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Diretório de Culto de Westminster: Um Diretório para o Culto

Público a Deus nos Três Reinos: Inglaterra, Escócia e Irlanda.

Título original inglês: The Westminster Directory being a Direc-


tory for Worship of God in The Three Kingdomes.

Todos os direitos da publicação em português reservados à Edi-


tora Os Puritanos © 2000

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autorização por escrito do editor, excetuando-se citações em re-
senhas desde que citada a fonte.

Primeira edição em Português: junho de 2000


Primeira edição digital em português: janeiro de 2016

Editor: Manoel Canuto


Tradutor: Hope Gordon Silva
Revisora: Erika Ferreira Monteiro
Designer: Heraldo Almeida

www.os-puritanos.com
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Esse documento foi redigido por teólogos piedosos e preocupa-


dos com um culto puro que exalte a Deus.
Nosso desejo com este documento histórico é ver a importância
da relação entre o que Deus requer de nós e nossa resposta na
adoração. Cremos que este Diretório nos ajudará a refletir sobre o
culto que estamos apresentando diante de Deus e que deve ser re-
gulado unicamente pelas Escrituras.
Em meio a uma igreja esquecida das palavra de Jesus quando
disse “Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos
de homens” (Mc 7:7), alguns poucos, na nossa pátria começam a
manifestar um interesse mais profundo e teológico (não apenas tra-
dicional, mas piedoso) por mudanças na liturgia. Esses veem a ne-
cessidade de uma adoração mais simples e pura que não obscureça
“o testemunho da obra de Deus na oração, louvor, palavra e sacra-
mento”. Além disso, esperamos despertar a liderança para uma “re-
avaliação do material bíblico e do que foi legado pelos pais da igre-
ja, à luz de uma reflexão nova sobre a obra do Espírito Santo, a na-
tureza da igreja, e seu culto comum”.
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In gla ter ra, Es có cia e Ir lan da.

Junto com a Ordem do Parlamento para a retirada do Livro de Ora-


ção Comum e o estabelecimento e observação do presente Diretório
por todo o Reino da Inglaterra e Domínio de Gales.

Quinta-feira, 13 de março de 1644.


Por ordem dos Lordes e Comuns reunidos em Parlamento, que se-
jam impressos e publicados esta Ordem e Diretório.
Brown e Elfynge, pelo Parlamento.

A 18 de março, em Londres:
Impresso para Evan Tyler, Alexander Fifield, Ralph Smith, e John Fi-
eld. E para ser vendido na Casa da Bíblia em Cornhill, perto do
Câmbio Real. 1644[1]
P E

Em 12 de junho de 1643, o Parlamento sancionou um decreto


intitulado “Convocação dos Lords e Comuns do Parlamento para a
Convocação de uma Assembleia de Teólogos e outros com vistas a
serem consultados pelo Parlamento para estabelecimento do Gover-
no e Liturgia da Igreja da Inglaterra e purificação da Doutrina da dita
igreja das falsas aspersões e interpretações”. Em 12 de outubro
passaram à preparação de um Diretório de Governo, Culto e Disci-
plina. A Assembleia de Westminster esteve reunida durante cinco
anos, seis meses e vinte dois dias. Chegou a marca de 1163
sessões. No final havia redigido os documentos: A Confissão de Fé,
o Catecismo Maior; o Breve Catecismo; o Diretório de Culto Público;
a Forma de Governo de Igreja e Ordenação e um Saltério.
Temos na língua portuguesa os três primeiros. Muitos nos per-
guntavam pelo Diretório de Culto que muitas vezes é citado em con-
ferências, especialmente quando está em jogo a questão da liturgia,
em particular, a pregação. Agora publicamos pela primeira vez em
língua portuguesa este documento redigido por grandes teólogos
calvinistas e aceito pelo Parlamento Inglês (1648).
Nossa pretensão com essa publicação não é de levar às igrejas
uma sugestão de modelo litúrgico para nossos dias, mas apresentar
um documento histórico que revela o zelo, preocupação e amor por
parte da igreja (do Reino Unido) com a forma de se cultuar a Deus.
Será que hoje existe essa preocupação? Ou as igrejas estão cultu-
ando a Deus da forma como bem entendem, como fruto da imagina-
ção dos homens?
Nosso desejo com este documento histórico é ver a importância
da relação entre o que Deus requer de nós e nossa resposta na
adoração. Cremos que este Diretório nos ajudará a refletir sobre o
culto que estamos apresentando diante de Deus e que deve ser re-
gulado unicamente pelas Escrituras.
Em meio a uma igreja esquecida das palavra de Jesus quando
disse “Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos
de homens” (Mc 7:7), alguns poucos, na nossa pátria começam a
manifestar um interesse mais profundo e teológico (não apenas tra-
dicional, mas piedoso) por mudanças na liturgia. Esses veem a ne-
cessidade de uma adoração mais simples e pura que não obscureça
“o testemunho da obra de Deus na oração, louvor, palavra e sacra-
mento”. Além disso, esperamos despertar a liderança para uma “re-
avaliação do material bíblico, e do que foi legado pelos pais da igre-
ja, à luz de uma reflexão nova sobre a obra do Espírito Santo, a na-
tureza da igreja, e seu culto comum”.
Esperamos que isso aconteça com a graça de Deus.
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P I B [2]

