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Desde o início da nossa caminhada, lá no dia 14 de abril de 2007, dia de fundação da Nossa Casa,
uma das bases que foram colocadas para o engrandecimento do grupo era o estudo. A partir daí iniciou-se
uma verdadeira busca do conhecimento teórico e prático da Espiritualidade e da nossa Umbanda. E como foi
prazeroso ver cada um debatendo, dividindo opiniões, aprendendo com experiências alheias, enfim,
vivenciando um pouco mais da amplitude que pode alcançar nossa religião.
Mas seria ainda necessária direcionarmos estes estudos para a nossa realidade, para a trajetória que
os Mentores Espirituais traçaram para o nosso grupo. Exatamente por isso que está sendo plantada em nossa
Seara essa semente – os estudos dirigidos.
Trata-se de nossos trabalhos divididos em tópicos, em um estudo minucioso e ao mesmo tempo
simplificado, baseado em textos e pesquisas feitas por alguns médiuns e organizados por mim, com a
orientação do nosso Comando Espiritual – Caboclo Sete Estrelas, mas que pode contar com a colaboração
de todos.
Esperamos que neste primeiro módulo – o Branco – possamos estar unindo força e sabedoria, para o
crescimento de nosso Grupo e de nossa Umbanda. A instrução nos dá o esclarecimento e nos eleva cada vez
mais para junto de nossas entidades. Aprendamos com os nossos Caboclos, Pretos Velhos, com todos os
Guias e Mentores da Umbanda, e também com os nossos irmãos da SEFA. Somente assim estaremos sendo
verdadeiros Falangeiros da Aruanda.
Introdução
Quase toda a família Figueiredo foi convocada para preparar os Postulados da nova Organização, que
no início foi batizada de Seara de Mirim. Mas como mudar as sessões de Kardecismo para Umbanda sem
sequer conhece-la, visto que a religião era ainda muito nova, com menos de dez anos de fundação? O
Caboclo Mirim, Espírito Missionário, preparou a antena receptiva daquele que seria o intermediário do seu
programa, de suas ordens e de suas mensagens, ou seja, o seu Médium, que preservaria a sua missão e que
cumpriria, religiosamente, a sua tarefa. Estudos confirmam que Benjamin Gonçalves Figueiredo teria
passado algum tempo junto com Zélio Fernandino de Morais, médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas,
na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, aprimorando seus conhecimentos sobre a Umbanda.
Aos 13 dias do mês de outubro do ano de 1924 considerou-se fundada aquela que seria um dos mais
importantes núcleos umbandistas do Brasil: a Tenda Espírita Mirim. Desde o início Caboclo Mirim advertiu
que aquela seria uma Organização única no gênero em todo o Brasil, cujo método seria adotado por outras
Tendas, até mesmo em outros Estados da Federação. De fato, o ritual da Tenda Mirim sempre se destacou
no meio umbandista por trazer influências de correntes filosóficas que vão desde o Ocultismo e a Teosofia
ao Espiritismo de Kardec. Caboclo Mirim aboliu do seu culto diversos elementos que estavam intimamente
ligados à noção de que se tinha das “macumbas” e feitiçarias reinantes naqueles tempos, bem como alguns
outros também relacionados ao culto católico e à cultura africana, em especial (naquela época não se usava o
termo “sincretismo”). Ainda como parte da ruptura com outras religiões, nos terreiros orientados por
Caboclo Mirim não se encontravam altares com as imagens católicas, apenas a de Jesus Cristo situado acima
da altura da cabeça dos médiuns, onde se lia a inscrição “O Médium Supremo”.
Os atabaques foram trocados por enormes tambores (tocados sentados), toalhas-de-guarda e as vestes
rendadas coloridas, típicas da Bahia, deram lugar aos brancos uniformes e calçados, sempre sóbrios, como a
lembrar a seus médiuns que todos eram apenas operários da fé, ou melhor, “Soldados de Oxalá”, como na
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letra do hino da Tenda Mirim. Nenhum ornamento, nem guias, colares ou qualquer tipo de ostentação
pessoal eram aceitos. Antes da abertura dos trabalhos, era até difícil ao visitante reconhecer os dirigentes
dentre os demais médiuns da Casa. Foi um primeiro passo em busca de uma identidade própria para a
Umbanda, buscando-se dignificar o culto e seus participantes, tendo como base a organização e a disciplina
do conjunto do corpo mediúnico da casa umbandista.
À esquerda a fachada da Matriz da TEM nos anos 1970; à direita o interior do terreiro em final dos anos 1990
A partir dos anos 1950, com um trabalho já bem consolidado na sua matriz no Rio de Janeiro,
Caboclo Mirim responsabilizou vários médiuns a levar as Tendas de Umbanda ao longo de todo território
nacional. A primeira casa descendente da Tenda Mirim foi criada em 30 de junho de 1951, como filial, em
Queimados, na época distrito da cidade de Nova Iguaçu. Depois desta, novas casas foram abertas em Austin,
Realengo, Colégio, Jacarepaguá, Itaboraí, Petrópolis e São Gonçalo. A primeira casa descendente do
Caboclo Mirim, aberta fora do Rio de Janeiro foi na cidade de Assaí, no Paraná.
Caboclo Mirim introduziu também o conceito de graduação aos seus médiuns em desenvolvimento,
com uma classificação própria para cada um nos trabalhos de atendimento público. Foi, talvez, a primeira
Escola de Formação Iniciática Umbandista.
O novo adepto da religião iniciava seu desenvolvimento mediúnico na base da pirâmide hierárquica
do terreiro, e ia ascendendo nela conforme em seu próprio ritmo, levando-se em conta a seriedade e a
dedicação do neófito, e sempre de acordo com a intensidade e a qualidade com que seus próprios Guias
trabalhavam junto ao médium.
Com isso, durante seu desenvolvimento, o médium exercitaria várias funções dentro dos trabalhos de
caridade. A nomenclatura dos sete graus foi baseada na terminologia da língua Nheêngatú, da antiga raça
dos índios Tupy. Assim ficaram classificados:
O Primado de Umbanda
Introdução
Muitas pessoas que não conhecem a Umbanda
acabam confundindo a nossa religião com o
Candomblé, por causa de uma coisa que temos em
comum: o culto aos Orixás. Mas embora as duas
religiões façam louvações aos deuses do panteão
africano, a representação dos Orixás na Umbanda se
dá completamente diferente à do Candomblé.
E a confusão dos cultos religiosos está muitas
vezes nos próprios irmãos umbandistas e
candomblecistas, que não procuram entender seus
fundamentos.
No Candomblé, o culto aos Orixás é feito
através da mitologia Yorubá. Os deuses do panteão
O Panteão Africano na visão da Mitologia Yorubá africanos são numerosos, alguns até desconhecidos
pelos próprios umbandistas. Eles teriam vivido na
Terra há milhares de ano, vivenciando até hoje as suas paixões e sentimentos de quando eram encarnados.
Por isso é muito comum de se falar que Ogum é ciumento, Oxum é vaidosa e chorona, Iansã é raivosa, etc.
Ainda no culto Yorubá as características de cada Orixá os deuses dos seres humanos, pois eles se
manifestam através de emoções como os filhos de fé. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são
passionais. Isso faz com que o filho daquele Orixá tenha as mesmas características e sentimentos dele. Cada
orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes,
espaços físicos e até horários.
