais da
vitima.
Ora, às vezes, as células vaginais da vitima são em quantidade muito superior ao sémen do agressor. Logo,
se vamos estudar os marcadores autossómicos (que são os 22 pares que vimos supra), temos uma mistura em
que as vezes a quantidade da vitima é muito superior à do agressor. Assim, o cromossoma Y tem um grande
virtude quando a vítima for do sexo feminino – as mulheres não têm cromossoma Y e os agressor, se for
homem, tem cromossoma Y. Assim, se aparecer cromossoma Y na amostra colhida, este será do agressor (e
não da vítima).
O cromossoma Y de um determinado individuo, se não houver mutações, será igual ao do seu pai, e ao do
seu avô paterno.
a. Assim, se houver uma violação e o cromossoma do suspeito for diferente do cromossoma encontrado na
vítima da violação → não foi aquele individuo.
b. Já se o cromossoma Y encontrado na vítima for igual ao do suspeito:
- Pode ter sido o suspeito a cometer o crime de violação
- Mas também poderá ter sido o seu pai, o seu irmão, o tio paterno dele, etc. – porque o cromossoma
Y, à partida (exceto e tiver ocorrido alguma mutação) é igual em todos os membros do sexo
masculino da família.
EM SUMA:
O cromossoma Y é muito bom para excluir (se for diferente), mas para incluir, inclui uma família inteira →
e o mesmo sucede no âmbito das investigações de paternidade.
TOXICOLOGIA FORENSE
(pag. 40 da sebenta)
As 3 Delegações têm:
Área da patologia (das autopsias médico-legais)
Área da anatomia patológica (realiza exames complementares na sequencia de uma autópsia médico-
legal)
Área da clínica médico-legal (área dos “vivos” – onde se fazem os exames no âmbito do direito penal,
civil, do trabalho, etc.).
A esta junta-se:
- A área da psicologia
- A área da psiquiatria
(sempre que há perícias complementares ou específicas desta área)
Serviço de química e toxicologia forense
Serviço de genética e biologia forense
• Veneno – é aquela substância tóxica empregue de um modo intencional – aqui são consideradas as
intoxicações homicidas ou suicidas, mas nunca acidentais.
Para se poder dizer que houve um envenenamento é preciso dizer-se se a morte foi ou não causada por uma
intencional interferência de tóxico. Logo: toxicologia analítica, criminalística e depois a parte jurídica.
Considerações gerais
O toxicologista “faz o que lhe mandam”, mas se se aperceber de algo, deve comunicar ao médico no sentido
de poder haver outros exames importantes a realizar. Para passar à quantificação de tóxicos, temos de
recorrer a padrões. Só há aqui identificação do tóxico qualitativamente – por exemplo: heroína (e não o tipo
específico.
Tipos de intoxicação
• Aguda – é a mais frequente, aqui entra a importância da toxicologia clínica.
• Crónica – o indivíduo vai estando exposto ao tóxico, e a sua concentração vai-se acumulando
progressivamente.
Investigação toxicológica
O sangue é a amostra de eleição de toxicologia (colhida nas extremidades – sangue periférico; isto porque o
sangue cardíaco pode ser contaminado com os órgãos adjacentes ao estômago).
As substâncias mais procuradas são o álcool, drogas e medicamentos. Se há conhecimento prévio de tóxico
envolvido, empregam-se meios específicos para identificação e quantificação dele. Porém, a situação mais
frequente é ser o tóxico desconhecido, o que implica uma metodologia complexa.
Assim, a investigação toxicológica consiste no conjunto de processos analíticos com o objetivo de separar,
detetar, identificar e quantificar uma ou mais substâncias, principalmente consideradas tóxicas.
• Tipos de amostras:
a) Sangue – periférico, colhido nas extremidades porque este é mais útil para a identificação de exames e
especialmente para quantificar (confirmar/quantificar). No caso de envenenamento por tóxico, pode
analisar-se o sangue cardíaco e o estômago (conteúdo gástrico), mas para quantificar/confirmar usa-se o
sangue periférico.
b) Urina
c) Bílis – importante quando não há urina
d) Pulmão – suspeita de tóxico volátil
e) Rins – intoxicações crónicas por metais
f) Fígado – importante quando não existe sangue; porque faz a biotransformação da maioria dos tóxicos
g) Cérebro – mortes por inalação de solventes
h) Cabelo – informação toxicológica muito anterior à morte
i) Humor vítreo – útil para análise de álcool etílico (é resistente à contaminação bacteriana)
j) Amostras não biológicas – ajuda no esclarecimento dos acontecimentos
Note-se que, o exame do corpo na autópsia (patologia forense) não permite ao perito tirar conclusões
distintivas sobre as substâncias responsáveis pela morte.
Depois de tudo isto, a amostra entra no serviço e temos de verificar se as amostras estão frescas, para depois
registar. A primeira coisa a fazer no serviço de toxicologia é avaliar se a cadeia de custódia foi cumprida.
