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HIERARQUIA E DISCIPLINA NO TERREIRO DE UMBANDA

Cúpula Espiritual

A Umbanda nasceu muito antes de seu anúncio neste mundo, ela veio do anseio
de uma espiritualidade forte em sua luz, conhecedora das mazelas da humanidade, sua
descrença e ignorância no conhecimento do espírito e da espiritualidade que domina
todos os mundos, cada ponto do universo, que envolve e interage o tempo todo com
todo o plano material, com o ser humano no estimulo do bem ou do mal. Reuniu de
forma eclética, inteligente, respeitosa e bem articulada os aspectos espirituais mais
relevantes das religiões e doutrinas, das quais absorveu o melhor conteúdo conciliador e
doutrinário de referência ao espírito, a se destacar o Candomblé, Catolicismo,
Kardecismo e outras.

A Umbanda vem cada vez mais adquirindo essência única, desvinculando-se das
associações e sincretismos, aprimorando suas práticas, assumindo sua própria
identidade.

A Umbanda nasceu de um projeto espiritual a ser lançado neste mundo, um


objetivo e um desafio que Oxalá lançou a esta espiritualidade de luz, um objetivo que se
juntou a este anseio e que foi aceito mesmo sabedores das enormes dificuldades,
resistências e obstáculos que estariam enfrentando, a existência e o significado do
espírito precisavam ser descobertos, compreendidos como a essência encarnada que
precisava ser melhorada, aprimorada, pois este seria o único caminho para que o
alimento maléfico deixasse de atingir o homem, e toda a influência do bem pudesse
envolvê-lo e transformá-lo, dando a ele um pouco que seja da visão de Oxalá.

Para seguir em frente com esta missão, com este desafio, a Espiritualidade de Luz
traçou suas estratégias, suas metas, recrutou os Espíritos de Luz aos quais Oxalá deu o
desígnio e o domínio sobre todos os elementos e energias universais, cósmicas, naturais,
das sensibilidades e dos sentidos, habilidades, intelecto, emoções e tudo mais que rege a
natureza de cada mundo e de seus ocupantes, e na Terra ao ser humano.

Como auxiliares de Oxalá, estão os orixás , que são seus representantes diretos,
são idealizadores das vontades divinas, criando o plano que governa, dirige e oriente
todas as camadas espirituais de Direita e Esquerda e todos os espíritos encarnados ou
não. Na umbanda acreditamos que não é possível incorporar um orixá, o que ocorre
nas gira e sentir-se a irradiação de seus falangeiros.

Dentro destas estratégias foram também eleitos os espíritos que chamamos de


Entidades/Guias, a partir de espíritos verdadeiramente redimidos de suas falhas,
conhecedores da essência humana encarnada, conscientes de sua necessidade de
evolução, vencendo todos os sentimentos contrários à sua nova jornada, através da
prática do bem, da caridade, da benevolência do reconhecimento de seu semelhante
espiritual como igual e totalmente voltado a auxiliá-lo em seu progresso. Os guias são
entidades que já não precisam encarnar, pois conseguiram através de diversas
encarnações e consideráveis serviços prestados à humanidade, esgotar todas as dívidas
com a justiça divina.

O templo tem como guia chefe e dirigente no plano espiritual o Caboclo Pena
Branca e pai Izidoro de Rhiundia...

Cúpula Material

Mãe de Santo ou dirigente

Como vimos anteriormente temos uma cúpula espiritual firmada de forma


hierárquica e harmoniosa que sustenta todo trabalho da Umbanda nos diversos planos de
atuação, contudo é de vital importância que haja o elemento humano. Sendo assim,
como parte fundamental da estratégia espiritual para que a Umbanda fosse erguida e se
tornasse uma realidade, foram formadas e recrutadas as Mães e Pais de Santo, e estes
encarnaram neste mundo com esta missão, vieram com eles seus mais próximos
seguidores, aqueles que iriam contribuir com o sucesso desta empreitada, que
chamamos de Médiuns da Umbanda, aqueles através dos quais as Entidades se
manifestam, ajudando, passando os ensinamentos e equilibrando, mas principalmente
orientando no sentido de incutir em cada um as leis e propósitos da Umbanda e dentro
do projeto espiritual traçado por Oxalá.
São espíritos que reúnem pré-requisitos para esta missão, foram escolhidos para
iniciarem a jornada da Umbanda sobre a Terra, foram preparados desde outras vidas e
continuam sendo preparados para as próximas encarnações.

