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Orientações para os Médiuns

Mensagem do Caboclo Pena Branca aos membros do TUGPG:

Deve ser avisado a todas as pessoas das giras que a Umbanda mantem um exército que
obedece as ordens de Oxalá. Igual ao exército da Terra, os soldados da Umbanda tem como
compromisso assumido no Amací: defender os fracos; enaltecer os humildes; coibir a
prepotência; tirar da escuridão os aflitos, os desesperados e os obsediados; curar os doentes;
alegrar os tristes; acalmar os nervosos; aliviar a dor; encaminhar os desajustados; salvar os
viciados e trazer honra para a religião brasileira que é a Umbanda. Quem não quiser fazer isso
pode se juntar aos pedintes do amor. Quem se doa, ganha.”

CABOCLO CACIQUE PENA BRANCA

Médiuns:

Os médiuns ou cavalos, como queiram, da Umbanda, têm que tomar certos cuidados para seu
perfeito desenvolvimento. Devem cuidar de sua cultura, honrar os espíritos acima de tudo,
doar-se inteiramente à casa em que trabalham, sem entretanto esquecer de equilibrar sua
vida profissional, social e familiar e fugir do fanatismo tão nocivo ao bem estar dos religiosos.
Deve respeitar as outras religiões, sem querer impor aos outros as suas convicções.

Não beber, controlar seu emocional e não cobrar nada da religião. Nunca aceitar favores ou
pagamentos pelos trabalhos que fizer e jamais usar a energia do sangue em seus trabalhos e,
principalmente, nunca sacrificar nenhum animal. Por isso mesmo, antes de se filiar à uma casa,
deve saber dos princípios filosóficos dos seus dirigentes. Deve fazer da Umbanda uma religião
alegre, gostosa e vibrante. Para isso não deve se imiscuir nos problemas dos irmãos de
corrente, sem jamais julgá-los. Deve respeitar a hierarquia da casa, muito embora lhe caiba o
direito de também ser respeitado.

Muito médium tem dúvidas sobre as incorporações, confundindo-se nas mensagens, achando
que não é o espírito falando, mas sim sua própria cabeça. Espero com esta nota dirimir dúvidas
aos médiuns e trazer-lhes a certeza que quando for animismo os dirigentes da casa sabem
como corrigi-lo.

Terceira Energia

Muito médium tem dúvidas sobre as incorporações, confundindo-se nas mensagens, achando
que não é o espírito falando, mas sim sua própria cabeça. Espero com esta nota dirimir dúvidas
aos médiuns e trazer-lhes a certeza que quando for animismo o dirigente da casa sabem como
corrigi-lo.

Vejam como funciona: existe uma fusão do espírito do médium com o espírito comunicante,
criando-se uma terceira energia. Gosto de dar exemplos. O café e o leite, separados, são puros.
Misturados criam uma terceira bebida, podendo ser mais preto ou mais branco, conforme a
quantidade das bebidas. Mas sempre a união de ambos terá uma terceira qualidade.

É impossível a comunicação pura do espírito. O importante é a presença do espírito, com


maior ou menor intensidade.

Facilitar as Incorporações:
Quando o médium está preparado para seguir o procedimento normal do aprendizado, ele
não deve segurar as incorporações, e jamais esquecer o momento certo da incorporação. Se
está se chamando um espírito pelo ponto individual ele não deve dar passagem, exceto se for
ponto de linha, o momento for oportuno e permitido pelo desenrolar da gira. O médium deve
facilitar a incorporação. Na Umbanda as entidades têm incorporações típicas da linha. O índio
é ereto, forte e incorpora com um vibração firme, algumas vezes se ajoelhando e batendo no
peito. O preto-velho já é mais macio na incorporação, se curva e faz o tipo de cansado e a
criança o tipo infantil. Quando o ponto estiver induzindo o tipo da entidade, o médium já deve
estar psicologicamente preparado para receber e se comportar conforme o tipo da entidade. É
um erro lutar contra o espírito, ou seja, receber um índio como se fosse um preto-velho. De
propósito até agora não falei do exu e da pomba-gira, para dar um destaque de grande
importância: Exu não é aleijado e Pomba-gira não é prostituta. Ambos são entidades
maravilhosas e não precisam fazer o tipo distorcido do folclore da Umbanda. Na continuidade,
quando estivermos falando de cada linha, darei melhores explicações.