Conclusão: a cadeia de custódia pretende que se tenha um controlo de tudo o que se fez e que todo o
resultado é obtido com confiança e certeza. É necessário:
1. Colheita adequada a cada tipo de análise
2. Contentores adequados para cada tipo de amostra
3. Fechados e selados
4. Mantidos ao abrigo da luz e a baixas temperaturas
5. Requisições devidamente preenchidas
6. Etiquetas com identificação inequívoca, conteúdo, proveniência, data e hora da colheita
O facto de a cadeia não ser cumprida nem sempre significa adulterações. Mas é algo muito importante para
garantir que a análise será bem feita.
• Medicamentos
Um medicamento é toda a preparação farmacêutica contendo um ou mais princípios ativos destinado ao
diagnóstico, prevenção ou tratamento de doenças ou dos seus sintomas ou à correção de funções orgânicas.
2. Antipiréticos e Analgésicos
2.1. AAS e derivados
2.2. Paracetamol
3. Antiepiléticos, Antihistamínicos e Digitálicos
Monóxido de Carbono
Pode ser detetado morte em caso de suicídio, acidente e homicídio pela utilização deste gás. Trata-se de um
gás incolor, inodoro, insipido, não corrosivo e de elevada difusibilidade.
• Drogas de abuso
Depressores do Sistema Nervoso Central (SNC)
a) Ópio
b) Morfina – a morfina é o protótipo dos agonistas opioides; tem a capacidade de aliviar a dor
intensa com notável eficácia; é o padrão a partir do qual todos os fármacos com acentuada ação
analgésica são comprados; sendo o principal alcaloide do ópio, está presente numa concentração de
cerca de 10%.
➔ A estrutura básica da morfina pode ser alterada levando a modificações drásticas nos efeitos da
droga.
A acetilação de grupos hidroxilo podem levar à síntese de heroína (diacetilmorfina), com muito maior
capacidade para atravessar a barreira hemato-encefálica.
➔ No cérebro, no entanto, a heroína é convertida em morfina e monoacetil morfina.
c) Heroína – a pior droga é a heroína (produto derivado da morfina – a heroína entra mais
facilmente no cérebro, mas atua como morfina).
Note-se que é necessário verificar se o indivíduo foi medicado com morfina por exemplo. Mas é importante
nesses casos saber a origem e a (i)licitude da morfina.
Se se a heroína transformasse em morfina muito rapidamente. Daí que seja essencial o exame do local
(examinar a colher, a seringa).
Havendo suspeita de intoxicação por heroína – procedimento:
local da morte + tudo o que estiver perto do cadáver + características/antecedentes do indivíduo + autópsia +
análise toxicológico.
Estimulantes do SNC
a. Anfetaminas
Existem anfetaminas naturais (plantas medicinais) e anfetaminas sintéticas (a mais conhecida é a MDMA).
Os locais típicos de consumo destas substâncias são em raves, discotecas, festivais de música e “house
parties”.
b. Cocaína
A cocaína é o principal alcalóide encontrado nas folhas do arbusto da coca. É um estimulante do SNC.
Em 2500 a.C. a folha da coca era utilizada pelos povos da América do Sul, considerada um presente dos
Deuses apenas acessível às elites. Era utilizada em várias cerimónias, como anestésico local, dores de
estomago, combater a fadiga e a fome. Com o tempo foi sendo utilizada para o tratamento de diversas
doenças e, mais tarde foram surgindo bebidas.
➢ Vias de consumo: injetável, pulmonar, oral e inalatória.
• Drogas alucinogénias
a) Carabinóides
b) LSD
A partir de 2004, o seu consumo em Portugal aumentou exponencialmente. Temos várias espécies de planta
cannabis, com várias concentrações. A concentração de THC que existia há uns anos atrás não tem nada a
ver com a que existe hoje – um consumidor de cannabis nos dias de hoje está exposto a doses francamente
mas elevadas do que nas anteriores décadas de 60 ou 70.
➔ É consumido como erva (marijuana), a resina, o haxixe e o óleo extraído da planta.
De facto, existem vários fatores/variáveis que podem afetar as propriedades psicoativas dos carabinóides: a
potência do cannabis usado (depende da % de THC existente), a via de administração, a técnica de fumar, a
dose, a experiência e expetativa do consumidor, bem como a vulnerabilidade biológico dos efeitos da droga.
O THC é o princípio ativo que se transforma no organismo em OH-THC e atua em dois recetores do
cérebro.