Estes espíritos trazem no DNA espiritual o diferencial para que seja aplicado,
ativado quando de sua chamada para o exercício de sua missão, fundando Templos e
adotando as práticas, ensinamentos, a consciência religiosa umbandista, reunindo
seguidores, orientando-os e formando-os para o objetivo de despertá-los para o
reconhecimento da existência do espírito, dos planos espirituais e suas camadas, da
necessidade da evolução galgando os degraus de luz que podem levá-los mais próximos
da luz mais intensa, da luz maior de Oxalá, que é a referência que a Umbanda dá ao
maior, único e absoluto padrão de luz que um espírito pode atingir, mas nunca se
igualar. Da mesma forma a consciência da escuridão e suas profundezas até o mais
escuro estágio que um espírito pode atingir, onde a referência é a maldade perversa que
leva as trevas e aos mais desesperadores martírios que o abismo espiritual pode impingir
a seus ocupantes, o frio intenso e doloroso, somente sentido pelos espíritos isolados de
qualquer resquício de luz presos as amarras do mal ao qual sua própria índole o levou.

É com esta consciência que uma Mãe e um Pai de Santo, seus Filhos e seguidores
devem levar adiante o objetivo traçado por Oxalá para a Espiritualidade de Luz e por
consequência para todos que foram recrutados por eles. Este é o maior sentido de
responsabilidade e comprometimento que um espírito pode ter, está acima de qualquer
outro, pois nele está incutido todo o significado do bem e o maior requisito para
alcançar a luz.

Em meio a todas as diferenças de seus Filhos uma Mãe ou um Pai de Santo devem
ter também estrutura íntima e espiritual que lhe permita reunir esforços, paciência e
prudência para poder lidar com antagonismos, egos e divergências, sempre procurando
preservar a harmonia e união do grupo, bem como o equilíbrio da Casa e da Corrente.

A Mãe ou o Pai de Santo, são e serão sempre a maior referência dentro de um


Templo de Umbanda, não somente para seus Filhos e seguidores, mas para toda
espiritualidade, eles são posicionados a frente do Congá, e é a partir deste Congá que a
Espiritualidade de Luz e seus braços espirituais que iniciaram toda esta empreitada, os
alimentam com sua energia, traduzida de diferentes formas sob a orientação dos
emissários de Oxalá, dos Orixás e todas as linhas que representam as Entidades em suas
mais diversificadas formas de manifestação, sempre ligadas às forças e elementos em
seu meio natural e na essência do espírito em seu efeito sobre a matéria que rege, seu
corpo físico.

Rubens Saraceni a luz dos ensinamentos do caboclo das sete encruzilhadas nos
traz um olhar sobre a sagrada missão do sacerdócio na nossa religião, “Portanto, a
missão do sacerdote de Umbanda é trabalhar as necessidades das pessoas sem
perguntar quem são elas e de onde vêm, pois são seres humanos em busca do auxílio
espiritual oferecido pela Umbanda, ou vêm porque buscam dar um novo rumo religioso
às suas vidas.”

Mãe pequena

São a segunda pessoa dentro de um Terreiro de Umbanda, no que diz respeito a


formação espiritual. Têm como função auxiliar a mãe de santo/dirigente em todos os
trabalhos, seja auxiliando o guia chefe, dando assistência a toda corrente, ela tem tanta
voz altiva quanto a mãe de santo, ela zela pela ordem, pelas boas práticas no templo,
cabe a ela muitas vezes conversar com os filhos da casa para ajuste de conta,
aconselhar, buscando o retorno ao reequilíbrio. Essas pessoas precisam obter o
máximo de humildade e compreensão para com os irmãos de fé. Ela é a pessoa que
observa e coordena toda a parte ritualística do terreiro, para que tudo corra bem.
Quando uma entidade é nova ou se faz presente pela primeira vez e pede seus materiais
de trabalho ela acompanha a solicitação.

