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Significado do amaci na umbanda: o resguardo, ervas, orixás e mais!

Você sabe o que é o amaci? Essa tradição da umbanda tem seus segredos e técnicas
sagradas. Veja aqui como funciona!
● O que significa o amaci na umbanda?
● Características do amaci
Significado da palavra amaci
O ritual do amaci
O objetivo do amaci
As intenções do amaci
● Importância do resguardo para o amaci
Alimentação
Abstinência de álcool e drogas
Abstinência de contato físico
Proteger a cabeça
● As ervas e os orixás do amaci
Amaci de Oxalá
Amaci de Iemanjá
Amaci de Xangô
Amaci de Oxóssi
Amaci de Ogum
Amaci de Oxum
Amaci de Iansã
● Dúvidas comuns sobre o amaci
Qualquer pessoa pode participar do amaci?
Qual a diferença entre amaci e banho de ervas?
O que são os amacis coletivos?
● O amaci é uma prática que pode trazer harmonia e bem-estar?
O que significa o amaci na umbanda?

O amaci é uma técnica utilizada na umbanda para ajudar no desenvolvimento do


médium que irá incorporar o Orixá ou seus espíritos guias. Ele é usado para a
lavagem da cabeça, especificamente seu ori – região de conexão com a
espiritualidade, também conhecido como chakra coronário.
Para isso, fazem uso das ervas, que devem ser específicas para cada Orixá. Elas
ajudam no entrelaçamento das energias, abrindo as portas para a incorporação.
Dessa forma, é fundamental que o processo seja feito em um terreiro de confiança
e sob a orientação de pessoas mais experientes, evitando problemas com seu
campo energético ou ataque de espíritos mal-intencionados.

Isso porque durante o processo de incorporação, a energia do campo magnético -


ou aura - do médium passa a se conectar de forma sutil e intensa com a do Orixá
ou seu guia, naquele momento. Por mais que não exista essa posse do corpo do
outro, como uma substituição de almas - como se imagina popularmente - é criada
uma simpatia que permite o uso de faculdades físicas do médium, como por
exemplo, a voz ou até mesmo os movimentos corporais.

Para que isso aconteça, existe toda uma preparação e estudo, que culmina com o
amaci, dando início ao papel de trabalhador do médium iniciado. Porém, ele vai
muito além de um rito de passagem, podendo agir diretamente na própria vida do
filho de Santo, positiva ou negativamente, a depender dos cuidados, intenções e
orientações. Entenda melhor o que é, como se faz e os resultados do amaci na
Umbanda.

Características do amaci

O amaci é um processo complexo, que pode parecer pontual, mas seu efeito leva
muito tempo. Além disso, depois de passar pelo ritual, é importante ter alguns
cuidados básicos, já que seu chakra coronário tende a estar mais exposto e
sensível. Entenda quais são as características do amaci e alguns detalhes
fundamentais para o seu sucesso.

■Significado da palavra amaci


Amaci é uma denominação popular para o rito de passagem do médium na
Umbanda, e significa amaciar ou tornar mais receptivo. Fazer o amaci é se colocar
à disposição para receber seu Orixá e Mestres, de forma controlada e saudável.
Para isso, coloca à disposição o seu Ori (cabeça, em Iorubá), ou chakra coronário,
para a incorporação.

■O ritual do amaci
Realizado por Mães e Pais de Santo, o amaci deve ser feito com toda cautela e
leva dias de preparo, sem contar os dias seguintes de resguardo. O ritual começa
com a preparação das ervas, que devem ser adequadas para o Orixá do médium.
Também são escolhidos os padrinhos encarnados e desencarnados, para ajudar
na proteção durante o rito.

Na gira (reunião) do dia do amaci ou em uma gira específica para a iniciação, se


prepara o ambiente com defumação e os pontos (orações em forma de canções e
batidas) pertinentes. Depois de iniciados os trabalhos, os médiuns, que já têm
mais de 6 meses na casa e se prepararam para o rito, dão início ao processo de
amaci. Para isso, suas cabeças são banhadas cuidadosamente com as ervas e
cobertas com um pano branco, em várias voltas, para proteger o ori.

Algumas pessoas podem começar a ter movimentos involuntários nos membros,


piscar com mais intensidade, bocejar, tossir... outras chegam a incorporar seu
Orixá. Durante todo o processo, eles são acompanhados pelos seus padrinhos,
encarnados e desencarnados, até que estejam menos vulneráveis a qualquer
possibilidade de ataque de más energias.

■O objetivo do amaci
O objetivo do amaci é facilitar a conexão, que pode ser feita naturalmente, sem o
auxílio de plantas. Porém, com o uso da erva com frequência energética simpática
ao Orixá em questão, fica tudo mais fácil. Claro que o médium já está preparado,
estudando e praticando a incorporação há um bom tempo. Em outras palavras, por
mais que não seja necessário, o amaci visa facilitar a conexão entre o material e
imaterial, através do poder das ervas e outros processos envolvidos no ritual.