O consumo de cannabis provoca os seguintes efeitos corporais:
- Olhos: vermelhidão, diminuição da pressão intra-ocular;
- Boca: secura
- Pele: sensação de calor e frio
- Coração: aumento da frequência cardíaca
- Músculos: relaxamento
Tem como efeitos fisiológicos:
- Sensação de prazer,
- Bem-estar,
- Euforia,
- Intensificação da consciência sensorial,
- Maior sensibilidade aos estímulos externos,
- Ideias paranoides,
- Confusão de pensamentos,
- Sonolência, relaxamento,
- Instabilidade no andar,
- Alteração da memória imediata,
- Diminuição da capacidade para a realização de tarefas que requeiram operações múltiplas variadas,
- Diminuição da capacidade de reação e défice na aptidão motora ou interferência na capacidade de
condução de veículos e outras máquinas.
Consumo atual
Nos últimos anos novas drogas estão a entrar no mercado a um ritmo assustador. Estas mimetizam os efeitos
de drogas já conhecidas, não estão previstas na lei (estatuto de legalidade), são vendidas em lojas online ou
lojas físicas sobre várias formas e a sua toxicidade não está estudada.
➔ O aumento do consumo destas substâncias foi relatado quase globalmente. Constituindo, por isso,
um perigo para a saúde pública.
Verificou-se um aumento significativo da recorrência aos serviços de emergência médica, casos de
internamento e mortes. Traduzindo, dessa forma, num desafio para os sistemas de controlo de narcóticos
a nível nacional, regional e global.
o Smart shops: são estabelecimentos comerciais especializados na venda de substâncias psicoativas,
originárias da Holanda. E Portugal a primeira smart shop abriu em 2007. Contudo, em 2013, o
Decreto-Lei nº54/2013 levou ao encerramento de todos estes estabelecimentos em território nacional.
Efetivamente, os efeitos produzidos pelas drogas ilegais e pelas legal highs são os mesmos e ambas podem
levar à morte.
Em 2011 ocorreu uma epidemia na ilha da Madeira, com a ocorrência de 200 internamentos, 308
entradas nos serviços de urgência e 4 mortes. O Decreto-Legislativo Regional nº15/93 adiciona à lista de
substâncias proibidas todas aquelas incluídas nas listas de novas substâncias psicoativas publicadas
anualmente pela OEDT.
Previu um regime cautelar de suspensão de venda por 18 meses de todas as substâncias que possuem
estrutura química ou efeitos biológicos similares às incluídas no DL. Obrigou também à identificação de
todos os constituintes psicoativos na rotulagem de produtos disponibilizados ao público.
A Portaria nº154/2013 contém uma lista de novas substâncias psicoativas que se anexa ao referido DL
(159 substâncias divididas em 7 grupos).
• Álcool
Efeitos do álcool:
a) Pele:
– Dilatação vascular cutânea
– Flush da face, pescoço e tronco
– Em doses elevadas: palidez da pele por insuficiência circulatória do tipo do choque
b) Rim:
– Poliúria, ↑ acidez urina
– Inibe libertação de HAD
c) Fígado:
– Hepatotóxico direto
– Esteatose e cirrose
d) Cardiovascular:
– Vasodilatação
– Elevação da TA
– Aumento do débito cardíaco
– ↑↑ Quantidades: asfixia, impede circulação, choque e analgesia
e) Tubo Digestivo:
– ↑ Fluxo de saliva e suco gástrico
– Inibe motilidade, secreções
– Vómitos de origem central
b) Depressão nos centros inibitórios mais elevadas (libertação dos mecanismos normais de controlo social e
comportamental = efeito inibidor e euforizante)
c) Depressão das áreas de integração mais elevadas (alteração do raciocínio, da discriminação fina, da
capacidade de decisão e da função motora)
Altera as capacidades cognitivas e psico-motoras. Levando ao aumento dos tempos de reação, menor
capacidade e rapidez de decisão, diminuição do poder de diversificar a atenção, descoordenação dos
movimentos; comportamentos desviantes: suicídios ou criminalidade (ofensas corporais, homicídios,
agressões sexuais).
➔ Com mais de 0,45g/ml o álcool leva à morte. Entre 0,35 e 0,50 está em estado de coma.
Em cada pessoa a reação é diferente, pelo que se verifica uma acentuada variabilidade inter-individual.
• Comportamentos de risco:
A. Os acidentes de viação podem ocorrer:
a. por fator técnico (10-15% dos casos)
b. ou por fator humano (85- 90% dos casos).
Sempre que um indivíduo morre na estrada tem de se colher sangue para avaliação da alcoolemia. O Decreto
Regulamentar nº18/2007, de 17 de maio, define o processo de fiscalização ao álcool e às substâncias
psicotrópicas.
1. Teste de ar expirado
- 1º teste qualitativo – indica a presença
- 2º teste quantitativo – quantifica a TAS
→ O individuo pode alegar determinadas condições de saúde para negar realizar o teste em ar expirado.
→ TODAVIA, não pode negar o teste de confirmação em sangue.
Tem de haver um exame de confirmação ao sangue que só a medicina legal pode fazer. No caso das drogas
há obrigatoriedade de confirmação. Apenas o INML pode fazer análises toxicológicas para determinação do
álcool.
