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O ORÁCULO DA UMBANDA

Oráculo é um meio utilizado para se visualizar o que há através do véu que separar o
plano material do plano espiritual. Também utilizado por muitos com o intuito de
entender o que se passou, visualizar o que ocorre agora em outro lugar ou então de
prever o futuro, os oráculos são muitos.

Podemos considerar oráculos diversos elementos das quais estamos acostumados


ouvir falar como mapa astral, tarot, búzios, runas, cristais, leitura de mãos, borra de
café, dons mediúnicos e até o consumo de elementos psicoativos que trazem uma
ampliação da rotação dos chacras e assim nos permite captar com maior precisão as
energias que nos envolvem.

Dentre todos os oráculos conhecidos pelo homem moderno e, também, aqueles já a


muito esquecidos, o que utilizamos na Umbanda, exclusivamente, é a manifestação
mediúnica de incorporação. Entretanto, para falarmos a respeito devemos
preliminarmente compreender o que é a mediunidade de incorporação.

A mediunidade
A mediunidade é um dos sentidos humanos, conhecidos por alguns como sexto
sentido a mediunidade é na realidade um conjunto de sentidos sensoriais que todos os
seres possuem, estes sentidos estão ligados diretamente aos seus corpos energéticos e
servem como porta de passagem para estímulos.

Toda porta leva um lugar a outro, e entre lugares separados por uma porta sempre
existe uma “parede”, pois com nossos sentidos mediúnicos funciona da mesma forma.

Temos nosso corpo material, físico, biológico. Este formado por uma concentração
energética extremamente densa, densa ao ponto de “materializar” energia, sim nós
somos energia.

Temos também nosso corpo espiritual, este muito sutil, também composto por
energia, porém longe do estado material, poderíamos dizer que ele está no estado
“espiritual” sendo uma réplica idêntica de nós mesmos que se sobrepõe ao nosso
corpo material perfeitamente.

Cada um destes corpos tem contato com um mundo totalmente seu, um ambiente
único compatível com sua densidade vibratória. Para que estes corpos possam habitar
em harmonia, sem que um ou outro entre em colapso, temos nosso corpo energético.

Nosso corpo energético é como a parede que separa os dois ambientes, o material e o
espiritual.
Esta parede possui algumas portas, estas portas são conhecidas como Chacras. Temos
sete portas principais que ligam matéria e espírito, e diversas portas secundárias,
incontáveis por assim dizer.

Estas portas não são simples de se utilizar, não basta simplesmente passar por ela.
Como falado acima, cada um dos corpos (material e espiritual) vivem um ambiente
próprio, e como tal possuem uma série de sentidos e sensação que usam para
interpretar o ambiente ao seu redor. Estes também são próprios.

É aí que entra a mediunidade. A porta que liga a matéria e o espirito possuem apenas
uma língua em comum e esta língua é a mediunidade.

Então, em um breve resumo, a mediunidade é o sentido do ser que permite a


comunicação entre matéria e espirito de forma absolutamente compreensível. De
forma compreensível porque existem outros meios de comunicação entre a matéria e
espirito que não a mediunidade, porém estas comunicações são incompreensíveis a
nossa mente e ao nosso cérebro.

Tipos de Mediunidade
A mediunidade se classifica em diversos tipos. É certo que nossos irmãos kardecistas
possuem grande conhecimento sobre o tema mediunidade e pegamos um pouco da
água desta fonte, assim como de muitas outras, porém como falado anteriormente, a
Umbanda tem seus próprios fundamentos, e como tal possui sua própria classificação
e nomenclatura para os tipos de mediunidade, como veremos a seguir.

Médiuns de incorporação

São médiuns que produzem os aspectos, maneiras, vozes e linguagens dos espíritos ou
seres que incorporam e falam por seu intermédio. A mediunidade de incorporação
pode ser inconsciente e consciente. A consciente se processa quando o espírito atua
no médium e este tem plena consciência dessa atuação. A incorporação inconsciente,
muito rara, ocorre quando o espírito atua no médium e este não tem plena
consciência dos atos e práticas ali executados pelo espírito.

Médiuns de transportes

É uma variante da mediunidade de incorporação, em que um espírito ou ser que está


agindo numa pessoa é transportado para o médium e passa a se manifestar por
intermédio dele. O transporte visa tirar do campo vibratório de uma pessoa um
espírito internalizado, que não sai porque ela está em simbiose com ele. É preciso
alguém pôr a mão, puxar aquele espírito, incorporar e limpar a pessoa. Esses médiuns
são importantes para a retirada de obsessores, que, a seguir, são levados pela Lei
Maior, para o seu lugar de merecimento.

Médiuns sensitivos
Os médiuns sensitivos têm a capacidade de perceber, detectar e sentir a presença de
espíritos sejam eles de qualquer classe e ordem evolutiva. Este é o tipo de
mediunidade que muitas pessoas classificam como sexto sentido, acreditando ser um
sentido extra-sensorial que detecta variações de energia em ambientes e pessoas.

