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Pai Obaluayê
É o Orixá que atua na Evolução e seu campo preferencial é aquele que sinaliza as
passagens de um nível vibratório ou estágio da evolução para outro.
O Orixá Obaluaiyê é o regente do pólo magnético masculino da linha da Evolução, que
surge a partir da projeção do Trono Essencial do Saber ou Trono da Evolução.
O Trono da Evolução é um dos sete Tronos essenciais que formam a Coroa Divina regente
do planeta, e em sua projeção faz surgir, na Umbanda, a linha da Evolução, em cujo pólo
magnético positivo, masculino e irradiante, está assentado o Orixá Natural Obaluaiyê, e em
cujo pólo magnético negativo, feminino e absorvente está assentada a Orixá Nanã
Buruquê. Ambos são Orixás de magnetismo misto e cuidam das passagens dos estágios
evolutivos.
Ambos são Orixás terra-água (magneticamente, certo?). Obaluaiyê é ativo no magnetismo
telúrico e passivo no magnetismo aquático. Nanã é ativa no magnetismo aquático e
passiva no magnetismo telúrico. Mas ambos atuam passivamente, o outro atua
ativamente.
Nanã decanta os espíritos que irão reencarnar e Obaluaiyê estabelece o cordão energético
que une o espírito ao corpo (feto), que será recebido no útero materno assim que alcança o
desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).
É o mistério “Obaluaiyê” que reduz o corpo plasmático do espírito até que fique do tamanho
do corpo carnal alojado no útero materno. Nesta redução, o espírito assume todas as
características e feições do seu novo corpo carnal, já formado.
Muito associam o divino Obaluaiyê apenas com o Orixá curador, que ele realmente é, pois
cura mesmo! Mas Obaluaiyê é muito mais do que já o descreveram.
Ele é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro, de uma dimensão para a outra, e
mesmo do espírito para a carne e vice-versa.
Espero que os Umbandistas deixem de temê-lo e passem a amá-lo e adorá-lo pelo que ele
realmente é: um Trono Divino que cuida da evolução dos seres, das criaturas e das
espécies, e que esqueçam as abstrações dos que se apegaram a alguns de seus aspectos
negativos e os usam para assustar seus semelhantes.
Estes manipuladores dos aspectos negativos do Orixá Obaluaiyê certamente conhecerão
os Orixás cósmicos que lidam com o negativo dele. Ao contrário dos tolerantes Exús da
Umbanda, estes Obaluaiyês cósmicos são intolerantes com quem invoca os aspectos
negativos do Orixá maior Obaluaiyê para atingir seus semelhantes. E o que tem de
supostos “pais de Santo” apodrecendo nos seus pólos magnéticos negativos só porque
deram mau
Pai Obaluayê
uso aos aspectos negativos de Obaluaiyê... Bem, deixemos que eles mesmos cuidem de
suas lepras emocionais. Certo?
Ervas de limpeza: Casca de alho, casca de cebola, mamona, fumo, pinhão roxo.
Ervas de equilíbrio: Sálvia, Folha de beterraba, fumo, pinhão roxo.
Oferenda: Velas brancas e brancas/pretas; vinho rosé licoroso, água potável; coco fatiado
coberto com mel e pipocas; rosas, margaridas e crisântemos.
A lin h a d e a ç ã o d e t r a b a lh o d o s P r e t o s V e lh o s
A figura de ex-escravos, de velhos “feiticeiros” negros, conhecedores de rezas e de
encantamentos poderosos, capazes de realizar “milagres”, foi o arquétipo ideal para atrair
milhares de espíritos para a Umbanda.
Espíritos de negros, amadurecidos no tempo e na vida do plano material, assumiram o grau
de “Pretos-Velhos”, orientando e ensinando os reais valores da vida, simplicidade,
humildade e caridade. Sabedoria, simplicidade, humildade, caridade, evolução, seriedade,
paciência, calma e ponderação são qualidades, atributos que nos remetem ao mistério
ancião – de velho, sábio e profundo conhecedor dos mistérios divinos – sustentado pelos
orixás mais velhos: Pai Oxalá, Pai Obaluaiê, Pai Omolu e Mãe Nana Buruquê. Os
Pretos-Velhos trazem esse mistério consigo, pois são espíritos elevadíssimos, bastante
amadurecidos; são nossos irmãos mais velhos na senda evolutiva, que com sua
experiência de vida alcançaram a sabedoria.