➢ Se o individuo não conseguir expirar suficientemente → passa logo para o exame de sangue.
➢ Quando, em vez de ser o agente de autoridade a parar alguém para fazer uma operação STOP, for no
âmbito de um acidente de viação → faz-se logo exame de sangue, sem haver teste de ar expirado (é
realizado diretamente nos serviços de saúde – hospital, por exemplo, - para onde é encaminhado o
acidentado) – estes exames são obrigatórios, no caso de acidente de viação.
a. O agente de autoridade encarregue da fiscalização pode ter o aparelho do teste da saliva no veículo;
a. Mesmo que dê positivo – ao contrário do ar expirado – não pode haver lugar à aplicação de
nenhuma sanção no local (há uma positividade em saliva)
b. O agente de autoridade encaminha o condutor para o serviço de urgência do Hospital;
c. É recolhida a amostra de sangue
d. Aqui é obrigatória a confirmação em sangue
b. Ou pode não ter e aí terá de encaminhar o condutor a um hospital para fazer esta mesma triagem:
a. Em urina
b. Ou pode só pedir a colheita de sangue, na medicina-legal.
EM SUMA:
• Em ar expirado → não é obrigatória a confirmação em sangue
• Em saliva → é obrigatória a confirmação em sangue
NOTA:
Aquilo que nos influencia é em sangue – “sangue” é a amostra de eleição.
Só se pode sancionar uma pessoa que estava a conduzir, ou no âmbito de um acidente laboral, se tiver
determinação de substancias em sangue (o ar expirado só acontece no âmbito do código da estrada); não é
em saliva, nem urina, etc.
Mas as boas práticas de medicina legal determinam que tal seja obrigatório, para que os processos não
fiquem parados.
o Alcoolémia cadavérica
Este visa determinar a concentração de álcool no sangue num determinado momento prévio.
Por exemplo: faz-se o tete de alcoolémia na sexta-feira às 20h (quando o indivíduo faleceu), mas o acidente
deu-se na sexta-feira às 17h – pelo que se pretende saber qual o nível de alcoolémia no momento do acidente
(e não no momento do falecimento).
➔ A fórmula é: Co = Ct + (B x T)
➔ O coeficiente de etiloxidação indica a capacidade metabólica do indivíduo, mas tem uma grande
variabilidade inter e intraindividual.
Isto é, da fase da absorção para a eliminação há uma série de fatores que influenciam essa passagem.
Nomeadamente, tipo de bebida, dose ingerida, padrão de consumo, estado digestivo, natureza e composição
dos alimentos ingeridos, patologia gastrointestinal, medicação, características genéticas, peso, idade, sexo,
estado emocional, etc.
As fórmulas para o cálculo retrospetivo são apenas aplicáveis na fase de eliminação. Para serem de maior
fidedignidade exigem diversas determinações da TAS e tao próximas quanto possível da ingestão.
➔ Dr.ª HELENA TEIXEIRA – não acredita na viabilidade destas formulas, acreditando que se deve
pura e simplesmente utilizar a amostragem recolhida do cadáver (se, no exemplo em apreço, não se
tiver recolhido qualquer amostra de sangue entre as 17h e as 20h).
Porque o B (beta) pode variar muito de individuo para individuo, não sendo os resultados destas
formulas credível.
Podem ocorrer desvios inadmissíveis.
NOTA:
Está provado que a rede venosa periférica (ao contrário da arterial) é aquela que está menos suscetível a
fenómenos de distribuição post mortem.
Devemos ter diferentes tipos de sangue uma vez que as amostras não são iguais consoante os locais da
colheita.
➔ No cadáver tira-se sempre mais do que uma amostra: sangue arterial e sangue venoso – central e
periférico.
≠ Se não for possível obter sangue venoso periférico, podemos recorrer ao sangue central, mas só se se
verificarem determinados pressupostos:
Porém, podemos não ter nenhuma amostra de sangue. Nestes casos, tem de haver uma determinação
indireta da alcoolemia (TAS=Concentração na amostra X Raxa de conversão). Há outras amostras:
a. Medula óssea: mas do ponto de vista laboratorial é muito difícil e, por isso, não se usa
b. Músculo: em Coimbra também não se usa
c. Humor vítreo: é o melhor para a exclusão (é a amostra alternativa ideal). O humor vítreo é o
líquido anatomicamente muito protegido, que se localiza por detrás do olho, ausente de fenómenos
putrefativos.
NOTA: a correlação “humor vítreo/sangue” não é fidedigna – tem intervalos brutais:
Se der negativo – o resultado é perfeitamente fidedigno para usar em Tribunal
Se der positivo só em humor vítreo – não se pode utilizar para fins legais (nomeadamente
no campo da condução rodoviária)
➔ Porém, tem um grande problema: tal como no ar expirado, não tem uma correlação com a taxa (do
sangue).