Nos templos de umbanda quando a mãe de santo estiver incorporada a mãe


pequena tem que estar acordada, vice e versa, vale o observar que que no nosso templo
apenas a mãe de santo incorpora, pode surgir questionamentos, porque isso? É
necessário tenha sempre olhos terrenos acompanhando os trabalhos que estão sendo
realizado, para que haja sempre um equilíbrio, um olhar atento, no caso de duvidas
alguém tem que estar ali alguém para sanar, muitas vezes ela é o para-raios, não é uma
função fácil, muitas vezes é julgada com impopular, é alvo de energias deletérias.

No nosso templo a mãe pequena tem função polivalente além dos habituais, pois
ela faz doutrinação, auxilia os médiuns durante a incorporação e reequilibra as energias
após a irradiação dos falangeiros de orixá, transportes e as incorporações de guias.
Exercer a função de cambona chefe, tira dúvidas da assistência e dos médiuns da casa.
Atua na coordenação dos trabalhos de cura. Atua como irradiadoras de energias de luz
e reequilíbrio.

De todos nós que escolhemos, e, aceitamos estar num Terreiro, a mãe pequena é a
que não pode faltar faça sol, chuva, frio o q for precisa estar ali

Ogãs

A principal característica dos Ogãs é a capacidade mediúnica intuitiva, que


permite, pela evocação, a entrada das falanges na composição do campo energético
positivo e vibratório. Eles são parte fundamental para a formação da corrente de
trabalho dentro de um Terreiro. Eles falam pelos Orixás e Entidades e trabalham como
se fossem verdadeiros instrumentos de pura vibração.

Assim, vê-se a importância dos ogãs saberem os pontos e o que cada ponto
significa, a energia que cada ponto traz. A vibração espiritual associada com o médium
que está girando está completamente associada com a vibração do canto e da voz dos
ogãs. De todos os médiuns, principalmente os ogãs têm a função de concentrar e
canalizar as energias durante o trabalho espiritual. O ogã, assim, precisa aprender não
só a cantar com o voz, mas, também, com a alma, com o coração. Como o pai-no-santo
precisa, muitas vezes, estar incorporado durante a gira, os ogãs não devem contar com
ele para saber que linha e que pontos devem cantar. Com o passar do tempo, o ogã
conquista uma grande sintonia com os médiuns e com os guias de cada médium, por
estar diretamente conectado com os espíritos e as linhas de trabalho que estão
encarregados a trabalhar em cada médium. Com a incorporação da entidade, é natural
que os ogãs saibam intuitivamente, e pela experiência e observação, o tipo entidade
(caboclo, exu, preto-velho etc) e a linha (o orixá) para a qual ela trabalha. Essa sintonia
entre os ogãs e as entidades, quando apurada, dá força às entidades, aos médiuns e ao
trabalho, de forma geral.

Como qualquer médium, veio com uma missão predeterminadas pelas forças
superiores. Todo ogã tem obrigação de cuidar de e buscar o aprimoramento de seu
dom. Seu desenvolvimento e crescimento mediúnico dependerão exclusivamente de si
próprio, pela disciplina, força de vontade, fé e respeito para com as obrigações.
Cambono

Cambono ou Cambones é o auxiliar de Médiuns de Incorporação e o Servidor dos


Orixás. O cambono é o médium que teve o necessário desenvolvimento para poder
auxiliar e entender os Guias nas necessidades das sessões. É uma atividade exercida
nos terreiros de Umbanda e que merece uma atenção especial dada a sua importância
como auxiliar das Entidades de Luz, dos médiuns e dos dirigentes do Terreiro. Dentre
as atuações do cambone podemos citar:

Auxiliar a Entidade de Luz e ao médium dentro das normas da espiritualidade e


regras da casa na qual são filhos. Esse auxilio inclui, buscar os matérias de trabalho
dos guias, bem como bebidas, fumo, ervas, velas.