O arquétipo do ancião preto, nobre, poderoso, amoroso, humilde e sábio, ocultado por trás
do jeito simples de falar, encantou e tornou imortal a figura carismática do Preto-Velho. Os
Pretos-Velhos, ou linha das almas, atuam na irradiação de Pai Obaluaiê, de quem captam
as irradiações, tornando-se também irradiadores delas, estabilizando e transmutando a vida
de quem os consulta.
Preto-Velho, no ritual de Umbanda Sagrada, é um grau manifestador de um Mistério Divino.
Nem todo preto-velho é preto ou velho. A forma como eles incorporam, curvados, expressa
a qualidade telúrico-aquática de Pai Obaluaiê. O peso que parecem carregar não é fruto do
cansaço, da idade avançada ou velhice, mas á a ação da qualidade estabilizadora terra,
desse Orixá, diante da qual todos se curvam, se aquietam e evoluem calmamente.
Pai Obaluayê
— Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre!
— Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado
do sinal da cruz, meu negro velho?
— É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante
de alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que
temos a dizer-lhe.
— Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o
meu? É isso, meu negro velho e cansado?
— É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o
lado sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado
do sinal da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como
escravos aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser
revelado ao lado oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus
pés, pedi ao meu pai Obaluayê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e
sagrados dos nossos espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância
dos cruzamentos… e das passagens.
O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto
carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as
fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa
comum, mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de
carregar fardos alheios.
Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala
particular localizada atrás da sacristia.
Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um
banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado
do sinal da cruz.
O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a
curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um
trono, de tão trabalhada que ela era.
— Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho?
Paipara,
a) Abre o nosso lado sagrado ou interior Obaluayê
ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e
a Deus através do lado sagrado ou interno da criação.
Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado
sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos.
Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da
criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação
e só sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos.
b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado
sagrado para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos
aproximamos e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência.
c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e
terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que
eles entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida.
d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o
nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao
local que estamos abençoando (cruzando).
e) Ao cruzarmos o solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o
lado sagrado dela.
f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado
sagrado exteriorize-se diante dela e passe a protegê-la.
g) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e
sagrado dele para que ele, através desse lado seja um portal sagrado que tanto absorverá
vibrações negativas como irradiará vibrações positivas.
h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos
nele através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada,
estaremos entrando nele pelo seu lado profano e exterior.
i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: “— Eu
saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do
meu pai Obaluayê que abra o seu lado sagrado para mim”.
Paipadres)
Outra exigência daqueles pastores (digo Obaluayê
de então foi a de estarem isentos na
declaração dos bens das suas igrejas.
Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam
que estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de
então.
O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no
começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça
da esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que
estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal
de confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis
(digo, damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se
confessar com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente
pois as perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem
decoradas.
No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda
toda às suas estripulias intramuros palacianos.
O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras
religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar
suas fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as
mãos (digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia
tinham um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os
povos, épocas e pessoas.
Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com “tudo”: A grana que arrecadavam,
parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte
usavam em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que
exibiam com ares de triunfo, alegando que era a sua conversão ao cristianismo que havia
tornando-os prósperos e bem sucedidos na vida.
Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos
rápidos e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que
davam-lhes dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé
no singular).
Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da
segunda metade do século IV d.C.
Pai Obaluayê
Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de
pedras alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer.
E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha
aprendido com ele, aconteceu ao contrário.
O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto,
mas segundo seus interesses de então, (digo, daquela época).
Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas
colhiam na calada da noite das torneiras).
Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no
Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um “reciclador” barricas de um
óleo que, de azeitonas, só tinha o cheiro).
E isso, sem falar nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas
réplicas das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que
algumas testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para
churrasco.
Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele
jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos
outros, como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si
mesmo: “Me perdoa, meu pai Obaluayê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto
é, àquele bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em
benefício próprio: que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em
horrendas cobras negras”.
Obaluayê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos
de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes
inverterem tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito
curvado dele, endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido: “Meu
filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos
Orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos Senhores dos Mistérios mas que
acham-se no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra
e voltará a rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para
recolher de volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às
trevas.