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Cruzeiro das Almas. Vocês sabem o que é o Cruzeiro das Almas? Para quê
serve? Por que ele existe? Se você não sabe, ouça esse episódio. Porque é
sobre isso que a gente vai conversar hoje.
O Cruzeiro das Almas é um lugar que existe dentro dos cemitérios, dentro
desse local sagrado que na Umbanda a gente chama de “Calunga Pequena”.
E o Cruzeiro das Almas é um grande ponto de referência, não só para os
encarnados que vão até lá para rezar, para acender velas, para depositar
flores, como também é um ponto de referência para os espíritos
desencarnados. Porque, no plano espiritual, o Cruzeiro das Almas é um
foco de luz! É onde os espíritos evoluídos se reúnem para decidir alguma
questão, para se conectarem com o plano superior. O Cruzeiro das Almas
atua como um ponto de força do cemitério onde as Entidades que
administram aquele ambiente se conectam com o Poder dos Orixás, com o
Poder de Deus, com a espiritualidade maior.
E esses locais são pontos de força que atuam como um elo de ligação entre
o plano material e o plano espiritual. E além disso, o Cruzeiro consegue
conectar o plano astral da calunga com outros planos mais elevados. O
Cruzeiro geralmente é o local onde os guias espirituais se reúnem para
rezar, para extrair forças quando eles precisam fazer determinados tipos de
trabalho… O que existe, na verdade, nesse ponto de força da Calunga, é
uma cooperação de vontades e de sentimentos, né? Porque, muitas vezes,
os encarnados vão até o Cruzeiro para lembrar dos seus entes familiares
que foram sepultados ali, para fazer algum tipo de homenagem. E a
espiritualide se utiliza dessa força energética que é depositada pelos
encarnados, naquele ponto, para ajudar os espíritos necessitados que
estão temporariamente vivendo naquele local.
Por esses motivos que eu estou falando para vocês, por ser um local de
homenagens, de rezas, de reuniões, o Cruzeiro das Almas é um lugar que
tem uma grande força espiritual. As Entidades trabalhadoras da Calunga
Pequena usam o Cruzeiro como um ponto de apoio para resgatar espíritos
que estão desencaminhados, espíritos perdidos ou viciosos.
E olha, gente, esse é um dos trabalhos mais bonitos que existe dentro da
Umbanda: o trabalho de resgatar espíritos perdidos. Porque muitas
pessoas, quando desencarnam, elas ficam totalmente desorientadas, sem
saber o que fazer, sem saber para onde ir… muitas vezes não sabem nem o
que aconteceu. Elas não tem a mínima ideia de que o corpo físico delas já
morreu. Daí que entra esse trabalho lindo realizado pelos pretos-velhos,
pelos Exús e Pombajiras. Os Exús e Pombajiras tem uma habilidade muito
grande de atuar como guardiões. Quando tem um Exú ou uma Pombajira
do teu lado, kiumba nenhum se aproxima, porque eles tem medo. E
quando esses Exús e Pombajiras trabalham no Cemitério, dentre tantas
outras atribuições, eles também fazem essa função de proteger o ambiente
contra ataques do baixo astral.
vocês não imaginam como tem ataque do baixo astral nos cemitérios. O
povo da esquerda tem muito trabalho para repelir essas investidas que os
kiumbas fazem na calunga pequena. Daí vocês podem me perguntar: pô,
mas por que? Por que os kiumbas têm tanto interesse assim nos
cemitérios? Sabe qual é o principal interesse dos kiumbas em invadir
cemitérios? É a obtenção de ectoplama!!! Eles se matam do lado de lá para
conseguir ectoplasma! Nossa, ficou estranha essa minha fala, né? Porque
não dá para eles se matarem porque eles já estão mortos. Mas assim, eles
brigam entre eles, eles fazem de tudo para conseguir ectoplasma. E o
cemitério é um grande depósito de ectoplasma, né? Porque quando o
nosso corpo físico morre, demora vários dias até toda a energia vital do
corpo se dissipar no ambiente. Daí, o que acontece? O corpo é enterrado,
mas aquela energia permanece “aglutinada”, digamos assim. E isso
desperta muito a cobiça e o interesse dos kiumbas.
E tem uma outra razão, pela qual, muitas vezes, os kiumbas querem invadir
o cemitério: para tentar escravizar os espíritos desorientados que estão lá
dentro, principalmente aqueles que desencarnaram há pouco tempo, né?