Orientar os consulentes quando não for entendido por ele o que foi determinado
pela Entidade de Luz, como por exemplo algum banho, entregas, novas consultas,
vibrações e o que for necessário. Qualquer dificuldade em orientar os consulentes,
pedir auxilio a Mãe Pequenos ou mesmo ao Pai de Santo, não tente resolver
um problema que não faz parte da ossada de sua função.

Prestar extrema atenção na consulta, para não ser infringida nenhuma regra ou
regulamento da casa, e notando alguma anormalidade deve ser comunicado ao Chefe de
Cambonos, no nosso templo a Mãe Pequena do Terreiro, e, conforme o caso, o Pai de
Santo.

Deve apresentar honestidade e sigilo absoluto, não devendo nunca contar a


ninguém o teor das consultas, pois estamos diante de uma relação de
confiedencialidade.

Não pode incorporar quando está atendendo a uma Entidade, exceto quando
autorizado pela Entidade a quem estiver servindo, ou se essa Entidade o trouxer junto ao
consulente para um provável descarrego. Mas tudo isso com a autorização prévia da
Entidade incorporada no momento.

Levantar o ponto riscado.

Muitos médiuns acham que o Cambono é algo inferior dentro de um terreiro, que
seu trabalho pode ser substituído por qualquer pessoa. Pois não é, o Cambono é
extremamente necessário para o bom caminhar de toda uma Gira. Basta dizermos que
por muitas das vezes uma Entidade de Luz entrega toda a confiança a seu Cambono,
falando-lhe e ensinando-lhe milhares de coisas, que um médium um tanto mais distante
dos afazeres dentro de um terreiro nunca aprenderia se não passasse por um bom tempo
como Cambono.

Mediuns

Faremos uma breve classificação dos médiuns que trabalham na casa, por
questões didáticas, segue.
Médiuns de trabalho - São os médiuns que dão consulta, as suas entidades já estão
bem desenvolvidas. Alguns chamam de Médiuns prontos, outros de Médiuns batizados
(pode ser tenha outros significados ou contexto, temos médiuns que são batizados no
ritual de umbanda que não são médiuns de trabalho, e médiuns de trabalho que não são
batizados, se for usar talvez seja necessário aprofundar um pouco na pesquisa nesse
termo, para não geral duvidas), outros de Médiuns feitos. Essa nomenclatura também
varia de acordo com a orientação do Babalorixá ou Ialorixá, da raiz da Casa ou ainda de
estado para estado.
Médium em desenvolvimento - São médiuns que como o nome já diz, estão em
desenvolvimento. Dependendo do terreiro eles podem dar passes, já incorporam uma ou
outra linha, mas ainda não dão consultas. Estão sendo preparados para tornarem-se
médiuns de trabalho.
Médiuns iniciante - Também como o nome diz, são médiuns que ingressaram a
pouco tempo no terreiro e ainda não incorporam.
Médiuns de sustentação – como o nome diz faz a sustentação energética do
trabalho, mantendo o padrão vibratório saudável por meio de pensamentos elevados,
assim, ajudam a manter a segurança e a firmeza no trabalho.
Transa - É a pessoa responsável por recepcionar os assistidos e coordenar a ordem
de atendimento.
Todos nós temos mediunidade, prova disso é a intuição que em muitas situações
nos avisam de perigo ou nos orientam em momentos de dúvida. Contudo, há pessoas
que tem ela mais aflorada, ostensiva, tendo como missão de vida trabalhar essa
mediunidade, no nosso caso em através da caridade.
Os médiuns são porta-vozes do plano espiritual. Eles são, por isso, canais de
alívio para muitas aflições. Pois tiram os acompanhantes que estão com os consulentes.
Ou apenas levam e trazem mensagens entre estes dois planos. São encontrados com este
nome e com muita frequência nas religiões espíritas, mas em outras religiões esta
manifestação também acontece, porém com outras denominações, mas de fato
acontecem.

A mediunidade não escolhe credo, raça ou condição social. Ela é divina e


universal, capaz de produzir um fenômeno de atração magnética, e assim como um ímã,
consegue captar o campo áurico de uma pessoa que já morreu. O médium é uma ponte
entre vivos e espíritos, e experimentam fenômenos que desafiam até a ciência.