Médiuns sudientes ou auditivos

Ouvem a voz dos espíritos, com suas mensagens de socorro ou palavras de consolo e
orientação. Podemos exemplificar com Joana D' Arc e Cecília Meirelles.

Médiuns falantes

Neles, a palavra é um instrumento, do qual o espírito se serve, para entrar em


comunicação com o plano material, assim como também pode fazê-la por intermédio
dos médiuns sudientes.

O médium se exprime geralmente sem ter a consciência do que diz e fala coisas fora
de suas ideias habituais, de seus conhecimentos e mesmo do alcance de sua
inteligência. Embora esteja perfeitamente desperto e no estado normal, raramente
conserva a lembrança do que disse.

São Jerônimo pode ser considerado um médium falante consciente, pois passava horas
ditando aos taquígrafos suas cartas (epístolas) e suas traduções da Bíblia (Velho
Testamento e Evangelhos) que deram origem à "Vulgata" (primeira Bíblia em Latim),
no fim do séc. IV e início do séc. V D.C.

Se concordarmos que os evangelhos foram revelados pelo Espírito Santo, São João,
São Marcos, São Mateus e São Lucas foram, também, médiuns falantes, pois,
provavelmente, como São Jerônimo, ditavam os textos. Jesus e Krishina foram
considerados, cada qual em seu contexto, a própria encarnação do Verbo, assim como,
entre os islâmicos, mais recentemente (séc. VII), Maomé (Mohamed).

Nesse sentido, todos os autores dos textos sagrados das diferentes culturas poderiam
ser incluídos nessa categoria de médiuns falantes ou na de psicógrafos.

Médiuns videntes

São dotados da faculdade de ver os espíritos. Há os que dispõem dessa faculdade em


seu estado normal, perfeitamente despertos e mantendo a lembrança exata do que
veem. Outros não a têm, senão no estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo.
Os médiuns videntes acreditam ver pelos olhos, mas, na realidade, é seu corpo
espiritual que vê, por isso veem tão bem tanto com os olhos fechados como abertos.

Médiuns curadores
São aqueles que fazem as curas por meios psíquicos ou ocultos, pela imposição das
mãos ou por outras formas. Os médiuns curadores têm, compondo o seu dom de cura,
o intermédio de médicos curadores já desencarnados, especialistas neste assunto, e de
espíritos de altos escalões evolutivos, que se servem das ervas, das rezas e de seus
conhecimentos magístico medicinais.

Médiuns de efeitos físicos ou motores

São aqueles, que no estado de transe, fazem mover ou transportar objetos mais ou
menos pesados, como por exemplo: mesas e cadeiras. E, também, produzem outros
fenômenos. Uns produzem os fenômenos por um ato de sua vontade outros
involuntariamente.

Médiuns psicógrafos ou escreventes

Têm a faculdade de escrever, sob a influência dos espíritos. Esta escrita pode ocorrer
por diversas formas, podendo o espirito possuir o controle sobre as mãos do médium
ou fazer um ditado mental a ele. A principal diferença entre estas duas formas não
está no método em si, mas sim no resultado: o primeiro traz a caligrafia exata do
espirito que escreveu enquanto o outro traz apenas suas palavras e forma de escrita,
mantendo neste caso a caligrafia do médium.

Temos como exemplos Chico Xavier e Rubens Saraceni.

Os médiuns escreventes mecânicos, que recebem um impulso involuntário em suas


mãos e normalmente não têm nenhuma consciência daquilo que escrevem, são muito
raros. Aqueles cujas mãos avançam involuntariamente e que têm a consciência
instantânea das palavras ou das frases à medida que escreve, esses são os mais
comuns e chamam-se semiescreventes.

Médiuns pintores e desenhistas

Pintam ou desenham sob a influência dos espíritos, permitindo, através da pintura e da


arte, mostrar as maravilhas existentes no lado espiritual. Os espíritos que os inspiram,
muitas vezes, mostram, também, suas formas e características físicas, perceptíveis aos
nossos olhos.

Mediunidade na Umbanda
Todos estes tipos de mediunidade são aceitos, conhecidos e utilizados na Umbanda,
porém um deles tem grande destaque, pois este foi o tipo de mediunidade que deu o
ponta pé inicial à revelação da Umbanda e como tal se tornou o principal meio de
trabalho.

Procurado pela maioria dos adeptos e simpatizantes da Umbanda, o Oráculo da


Umbanda é a Mediunidade de Incorporação. Chamada em outras crenças
espiritualistas de Psicofonia, e por outras religiões por possessão, é este tipo de
mediunidade que permite ao adepto de Umbanda conversar com mentores espirituais
para receberem conforto e orientação.

É muito triste perceber a fragilidade do sentido religioso do umbandista quando este


chega ao terreiro e, ao descobrir que por qualquer motivo não haverá “incorporação”,
simplesmente vira as costas e vai embora, esquecendo-se de que ali é um templo de
Deus.

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