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- CURIMBA -
Curimba é o nome que damos para o grupo responsável pelos toques e cantos
sagrados dentro de um Terreiro de Umbanda. São eles que tocam os atabaques e
também cantam os pontos cantados, sendo de suma importância para o bom andamento
das Giras.
• ATABAQUES
O atabaque é um instrumento musical que chegou ao Brasil através das mãos dos
negros africanos escravizados. É usado em quase todo ritual afro-brasileiro, típico do
Candomblé e da Umbanda e das outras religiões afro-brasileiras ou influenciadas pelas
tradições africanas. É de uso tradicional na música ritual e religiosa, empregados para
convocar os Guias e Orixás. O nome se originou do termo árabe al-Tabaq, que significa
"prato". Os atabaques são tambores estreitos e altos, afunilados usando apenas um couro
(este pode ser de couro de boi, veado ou bode) e construídos para atrair diferentes
vibrações quando são tocados. Eles mantêm o ambiente sob uma vibração homogênea,
fazendo com que todos os médiuns permaneçam em atenção mediúnica.
O Atabaque é um instrumento Sagrado na Umbanda. Utilizado nos trabalhos espirituais
para produzir vibrações energéticas, que são direcionadas pelo guia chefe e enviadas aos
atabaques, que as modulam e distribuem aos médiuns da corrente.
Normalmente todos os Terreiros de Umbanda tem a apresentação do Atabaque, que
com seu toque, sua cadência, sua força e luz espiritual, auxilia extremamente a
concentração, vibração e incorporação dos médiuns que estão desenvolvidos
mediunicamente e espiritualmente para esse trabalho.
Antigamente, o atabaque era visto como um instrumento de feiticeiros, pelo fato de que
foram os negros escravos que os trouxeram. Primeiramente os atabaques surgiram na
região Nordeste, provavelmente na Bahia, e nessa região o instrumento sempre foi alvo
da polícia baiana, pois estava terminantemente proibido de ser tocado durante o Estado
Novo. Para tocar poderia somente ser feito na clandestinidade. Esse fato foi terminado
apenas quando em certa ocasião, em uma viagem ao Rio de Janeiro, Mãe Aninha,
fundadora do Ilê Axé do Opô Afonjá , em São Gonçalo do Retiro, usou de sua influência e
conseguiu uma audiência com o presidente Getúlio Vargas . Ela só queria cultuar a
religião dos seus antepassados e Getúlio não teria como resistir ao pedido legítimo de
uma criatura tão doce. O encontro de Aninha com o presidente do Brasil resultaria no
Decreto 1.202, que permitiu o uso dos atabaques nos terreiros. O acontecimento é
considerado um passo importante para a liberação definitiva do controle policial sobre os
candomblés, o que só ocorreu em 1976, no governo de Roberto Santos. Na ocasião, a
notícia foi recebida com entusiasmo pelo povo de santo da Bahia, em plena festa da
"Lavagem do Bonfim ".
E assim temos até hoje essa maravilhosa vibração provinda da energia dos amados
Guias e Curimbeiros/Atabaqueiros/Ogãs, e do Sagrado som do toque dos Atabaques,
sendo eles para Umbanda, Candomblé, ou qualquer outra religião afro-brasileira
existente.
Anteriormente ao Atabaque, se deu início um instrumento antigo conhecido como
"macumba", utilizado para as percussões musicais, e esse instrumento era formado por
uma casca de árvore e duas varetas de bambu, que eram batidos sobre a casca, um tanto
parecido com o reco-reco de origem africana.
OBS: Macumba é o nome de uma espécie de árvore africana.
Após o instrumento "macumba", nasceu o Atabaque pelas mãos dos africanos, e esse é
feito em madeira, e os aros de ferro que sustentam o couro, que são esticados de uma
forma na qual fique com um som limpo e agradável.
Na Umbanda temos três tipos de Atabaques, que são utilizados para dar a cadência
dos toques e assim fazer com que a vibração mediúnica dos filhos da casa se condensem
com a vibração das Entidades de luz e dos Orixás
Esses Atabaques são conhecidos como: Rum, Rumpi e Lê.