Segundo a Doutrina do Caboclo Pena Branca, todos nós somos médiuns em


desenvolvimento, sendo assim, não há diferença, hierarquia, entre médiuns de trabalho,
transporte, sustentação, desenvolvimento, iniciante, cambono ou transa, uma vez que ele
e toda egrégora da casa vem trabalhando nossa mediunidade gradativamente, a cada gira
uma gama de informações é colocada diante nós, basta que estejamos abertos ao
conhecimento. Conhecimento esse é que vital para nossa evolução como pessoa e
médiuns, pois os guias dependem dele para realizar sua missão, pois ele usa também o
que aprendemos e que está em nosso consciente e subconsciente.

Inúmeras vezes durante a consulta de assistidos, nós médiuns recebemos da


espiritualidade verdadeiros ensinamentos de vida, seja através do que vimos ou
sentimos nos durante a consulta e/ou o transporte, seja pelos conselhos dados a quem
vem a essa casa pedir auxílio, onde muitas vezes as palavras ditas servem também pra
nossa vida.

Transa

É a pessoa/médium responsável por anotar no caderno o nome dos assistidos que


buscam atendimento no templo, também, coordena a entrada e dá os primeiros
esclarecimentos sobre o funcionamento dá templo.
Todos somos importantes e indispensáveis, cada um desempenha um papel
fundamental, precisamos uns dos outros. Sem a transa não há organização dos
consulentes, sem médium de transporte não choque anímico, sem os de sustentação não
há vibração energética, sem alguém para doutrinar não se conclui a caridade aos que
muitas vezes está só precisando ouvir ou ver uma luz para aceitar a sua condição e
seguir o seu caminho.

ORGANOGRAMA HIERÁRQUICO –

TEMPLO PAI IZIDÓRIO

Cúpula Espiritual
Pena Branca
Pai Izidório

Cúpula Material
Cambono-Chefe
Mãe de Santo

Cambonos

Mãe Pequena Curimbeiro, Tabaqueiro


Atazeiro ou Ogã

Médiuns
de Trabalho, Desenvolvimento,
Transporte e Iniciantes)

Transa
DISCIPLINA

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISCIPLINA


Os ritos e liturgias utilizadas nas reuniões do movimento umbandista variam de terreiro para
terreiro. A função da Umbanda é a caridade, buscando amparo e auxilio ao assistido em suas necessidades
espirituais essenciais, mesmo que este processo se inicie por resolver suas necessidades materiais básicas,
permitindo o equilíbrio mínimo e a dignidade da sua existência. Proporcionando condições estáveis à
alma para realizar voos evolutivos mais altos e abrir sua consciência a entendimentos mais profundos e
finalmente se religar a Deus.
Mas para que todo esse campo de força funcione é preciso que haja entendimento em dois
elementos: Disciplina e Hierarquia.
Sobre a obediência à hierarquia o Caboclo Sete Encruzilhadas disse: “Quem não sabe obedecer,
jamais poderá mandar”.
Este conjunto de respeito forma a união e a integridade da casa espiritualista de Umbanda. Sem
disciplina rígida e séria uma Casa de Umbanda não prossegue seu trabalho sob os auspícios da
Espiritualidade Superior.
O que parece, às vezes, exagero do Dirigente no sentido da manutenção da disciplina, do
respeito ao terreiro e aos Guias, do respeito à hierarquia constituída, da não permissão de fofocas
ou conversas fúteis, constitui-se, na verdade, no grande para-raio ou entrave à entrada de espíritos
obsessores, zombeteiros, mistificadores que, em nome de uma suposta caridade sentimentalóide e
adocicada, atuam criando confusões, brigas, desentendimentos, desânimos e até a queda da Casa
Umbandista.
Todo cuidado é pouco. Não importa que agrade ou desagrade. Quem tem espírito de amor e busca
um Terreiro sério, e a verdadeira espiritualidade que conduz à evolução, compreende e adere. Caso
contrário, o orgulho, a vaidade e a ignorância se tornam instrumentos nas mãos dos inimigos invisíveis
para a produção de parada ou desmoralização de um Grupo Espiritualista.

