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Batismo na Umbanda: ritual

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Batismo na Umbanda é ainda um tema novo.

Assim, o batismo na Umbanda de uma criança difere em sua essência daquele


que é realizado no ritual católico.
Pois neste a cerimônia é parte de um exorcismo em que o sacerdote expulsa o
demônio que habita a criança em consequência do pecado original (herança
bíblica de Adão e Eva e do relacionamento íntimo dos pais da criança).

Por outro lado, na Umbanda não se aceita absolutamente que a criança possa
já nascer em estado de pecado.
Portanto, o batismo umbandista simboliza a apresentação aos irmãos em
Oxalá do jovem recém-nascido, bem como sua aceitação na fraternidade.

Dessa forma, o sacerdote invocará as bênçãos de Deus para essa criança, e um


casal de irmãos deverá assumir, diante do altar de Deus, o compromisso de
que na ausência dos pais da criança estes ampará-la-ão como se fora seu
próprio filho.

Descrição do Ritual de Batismo na Umbanda


Em primeiro lugar faz-se a abertura normal dos trabalhos.
Em seguida, quando chega o momento das incorporações, o pai espiritual
solicita que sejam trazidos ante o altar a criança, seus pais e os padrinhos.
Então, antes de dar início à cerimônia, dirige algumas palavras ao público
presente, explicando os porquês da cerimônia.
A saber, explica ser muito comum em tal caso a presença de convidados
curiosos, não-umbandistas, mas parentes ou amigos dos pais da criança.
Assim, a estes devem ser esclarecidos para não somente verem o ritual, mas
inteirarem-se de seu profundo significado esotérico e humanístico.

Dessa maneira, o pai espiritual oficiante da cerimônia estará de frente para o


público e de costas para o altar.
Por sua vez, os participantes estarão de costas para o público e de frente para o
altar e para o pai espiritual.
Bem como a criança deverá vestir uma roupa prática e fácil de manusear e
estará nos braços da madrinha.

Ao lado direito da madrinha ficará o padrinho, sustentando uma vela de


batismo.
Pois a vela representa a luz divina, a presença do espírito de Deus e é
consagrada a Ifá, o Espírito Santo.

Desse modo, ao lado esquerdo da madrinha ficará a mãe da criança e ao lado


desta, o pai.

Em seguida, dando início à cerimônia, o pai espiritual tomará a banha de Ori


(também chamada limo da costa).
A saber, é uma substância gordurosa, extraída da glândula suprarrenal do
cordeiro, e traçará com ela o símbolo da Umbanda (dois triângulos
entrelaçados) três vezes na fronte da criança, proferindo as seguintes palavras:

“Ao ungir tua fronte com o Ori sagrado, eu te consagro a Deus segundo a lei
da Umbanda por Olorum, por Oxalá e por Ifá”

Desta forma, o sacerdote umbandista estará


rogando a proteção de Deus e dos Orixás para o
batizando.
Então a cerimônia de batismo na Umbanda tem prosseguimento.

Em seguida, a madrinha vira a criança, descobrindo sua nuca e pescoço.

E na vértebra cervical mais saliente (a que leva o nome proeminente, ponto de


encontro dos feixes nervosos que descem do cérebro e chacra da maior
importância) o pai espiritual repetirá a cerimônia.

Logo depois, voltando a criança à posição normal, a mãe deve abrir sua roupa
no peito para que mais uma vez o pai espiritual possa cruzá-la, da mesma
forma que o realizado anteriormente.

Exclui-se neste cerimonial de batismo na Umbanda as mãos da criança.


Pois esta é uma atitude que a criança tomará mais tarde, quando souber
discernir se deseja ou não prosseguir seu caminho na seara umbandista.
Dando sequência à cerimônia, o pai espiritual
utiliza a pemba em pó, preparada especialmente
para esse fim.
Dessa forma, toma nas mãos o recipiente onde deverá estar a pemba e repete
todo o ritual usado durante a primeira parte com a banha.
Apenas troca os dizeres, que passarão a ser:

“Com a pemba eu te consagro a Olorum, Oxalá e


Ifá”.
Então a cerimônia prossegue com a unção do sal, que obedece ainda à mesma
ritualística.
Sendo que ao final deposita-se um pouquinho (uma pitada) de sal também na
boca da criança dizendo-lhe:

“Receba o sal da terra, você que não passa de um punhado de terra revivida
pela vontade de Deus”.