O primeiro livro de Umbanda publicado, que se tem notícia, foi “Espiritismo, Magia e as Sete Linhas
de Umbanda”. Escrito no ano de 1933 por Leal de Souza, um dos médiuns preparados por Zélio de Moraes,
o livro traz uma visão teológica que o Caboclo das Sete Encruzilhadas passava aos seus médiuns sobre as
Sete Linhas da Umbanda, que eram classificadas da seguinte forma:
Com o passar dos anos, outros mentores espirituais foram instruindo seus médiuns, trazendo mais
esclarecimentos e vertentes diferenciadas sobre as representações das sete linhas de Umbanda, como foi na
própria Escola de Caboclo Mirim, que classificou as Sete Linhas com Orixás Regentes, onde se encaixariam
guias e falangeiros que trabalham na força de outros orixás afins.
Ibejis Ibejadas
— Esta Linha é conhecida também como Linha das Águas, regida pelas
Iabás (Orixás femininos). A Vibração de Iemanjá representa a força feminina da
natureza, inserida no elemento água. Por isso que esta grande falange agrega as linhas
de Iemanjá, propriamente dita, cujo elemento é a água do mar, dos oceanos; Oxum, que
reina sobre as águas doces, dos rios e das cachoeiras; Iansã, que vibra nas tempestades,
nos temporais, nos ventos e nos raios, senhora das águas mais revoltas; e Nanã,
considerada a mais velha, dona da matéria da criação – o barro, senhora das águas lodosas, dos pântanos e
das nascentes.
O Trecho abaixo é do Livro “Reflexões sobre a Escola de Caboclo Mirim”, de autoria de Sérgio
Navarro Teixeira, e define bem como trabalhamos a questão dos guias e Orixás em nossa Casa.
É preciso ressaltar, entretanto, que a Escola de Caboclo Mirim nunca incentivou alguém a procurar
seu “orixá de cabeça”, pois o processo de iniciação requer desenvolvimento lento, fazendo com que o
médium viva experiências sob a vibração de todos os raios, ou seja, cresce-se pela luz e aprendizado de
vários guias e falangeiros de Orixás em nossa Umbanda, sempre orientados pelos Caboclos e Pretos Velhos.
Não é vantajoso para o médium se fixar em um arquétipo, justificando e apoiando sua conduta na vida diária
á influência do orixá A ou B. Aprendemos que o guia de cada um que irá, no momento certo, trazer maiores
detalhes sobre a coroa de seu filho.
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Questão 1
Quando instituiu a sua Escola, Caboclo Mirim consagrou os meses do ano a algumas Linhas de Umbanda
que trabalhamos em nosso terreiro.
Analisando o quadro acima procure explicar, com suas próprias palavras, o porquê dessa classificação.
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Introdução
Em 1908, a religião de Umbanda foi oficialmente anunciada e fundada no plano terrestre. Anterior a
esse fato o que havia eram diversas manifestações espirituais, algumas praticadas em casa, outras em
espaços abertos. Havia então uma mistura onde não se sabia o limite entre um espírito evoluído e um outro
de baixa vibração. No Rio de Janeiro essas manifestações ganharam o nome pejorativo de “macumba
carioca”.
Após a histórica incorporação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, na mesa da Federação Espírita de
Niterói em 15 de Novembro de 1908, deu-se a fundação oficial da primeira Tenda Umbandista no plano
terrestre.
No dia seguinte ao do acontecido na Federeção, todos foram à casa da família de Zélio de Morais, na
Rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, para presenciar o que o Caboclo havia anunciado. Ao se aproximar à
hora marcada - 20 horas - já se reuniam os membros da Federação Espírita, seguramente para comprovar a
veracidade do que fora declarado na véspera; os parentes mais chegados, amigos, vizinhos e, do lado de
fora, um grande número de desconhecidos. Todos estavam curiosos para saber o que realmente iria
acontecer.
Às 20 horas, manifestou-se o Caboclo das
Sete Encruzilhadas. Declarou que se iniciava,
naquele momento, um novo culto. Nele, espíritos na
forma de índios nativos de nossa terra, e outros
como velhos africanos, que não encontravam campo
de ação nos remanescentes das seitas já deturpadas e
dirigidas quase exclusivamente para trabalhos de
feitiçaria, poderiam trabalhar em benefício dos seus
irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça,
o credo e a condição social. A prática da caridade,
no sentido do amor fraterno, seria a característica
desse culto, que teria como mestre supremo Jesus.
Ainda naquela mesma noite, Zélio
Casa da família de Zélio, foi a primeira Tenda de incorporou um preto velho chamado Pai Antônio.
Umbanda. Demolida em 2011, hoje funciona um Com fala mansa e palavras de muita sabedoria e
galpão de materiais de construção. humildade e com timidez aparente, recusava se
sentar junto com os presentes à mesa dizendo as
seguintes palavras:
“— Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego”. Quando foi solicitado um
banquinho para o Preto Velho.
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião
pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:
“— Minha caximba, nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque buscar”.
Foi o primeiro elemento de trabalho solicitado por um guia de Umbanda.
A partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda, sendo reconhecido o dia 15 de
novembro (quando houve a primeira manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas) como dia oficial da
fundação da Umbanda.
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Do lado espiritual, aos poucos diversos espíritos foram se agregando ao novo culto trazido por Seu
Sete Encruzilhadas e por Pai Antônio. Começavam então a se formar os grupamentos espirituais de trabalho,
que mais tarde ficou conhecido por todos nós como Falanges Espirituais.
Assim, nas diversas Casas de Umbanda fundadas ao longo de mais de 100 anos podemos ver
diversas falanges espirituais trabalhando nos terreiros. Cada terreiro de Umbanda pode ter uma linha
doutrinária diferente, ou trabalhar com algumas falanges distintas. Porém uma característica é comum a
todos os terreiros de Umbanda: além dos Caboclos, encontramos outras duas formas básicas na Umbanda –
os Pretos Velhos e as Crianças (Ibejadas).
Essa tríade umbandista representa o desenvolvimento da vida, ou seja o início, a pureza e a
simplicidade, a descoberta (infância = crianças); o amadurecimento, a virilidade o destemor, a vontade e o
arrojo, a força (adulto = caboclo); e a maturidade, a sabedoria da vivência, a humildade, a experiência e o
conhecer das outras fases (velhice = pretos-velhos).
As Crianças na Umbanda
populares da nossa religião. Por sua vez, Cosme e Damião acabaram sendo conhecidos no Brasil como
santos protetores das crianças.
Outra característica marcante na Umbanda em relação às representações de São Cosme e São
Damião é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é
chamada de Doum. Trata-se de uma variação do termo Idowu, que era como os africanos chamavam as
crianças de até sete anos de idade. Doum passou a representar o protetor das crianças nessa faixa etária.
A força dessas entidades espirituais, no entanto, é pouco conhecida pela maior parte dos filhos de fé.
Muitos irmãos, inclusive médiuns, só querem vê-las como crianças peraltas ou insubmissas.