AS ARMADILHAS DA ANSIEDADE/VAIDADE

É comum encontrarmos médiuns “afoitos” abandonando um terreiro por achar que não está a ser
“valorizado” por seu dirigente porque acha-se preparado e não foi reconhecido.
Precipitar o processo pode acarretar em desânimo, frustração e pode transformar um bom médium
num mistificador, vaidoso e arrogante, fazendo talvez com que se desvirtue do seu caminho e comece a
culpar a Umbanda, seu terreiro, seu/sua dirigente por seus desajustes.
O médium que depois de uma análise de seu dirigente e da espiritualidade da casa foi indicado
para receber seu preparo, deve ter muita humildade e não sentir-se envaidecido pelo posto, ou melhor
tarefa que lhe foi designada e entender que apesar do preparo ele nunca estará realmente “preparado” para
tal compromisso, pois o preparo é constante.
Agora que ele assumiu essa tarefa de forma consciente e não emocional sua atenção e
responsabilidade perante seu desenvolvimento mediúnico precisa aumentar, pois ele passa a ser um
expoente dentro do seu terreiro e como tal tem a responsabilidade, se não a obrigação de ser um exemplo
na casa.

A Incorporação na Umbanda exige disciplina, vontade de se melhorar, maturidade, firmeza e


segurança emocional para não se deixar influenciar pelas necessidades dos assistidos ou mesmo tecer
julgamento unilateral da pessoa ou da situação que está a ser exposta, evitando assim o risco de interferir
na comunicação e no atendimento da espiritualidade. O entusiasmo é importante, o amor e a fé também,
mas a determinação e a paciência também o são.

O tempo é leal conselheiro e se esse for seu caminho dentro da Umbanda, não se apresse nem se
preocupe, o tempo chegará no momento em que você estiver pronto para iniciar uma nova etapa no seu
desenvolvimento. Enquanto isso procure servir a espiritualidade, seu terreiro, seus irmãos de corrente
e assistência da melhor maneira possível. E lembre-se que a pressa é inimiga da perfeição, da
compreensão e da sua evolução.
CONDUTA DOS MÉDIUNS – Disciplina

“Não nos repugne o verbo obedecer. Tudo o que constitui progresso e aperfeiçoamento guarda a ordem
por base. Não olvides que a disciplina principia no Céu. As mais sublimes constelações atendem às
leis de equilíbrio e movimento. O Sol que nos sustenta a vida no mundo repete operações de ritmo,
há numerosos milênios. A Lua que clareava o caminho das mais remotas civilizações da Índia e do
Egito efetua, ainda hoje, as mesmas tarefas, diante da Humanidade. ... Chamados a servir aos
nossos semelhantes no Espiritismo Cristão, em favor de nós mesmos, saibamos cultivar a liberdade
de obedecer para o bem, aprendendo e ajudando sempre. Jamais nos esqueçamos de que Jesus se
fez o Mestre Divino e o Soberano das Almas, não somente porque tenha vindo ao mundo,
consagrado pelos cânticos das Legiões Celestes, mas também por haver transformado a própria
vida, em Seu Apostolado de Amor, num cântico de humildade, obedecendo constantemente a
vontade de Deus.”
Scheilla, Livro "Taça de Luz" - Francisco Cândido Xavier

Sintonia significa entendimento, harmonia, compreensão, afinidade ou equivalência. A boa sintonia precisa ser
um modo constante do indivíduo, estabelecendo um estilo de vida pessoal. Bons pensamentos sintonizam Bons
Espíritos. A amorosidade, a prontidão, a dedicação são formas eficientes de construir sentimentos superiores. A
natureza é um imenso campo de vibrações e fluidos, onde os seres transitam, influenciando e sendo
influenciados. Quando pensamentos negativos (melindres, irritação, ciúme, inveja, raiva, ira, tristeza) surgirem,
devemos nos questionar sobre sua causa e procedência.