É, no entanto, muito importante para determinar a negatividade (ausência de álcool). Já a positividade é mais
problemática em termos de identificação. Atendemos aqui à taxa de conversão para o humor vítreo.
Mas podemos também fazer análises no humor vítreo e no sangue podendo concluir em que fase é que
estava o indivíduo (fase absorção – TAS/TAHV > 1 ou de eliminação – TAS/TAHV < 1).
➔ Temos assim que recorrer à análise toxicológica para, face à interpretação de resultados, determinar
se está em causa um acidente, suicídio, homicídio ou morte relacionada com o consumo.
A perícia toxicológica requer vários procedimentos de divisão de amostras, extração e de purificação. É
muito importante aqui o exame do local (colheita de vestígios biológicos e não biológicos).
É importante recolher informação social junto de familiares e/ou amigos ou vizinhos da vítima,
questionando nomeadamente:
- Sintomas antes da morte? Medicação? Qual? Quantidades? Desde?
- Consumo de drogas? Tipo? Vias? Desde?
- Antecedentes patológicos? (doença psiquiátrica?)
- Tentativas de suicídio anteriores? Quantas? Meios empregues?
- Carta ou bilhete de despedida?
Nos casos de suspeita de morte por intoxicação, o perito deve dar especial atenção à informação
circunstancial da morte e material encontrado junto da vítima! Tais como:
1. Restos de vómito – na vítima (corpo, roupa suja de vómito) e no local onde foi encontrada;
2. Cheiro ou odores no local (intoxicação por gases, etc.); torneira de gás aberta/fechada
9. Embalagens de medicamentos
✓ A clínica forense
✓ Hospitais (são prioritários)
✓ Análises particulares
o Condicionantes:
▪ Não se podem levar amostrar biológicas de ninguém
▪ Amostras não biológicas: se se constatar tratar-se de uma substância ilícita, deixa de
ser uma análise particular, porque tem de ser transmitida ao MP.
DO EXAME LOCAL
As autópsias médico-legais têm como objetivo o estudo do cadáver para ajudar num caso judicial:
a. esclarecendo a causa da morte,
b. as circunstâncias em que ocorreu a morte,
c. verificar a eventual intervenção de terceiros, sua identificação e grau de responsabilidade.
Diagnósticos diferenciais que têm de ser realizados no âmbito de uma autopsia-médico legal:
1) Morte natural (que resultam de patologias intrínsecas à própria pessoa) ou Morte violenta
(c/intervenção de um agente externo – “agente” ≠ pessoa);
2) Suicídio; Homicídio ou Acidente
3) Natureza do instrumento produtor das lesões
4) Entre lesões: causa adequada ou causa ocasional de morte
5) Etc.
O documento elaborado no final é remetido à autoridade judiciária.
➔ Este documento, juntamente com declarações recolhidas de familiares, amigos, vizinhos,
testemunhas, etc. → pode levar à dispensa da autópsia!
O perito avalia:
- O ambiente +
- As circunstâncias do local
- O corpo e o estado em que este se encontra
Tem de haver:
✓ - Colaboração com perito forense
✓ - Isolamento da área, p/ preservação do local
✓ - Deve observar-se muito
✓ - Falar Pouco
✓ - Tirar fotos
Não se deve tomar nenhuma atitude que possa prejudicar a investigação;
- Colocar luvas, botas, máscara e bata (para evitar deixar vestígios alheios no local)
- Identificação dos presentes, em particular da pessoa que encontrou o cadáver
- Registo do local, data, hora e via de acesso
- Recolha do máximo de informação possível sobre o caso
- Registo das condições climatéricas
- Esquema e fotografias do local, áreas contíguas e do corpo (fotografias c/ escala, e s/ escala)
- Pegadas
- Marcas de arrastamento
- Marcas de pneus
- Vestuário inapropriado para o local
- Livores (manchas que se formam no cadáver em zonas de decúbito não sujeitas a pressão) não
compatíveis com a posição do cadáver
- Material estranho ao local
Fenómenos Cadavéricos
As manobras de reanimação podem provocar lesões.
➔ Ora, no âmbito da autopsia o médico legista vai encontrar essas lesões e tem de distinguir estas
lesões de outras que tenham resultado de um eventual evento traumático.
Elementos identificativos:
- Aspeto facial
- Cor dos olhos e cabelos
- Pigmentação da pele
- Tatuagens
- Cicatrizes: forma, localização e idade
Outros:
- Deformações ou próteses
- Estigmas ocupacionais (calos, p.ex.)
- Estatura, sexo, idade, raça
- DNA (é o último recurso – serve para identificação APENAS se tivermos algo com que comparar)
Quando temos restos cadavéricos → Pode ter de se recorrer a técnicas especiais.
IMPORTANTE:
- Etiquetar devidamente: local da amostra, natureza da mesma, data, nome do perito, identificação do
indivíduo.