O trabalho dessas entidades é incansável, tendo energias inesgotáveis como uma criança e sabedoria a de um
ancião. Em muitos terreiros são entregues às Ibejadas a corrente de saúde, sendo eles formadores de uma
grande falange curadora. Os guias que atuam na linha de Ibejada possui um extenso sítio vibratório. Por isso
temos Ibejadas da mata, da cachoeira, da praia, dos campos, etc. Balas, doces e guaraná que esses guias
espirituais utilizam são apenas ferramentas de trabalho que são benzidos e vibrados para nossa proteção.
Os Caboclos de Umbanda
Em relação aos Caboclos já explicamos a nossa visão em relação a essa falange espiritual e à sua
linha de trabalho. Já os Boiadeiros se apresentam na roupagem fluídica do sertanejo, aquele que está mais
ligado à terra. Em algumas partes do país os Boiadeiros também são conhecidos como “Encantados” por
alguns segmentos e fora da Umbanda. Eles não teriam morrido para se espiritualizarem, teriam sido
encantados e se transformados em entidades especiais. Em outros estados brasileiros eles são cultuados
como “Baianos”, mantendo quase a mesma característica de trabalho.
No nosso terreiro, os boiadeiros fazem o trabalho de depuração de energia, sendo sempre chamado
ao final de uma corrente de Caboclos. É sempre bom lembrar que todo médium tem seu Caboclo e o seu
Boiadeiro. Na SEFA o médium aprende a buscar sempre a energia do seu Caboclo, que é a falange que
chefia todo nosso trabalho.
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Há ainda o Caboclo que adota o nome “Caboclo Boiadeiro”. Esse é um chamado “Caboclo de Pena”
(que se identifica como um ancestral indígena), mas que Boaideiro como seu nome. Um médium que
trabalha com um Caboclo Boiadeiro tem uma outra entidade que trabalha na linha dos Boiadeiros (que em
algumas regiões são chamados de “Caboclos de Couro”).
Os Pretos Velhos
ao se manifestar em uma sessão espírita. Antes mesmo disso, toda e qualquer entidade que demonstrasse
traços similares aos de um negro escravo, eram “convidados” a se retirar de tais sessões.
Conhecidos como mandingueiros poderosos, sentados no toco com cachimbo na boca, alguns com
terço na mão, outros utilizam ervas e outros elementos para a limpeza de seus “filhos”. Benzendo, rezando e
irradiando conforto, saúde e harmonização, trazem sempre bons conselhos e palavras de sabedoria, virtude
agregada através de experiências de quem aprendeu a lidar com o tempo da melhor forma: sendo paciente e
tendo fé. Por isso são carinhosamente conhecidos como os “psicólogos” da Umbanda.
Nos trabalhos de consulta, muitas vezes não é necessário falar nada. Só o fato de ouvir uma palavra
tranquila de um preto velho, nos aconselhando e nos auxiliando, já passa para o consulente a paz de espírito
que ele tanto almeja.
A vibração que rege os pretos velhos, em nossa Escola recebe o nome de Iofá. Segundo o Caboclo
Mirim, Iofá (ou “Yophá”, como foi originalmente escrito) é a filosofia. São aqueles que nos vêm passar
ensinamentos por meio de mensagens enigmáticas, das quais as respostas são conquistadas aos poucos pelos
médiuns, à medida que vão trabalhando e progredindo espiritualmente. É a palavra divina que vem dos
“céus” até os homens, do sutil ao denso, para enfim permear e ampliar a consciência dos filhos de fé sobre
tudo que há na relação entre os planos material e espiritual. Em resumo, pura sabedoria de Preto Velho.
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Introdução
Toda religião possui o seu culto, uma cerimônia criada pelos seus seguidores para reverenciar as suas
divindades. O culto religioso é um ato de ligação direta do mundo terreno com o Astral. Através de uma
liturgia estabelecida no culto, os fiéis louvam os seus deuses, renovam votos de fé e também revigoram suas
forças espirituais.
Um ritual é um conjunto de gestos, palavras e formalidades, geralmente imbuídos de um valor
simbólico, cuja performance é, usualmente, prescrita e codificada por uma religião ou pelas tradições de
uma comunidade.
Podemos conferir em várias religiões,
cerimônias e cultos distintos, cujos rituais
representam o momento de ligação dos seus
seguidores com o Divino, com o Astral
Superior, com a Espiritualidade. Por
exemplo: os católicos realizam as suas
missas dominicais; os evangélicos os seus
cultos de louvor e estudo da Palavra; já os
judeus se reúnem em suas sinagogas para as
tradições básicas e liturgias de prece,
chamadas de Ashkenazitas; e o budismo de
Ritual religioso indígena
Nitiren Daishonin traz duas liturgias
principais – o Daimoku, reuniões de preces em que emana um único mantra, e o Gongyo, conjunto de preces
coletivas.
Na Umbanda, o nosso principal ritual litúrgico é a chamada “gira”, tendo esse nome por imitar o
“giro cósmico” do universo.
Gira de Umbanda
A Gira é o termo dado à principal sessão de uma Casa umbandista, com cânticos, danças, rezas e
passes magnéticos fluidificados. Existem as giras internas, que são fechadas apenas para o corpo mediúnico,
principalmente para os que estão se iniciando na religião, desenvolvendo a mediunidade; e há também as
giras externas, abertas ao público, destinam-se à realização de correntes para as mais diversas finalidades.
A Gira interna, ou Gira de
Desenvolvimento Mediúnico é muito
importante para o Terreiro, pois se trata da
manutenção da disciplina e do aprendizado
pregado na Casa. O desenvolvimento
mediúnico visa desenvolver não só o
contato com as outras esferas, mas antes
desenvolver e aprimorar suas próprias
capacidades internas, melhorando seu
relacionamento com o seu semelhante e
com o mundo que o cerca.
O estudioso Roberto Rasgulaeff
publicou na página da internet do Terreiro
Pai Joaquim de Angola (PR), onde o
médium trabalha: “É no desenvolvimento
que o médium aprende que a mediunidade não é brincadeira. Mediunidade é tão séria que chega interferir na
vida do médium em seus aspectos mais profanos. O fato de alguém ser médium não quer dizer em absoluto
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que seja melhor do que os outros pelo contrário, mas que ele precisa sempre se melhorar, por si só e pela
comunidade que se comprometeu em ajudar. Existem deveres e obrigações a serem cumpridos perante
o terreiro e a assistência. É necessário que se adaptem de forma disciplinada e responsável ao meio que se
vive.”
Nas Giras abertas ao público o médium tem a oportunidade de colocar em prática tudo o que se
aprende tanto no desenvolvimento quanto nos seus estudos, entrando em sintonia com as suas entidades para
fazer os trabalhos de Umbanda, de acordo com o objetivo de cada sessão.
Mulheres – Vestido, anágua, roupa de baixo (calçolão), sapatos brancos, sendo facultativo o
uso da meia.
Atenção: A cor da roupa íntima também deverá ser branco ou cor da pele.
O ambiente físico deve estar de acordo com o que se propõe: terreiro limpo e harmonioso. A
falta ou o excesso de pessoas no espaço físico poderá acarretar problemas relacionados a
conforto e bem-estar dos presentes;
A música bem executada. Não se trata apenas de “bater tambor” ou “gritar” os pontos. As
curimbas são como mantras, e devem ser executadas de forma clara e afinadas, para que
todos possam entender o que está sendo cantado, deixando-se envolver pelas vibrações da
curimba. Importante também manter a qualidade dos equipamentos de som;
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Xirê no candomblé é uma estrutura sequencial de cantigas para todos os orixás cultuados na casa ou mesmo pela “nação”,
começando por Exú e indo até Oxalá.