Disciplina, sinônimo de ordem, organização, começa pela assiduidade dos Médiuns, iniciando desde o respeito
aos horários, hábitos salutares de silêncio e respeito são indispensáveis para a harmonização do ambiente.
VIDA versus TERREIRO
DÁ PARA SEPARAR?

Disciplina na Vida Disciplina na Casa (condutas básicas)


- a prática da oração e da vigília. - a prática da oração e da vigília.
- o silêncio ante a ofensa recebida. - manter na sua vida espiritual, religiosa e particular,
- manter na sua vida espiritual, religiosa e conduta irrepreensível.
particular, conduta irrepreensível. - não manter convivência com pessoas e lugares de má
- zelar por sua saúde física, com alimentação vibração, viciosos ou maledicentes.
racional e equilibrada. - a disciplina começa pelo respeito aos horários,
- não abusar de carnes, fumo e excitantes, como hábitos de silencio e respeito aos irmãos da Casa.
álcool. - a saudação às Tronqueiras, ao Congá e ao Altar
- postura e conduta social condizentes com as também faz parte da disciplina, humildade e respeito
responsabilidades assumidas em sua vida do médium a Casa.
espiritual. - manutenção do pensamento elevado, voltados à
- comportamento ético em fazer o bem, pratica do bem, do amor e da caridade.
exemplificando o aprendizado recebido. - vigilância sobre sintonia mental/espiritual
- o exercício do não-julgamento, da paciência e pensamentos inferiores, a fim de evitar a influência de
da tolerância para com as faltas alheias e com as padrão negativo, e consequente descontentamentos,
próprias faltas. desequilíbrio, abandono e queda do Médium e da Casa.
- o exercício da Reforma Intima com a - comprometimento, postura de respeito, tratamento e
autoanálise de nossos atos, sentimentos, palavras conduta dentro do terreiro, bem como suas obrigações
e valores para com os outros, e principalmente, e deveres para com seus irmãos.
para com nós mesmos. - conhecimento sobre nossos mentores espirituais.
- diante do reconhecimento de nossas fraquezas - respeito prioritário ao Dirigente e à Hierarquia da
e vícios, empregarmos o exercício do Casa.
AUTOAMOR, do AUTOPERDÃO e da - consciência de que todos são iguais, evitando
GENEROSIDADE. pensamentos arrogantes de superioridade/vaidade,
- compreender que devemos nos amar e perdoar como também, pensamentos de inferioridade.
para que possamos amar e perdoar os nossos - manter discrição sobre sua mediunidade.
semelhantes. - ensinar e respeitar os “novos” irmãos, dando
- praticar a generosidade com nós mesmos, não exemplos de boa conduta.
para continuarmos errando, mas para que diante - preservar o silêncio, essencial à corrente mediúnica,
da TOLERÂNCIA possamos respeitar/aguardar como ainda, sustentar a gira com cânticos, bons
o tempo necessário às nossas mudanças. pensamentos e intenções elevadas.
- manter uma áurea de silêncio, prece e meditação,
garantindo bom nível vibratório, dando segurança e
equilíbrio à corrente.
- harmonia dos cânticos, tambores, palmas,
fardamentos, decoração do ambiente, disposição das
imagens e símbolos do altar, limpeza e iluminação
fazem parte do equilíbrio energético.

Diálogo de Chico Xavier com seu mentor Emmanuel:


“E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? - tornou o Chico.
Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço...
O rapaz perguntou: - Qual é o primeiro?
A resposta veio firme: - Disciplina.
E o segundo? - Disciplina.
E o terceiro? - Disciplina."

A mediunidade é valiosa oportunidade que o espírito recebe ao reencarnar e seja ela