- Enviar documento detalhado (colheita e história)
- Colher material do próprio perito para tipagem
ELABORAR HIPÓTESE SOBRE A CAUSA E ETIOLOGIA MÉDICO-LEGAL
Temos de recolher elementos para elaborar uma hipótese sobre a causa e etiologia médico-legal.
MORTE NATURAL?
MORTE VIOLENTA?
- Suicídio
- Homicídio
- Acidente
Às vezes, os próprios locais onde se encontram os cadáveres levam logo à suspeição de certas situações.
Verificação e certificação do óbito
A verificação e certificação do óbito são da competência do médico e qualquer médico inscrito na Ordem
dos Médicos deverá estar habilitado a fazê-lo. – Art. 93.º do Código Deontológico da Ordem dos Médicos
Na prática, pode certificar o óbito o médico que:
1) Tenha assistido o doente nos últimos 7 dias que antecederam a sua morte
2) No caso de se tratar do seu médico assistente habitual – mesmo que o não tenha observado nas
últimas semanas, que a morte seja consequência previsível da evolução da doença.
Certificação do óbito = é o documento oficial que certifica a morte de uma pessoa (a certificação do
óbito é da exclusiva competência dos médicos – art. 114.º CDOM).
2) Ausência de batimentos cardíacos (durante 5 minutos nos 4 focos, ECG isoelétrico, ausência de
circulação periférica e pulso sistólico)
Excluir:
- Hipotermia
- Intoxicação por fármacos depressores do SNC
- Alterações endócrinas ou metabólicas
• Morte clínica
Dois conceitos de morte clínica
1. Morte cardiorrespiratória (cardíaca)
2. Morte cerebral (ou morte tronco-encefálica ou morte encefálica)
Certificação do óbito = é o documento oficial que certifica a morte de uma pessoa e de onde consta a
causa da morte (a certificação do óbito é da exclusiva competência dos médicos– art. 114.º CDOM).
➔ Chama-se a atenção das “muitas implicações” das certidões de óbito, no que respeita a “seguros de
vida, heranças e indemnizações, que, por vezes, inibem os médicos de expressarem a verdadeira
causa da morte”.
A OMS recomenda que de distingam vários tipos de causa de morte, nomeadamente:
1. Causa direta da morte (alínea a) – o estado patológico ou lesão traumática que provocou diretamente a
morte. Constitui a última consequência ou efeito da causa básica.
Exemplos: (1) lesões traumáticas crânio-meningo-encefálicas; (2) peritonite
2. Causa básica da morte (alínea c) – é o estado patológico responsável pelo desencadeamento de outros
estados patológicos classificáveis como causa direta. Em medicina legal corresponde às circunstâncias que
estiveram na origem da produção das lesões – acidente, suicídio, homicídio.
Exemplo: (1) acidente de trabalho (2) apendicite
3. Causa intermédia (alínea b) – estado patológico que relaciona a causa básica com a direta, quando
existe. Quando não existe, apenas há lugar às outras duas. Muito importante para nós é o instrumento que
produziu as lesões traumáticas (causa direta).
Exemplos: (1) queda de andaime; (2) rutura do apêndice
Parte II – “outros estados mórbidos, fatores ou estados fisiológicos que contribuíram para o
falecimento, mas não mencionados na Parte I”
É importante a avaliação do nexo de causalidade e eventuais concausas, e ainda, para fins estatísticos.
Situações em que a verificação e a certificação do óbito constituem ato único
Lei n.º 15/2012 de 3 de abril – Institui o Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO)
O SICO é um sistema de informação cuja finalidade é permitir uma articulação das entidades envolvidas
no processo de certificação dos óbitos, com vista a promover uma adequada utilização dos recursos, a
melhoria da qualidade e do rigor da informação e a rapidez de acesso aos dados em condições de segurança
e no respeito pela privacidade dos cidadãos.
EXAME EXTERNO DO CADÁVER
Como vimos na autópsia médico-legal, procedemos ao exame do local, do vestuário, do hábito externo e
interno e a exames complementares.
A Lei nº45/2004 de 19 de agosto prevê no artigo 13º a realização de perícias urgentes e o artigo 17º o óbito
verificado fora de instituições de saúde.
Exame pericial do hábito externo – consiste em elaborar um mini-relatório/exame sumário. É fundamental
para determinar se se ordena ou dispensa a autópsia.
c) Exame externo:
1. Sinais relativos à identificação: idade aparente, sexo, altura, peso, estado de nutrição, cor e forma do
cabelo, cor da íris, estado e particularidades da dentadura, cicatrizes/tatuagens, deformidades/malformações,
estigmas profissionais, impressões digitais, vestuário/objetos de uso pessoal, etc.
B. Lesões traumáticas:
o natureza da lesão,
o localização,
o número de lesões,
o distância a pontos fixos,
o forma da lesão, dimensões, direção, características da lesão.