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Importante o médium umbandista saber que Umbanda não trabalha com incorporação de Orixá, pois
a nossa visão de Orixá é diferente das divindades do Candomblé. Logo, devemos ter em mente que
trabalhamos com espíritos que canalizam a força e a vibração dos orixás. No caso de médiuns que estão em
posição de comando, como os Morubixabas, Abarés-guassús (SCCT) e Abarés (CT), a troca de energia é
feita sem a troca de entidade.
É possível isso? Sim.
O seu Caboclo, comandando a gira, ou auxiliando o comando, pode canalizar a energia daquele orixá
que está vibrando no momento, sem precisar o médium desincorporar o seu guia. Dessa forma, tanto o
médium quanto o guia permanecem atentos ao que ocorre na gira, podendo agir de imediato em qualquer
eventualidade.
O mesmo pode se dizer dos médiuns Abarés-mirins (SCT) e Bojás-guassús (T). Quando estes estão
tomando conta de um iniciante na gira, é importante que tanto entidade quanto o médium estejam atentos ao
irmão que está sendo desenvolvido. Neste caso, a troca de entidade pode levar a um descuido do médium
orientador, podendo causar um acidente que resultaria numa possível insegurança do médium iniciante a
partir daquele momento.
Formação do Terreiro
Cerimonial de abertura
Chamamos de cerimonial o conjunto de procedimentos ritualísticos que são seguidos para preparar a
execução da gira. Para quem olha de fora, pode parecer um pouco com uma “parada militar”. Porém é
importante ressaltar que o ideal buscado pelo cerimonial é a ordem e a disciplina física da coletividade
presente à gira, para que o trabalho espiritual possa fluir tranquilamente.
Benjamin Figueiredo, médium do Caboclo Mirim, dizia sobre a disciplina no terreiro:
“Aquele que estiver na direção dos trabalhos (CCT) deverá agir cuidadosamente, a fim de não perder
a armação material do terreiro, cuja liturgia provoque um potencial de força suficiente para anular ou, pelo
menos, neutralizar a ação isolada desarmônica que algum elemento (médium) esteja vibrando. Logo, é
necessário que cada médium saiba que a sua presença no terreiro está sendo observada, e que ele só poderá
estar presente como elemento útil àquele ato de magia se estiver colaborando com a sua disciplina.”
As entidades chegarão gradativamente, grau a grau, a partir do CCT. Em nosso terreiro, incorpora-se
primeiro o Tupixaba (CCT que comanda toda a nossa Organização Religiosa), na curimba do nosso Guia
Chefe, Caboclo Sete Estrelas. Todo o restante do terreiro deverá estar na posição Kaô-deci (coroa abaixo),
permanecendo de joelhos até que os trabalhos sejam entregues ao comando. Caso o Tupixaba não esteja
presente, ou não esteja na formação para incorporação, cantamos para saudar o Caboclo Sete Estrelas, e
seguimos direto para a incorporação de Morubixaba (CCTs que comandam as filiais da SEFA, ou CCTs
visitantes), feita na curimba do Caboclo comandante da filial. Aqui, novamente, todo o restante do terreiro
deverá estar na posição Kaô-deci.
Quando se entoa a curimba para a entidade o MG/MGA deverá saudar sempre a Linha vibratória da
entidade, e o nome do Caboclo (representando sua falange), na abertura e na finalização da curimba.
Exemplo:
Benjamin Figueiredo orientava a seus curimbeiros que os rituais respeitassem ciclos, movendo
energias que se expandem e se contraem sempre. E isso deve ser observado até na saudação aos guias
quando se cantam suas curimbas.
Após a incorporação de todos, o pessoal
do cerimonial conduzirá a fila de médiuns (já
incorporados com seus caboclos) para que possam
um a um, cumprimentar o grau imediatamente
acima. Assim, o Morubixaba cumprimenta o
Tupixaba. O SCCT cumprimenta o Morubixaba, o
CT cumprimenta o SCCT, e o SCT cumprimenta
o CT. Mas não se trata de um cumprimento
simples de quem chega numa festa e diz: “Oi,
você vem sempre aqui?”. O próprio Benjamin
Figueiredo explica que o Caboclo Mirim
denominava esse ritual como “entrega de
valores”. Em 1952 ele já dizia:
“Muitos filhos de terreiro não sabem, até
hoje, que as trocas de saudações feitas do
Terreiro, entre as entidades, não significam
Entrega de valores de Tupixaba aos Morubixabas, na cumprimentos de boas-vindas ou de despedidas
Gira de aniversário da SEFA entre elas, pois que os Espíritos não vivem essas
formalidades, nem precisam tampouco estar entre
nós para viverem as nossas. A saudação entre as entidades é a Lei de interpretação de valores, materiais ou
espirituais, para a boa preparação dum ambiente.”
Ainda de acordo com o Caboclo Mirim, a saudação é feita dentro de três planos, de acordo com os
valores presentes ao mesmo ato:
Feita por um valor menor a um maior, sendo um ato de preparação da vibração;
Feita por valores do mesmo nível, sendo um ato de condensação da energia vibratória;
Feita por valores maiores aos menores, sendo um ato de distribuição de energia.
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Assim sendo, quando o grau menor vem à frente para saudar o grau logo acima, ele se coloca
preparado para o trabalho a ser realizado, e recebe imediatamente valores de distribuição de energia, para
que sejam passados aos demais. É como se acendêssemos velas através de uma única chama, que fosse
passando de um a um.
A gira girando
Após a incorporação de todos os guias tem início a gira, evocando-se as forças universais sagradas,
não os orixás personificados, mas as forças vibratórias do Universo que se manifestam na Terra através dos
elementos da natureza: Oxossi (matas), Ogum (campos), Iemanjá (mar), Oxum (rios, cachoeiras), Iansã
(ventos, raios), Nanã (chuva, nascente), Ibejadas (todos os elementos), Xangô (pedreira, trovão) e Iofá
(ciência, conhecimento).
A nossa gira tem o movimento anti-horário, acompanhando o mesmo movimento de rotação do
planeta, que nos coloca em sintonia com todas as forças citadas anteriormente, e toda a egrégora formada
pela emanação do pensamento firme e constante dos médiuns e dos guias formarão sobre o terreiro uma
poderosa espiral de luz, na qual orbitam todos que se integram àquele momento sublime de fé. A gira é a
nossa energia em movimento, para que tudo possa fluir harmonicamente.
Nos tempos de Caboclo Mirim, o relógio se aproxima das seis horas da tarde, e ele realizava a
saudação às “seis horas sagradas”, em um momento de contrição e respeito ao pôr do sol simbólico, que
agora deixa o plano da matéria para reinar absoluto no plano espiritual. Com todos de joelhos no terreiro,
eram evocadas três curimbas, e lida a prece umbandista das dezoito horas:
Hoje muitos terreiros da Escola de Mirim aboliram essa prática. A própria Tenda Espírita Mirim já
não a realiza mais. Na SEFA, resgatamos essa tradição, saudando as seis horas sagradas, com todo o terreiro
de joelhos, cantando uma única curimba:
É Preto Velho que está no comando, permitindo que o médium sinta de forma saudável a força e a
energia do seu guardião, sem a necessidade de incorporar. Exu, nesse caso, auxilia no trabalho dos Pretos
Velhos, que continuam no comando da sessão, e estão cientes de que não há necessidade alguma de
incorporação, devendo o seu médium aprender isso também.