RUM: Esse Atabaque é o maior de todos, normalmente tem 1,20 M (um
metro e vinte centímetros) de altura, fora a base. Ele que registra o som
mais grave. É através dele que as energias chegam no Terreiro, é dele que
vem a cadência mestra, ou seja, é dele que deve vir o maior patamar de
vibrações espirituais para os trabalhos mediúnicos, chamado
também de "Puxador".
O Atabaque Rum sempre deverá ser tocado pelo Ogã/Curimbeiro Mestre, e
só poderá ser tocado por outro atabaqueiro caso tenha permissão deste,
fora isso, caso tenha uma Gira na qual o Ogã/Curimbeiro Mestre não possa
estar presente, esse Atabaque deverá ficar em silêncio, coberto com seu
pano branco.
O curimbeiro/ogã tocador do Rum deve ser um sacerdote muito bem
preparado, pois este é o atabaque que foi consagrado ao espírito dirigente
da casa.
A função desse Atabaque é dar os primeiros toques nos pontos, repicar e
conduzir os trabalhos impulsionando energias, isso justifica tamanha
importância e respeito por se tratar do Atabaque do Ogã/Curimbeiro Mestre.
RUMPI:Esse Atabaque é de tamanho médio, varia entre 80 CM à 1 M
(oitenta centímetros à um metro) de altura, fora a base. Tem o som entre o
grave e o agudo. É o Atabaque que faz a proteção, e é ele que tem a
responsabilidade de fazer a maioria de dobras, ou seja, repiques
diferenciados, com uma entonação bem forte.
O Rumpi é consagrado normalmente ao guia da mãe de santo fundadora da
casa. Só pode ser tocado por qualquer outro filho considerado um
atabaqueiro, ou que tenha autorização de tocá-lo. A função do Rumpi é dar
somente o ritmo do toque e manter a harmonia, tendo sua importância
particular, pois ele é responsável por sustentar a energia básica trabalhada
pelo toque.
LÊ: Esse é o caçula dos Atabaques, de tamanho menor, ele pode medir
entre 45 à 60 CM (quarenta e cinco à sessenta centímetros) de altura, fora a
base. Seu som registra o tom agudo, e ele que faz a ligação entre o som
dos Atabaques e o som do canto.
Esse instrumento é consagrado a Exú ou a algum outro guia especial da
casa. É utilizado pelos aprendizes atabaqueiros e curimbeiros, e devemos
respeitá-lo da mesma forma do que os outros Atabaques.
O Atabaque Lê, deve seguir sempre os toques do Rumpi. Pode ocorrer de
que o guia chefe indique futuros Ogãs e atabaqueiros, e o Ogã mestre tem
o direito de compartilhar ou não desta indicação. Caso seja compartilhada,
cabe a ele designar o Atabaque que será tocado pelo iniciante.
Os Atabaques devem ser tratados com o máximo de respeito, como são instrumentos
sagrados não devem sair do terreiro, a não ser para trabalhos especiais (como por
exemplo giras na praia, muito comuns no final do ano) e nenhuma pessoa desautorizada
deverá tocá-los, o que poderia colocar em risco o equilíbrio da gira e a faixa mediúnica
dos médiuns da corrente.
Antes de usar o atabaque deve-se pedir permissão ao Pai Oxalá e a entidade
responsável pelos trabalhos na gira (ou também, a entidade responsável por aquele
atabaque), tocando o couro e pedindo força e dignidade para o manuseio daquele
instrumento.
Quando fora de uso, os atabaques, devem ser cobertos com pano próprio, de cor
branco, e só podem ser retirados pelos responsáveis de cada instrumento, ou por alguma
pessoa autorizada.
É bem importante observar que o toque (volume) dos atabaques nunca deve
exceder as vozes da corrente. Quando o atabaque excede a corrente se desorganiza e o
médium perde a concentração, atrapalhando assim a desenvoltura na incorporação ou
nos trabalhos.
Para melhor entendimento e esclarecimento, vamos descrever o porque o Atabaque
tem toda essa ligação espiritual e divina com as religiões afro-brasileiras, frisando que
isso tem muito a ver com a sua confecção, e claro com o material empregado nessa
confecção.
O Atabaque é composto por 3 elementos naturais, que são: a madeira, o ferro e o
couro.
A madeira, que é regida por Xangô, tem a função de equilibrar a vibração do som e
sustentar o cumprimento da justiça divina durante os trabalhos.