Cuidados e deveres:

O médium tem um complexo espiritual chamado aura, que é formado pelo material (o corpo
físico), o duplo etéreo (ou cascão), o perispírito e o espírito. A aura é formada por elementos
energéticos que se chama chacras. É por eles que o espírito incorpora, até unir o seu espírito
com a aura do cavalo. Por esse motivo é importante haver uma preparação do médium nos
dias de gira para que sua aura esteja leve e limpa, através de um banho de erva, bons
pensamentos, com o mental sem mágoa ou raiva. Sua atenção no dia dos trabalhos deve estar
sempre voltada para reunião com os irmãos da corrente, procurar a alegria, boa leitura, não
dizer palavrões, não comer carne e fazer refeições leves. Alguns autores e dirigentes dizem
que a mulher com menstruação não deve participar da gira e muito menos incorporar.

Como eu não vejo nenhuma lógica e nunca ninguém me explicou de forma convincente essa
proibição, refuto o fato não criando nenhuma objeção para as médiuns em nosso terreiro.
Sobre isso uma vez disseram-me que pode haver a aproximação de espíritos atrasados atrás da
energia do sangue. Não me convenceu a explicação, porque acho que se algum espírito quiser
sangue, ele irá aos matadouros e nunca a um terreiro organizado e protegido. Quando o
médium for receber a entidade, ele deve ficar com sua mente o mais livre possível de
pensamentos. Para quem não tem a prática da concentração, um bom método para facilitar a
incorporação é ficar pensando no tipo da entidade que vai incorporar e respirar rapidamente e
soltar pela boca o ar aspirado.

A Umbanda, como quase todas as religiões, é machista; e essa é a razão do preconceito com as
mulheres em período da menstruação. Existe pai-de-santo que proíbe a mulher tocar nos
atabaques. Não vejo lógica, ao contrário, um insulto à capacidade feminina.

Obrigações:

Não tenho nenhuma ligação com a Igreja Católica, muito menos com as regras dessa religião,
mas sou totalmente contra os padres que se rebelam com as dificuldades de viver no celibato.
Quando foram coroinhas, seminaristas e se ordenaram padres, sabiam que não se podiam
casar. Por que depois que entram ficam contra?

As regras são bem claras. Por isso é bom que os candidatos ao ingresso no terreiro conheçam
antecipadamente as suas obrigações e o que devem ou não fazer. Existe um compromisso com
o terreiro a que forem pertencer, seja ele qual for:
A vontade de evoluir espiritualmente, disciplina na corrente, submissão aos mandos da
hierarquia, se não puderem amar seus irmãos ao menos os tolerem, não criticar os outros,
cuidar para que suas palavras sempre sejam de incentivo e amor, cuidar e zelar por seu
material dos trabalhos e de sua roupa branca, honrar a respeitar o nome dos espíritos,
respeitar as outras religiões, sempre que tiverem dúvidas perguntar aos dirigentes, não hesitar
quando forem convocados para auxiliar o outro como cambono, não fomentar brigas e
discórdias, não faltar aos trabalhos (inclusive os que forem marcados em outros dias), cumprir
os horários dos trabalhos, não freqüentar outros trabalhos sem autorização do dirigente,
cantar os pontos e auxiliar a manutenção da gira e outras condições que o bom senso
determina e que por qualquer motivo eu não tenha mencionado. Sou contra regras e prego a
liberdade, mas jamais o médium deve esquecer que a sua liberdade cessa quando começa a do
outro.