■As intenções do amaci


Um ponto importantíssimo, desde a preparação, manipulação das ervas,
preparação do espaço e invocação da gira, é a intenção. Entenda a intenção como
foco, concentração em um determinado pensamento ou ideia. Então, quando
alguém vai preparar as ervas para o amaci, deve ter em mente a conexão
esperada, com o Orixá específico daquelas folhas.
Em outras palavras, intenção é pensamento focado, que direciona a energia –
pessoal e do ambiente - para uma determinada realização. Portanto, todo o
processo deve ser feito com cuidado, antecedência e foco, não apenas de quem
prepara, mas principalmente do médium, com a necessidade de passar pelo
resguardo para intensificar as intenções de conexão e proteção.

Importância do resguardo para o amaci

Antes do amaci, todo médium precisa passar por sete dias de preparação,
colocando suas intenções mais em destaque, deixando de lado por um tempo
algumas coisas consideradas mais materiais.

Entre elas estão o sexo, que deve ser evitado na semana anterior ao rito, assim
como o consumo de alimentos pesados, principalmente carne. Essa fase também
requer muita introspecção, pausas para reconexão, uso das ervas em chás e,
principalmente, banhos. Eles podem ser preparados em casa ou serem aplicados
no próprio terreiro, a depender da disponibilidade e tradição de cada casa.

Quando o amaci é realizado, o médium precisa ficar de resguardo por pelo menos
uma hora, sendo acompanhado de perto pelos padrinhos. Nos dias seguintes, ele
não precisa desse acompanhamento, mas deve manter uma postura sóbria,
banhos e chás para manter o campo energético elevado e protegido. Dessa forma,
evita a aproximação de más energias e entidades oportunistas.

Vamos ver abaixo com mais detalhes quais as coisas materiais das quais o
médium precisa se manter afastado na semana em que se prepara para seu
amaci.

■Alimentação
A alimentação antes de uma gira, seja ela comum ou de amaci, deve ser sempre
leve e preferencialmente sem carne. Porém, para quem vai passar pelo rito, é
fundamental que se alimente de forma consciente, evitando o consumo de muita
gordura e principalmente de carne vermelha.

Há tradições que pedem para evitar qualquer tipo de carne, como as brancas
também. Isso acontece por causa da necessidade de purificação do corpo, que irá
funcionar melhor sem ter que processar a carne, cuja demanda de recursos do
organismo é grande. Além disso, há o fator energético.

Para que o ori, ou chakra da coroa, possa estar devidamente energizado no ritual,
a energia da base (kundalini) deve fluir até ele. Durante o processo de digestão da
carne, que requer uma grande quantidade de energia, há uma perda considerável,
atrapalhando o resultado do processo.

■Abstinência de álcool e drogas


Da mesma forma que a carne vermelha consome muita energia para ser
processada pelo corpo, a bebida alcoólica e outras drogas, lícitas ou não, também
podem atrapalhar o processo de reconexão, já que não permitirão a correta
energização do chakra da coroa durante o processo do amaci.

Porém, essas drogas têm também outro fator que deve ser levado em conta,
reforçando a necessidade de evitar o seu consumo. Elas atrapalham o
funcionamento correto da mente consciente e abrem portas para outro nível
energético, quando, no momento, tudo o que a pessoa precisa é de controle,
consciência e proteção.

■Abstinência de contato físico


Durante o ato sexual, há uma intensa troca energética, até mesmo entre
desconhecidos. Dessa forma, o campo áurico fica impregnado das vibrações da
outra pessoa. Isso não é necessariamente uma coisa ruim, mas da mesma forma
que boas energias e formas pensamento podem se fixar no campo energético,
também as ruins o fazem.

São as conhecidas larvas astrais, ou formas pensamento, que se alimentadas – ou


seja, ganhando atenção e energia entre os pensamentos do hospedeiro - podem
se mostrar perigosas. Afinal, podem tornar-se portas de entrada, brechas
energéticas, para obsessores oportunistas. Inclusive, é recomendado fazer uma
limpeza de tempos em tempos, principalmente quem tem vários parceiros,
preservando sua integridade energética.

Além disso, o médium também deve evitar outros contatos físicos, mesmo que em
menor intensidade. Entre eles estão apertos de mão, abraços ou qualquer tipo de
toque que possa intensificar a troca de energias. Provavelmente essa é a parte
mais complicada, principalmente para quem tem que trabalhar fora.

■Proteger a cabeça
Tanto durante o amaci, quanto depois disso, é considerado importante que o
médium cubra a cabeça com um pano branco, como por exemplo, um turbante ou
ojá. Porém, no ritual ele estará embebido com as ervas do Orixá de frente do
médium, enquanto no dia a dia, pode ser qualquer tipo de tecido ou amarração.

Isso é importante para a proteção do chackra da coroa ou ori, evitando que ele
fique exposto a qualquer tipo de energia, influência ou ataque. Claro que se a
pessoa sabe se proteger e fechar o corpo para energias de fora, isso não é
necessário. A escolha de usar um ojá ou não é de cada terreiro ou médium.

As ervas e os orixás do amaci

Cada Orixá corresponde a uma determinada energia ou elemento da natureza.