Os Kiumbas tentam usar aquele momento de fragilidade do espírito
desencarnado para dominar, para subjugar. Só que, nessas horas, o povo
da esquerda está lá presente, né, para impedir que os kiumbas consigam
levar espíritos que ainda estão se adaptando à vida espiritual.
[Ponto Cantado – Soltaram um Bode Preto]
E eu vou falar uma coisa para vocês: no cemitério, Omulú absorve e dissipa
energia ruim. Então, se vocês tiverem algum problema emocional, algum
sentimento de ordem negativa, como mágoa, rancor… ou até mesmo se
vocês estão com alguma doença física, vai lá no cemitério da sua cidade,
chega no Cruzeiro das Almas e faz uma prece para o Pai Omolú. Vocês vão
ver como se sentirão melhor.
E no Cruzeiro das Almas que existem dentro dos terreiros, a gente também
costuma fazer firmezas, fazer oferendas, assim como a gente faria no
cemitério. Gente, eu resolvi falar um pouquinho nesse áudio sobre o
Cruzeiro das Almas, porque eu já ouvi cada absurdo! Eu já ouvi gente
dizendo que o Cruzeiro das Almas traz má sorte, que o Cruzeiro das Almas
atrai a morte. Eu já ouvi até mesmo dirigente espiritual, Pai de Santo, Mãe
de Santo, falando para evitar passar pelo Cruzeiro das Almas. Isso aí é uma
tremenda falta de informação, é uma crendice que não tem fundamento
algum. É até mesmo uma falta de respeito com um lugar tão abençoado
como é o Cruzeiro das Almas.
A gente precisa ter em mente que o Cruzeiro das Almas é um ponto de luz
no meio da escuridão. E nós, umbandistas, precisamos nos dirigir a ele com
o mesmo respeito que nós teríamos em qualquer outro ponto de força da
natureza. O Cruzeiro das Almas merece o mesmo respeito e admiração que
nós teríamos por uma cachoeira, pelo mar e pelas matas. Porque todos
esses são pontos de forças de Orixás, inclusive o Cruzeiro das Almas.
No caso desse rapaz, por exemplo, ele achou que tinha que ir até a Calunga
porque estava sendo obssediado por algum Egun. Só que ele esqueceu que
a Calunga Pequena também atua como um ponto de transmutação de
energia. Afinal de contas é o reino de Obaluaê, é o reino de Omulú. E a vela
que a Entidade tinha pedido para ele acender no Cruzeiro das Almas não
era para encaminhar nenhum espírito. Era para ajudar ele mesmo. Era para
ajudar a transmutar algo ruim que ele não estava conseguindo resolver
dentro dele. Então, o reino da Calunga, principalmente o Cruzeiro das
Almas, não é só para ajudar espíritos desencarnados. Serve para ajudar a
nós também.
E tem uma outra coisa que eu queria comentar com vocês. A gente precisa
entender que na Umbanda, assim como na Igreja Católica, a cruz é um
símbolo de ascensão. A cruz é uma conexão entre o céu e a terra, entre o
mundo espiritual e o mundo físico. E a ajuda do Cruzeiro se dá dos dois
lados da vida. Não só no plano espiritual. Porque todos nós somos
espíritos, né? A única diferença é que nós ainda estamos presos no corpo
da carne. Mas nem por isso deixaremos de receber a ajuda que
precisamos. Dentro da Umbanda, a gente costuma aprender que Obaluaê é
o Orixá que rege a Calunga Pequena, né? E consequentemente é a energia
que prevalece no Cruzeiro das Almas. E a gente aprende também que as
Entidades que mais fazem uso desse símbolo da Cruz são os nossos
amados pretos-velhos. Porque a linha dos pretos-velhos se sustenta na
energia de Obaluaê. Por isso que a gente costuma ver preto-velho
trabalhando com rosário, com terços, fazendo pontos riscados que
normalmente tem uma cruz no meio. Porque eles estao manipulando a
energia de Obaluaê.
Então, o mesmo respeito que a gente tem por Obaluaê, a gente precisa ter
pelos pretos-velhos, por esse maravilhoso trabalho que eles fazem. E olha
só que interessante: a Cruz é um dos símbolos mais antigos que existem na
humanidade. E os pretos-velhos são os anciãos da Umbanda, né? Você
percebe a ligação? São espíritos velhos, sábios. Eles possuem tanta
elevação espiritual que são capazes de transitar por diversos planos
vibratórios, desde o mais baixo até o mais alto. E os rosários e os terços que
eles carregam trazem essa simbologia de uma sabedoria acumulada no
decorrer de milênios!
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