missionária ou probatória estará nos abrindo as portas da libertação. Muito será exigido
dos médiuns que usam seu canal para auxílio fraterno, onde podemos citar a aceitação, a
resignação, educação mediúnica, humildade, amor incondicional, moral elevada,
dedicação e outras condutas como essenciais ao trabalho de caridade. Entre elas, talvez a mais
difícil: a disciplina.
Disciplina é uma palavra que tem a mesma etimologia da palavra "discípulo", que
significa "aquele que segue".
Entre as maiores dificuldades enfrentadas pelos dirigentes umbandistas é conseguir uma
corrente mediúnica onde todos os membros são disciplinados e responsáveis. O
deslumbramento inicial e natural do início da educação mediúnica na Casa, que faz dele atuante
e presente, vai aos poucos se transformando numa carga pesada que o leva a desleixar do
serviço, se não houver uma dedicação ao estudo e entendimento de que a Umbanda é coisa
séria, para gente séria. O exercício mediúnico não isenta ninguém de carmas adquiridos, de
problemas comuns a todos os humanos e nem dá privilégios a ninguém. Ele nos oportuniza
corrigir através do amor alguns equívocos do passado como também nos educa para um melhor
plantio.
O grande equívoco de alguns médiuns umbandistas é o fato de desvincular
erroneamente a vida diária do trabalho executado dentro da Casa onde exercem sua
mediunidade. Acontece que nossa energia é condicionada pelos nossos pensamentos,
sentimentos e atitudes e se levamos uma vida totalmente desregrada no dia a dia, não nos
transformaremos em “anjos” pelo fato de adentrarmos no terreiro, no templo ou igreja.
Não vai ser um banho de ervas, uma oração ou a bênção do preto velho que nos modificará.
Nossa vibração é que vai nos sintonizar aos nossos iguais e com certeza não seremos bons
aparelhos aos nossos guias se estivermos “contaminados” energeticamente. O
comprometimento com o trabalho se traduz em nossos atos e atitudes, que asseguram nossa
sintonia vibratória e, além disso, servem de inspiração, de referência e modelo a ser utilizado
por nossos colegas de trabalho.
A indisciplina é que faz com que alguns médiuns vaguem de terreiro em terreiro, sem
parada fixa, sempre culpando a Casa, os dirigentes e os irmãos de corrente de perseguição sem
enxergar que são eles próprios que não se adequam a lugar algum. Porque tudo incomoda a
quem se acomoda na intransigência. Isso nos faz lembrar os conselhos de Vovó Benta quando
nos diz:
“Tantas oportunidades são ofertadas aos espíritos quando de seu renascimento no físico,
tentando facilitar sua evolução. Difícil mesmo meus filhos, é saber aproveitar essas
oportunidades. Queixam-se quando a dificuldade é financeira, limitam-se quando a dificuldade
é física, inibem-se quando falta-lhes cultura. Fugas que serão usadas para não cumprir os
compromissos mediúnicos. No entanto, quando a abundância disso tudo lhes é dada, outras
tantas desculpas serão encontradas.”
O exercício da mediunidade, para que se torne santificada, nos impõe sobretudo,
disciplina, tanto moral quanto mental e exige de nós, espíritos altamente endividados com as
Leis, o autoconhecimento e posterior desembaraço de vícios e hábitos negativos.
Base de dados

Ogãs e suas diversas funções no candomblé. Disponível em


<https://espadadeogum.blogs.sapo.pt/2242965.html> acesso /30 de outubro de 2018;

Fundamentos básicos de umbanda. Disponível em


<http://www.institutocaminhosoriente.com/Livros/Apostila%20Curso%20-
%20Fundamentos%20Basicos%20de%20Umbanda.pdf> acesso 02 de novembro de
2018

Hierarquia dentro dos terreiros de umbanda. Disponível em


<https://centropaijoaodeangola.com/hierarquia-na-umbanda.php> acesso 21 de Outubro
de 2018

A importância dos cambonos na umbanda. Disponível em


<http://umbandayorima.blogspot.com/2014/08/a-importancia-dos-cambonos-na-
umbanda.html> acesso 04 de Novembro de 2018

Umbanda, orixás, linhas.. Disponível em


<https://ocandomble.com/2011/03/21/umbanda-orixas-linhas/> acesso 04 Novembro de
2018.

Médiuns de sustentação. Disponivel em


<https://www.somostodosum.com.br/clube/artigos/autoconhecimento/medium-de-
sustentacao-8336.html> acesso em 04 de Novembro de 2018.

Saraceni, Rubens. Fundamentos Doutrinarios de Umbanda. Editora Madras.


2015.

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