Encerramento da gira
Tendo o terreiro vibrado em “Santo Antônio”, inicia-se o processo de gradual fechamento da gira,
entoando os pontos “Café de Meia” e “Poeira da saia”. Tendo o terreiro “sacudido a poeira”, é dada a ordem
para subida de Pretos Velhos dos médiuns de 1º ao 5º graus, visando o retorno de seus caboclos para o
encerramento da gira em cada linha. Após a curimba de Oxossi para a chegada dos Caboclos (de uma a três
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curimbas) saúda-se a força protetora de Ogum para iniciar o encerramento dos trabalhos, entoando a
curimba de Ogum Tranca-Gira. Em seguida encerra-se a Gira a agradecendo a vibração de cada linha:
Oxossi, Ogum, Águas (Iemanjá), Iofá (Cambinda) e finalizamos com Xangô, senhor do equilíbrio das Leis
Cósmicas, para que todas as energias, agora descondensadas, voltem ao equilíbrio nas mãos do regente do
nosso Universo: Oxalá.
Finalizado todo o trabalho, é hora de arrumar o terreiro, cada um ocupando a linha de seu grau, para
que sejam entoadas as respectivas curimbas, quando irão desincorporar gradualmente todos os médiuns,
respeitando-se a ordem hierárquica do menor ao maior grau.
Com a subida do guia chefe, faz-se o ritual de encerramento da gira, a prece de encerramento; por
fim, todos entoarão o Hino da SEFA e o Hino da Umbanda. É o fim de mais uma tarde/noite de muita
energia e vibração.
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Bojás e Abarés
Desde quando ingressamos no Corpo Mediúnico da SEFA entendemos que sua estrutura de
organização segue os padrões de hierarquia fundamentados na Escola de Caboclo Mirim. Essa escola
iniciática divide o seu corpo mediúnico em sete graus distintos: três graus de iniciação (Bojás), três graus de
chefia (Abarés) e um grau de comando (Morubixaba).
Os bojás são os médiuns nos primeiros graus de aprendizado da Escola de Mirim, aqueles que
sentem o “chamado” interior, o impulso que faz os médiuns quererem respostas, pois muitas são as dúvidas
e os conflitos interiores.
Alguns iniciantes ainda vivem as dúvidas das mais frequentes: “sou eu, ou é a entidade?”; “é normal
vir um outro caboclo?”; “por que ele me balança tanto?”; “por que minha entidade ainda não deu nome? E
quando vai dar?”. Há ainda os médiuns que acreditam que “santo forte” só assim: no calor e no grito, na
força do “orixá” batendo no peito e no bradado do caboclo.
Devemos estar muito atentos a este tipo de manifestação, principalmente no início da caminhada do
médium que pouco ainda sabe sobre mediunidade. Não é difícil para um espírito perturbador ou vingativo se
passar por uma entidade, a fim de confundir o médium. Sem estudo e sem orientação esse médium pode ser
levado à mistificação. Então, para o bojá seria mais fácil acreditar que está levando uma “surra de santo”, ou
que ele precisa atender, imediatamente, às exigências dos guias que acabaram de se manifestar.
Cabe ao CCT ter carinho e paciência, orientar sempre que possível e respeitar as crenças que o
iniciante traz consigo, pois, principalmente os bons exemplos e o tempo irão cuidar desses irmãos. Porém é
importante esclarecer que carinho e respeito não significam anarquia. É necessário exigir disciplina dos
novos membros do corpo mediúnico, para que estes saibam exatamente como se comportar junto à
coletividade do terreiro.
E onde estão, ou onde devem estar esses bons exemplos?
Além do CCT, os Abarés também têm a missão de transmitir aos mais novos os conhecimentos já
adquiridos dentro da Escola, bem como servir de bom exemplo de mediunidade, fraternidade, respeito e
carinho com todos os irmãos do grupo.
Mesmo assim, há irmãos que, colocados nesse grau, caem equivocadamente na prova do “poder”. Ser
um grau de chefia não significa ter mais “poder”, mas sim ter muita responsabilidade.
Por isso, na formação do terreiro para as Giras, os Abarés são colocados numa posição de
“destaque”, ao centro do terreiro, logo atrás do Comando, seguindo a ordem hierárquica da Casa: SCCT, CT
e SCT. E não é por uma questão de status. Ali eles são vistos pelos bojás, os aprendizes, que formam nas
laterais, e também acompanhados pelos assistentes numa visão mais de fora. Logo a conduta de um Abaré
dentro e fora do terreiro deve ser das mais equilibradas e ilibadas.
O médium que chega ao grau de Abaré e Abaré-guassu (CT e SCCT) o alcançou por missão,
merecimento, dedicação à Escola e ao terreiro, e também pela confiança do Comandante Chefe de Terreiro
no seu trabalho. Tudo isso é confirmado pelo guia chefe da Casa, que o promove ao grau e lhe entrega as
devidas responsabilidades. Eles são preparados para comandar, eventualmente, algumas sessões do terreiro.
A manipulação correta do poder é um dos maiores testes que podem ser impostos a qualquer ser
humano. E é justamente quando o médium é colocado na posição de comando, substituindo
momentaneamente o CCT da Casa, que ele passa pela sua maior provação: entender que está representando
um Comando espiritual maior, não apenas se aproveitando de um posto de liderança para mandar e
desmandar.
Algumas vezes os Abarés comandam a sessão na presença do seu Morubixaba, reportando-se a ele
em caso de dúvidas, ou recebendo orientações diretas do CCT. Ninguém está desrespeitando a entidade do
Abaré, ali incorporada no comando da sessão. Mas entendemos que ele é um médium consciente, que
quando testado pode ter dúvidas ou ainda se ver um pouco tenso diante da difícil tarefa de comandar uma
sessão. E a figura do CCT no terreiro é importante, zelando sempre pela disciplina e pelos fundamentos do
terreiro. O mesmo acontece quando o Tupixaba está presente em qualquer sessão em alguma filial da SEFA,
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mesmo na presença do Morubixaba da Casa. É o Comando maior da nossa Organização Religiosa que está
presente, e pode, sim, auxiliar e orientar nos trabalhos do terreiro, mesmo estando desincorporado,
respeitando as entidades ali presentes.
Os Subcomandantes Chefes de Terreiro têm a missão ainda maior de reproduzir o trabalho do seu
Morubixaba na sua ausência. Aquele que tenta fazer diferente só porque tem o comando momentaneamente
em suas mãos, assume a responsabilidades de desorganizar um trabalho que possui fundamentos e ainda
plantar mais dúvidas nos seus aprendizes, principalmente nos médiuns em graus iniciantes. Por isso é
importante sempre nos lembrarmos de uma frase marcante na Umbanda: “Quem não sabe obedecer, jamais
poderá comandar”.