D. Posição do cadáver.
Art. 144.º/d) CP – “Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa de forma a: (…) d) provocar-lhe
perigo para a vida”.
○ Período de doença – é todo o tempo que passa desde uma agressão (desde um traumatismo) até à
data em que a lesão se cura; em que terminam os tratamentos.
iii) Cura
– Consiste na recuperação anatómica, funcional e psico-sensorial integral com restitutio ad integrum (isto é,
a pessoa fica como antes da lesão).
- É quando não há sequelas – quando as lesões se curaram na sua totalidade, sem deixar quaisquer sequelas
(há uma recuperação integral).
É o caso, por exemplo, de uma equimose; de escoriações, etc.
iv) Consolidação
– Consiste na recuperação anatómica, funcional e psico-sensorial parcial, com sequelas que se mantêm a
partir de determinado momento.
- É quando há uma recuperação, mas que deixa sequelas (não se consegue voltar totalmente à situação que
existia antes do individuo sofrer o traumatismo.
É o caso, por exemplo, de uma cicatriz, de uma fratura.
PERGUNTA EXAMES!!
Objetivo da avaliação corporal para o D. Trabalho – avaliar a “perda da capacidade de ganho no
trabalho”. Isto é: visa-se avaliar a repercurssão que aqueles danos têm no exercício da atividade
laboral/profissional; avaliar os danos que são passíveis de afetarem o exercício da profissão.
➔ Apenas se avaliam, portanto, danos patrimoniais – danos relacionados com a afetação para o
exercício da profissão.
Objetivo da avaliação corporal para o D. Civil – avalia o dano de forma integral (visando a reparação
integral do dano); em que se avaliam as repercussões do dano para as mais diversas atividades quotidianas.
➔ O objetivo é mais abrangente.
AVALIAÇÃO DO DANO CORPORAL EM DIREITO DO
TRABALHO
OU SEJA:
➢ IPATH – para o trabalho/profissão habitual
PERGUNTA EXAMES!!
As vítimas de AT (acidente de trabalho) não necessitam de fazer o ónus da prova.
➢ Em DTrabalho, as lesões verificadas a seguir ao acidente presumem-se que são consequência do
acidente de trabalho (o legislador “acredita” naquilo que o sinistrado diz).
➔ Terá, portanto, de ser a companhia de seguros a provar o contrário (que aquela lesão não resulta do
acidente de trabalho).
EM DIREITO CIVIL – o ónus recai sobre o proprio sinistrado.
Danos patrimoniais:
o RTAPT – Repercurssão Temporária na Atividade Profissional Total – quando a pessoa está de baixa
o RTAPP – Repercurssão Temporária na Atividade Profissional Parcial – a pessoa está a fazer
fisioterapia, está em tratamentos.
Danos extrapatrimoniais:
o APIFP – Afetação Permanente na Atividade Física ou Psíquica (incapacidade para os atos da vida
diárias) = Défice funcional permanente
Em DTrabalho – é dado em percentagem
Em DCivil – é dado em pontos
NOTA:
o Dano Futuro (não é quantificado, é apenas qualificado “existem aqui motivos para um dia o
proceso ser reaberto”)
Em DCivil (ao contrário do que acontece no ambito do DTrabalho) não há facilidade de reabertura de
processo. Só em casos particulares é que se dá “dano futuro”, porque se sabe, liminarmente, que há uma
grande probabilidade (quase certo) de agravamento da situação.
o Dependências
Danos patrimoniais:
● RAP – Repercussão na Atividade Profssional (permanente)
É impeditivo p/ a atividade profissional? Para quê?
FORMA DO RELATÓRIO MÉDICO-PERICIAL
TIPOS DE FERIMENTOS
Ver apontamentos sebenta – pags. 21 a 29
B. Abrasão: esfoliação/escoriação
C. Ferida contusa:
a. Lesões modeladas
b. Estigmas ungueais
c. Mordeduras
• Armas brancas
Tipos de feridas produzidas por instrumentos cortantes:
➔ Dão origem a ferida incisa.
Podem ter: Cauda de rato
AÇÃO DE NATUREZA PERFURANTE
Exemplo: machado
➔ Dá origem a: ferida corto-contundente.
2- Trajeto em canal
3- Orifício de saída de projétil (inconstante) – pode não ter.
AUTÓPSIAS MÉDICO-LEGAIS
As autópsias médico-legais estão asssociadas ao estudo e à dissecação de um cadáver ou de partes do
mesmo.
Analisando a etimologia da palavra “autópsia”: “autos” + “ophis” → ver com a propria vista; relacionado
com a observação do cadáver, todavia numa autopsia há imput de vários sentidos, não só a vista.
Objetos da autópsia:
• Cadáver íntegro e em bom estado de conservação
• Cadáver em decomposição
• Cadáver com mutilações
• Restos cadavéricos
2 Tipos de Autópsias
PERGUNTA EXAMES!!
A autópsia começa na mesas de autópsias? NÃO.