Servir como cambono por um período no terreiro é uma obrigação dos médiuns novos. Servir e
assistir os trabalhos das entidades vai dar um conhecimento significativo sobre a forma como
os Orixás trabalham. Para conhecimento de todos, o que mais aborrece um dirigente é a má
vontade do médium quando ele é convocado para ajudar como cambono. Quando comecei na
Umbanda eu pedi, por minha espontânea vontade, ao meu pai-de-santo a oportunidade de eu
servir alguém como cambono. Não me arrependi porque aprendi muito.

O médium não deve ficar olhando os outros, julgar ou criticar seu irmão de corrente. Deve
cuidar somente de si e deixar para a hierarquia corrigir o erro dos outros.

Levar seu material de trabalho e manter sua roupa branca sempre limpa e em ordem e, se não
quiser ficar descalço, usar uma alpargata com sola de cordas e nunca tênis.

Chegar e cumprir à risca os horários dos trabalhos e quando não puder participar dos mesmos,
avisar com antecedência a sua ausência.

Magia da Corrente:

Li e usei:

Ninguém é tão forte como todos nós juntos”

A corrente é a grande força do terreiro. Uma vez alguém perguntou ao Pai Guiné a importância
de um terreiro bonito e confortável.

Meu filho, se esta casa cair, vocês vão se reunir lá fora, olhando para o céu estrelado, e vão
continuar trabalhando. Mas se a corrente se dissolver, o terreiro, mesmo belo e sólido, vai
fechar. Na verdade acho a corrente mais merecedora de cuidados que estas paredes frias.
Nunca trabalhei sozinho, só com a corrente. Quem trabalha sozinho, um dia ou outro, vai se
complicar”.

É inevitável o desastre. A corrente, como diz a mensagem, é a força do terreiro. Tudo gira em
torno dela. São meus pequenos deuses. Que Oxalá abençoe a todos eles.

Para quem pretende entrar no Terreiro de Pai Guiné:

Novos médiuns só serão admitidos após a freqüência de no mínimo sete giras no dia em que
deseje entrar na corrente. Está participação deverá ser comprovada mediante a assinatura na
secretaria da ficha de participação. Por exemplo: se um médium quer entrar na gira ele deverá
freqüentar sete giras de segunda feira;

É obrigatório o uso de roupa branca. As roupas devem ser recatadas. Não se admite o uso de
roupas justas, curtas, decotadas ou transparentes, cabendo a cada dirigente observar e instruir
os seus médiuns quanto aos abusos;

O médium só poder trabalhar na gira em que estiver em dia com suas obrigações. Isto significa
que um médium não poder trabalhar em duas ou mais giras. Pode freqüentar a assistência.

Todo final de ano é feita a revisão do amaces e os médiuns com elevado número de faltas
terão o amaci levantado presumindo-se que ele não está mais freqüentando o terreiro;

Após entrar na gira o médium só poderá fazer o amaci depois de autorizado pelo Caboclo Pena
Branca.

Nenhum médium pode usar as guias dos orixás antes de fazer o amaci. As guias são entregues
no dia do amaci;

Para quem já é médium no Terreiro:

Quando uma entidade der o seu nome ou pedir guias, roupas, capas, etc, o pedido deverá ser
encaminhado pelo cambono diretamente ao dirigente da gira e somente por ele poderá ser
autorizado o seu uso;

Os cambonos deverão preencher a ficha de acompanhamento das consultas desenhando o


ponto riscado pela entidade e descrevendo as consultas, No final da gira as fichas devem ser
entregues ao dirigente da gira;

Os Ogans só podem tocar atabaque usando as roupas brancas do terreiro e as guias de


proteção;

No caso de um médium ser expulso da gira em que freqüenta considera-se o médium expulso
do Terreiro, não podendo, é claro freqüentar nenhuma outra gira nas dependências do
terreiro.

Entretanto, a todos será concedido o direito de defesa. Os médiuns com comportamento


incompatível com os princípios do Terreiro ou que afetem o terreiro como um todo serão
encaminhados ao Conselho de Ética ao qual cabe propor as sanções cabíveis ou até mesmo
propor a expulsão do médium.

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