O ferro, que é regido por Ogum, tem a função de fortalecer o trabalho realizado no
Atabaque, dando garra e força ao Ogã/Curimbeiro e os demais atabaqueiros, para
enfrentar as dificuldades que ocorrerem durante os trabalhos, e energeticamente garantir
a ordem.
O couro, que é regido por Exú, tem a função de atrair parte das energias condensadas
trabalhadas dentro do Congá, auxiliando na limpeza das mesmas, e quando o curimbeiro
toca o couro do Atabaque, a vibração produzida pelo toque, quebra a contra parte destas
energias, dissolvendo-as no astral.
Sendo assim, o Atabaque é responsável, juntamente com as Entidades, pela
manipulação de três energias básicas, que são: sustentação, ordem e movimento.
Vamos agora resumidamente demonstrar as ações do som do Atabaque dentro de uma
Gira de Umbanda, ou seja, como acontece toda essa vibração:
O atabaqueiro, ao tocar, aguça sua captação de energias, recebe de um Guia uma
certa carga de vibrações que se infiltra nos seus planos material e espiritual iniciando,
depois, um ciclo que terá término em suas mãos. Com a produção de energia calorífica,
através do toque no couro, o atabaqueiro fará a mistura com as vibrações das entidades e
as vibrações naturais dos médiuns, a sua energia e a do Guia irão circular na corrente
mediúnica começando dos médiuns mais preparados e passando para os iniciantes. Essa
energia, quando enfraquecida, volta para as mãos do atabaqueiro, onde será fortificada e
voltará a fazer o ciclo na corrente.
Percebe-se que tanto a presença física dos atabaques quanto a dos atabaqueiros é de
suma importância para a atração e distribuição das energias dentro da gira.
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NOTA: Poucas pessoas falam na importância de bater cabeça aos atabaques, em
diversos terreiros de Umbanda, somente os Dirigentes o faz. Mas este ato é importante
SIM!
Depois de todo conteúdo abordado aqui, sabemos que os atabaques são condutores
das energias de ligação com os orixás e entidades e que cada um representa uma
Entidade responsável específica. Na maioria das casas o povo de santo somente saúda o
couro num gesto muitas vezes automático.
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Quem bate a cabeça pro atabaque
Respeita uma energia que não se mede
E reconhece que a vida da nossa Umbanda
Soa num couro que apanha
Escorre no suor daquele que bate e daquele que canta
E encanta o preto velho, o caboclo e a criança!
Quem bate nesse couro que tanto apanha
Faz de seus braços e de suas mãos
A extensão da sua alma
Dá voz a Zambi e a todos os Orixás
Bate com força, bate com fé, bate com emoção
Quem bate num atabaque de terreiro
Passa pro couro as batidas do coração
Vamos saudar a curimba do terreiro
Que com força anuncia que o trabalho começou
A voz da Umbanda é o couro do atabaque
Que em meus ouvidos batem
E diz que Deus me abençoou
Pai Serafim convocando nossos guias
Que aqui chegam com alegria
Abençoar nossos irmãos
Som do atabaque impulsiona a vibração
O Ogã passa pro couro as batidas do coração
• PONTOS CANTADOS
Os 'pontos cantados' também conhecidos por 'curimbas' são músicas ritualísticas com
várias finalidades. Antigamente, o homem materialista mais ligado aos aspectos físicos,
buscou entender o verdadeiro propósito de sua existência, em virtude da necessidade de
se religar com o Criador, buscou diferentes formas de contato. Uma das formas
encontrada para a reaproximação com o Divino foi através da música, onde se exprimiam
o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior. Desta forma, os cânticos foram incluídos
nos rituais, sendo comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas
características próprias, manifestavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios
do Plano Astral Superior. Desta forma, temos os Pontos Cantados na Umbanda, os
mantras indianos, os Cantos Gregorianos da Igreja Católica, ou os Cantos de Louvor à
Deus dos Protestantes.
Os pontos representam “orações cantadas”, com alto poder de realização e auxiliam
também na manutenção da ordem nos trabalhos espirituais, com os seus pontos de
“chamada” das linhas, “subida”, “firmeza”, “saudação”, etc. Eles ajudam a sustentar a
manifestação dos Guias.