Começa no local, incluindo com as diligências de apuramento das circunstancias em que foi encontrado o
cadáver (quem encontrou, como encontrou, se houve alterações, etc.), com o exame do local, depois há todo
um exame de documentação e /ou testemunhas, só depois então, e depois de feito um exame ao vestuário do
indivíduo que vai ser autopsiado é que toma lugar o exame ao cadáver: exame externo e exame interno.
Podem ainda ser feitos, posteriormente, exames complementares que se considerem necessários.
➔ São as entidades judiciárias (administrativas) competentes que dispõem, em última análise, de todos
os elementos para determinar como entendem que a morte em casa deve ser rotulada.
“WHAT”
IMPRIMIR Lei n.º 45/2004 (atualizada): Arts. 14.º, 15.º, 17.º, 18.º, 19.º!!
PATOFISIOLOGIA DA MORTE
• Arrefecimento
Fatores de variação
• Desidratação
• Rigidez
• LIVORES
O ato sexual de relevo aqui será aquele que, do ponto de vista objetivo, tiver caráter sexual e que, em face da
intensidade ou duração, afete a criança em termos da sua autodeterminação sexual da criança.
Fatores de risco
1. Características individuais (das vítimas; e dos agressores)
Em PT temos um predominio esmagador de mulheres vítimas de abusos sexuais; mulheres que se
dedicam à prostituição; imigrantes.
2. Contexto familiar
3. Contexto social e culturais
FASES DA VIOLÊNCIA
Sugilações – “chupões”
´
É essencial que o exame médico-legal seja o mais precocemente possível para colheira e preservação de
vestígios. É essencial uma adequada valorização da sintomatologia e informação prestada pela vítima.
Como referido, repita-se que, a ausência de lesões traumáticas e de vestígios biológicos não invalida a
possibilidade de se ter verificado abuso sexual!
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A violência é o tratamento físico e/ou emocional, não acidental e inadequado, resultante de disfunções
nas relações entre a vítima e o agressor no contexto de uma relação de confiança, poder e dependência.
A vítima fica privada dos seus direitos e liberdades, afetando de forma concreta ou potencial a sua saúde,
bem estar, dignidade e desenvolvimento (físico, psicológico e social, no caso de menores).
Podemos distinguir diferentes tipos de violência, nomeadamente: abuso financeiro/material, abuso físico,
negligência, abuso psicológico/emocional, abuso sexual.
A violência tem vários impactos na saúde e a diferentes níveis: por exemplo: gravidezes indesejadas,
transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e até a morte.
Tem-se falado muito hoje em dia nos indícios de violência durante o namoro, cada vez mais comum. A
informação circula cada vez mais acerca das táticas do agressor, do ciclo da violência e das próprias marcas
que nos devem alertar.
A violência doméstica é um crime público, o que significa que, independentemente da vontade da vítima,
qualquer pessoa pode e deve fazer denúncia.
O artigo 152.º do CP prevê o crime de violência doméstica.
O artigo 152º-A – pevêo crime de maus tratos (a crianças).
No que diz respeito às situações de abuso em menores, de maus tratos, considera-se que a criança ou
jovem está em perigo, designadamente, quando se encontra numa destas situações:
a) Está abandona ou vive entregue a si própria
b) Sofre de maus tratos físicos e psíquicos ou é vítima de abusos sexuais
c) Não recebe os cuidados ou a afeição adequados à sua idade e situação pessoal
d) É obrigada a atividades ou trabalhos excessivos ou inadequados à sua idade, dignidade e situação
pessoal ou prejudiciais à sua formação ou desenvolvimento
e) Está sujeita a comportamentos que afetem gravemente a sua segurança ou seu equilíbrio
emocional
f) Assume comportamentos ou se entrega a consumos que afeta gravemente a sua saúde, segurança,
formação, educação ou desenvolvimento sem que os pais, o representante legal ou quem tenha a
guarda de facto se lhes oponham de modo adequado a remover essa situação
Considerações gerais:
1. A identificação de fatores de risco serve de guia da prevenção e da intervenção.
2. Qualquer criança pode ser objeto de abuso.
3. Em cada um pode haver a sobreposição de diferentes tipos de abuso.
4. Aos sintomas de qualquer tipo de abuso associam-se sempre sintomas de abuso emocional.
5. Os sinais, mas sobretudo os sintomas, variam conforme a gravidade do abuso, o sexo, a idade da
vítima, a sua capacidade para reagir e a existência de estruturas de apoio no seu meio.
6. Podem existir situações de abuso, sem que existam sinais/sintomas evidentes e que a vítima revela
uma relação saudável com o abusador (ocorre maioritariamente nos grupos etários mais baixos).
7. Podem existir sintomas sugestivos de abuso sem que estes se verifiquem de facto.
As marcas da violência:
✓ Marcas físicas
✓ Psicológicas
✓ Sociais
Fatores relacionais