A saber, usa-se normalmente sal refinado em lugar do sal grosso.


Pois sendo muito delicada a pele do bebê, o sal grosso poderia feri-la.

Igualmente também pode-se pilar e peneirar em peneira fina o sal grosso, com
o mesmo resultado.

Assim, ao terminar esta parte do ritual, o padrinho toca com uma das mãos o
peito da criança e com a outra continua segurando a vela.
Enquanto isso, a madrinha segue segurando a criança em seus braços.

O pai espiritual, neste instante, chama a atenção dos padrinhos para a


importância do ato solene de batismo na Umbanda e da responsabilidade que
se seguirá.
Então, pede a eles que repitam cada uma das suas palavras, assumindo perante
o altar de Deus suas responsabilidades para com o batizando.

Diz o sacerdote:
“Eu (e cada um dos padrinhos repete seu próprio nome por extenso) recebo-te
(dizem o nome da criança) na falta ou ausência de teus pais, como se fora meu
próprio
filho, prometendo alimentar-te, educar-te, orientar-te e amar-te,
encaminhando-te dentro dos ensinamentos de nossa crença no amor a Deus e
aos Orixás por Olorum, por Oxalá e por Ifá”.

A seguir, cada um dos padrinhos repete o seu próprio nome e diz:

“Eu juro”.

Momentos finais do ritual de batismo na Umbanda


Naturalmente, não é de forma alguma necessário que as palavras sejam
repetidas exatamente nesta ordem.

Afinal, basta que a ideia do que exprimem não seja alterada.

A seguir, o pai espiritual coloca na palma da mão do padrinho uma pitada de


pemba, e este deverá dizer à criança:

“Em nome de Deus eu te recebo e abençoo”.

Em seguida soprará a pemba sobre a criança.


O mesmo farão a madrinha, o pai e a mãe da criança e também o pai
espiritual, que dirá:

“Em nome de Deus eu te consagro e abençoo”.

Esta parte do ritual de batismo na Umbanda lembra o sopro divino, que teria
dado origem ao primeiro homem, ou melhor, à dependência divina do próprio
homem.

A seguir, um Ogã pede ao pai da criança que segure sob a cabeça dela uma
pequena bacia de louça.
Então, passa para o pai espiritual a concha de batismo e a enche com água
pura.

Assim, tomando a concha, o pai espiritual dirá:

“Com a água que mantém a vida, eu lavo de sua cabeça toda e qualquer
impureza ou negatividade, por Olorum, por Oxalá e por Ifá”.

Após esta cerimônia, o Ogã, auxiliado pela mãe ou pela madrinha da criança,
enxuga a cabeça dela.
Por fim, os utensílios sagrados voltam ao congá.
O pai espiritual cumprimenta todos, felicita-os e lembra-os da grande
responsabilidade assumida ante o altar de Deus.

Em seguida, será iniciado o cântico que chamará uma ou mais entidades


espirituais para que do espaço tragam suas vibrações positivas para o
batizando e demais participantes, sendo de livre escolha dos pais da criança as
entidades que serão chamadas, às quais não deverão ser mais que duas ou três.

Igualmente, também não é obrigatório que a entidade incorporante seja do pai


ou da mãe espiritual do Templo.

Assim, poderá ser perfeitamente de qualquer médium da Casa, incluindo-se os


pais ou padrinhos da criança.

Após a cerimônia, o padrinho apagará a vela e a entregará à mãe da criança,


que deverá acendê-la e orar diante da chama sagrada quando houver qualquer
dificuldade experimentada pela criança, pois a referida vela foi consagrada
a Ifá – o Espírito Santo

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