Dessa forma, se conecta também com a vibração de determinadas plantas, que
acabam ajudando a formar melhor o elo entre o médium e o Orixá. Veja então
quais são as ervas de cada um, segundo alguns terreiros, mais adequadas para o
rito do amaci.

■Amaci de Oxalá
Um dos principais amacis de Oxalá é o boldo, também chamado de tapete de
Oxalá. Além dessa, também podem ser utilizadas a hortelã, alfazema, alecrim,
alevante, manjericão, alfavaca, girassol, camomila, manjerona, malva branca, mil
folhas, sálvia, rosa branca, poejo e funcho (erva doce).

■Amaci de Iemanjá
Para a Rainha das águas salgadas, a escolha óbvia é a alfazema, mas existem
outras opções. Elas são a capiá, hortelã, rosa branca, flor e folhas de laranjeira,
folha de trevo, jasmim, malva branca e pata de vaca marianinha.

■Amaci de Xangô
Para o Senhor da justiça, pode-se utilizar o poder do café, tanto grão quanto as
folhas. Também são suas ervas o alevante, hortelã, ameixeira, erva de são João,
mil homens (angélico), quebra pedra, alfavaca roxa, lírio do brejo, gervão,
eucalipto limão, pariparoba.

■Amaci de Oxóssi
Oxóssi, o Rei das matas, é muito ligado às suas ervas, sendo a samambaia uma
das mais marcantes. Ele também se conecta com o capim limão, guiné, folha de
araçá, pitanga, alecrim, malva cheirosa, alfazema, goiabeira, guaco e pariparoba.

■Amaci de Ogum
O Senhor dos caminhos, Ogum, também tem sua erva favorita, a aroeira. Entre
outras boas opções para o amaci estão a losna, mangueira, carqueja, espada de
são Jorge, sávia, tanchagem, cana do brejo, alfazema, agrião, jabuticaba, arnica,
pata de vaca.

■Amaci de Oxum
A bela Oxum, Rainha do ouro, é delicada e doce como a camomila. Ela também
vibra em sintonia com a erva cidreira, lírio, ipê amarelo, malmequer, arnica,
alfavaca, samambaia e marcela.

■Amaci de Iansã
A poderosa Iansã, linda guerreira, tem o bambu como principal amaci, podendo ser
também a romã, espada de santa bárbara, pessegueiro, catinga de mulata, folhas
de morango, alfazema, gerânio vermelho, louro e pessegueiro.

Dúvidas comuns sobre o amaci


Como em todas as tradições, existem dúvidas importantes e pertinentes sobre
seus ritos e costumes. Veja quais são os mais comuns para o amaci da Umbanda
e entenda ainda melhor esse ritual.

■Qualquer pessoa pode participar do amaci?


Sim, desde que esteja predisposta a trabalhar como médium e tenha se preparado
por pelo menos 6 meses. Além disso, tem que contar com a orientação de uma
Mãe ou Pai de Santo de confiança, e claro, bem-intencionados. Estudar os
preceitos da tradição e entender como a incorporação acontece é fundamental
para isso, exigindo muita dedicação, leitura e momentos de introspecção e análise.

■Qual a diferença entre amaci e banho de ervas?


O amaci tem o objetivo específico de ajudar na conexão entre o médium e seus
guias ou Orixá, sendo feito unicamente para esse fim e seu uso proibido fora dos
rituais ou por leigos. Por outro lado, os banhos podem ter objetivos diversos, como
proteção, felicidade, cura e outros, sendo muito mais abertos, porém poderosos –
por isso devem ser feitos com orientação.

Além disso, a forma de preparo do amaci e do banho de ervas é bem diferente. O


amaci deve ser feito somente em um terreiro, podendo levar dias para ficar pronto.
Já o banho de folhas pode ser em casa, desde que seguidas as regras de cuidado
no preparo e sob a orientação de alguém mais experiente.

■O que são os amacis coletivos?


O amaci pode ser realizado com apenas um médium, mas normalmente a
cerimônia é coletiva, com um grupo de estudo que chegou ao ponto de já estarem
preparados para a iniciação. Nesse rito, todos os médiuns iniciantes são banhados
juntos, porém acompanhados individualmente pelos seus padrinhos. O processo
de resguardo também é coletivo, por um determinado tempo, após a cerimônia.
Depois, cada um cuida dos seus detalhes.
O amaci é uma prática que pode trazer harmonia
e bem-estar?

Sim, o amaci pode ajudar a ter uma vida mais harmoniosa, se ele for bem feito,
com a intenção certa e principalmente, em um médium preparado. Isso porque, se
esses pontos não estiverem bem estabelecidos, pode gerar alguns problemas,
como obsessores, por exemplo.

Porém, via de regra, o amaci pode promover mudanças importantes na vida do


médium, tanto no campo afetivo, físico e até financeiro, dada a conexão com
energias mais sublimes e o poder do seu Orixá. Também, a sua forma de se
expressar no mundo fica mais definida, com autenticidade, segurança e bem-estar.

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