As curimbas dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade), e Pontos
terrenos (elaborados por pessoas, diretamente). Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais
podem ser modificados, pois são considerados, além de sagrados, pontos de força do
Congá. Já os Pontos cantados terrenos, são aceitos pela Espiritualidade, desde que
pautados na razão, bom senso, fé e amor de quem os compõe. Os cânticos, além de
identificarem cada Espírito que se manifesta, servem igualmente como condensadores de
energia, uma espécie de Mantra, que são palavras consagradas por seu alto potencial de
captação energética.
As funções dos pontos cantados são: Ritualística, onde os pontos “marcam” todas as
partes do ritual da casa como a defumação, abertura das Giras, entre outras; e
Concentradora, pois auxilia na concentração e foco dos médiuns para o atendimento,
pois os toques assim como os cantos envolvem suas mentes e o preparam para o
trabalho espiritual.
A IMPORTÂNCIA
Na Umbanda, um dos mais importantes fundamentos é o Ponto Cantado, são muito
mais que cantigas de Umbanda, são cantigas em louvor aos Orixás e as linhas das
Entidades trabalhadoras. O Ponto Cantado é um dos fundamentos mais importantes para
a harmonização e eficácia dos trabalhos dentro de um Templo Umbandista.
O Ponto Cantado é uma prece, ou invocação das diferentes Falanges para as
atividades ritualísticas no Centro de Umbanda. São verdadeiros mantras, rogativas, que
dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências
Espirituais que nos regem. A harmonia dos sons é muito importante, pois gera uma
vibração que facilita a vinda das Entidades de Luz e a energia necessária para os
trabalhos, sendo uma verdadeira força mágica na Umbanda.
- ANJO DA GUARDA -
Muito se fala sobre o assunto mas poucas pessoas realmente entendem a importância
do Anjo da Guarda, inclusive para nós, umbandistas.
Infelizmente a história sobre anjos é curta. Os gregos, que eram amantes da precisão,
os chamavam DAIMONES (gênio, anjo, ser sobrenatural). Os egípcios os explicaram
amplamente e com detalhes, mas tudo foi perdido, queimado na época da ascensão do
cristianismo primitivo do Ocidente. Hoje, o pouco que nos resta deriva dos estudos
cabalísticos desenvolvidos pelos judeus, que foram os primeiros a acreditar nesta energia.
A palavra hebraica para anjo é Malakl, que significa “Mensageiro”. As primeiras
descrições sobre anjos apareceram no Antigo Testamento. A menção mais antiga de um
anjo aparece em Ur, cidade do Oriente Médio, há mais de 4.000 a.C.
São Thomás de Aquino foi um estudioso do assunto. Ele dizia que os anjos são seres
cujos corpos e essências são formados de um tecido da chamada luz astral. Eles se
comunicam com os homens através da egrégora (força espiritual criada a partir da soma
de energias coletivas (mentais, emocionais) fruto da congregação de dois ou mais
indivíduos), podendo assim assumir formas físicas.
A auréola que circunda a cabeça dos anjos é de origem oriental. Nimbo (do latim
nimbus) é o nome dado ao disco ou aura parcial que emana da cabeça das divindades.
No Egito, a aura da cabeça foi atribuída ao deus solar Rá e mais tarde na Grécia ao deus
Apolo. Na iconografia cristã, o nimbo ou diadema é um reflexo da glória celeste e sua
origem ou lar, o céu. As asas e halos apareceram no século I. As asas representam a
rapidez com que os anjos se locomovem.
No Novo Testamento, anjos apareceram nos momentos marcantes da vida de Jesus:
nascimento, pregações, martírio e “ressurreição”. Depois da ascensão, Jesus foi colocado
junto ao Anjo Metatron. Alguns estudos aceitam a possibilidade dos três Reis Magos
serem Anjos materializados. Melchior (Rei da Luz), Baltazar (Rei do Ouro, guardião do
tesouro, do incenso e da paz profunda) e Gaspar (o etíope, que entregou a mirra contra a
corrupção)
A tradição católica dividiu os anjos em três grandes hierarquias, subdivididas cada uma
em três companhias: Serafins, que personificam a caridade divina; Querubins, que
refletem a sabedoria divina; Tronos, que proclamam a grandeza divina. Dominações, que
têm o governo geral do universo; Potências, que protegem as leis do mundo físico e mora;
Virtudes, que promovem prodígios. Principados, responsáveis pelos reinos, estados e
países; Arcanjos, responsáveis pela transmissão de mensagens importantes; Anjos, que
cuidam da segurança dos indivíduos.”