No blog “Universo da Umbanda” um dirigente de um terreiro de São Paulo deixou a seguinte
mensagem para aqueles que ainda não entenderam o significado das responsabilidades num terreiro de
Umbanda:
“Muitos querem estar à frente do comando de uma sessão mediúnica, mas eu digo: querer não é
poder, ainda mais se muitos querem estar por status ou por pura vaidade.
Estar à frente de um ‘congá’ comandando uma sessão não é tarefa nada fácil, nem para o guia chefe
da casa nem para o médium chefe do terreiro. Sabemos como uma sessão começa mas nunca como ela
termina.
O problema de alguns médiuns é quererem estar à frente de onde seus pés não podem alcançar.
Muitos não querem ser doutrinados, não querem estudar, mas querem comandar sem estudos, querem
doutrinar sem serem doutrinados. Acreditam que seus guias lhe deram essa missão e pronto. Abrem uma
casa a esmo.
Missão de Comando é para médiuns que estejam realmente comprometidos com sua missão, e que
buscam preparo para isso, pois a tarefa não é fácil. Por muitas vezes nem os escolhidos aguentam a pressão,
abandonam seus cargos ou não chegam nem a assumi-los. Então, meus filhos, eu digo a vocês: não adianta
pular a janela, pois lá na frente você vai implorar pra entrar pela porta.”
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Introdução
Muitos assistentes, médiuns e até dirigentes acham que os Exus são espíritos que trabalham tanto
para o bem quanto para o mal. Que eles estariam dispostos a atrapalhar a vida de alguém, ou amarrar uma
pessoa a outra, em troca de agrados. Essa visão equivocada sobre os Exus conduz os trabalhos de terreiro
para o baixo espiritismo, com a aproximação de “quiumbas” (obsessores). Os espíritos mistificadores estão
sempre prontos para seduzir alguém pelas ambições e anseios materiais.
Ao começarmos a estudar esse assunto, veja a imagem abaixo e pergunte-se: É assim que você
acredita que seja Exu?
Quem é Exu?
Antes de entrarmos no assunto, temos que lembrar que Exu NÃO É O DIABO!
Exu, entidade ainda tão mal compreendida por nossos irmãos encarnados e por isso mesmo, tão
relegada a posições de inferioridade moral, é um dos nossos focos neste capítulo.
Este espírito/vibração tem algumas definições que por sua vez determinam seu trabalho na Umbanda,
de maneira particular, e para a Humanidade em geral.
Apesar de ser um espírito num grau de evolução maior do que o nosso plano terrestre, Exu é a
energia que mais se aproxima da matéria. Por essa razão, muitos irmãos ainda confundem os trabalhos de
Exus com os de espíritos desencarnados arruaceiros, zombeteiros e indisciplinados. Muitos utilizam a
denominação “Povo de Rua” para se referir a Exu, considerando que seriam espíritos que adoram farras e só
trabalham na boemia.
Recentemente também ouvimos muito falar em Exu como “entidades de esquerda”, como se
houvesse algum lado bom e mau para se trabalhar.
Muitos são os terreiros que transformam a Gira de Exu num samba, pagode de fundo de quintal, com
direito a bar, petiscos e cerveja gelada. Outros chegam a realizar essas giras em boates.
Temos que começar a mudar nossos conceitos de Exu e Pomba Gira. Vamos a partir de agora ver o
Exu e a Pomba Gira como aquela polícia que guarda e toma conta das ruas obedecendo sempre uma
hierarquia de comando, que é o Exu chefe do Terreiro, e acima dele os guias chefes da Casa.
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O trabalho de Exu
Devido à imensa diversidade de trabalhos efetuados pelos nossos irmãos vamos resumir, por ordem
do Comando Espiritual de nossa Casa, as atividades dos irmãos exus para fins didáticos, mas sem ressaltar
que seu trabalho vai muito além daquilo que estamos informando:
1. Guarda – Desde muito antes dos trabalhos dentro de um terreiro começar a ser feito nossos irmãos exus já
realizam uma “batida policial” nas vizinhanças da casa, criando uma barreira para que não seja permitida a
entrada de espíritos contrários ao bem. Os médiuns, por sua vez, já estão sendo acompanhados e guardados
pelos exus de suas coroas para que cheguem ao local com a devida segurança e para que retornem a seus
lares também protegidos.
2. Limpeza fluídica – São especialistas em desagregar miasmas e outras sustâncias fluídicas nocivas,
produzidas por mentes em desequilíbrio, tanto de encarnados quanto de desencarnados. O acúmulo dessas
energias negativas muitas vezes causa problemas de ordem física e para que outros espíritos especializados
em cura possam trabalhar é necessário que os exus façam primeiro a limpeza do material mais pesado,
agindo como verdadeiros profissionais de enfermagem.
3. Resgate – Apoio ao resgate de irmãos que se encontram nas regiões umbralinas, destruindo pontos que
servem como base para espíritos vinculados ao mal que mantém sofredores em cativeiro.
4. Transporte – Nas sessões de passe e irradiação, nas situações em que se fizer necessário, é exu quem faz a
triagem para saber qual espírito está em condições de ser atendido, para depois ser encaminhado a
tratamento.
5. Desmanche de trabalhos de baixa magia, utilizando para isto todo um conjunto de símbolos que trazem
em si grande força que é capaz de desmantelar nódulos de energia negativa acumulada. Um exemplo
prático: Ao riscar seu ponto com a pemba Exu está invocando forças do Astral que irão lhe ajudar a
desmanchar aquilo de negativo e impuro que está impregnando a atmosfera fluídica de um local ou
indivíduo, como se içasse uma bandeira a indicar que ali o bem há de prevalecer, pela fé e pela força mental
empregada.
6. Aconselhamento – Nas consultas com exus, temos o prazer da palavra desses amigos tão experientes nas
coisas próprias da vida terrena e do astral. Previnem-nos quanto aos erros em nossas atitudes; abraçam-nos
em momentos de angústia, sempre com palavras de encorajamento e fé e se alegram conosco em momentos
de felicidade.
Então por que Exu, se é assim tão evoluído, se manifesta nos terreiros de maneira tão acintosa, por
vezes assustadora, jocosa, debochada ou séria demais? Por quê tantos trejeitos?
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Bolo e decoração de uma festa de Maria Padilha, realizada dentro de uma boate: exagero ou visão
distorcida do trabalho de Exu?
A resposta a esta pergunta é o fato de que há muito exagero por parte dos próprios médiuns, que
ainda têm em seu inconsciente o Exu como um ser extremamente atrasado, que fala palavrão, bebe pra se
satisfazer e que só existe pra resolver os problemas materiais dos filhos.
Pelas características festivas em torno da entidade, principalmente com o culto da Jurema, ao ser
trazido para o Rio de Janeiro, o culto a Zé Pelintra se incorporou ao culto aos Exus, criando-se assim uma
linha complementar de trabalhos – a linha dos Malandros. Porém a falta de informação dos adeptos fez com
que se confundisse culto e imagem com farra, bebedeira, indisciplina e exageros.
Apesar de ser um espírito que representa a alegria da boemia, a malandragem no sentido mais
simples, a Linha dos Malandros é composta por entidades de luz, que trabalham com seriedade e mesmo
com a fama distorcida que possuem, provam que não é bem assim que as coisas funcionam. Os malandros
cobram muita responsabilidade de seus médiuns, cobram por seriedade, disciplina e aprendizado entre outras
virtudes.
Introdução
Quando a Umbanda foi fundada, em 1908, pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, apenas Caboclos e
Pretos Velhos faziam parte da corrente astral criada inicialmente pelo mentor de Zélio de Moraes. Com o
passar dos anos, outras frentes de trabalho foram se apresentando, constituindo uma egrégora formada por
sete linhas vibratórias. Dentro dessas sete linhas, outras falanges foram convocadas para auxiliar nos
trabalhos da corrente de Umbanda, surgindo assim os Boiadeiros, os Marinheiros, o Povo Cigano, o Povo do
Oriente, etc. Nem os Guardiões Exus e Pombas Giras, estavam presentes, de modo explícito, na organização
espiritual inicial da Umbanda.
Desta forma, um espírito pode se apresentar, por exemplo, como um caboclo, apenas para ter um
melhor acesso a um médium e a seus consulentes.
A Linha do Oriente é parte da herança da Umbanda brasileira. Ela é composta por inúmeras
entidades, que se apresentam utilizando a roupagem fluídica de um mestre de origem oriental. Apesar disso,
muitos espíritos desta Linha podem apresentar-se como caboclos ou pretos velhos.
Embora ainda sejam poucos os terreiros
que trabalham abertamente com esta Linha, e
muito pouco se fala ou estuda sobre ela, há
registros históricos de uma presença bem atuante
desta linha nos trabalhos de Umbanda, desde o
seu início.
Segundo uma matéria publicada pelo
médium Norberto Peixoto na revista “Caminho
Espiritual”, depois que a Umbanda foi anunciada
em 15 de novembro de 1908 pelo Caboclo das
Sete Encruzilhadas, este espírito, além de
convocar para o labor o Preto-Velho Pai Antônio,
trouxe também outro colaborador astral que
tivera encarnação como sacerdote no continente
asiático. Apresentou-se este espírito com o nome
de Caboclo Orixá Malé, atuando na irradiação
vibratória de Ogum, entidade de muita luz e
força, e experiente no combate à baixa magia.
A Linha do Oriente tornou-se mais popular entre os anos de 1950 e 1960, quando as tradições
budistas e hindus se firmaram entre o povo brasileiro. Os imigrantes chineses e japoneses, sobretudo,
passaram a freqüentar a Umbanda e trouxeram seus ancestrais e costumes mágicos. Mas nem todos os
espíritos são orientais no sentido comum da palavra. Esta Linha procurou abrigar as mais diversas entidades,
que a princípio não se apresentavam utilizando roupagens fluídicas que se encaixassem na matriz formadora
do brasileiro (índio, português e africano).
Sobre este assunto, Norberto Peixoto, em seu texto, também explica: “Temos de refletir os motivos
dos espíritos manterem-se ligados às etnias terrenas. Sendo espíritos isto não seria dispensável? Estamos
falando de intercâmbio mediúnico entre planos dimensionais diferentes, em que se impõe comunicação
entre dois lados da vida, portanto, temos de considerar os aglomerados espirituais em torno do planeta e as
migrações geográficas entre as encarnações. Como a maioria dos espíritos que atuam no astral tem
compromisso evolutivo com a mediunidade e com aqueles que os recepcionam, por vezes optam por
determinada forma de apresentação mais afim com seu compromisso evolutivo”.
Aos poucos, outras linhas foram se unindo à Linha do Oriente, formando uma corrente de trabalho
auxiliar, como é o caso do Povo Cigano, que ainda hoje, em algumas casa, é confundido com a falange de
Exus e Pomba-Giras. Esses espíritos, também dotados de profundos conhecimentos de magia, foram aos
poucos ganhando a simpatia dos seguidores da Umbanda, que hoje em dia já há casos de terreiros de
Umbanda chefiados por espíritos da Linha dos Ciganos.
O médium e escritor Emídio Jorge escreveu no Blog ―Espada de Ogum‖ que a falange do Povo do
Oriente seria composta por espíritos que atuam de modo efetivo nos processos de curas físicas, emocionais
e espirituais. Porém não são, necessariamente, espíritos de médicos convencionais, como podemos pensar.
Mas espíritos de altíssimo grau de evolução, profundos conhecedores de química, biologia, psicologia,
física, medicina oriental, técnicas de curas milenares com uso e domínio da energia mental e espiritual
sobre energia condensada da matéria.
Essa linha do Povo do Oriente, além de atuar no movimento umbandista, também está presente em
outras casas, como Centros kardecistas e outras Fraternidades, sendo denominados de “Mestres” e
“Mestras”.
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estão se colocando em posição de mãos e pés cruzados, ou seja em posição de meditação ou de Lótus,
usando turbantes e sentados em tapetes coloridos, num verdadeiro espetáculo teatral, atraindo assim os
descuidados. Há ainda aqueles que promovem vidências fantásticas, resgates de almas gêmeas, troca de
karmas, entre outros fenômenos, inclusive com anúncio em jornais.
“Afirmamos que os espíritos orientais da genuína Umbanda não têm o mínimo interesse e
necessidade de se apresentarem de tal forma espalhafatosa. Lamentavelmente, virou moda para médiuns
vaidosos dizerem aos quatro ventos que trabalham com espíritos orientais, enquanto novatos anseiam
ardorosamente o mentor indiano de turbante.”, alerta o médium Norberto Peixoto.
Agrava-se a situação pelo enxerto exagerado de termos estrangeiros nas comunicações escritas e
faladas, fazendo com que muitos consulentes não entendam nada do que está sendo orientado.
Estamos no Brasil, falamos português e o que os espíritos mentores ganhariam falando difícil com termos de
outra língua? Há que se falar claro e direto aos corações das almas aflitas, e quanto mais sabedoria mais
simples são os espíritos.
não agem dentro do contexto da Lei, os chamados ‘quiumbas’, que se encontram espalhados pela escuridão
e a serviço das Trevas. Portanto, é imprescindível o bom nível espiritual do médium para trabalhar com essa
linha para que não atraia esses tipos de espíritos pela Lei da Afinidade.
Entre as legiões de Ciganos os nomes mais conhecidos são: Cigano Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan,
Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros. Da mesma forma temos as ciganas, como:
Esmeralda, Carmem, Salomé, Carmencita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana,
Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também.
Por que o colorido na Gira dos Ciganos?
Os Ciganos usam muitas cores em seus
trabalhos, mas cada Cigano tem sua cor de vibração
no plano espiritual, uma cor de identificação. Na
SEFA, na Louvação que fazemos a Santa Sara
(Padroeira do Povo Cigano, cujo dia é celebrado em
24 de Maio), utilizamos muitas cores na mesa, além
de acendermos velas com sete cores distintas.
Também por determinação do comando espiritual da
Casa, é permitido aos médiuns de 5º grau em diante
utilizar um lenço liso, na cor escolhida pelo seu
cigano.
É comum também os Ciganos utilizarem
incenso no passe e na irradiação. Importante: sempre
consulte o seu morubixaba antes de trazer qualquer
elemento, para saber se é permitido ou não. Lembre-
se que temos uma Escola Doutrinária, e para realizar
o trabalho com o Povo Cigano, não saímos da nossa
Escola, não nos fantasiamos nem mesmo transformamos o terreiro numa tenda cigana folclórica. Ao
contrário, trazemos o trabalho para dentro, mostrando que a Umbanda de Caboclo Mirim também é
agregadora de outros trabalhos, e pode nos ensinar a trabalhar com outras linhas dentro do que seguimos da
raiz da Escola da Vida.