OBSERVAÇÃO
O livro Magia de Redenção (obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís), dedica um
capítulo para explanar um pouco sobre a defumação e o seu sentido.
- Ramatís
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Larvas Astrais
Quando acumulamos as energias pesadas, ou seja miasmas negativos, atraímos
também as chamadas larvas astrais.
Como no plano físico, no astral também existem e vivem larvas, vermes e seres
parasitóides. Esses seres, se favorecem de pensamentos pesados e consciências
negativadas.
No momento em que você projeta pensamentos que propiciam miasmas negativos, as
larvas astrais também encontram abertura para se instalarem.
Esses seres agem como sanguessugas das nossas energias negativas, e podemos
dizer que eles se “alimentam” delas causando os mais variados tipos de moléstias e
doenças (emocionais, físicas e psíquicas) aos indivíduos que os carregam. Mas veja bem,
as larvas astrais não são espíritos obsessores e em algumas literaturas iremos encontrar
o termo: elementares ou vírus astrais.
- JUREMA -
Jurema é o nome da Planta Mestra Professora e nome de uma Bebida Sagrada de
origem indígena, feita das raízes de sua árvore. Seu feitio é realizado através da
maceração da casca e da raíz, combinados com água, vinho ou cachaça, dentro de um
contexto ritual indígena ou afro-brasileiro, onde rezas, chamados a entidades, cânticos e
giras são realizados. Esta árvore tipicamente Nordestina, era venerada pelos índios
potiguares e tabajaras, da Paraíba, muitos séculos antes da descoberta do Brasil. Dela
era produzida uma bebida considerada sagrada que os pajés faziam, servida em reuniões
especiais. Após a colonização e até o século XIX beber jurema era sinônimo de feitiçaria
ou prática de magia, sendo que muitos índios e caboclos foram presos acusados de
praticarem o "adjunto da jurema".
Em Pernambuco, existe um município cujo nome é Jurema devido a grande quantidade
destas árvores que ali se encontra. A Jurema, depois de crescida, é uma frondosa árvore
que vive mais de 200 anos. Todas as partes dessa árvore são aproveitadas: a raiz, a
casca, as folhas e as sementes, utilizadas em banhos de limpeza, infusões, unguentos
(tipo de perfume), rapés (tabaco), bebidas e para outros fins ritualísticos. A jurema
apresenta representações que variam em cada um dos espaços sociais. Clarice Mota
postula a existência de um complexo da jurema como um grupo de representações que
não apenas incluem plantas de nome Jurema, mas as concepções existentes em torno
delas, sendo uma demonstração das misturas culturais que ocorrem no país, de forma
que a Jurema possui muitas faces.
Foi no contexto religioso e curativo que o uso da Jurema Sagrada mais se
desenvolveu, saindo dos índios penetrou os costumes da Umbanda Sagrada e do
Catimbó, a mais recente tradição juremeira do Brasil. A Jurema é utilizada em dois
contextos rituais, indígena e afro-brasileiro, sempre com o propósito de cura e expansão
da consciência. No ritual indígena a consagração da Jurema Sagrada faz uso das
características indígenas e ancestrais de cura, como a Pajelança, o Ouricuri, os Praiás e
os Torés, como formas de chamar os encantados da floresta, ancestrais e espíritos pajés
curandeiros para auxiliar na cura. No ritual afro-brasileiro a consagração da Jurema
Sagrada se dá em conjunto com a fé e as características magistícas e religiosas do
Cadomblé, Umbanda e Catimbó, que vão desde a incorporação de entidades a giras e
bailados.
Para compreender o efeito da Jurema é necessário situar-se no contexto de
expectativas e formas de seu uso ritual, ou seja, os mitos e crenças a seu respeito
potencializam o efeito, dando-nos uma sensação de êxtase divino e religioso.
Atualmente a Jurema Sagrada se expandiu e ganhou outros territórios. É usada
também dentro de círculos esotéricos e cristãos, assim como também pela psicoterapia e
fitoterapia.