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Os tempos difíceis
Alguns anos após a sua fundação, o culto a Umbanda se via marginalizado em meio à opressão
praticada pelo próprio Estado. A repressão ao dito baixo espiritismo era bastante intensa, mas a falta de
entendimento das autoridades fazia com que muitas instituições e religiões ficassem no mesmo “caldeirão”.
A Maçonaria, a Umbanda, o Espiritismo de Kardec e principalmente os cultos afro-brasileiros eram
reprimidos com vigor.
Pior ainda durante o período da ditadura Vargas, quando a polícia agia violentamente, com a
justificativa de que a macumba tinha ligações com a subversão, servindo até para dar cobertura a grupos
comunistas, segundo relatos da época. Uma lei datada de 1934 colocou todos esses grupos sob a jurisdição
do Departamento de Tóxicos e Mistificações da Polícia do Rio de Janeiro, na seção especial de Costumes e
Diversões, que lidava com problemas relacionados com álcool, drogas, jogo ilegal e prostituição. Praticar a
Umbanda era então uma atividade marginal (perdurou com tal classificação até a reorganização do
Departamento de Polícia do Rio, em 1964).
Não era difícil ver a polícia invadir e fechar terreiros, confiscando objetos rituais, e muitas vezes
prendendo os participantes. Benjamin Figueiredo, Zélio Fernandino de Moraes e muitos outros dirigentes
foram presos diversas vezes nesse período.
Mas havia um “modelo” que vinha conquistando seu espaço na sociedade brasileira: A Federação
Espírita Brasileira (FEB), fundada desde 1º de janeiro de 1884. Nos anos 30 a FEB já conseguira se firmar
como legítima representante do Espiritismo no Brasil, unificando, fortalecendo e tornando coesas as Casas
espíritas.
Tentando se livrar do estigma marginal dos feiticeiros,
iniciou-se um claro movimento por uma auto identificação dos
umbandistas com o Kardecismo e com o alto espiritismo. O próprio
termo espírita foi usado para esconder nomes e para disfarçar os
praticantes da Umbanda. Daí a denominação de tantas Casas
umbandistas tradicionais como “Centro Espírita” e não como “Tenda
de Umbanda”.
Em 1939 fundou-se a Federação Espírita de Umbanda, atual
União Espiritista de Umbanda do Brasil (UEUB). Zélio de
Moraes, Benjamin Figueiredo, Tancredo Pinto e outros se uniram em
torno de um só ideal: tirar a Umbanda da marginalidade,
organizando-a como uma religião coerente e hegemônica e assim
obtendo sua legitimação social.
Em 1944, essas mesmas lideranças umbandistas apresentam
ao então Presidente Getúlio Vargas um documento intitulado “O
Culto da Umbanda em Face da Lei”, conseguindo que o governo
brasileiro aprovasse a descriminalização da nossa querida religião.
O Esoterismo na Umbanda
Em 1956 surge um novo personagem que merece destaque: é W.W. da Matta e Silva (1917-1988)
com o seu livro “Umbanda de Todos Nós”. Sua pesquisa apresenta a religião como ciência e filosofia, em
uma linha próxima ao que já apresentara o Primado de Umbanda e Oliveira Magno em seu livro “A
Umbanda Esotérica e Iniciática” (1950).
Com grande repercussão no meio umbandista, o livro também é visto como mais uma tentativa de
codificação da religião. Matta e Silva ainda lançaria mais oito livros, apresentando sua forma particular de se
praticar Umbanda, que viria a ser conhecida como “Umbanda Esotérica”, criando assim mais uma
segmentação dentro da religião.
Sempre lutando contra o uso comercial da Umbanda, contra as práticas que alimentam o “baixo
espiritismo” e, principalmente, contra a ignorância do corpo mediúnico, Matta e Silva (Mestre Yapacani)
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iniciou em seu terreiro centenas de médiuns na sua corrente astral do “Aumbhandan”, e preparou muitos
outros para liderarem agrupamentos religiosos que hoje se distribuem por todo território nacional.
Talvez o mais famoso deles, tido como seu sucessor, seja o Sr. Francisco Rivas Neto (Mestre
Ahrapiagha), Presidente da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino (O.I.C.D.) e Reitor Geral da Faculdade de
Teologia Umbandista (FTU).
A Escola de Magia
Os diversos títulos e lançamentos de livros atuais remetem a
uma Umbanda como verdadeira Escola de Magia, formadora de
sacerdotes e magos. Essa vertente ganhou força em São Paulo,
berço da FTU, onde também foram fundadas várias Escolas de
Umbanda.
Um dos personagens importantes desse movimento foi
Rubens Saraceni. Ordenado Sacerdote de Umbanda Sagrada em
1996, Saraceni foi autor de vários livros de Umbanda, todos eles
tratando da religião quase como uma escola de magia e cheia de
mistérios e revelações.
Dentre os diversos livros lançados estão: “Orixás - Teogonia
de Umbanda”(2005), “Código de Umbanda” (2006), “O Guardião
das Sete Cruzes - Um Livro Mistério” (2007). Foram mais de 50
títulos que adotam o mesmo estilo de uma Umbanda cheia de
mistérios.
Nesta onda de uma Umbanda formadora de magos,
trabalhava com o Mestre Seiman Hamiser Yê, um Ogum Sete
Espadas da Lei e da Vida. O guia assumiu a abertura da Magia do
Fogo no plano material, na qual eram ensinados os fundamentos da
Magia Riscada dos Orixás, a Grafia Sagrada, bem como a correta utilização magística das velas, suas cores e
o elemento fogo na arte da Magia.
Em 1999 Saraceni fundou o Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda, que oferece
formação mediúnica e sacerdotal de Umbanda, bem como, sustentação, Religiosa e Magística aos que
buscam o Conhecimento Sagrado sobre O Divino Criador Olorum (Deus), suas Divindades e seus Mistérios
Geradores.
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Mas vale ressaltar que não há verdade absoluta, Centro ou Tenda melhor ou pior, mais “evoluída” do
que qualquer outra. Será sempre seguindo princípios básicos de amor e, principalmente, respeito ao
próximo, que conseguirá o umbandista ver que, abaixo das pequenas diferenças de culto exterior, somos
todos irmãos de fé.
Conclusão
A conclusão que chegamos é que será na busca do equilíbrio, do “Caminho do Meio”, que a
Umbanda crescerá. Os gregos antigos já nos ensinavam que a temperança, a prudência e a modéstia, aliadas
à moderação e ao bom senso, compõe as condições indispensáveis a se alcançar um estado de espírito são e
calmo (Sophrosyne).
Mas trilhar pelo meio não significa ignorar a energia dos extremos, com sua força e sua vitalidade. O
melhor caminho será encontrado na polarização correta dessas forças, não na sua anulação. No caminho do
meio todos os extremos se encontram, e nele todos os extremos se apoiam e se fortalecem.
Que os filhos da nossa querida Umbanda reconheçam o conjunto das forças presentes em sua
religião, e possam encontrar em seu equilíbrio a verdadeira Luz de Aruanda!!!
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Internet
Livros