O culto é uma janela às prioridades das sociedades e dos indi-


víduos no tratamento dos mistérios e aspectos incontroláveis da
vida, os quais expõem as diferenças e relacionamentos entre Deus
e o homem. Para os cristãos, isso não significa só sacramentalizar a
vida, embora esta parte tenha sido muitas vezes uma dimensão im-
portante de seu culto. Antes, o culto é uma resposta a Deus que
busca ordenar a comunidade crente e seu ambiente segundo o pro-
pósito de Deus.
O estudo histórico do inter-relacionamento entre a revelação di-
vina e a resposta humana no culto é indispensável.[3] Tais estudos
podem ajudar os cristãos a entender o inter-relacionamento da lin-
guagem bíblica e vernácula para que o culto possa ser, cada vez
mais adequadamente, ‘universal’, ‘pessoal’ e ‘público’. As mudanças
maiores no culto do Cristianismo do mundo ocidental durante o últi-
mo século e meio refletem o interesse comum por uma liturgia que
seja fiel ao drama da salvação, com uma preocupação pela simplici-
dade, frugalidade e força que já “re-formou” drasticamente algo da
exuberância de detalhe que obscurecia o testemunho à obra de
Deus na oração, louvor, palavra e sacramento. Além disso, uma rea-
valiação do material bíblico e do que foi legado pelos pais da igreja,
à luz de uma reflexão nova sobre a obra do Espírito Santo, a nature-
za da igreja e seu culto comum, vem colocando os velhos debates
num contexto bem novo.
Por esta razão uma reimpressão do Diretório da Assembleia de
Westminster para o Culto Público a Deus é bem-vinda. Foi a primei-
ra tentativa depois da Reforma de combinar ordem e liberdade de
uma forma que demonstrasse como a reforma da liturgia poderia
operar profundamente em prol da união, por ser biblicamente fiel.
Embora não tivesse obtido êxito em suas metas e possuísse alguns
pontos bem fracos, foi um importante precursor das tentativas de
fornecer uma estrutura mais bíblica para o culto que evocasse uma
resposta apropriadamente teocêntrica da parte dos adoradores. Os
autores do Diretório viam que uma liturgia viva deve mudar. Não
apreciaram o equilíbrio entre o clássico e o contemporâneo que tem
tornado o Livro de Oração Comum uma fonte usada tão continua-
mente nas igrejas anglicanas. O Diretório foi político demais e pro-
duto de um certo período e tradição, a ponto de não se caracterizar
intemporal e abrangente como as grandes liturgias, mas as metas
que seus autores buscaram ainda escapam a seus descendentes.
Os compiladores desejavam apaixonadamente encontrar uma forma
de culto que unisse os cristãos da Inglaterra e Gales, Escócia e Ir-
landa e que fosse aceitável às Igrejas Reformadas da Europa e
América do Norte. Procuravam abarcar uma amplitude muito maior
na prática e convicção do que a encontrada em qualquer das atuais
igrejas britânicas.
Embora a Igreja Anglicana tenha voltado ao Livro de Oração
Comum em 1660, na restauração da monarquia sob Charles II, e a
mais recente história das liturgias eucarísticas anglicanas não men-
cione o Diretório de Westminster,[4] os autores viram o Diretório
como uma continuação da reforma litúrgica começada por Cranmer.
O estilo de culto autorizado no Diretório tem tido só uma influência li-
mitada sobre o movimento dos dissidentes Ingleses. Mesmo na Igre-
ja da Escócia e nas igrejas que saíram dela, o status oficial do Dire-
tório vem sendo enfraquecido pelas fortes correntes contrárias a
quaisquer limitações da liberdade do Espírito que até há muito pou-
co tempo levavam à considerável amnésia corporativa com respeito
à herança litúrgica reformada.[5] Contudo, o Diretório resume as pre-
ocupações litúrgicas do movimento puritano e dos que vieram dele,
bem como sugere motivos pelos quais os herdeiros dos puritanos
não mantiveram a visão de seus pais.
A forma do Diretório foi moldada por quase um século de esfor-
ço puritano para reformar o Livro de Oração Comum. A campanha
por um ministério de pregação mais efetivo, pelo desejo de uma ob-
servância mais rigorosa do sábado cristão, e um ataque contra o ba-
tizado privado, as leituras do Apócrifo, o sinal da cruz no batismo, o
anel no casamento e o conteúdo de alguns dos cultos, tinha se tor-
nado, até os anos de 1630, profundamente politizada, por causa das
mudanças na Igreja e Estado associadas com a política do Arcebis-
po Laud que os puritanos alegavam fazer proselitismo para o catoli-
cismo, e o favor da coroa para com os chamados arminianos.[6]
Estas preocupações na Inglaterra eram compartilhadas, mas
enfocadas de forma diferente na Escócia pelo aparecimento de um
partido presbiteriano na Igreja da Escócia dirigido por Henderson e
Rutherford, como aliados políticos influentes. A introdução de um Li-
vro de Orações em 1637 para substituir o Livro de Oração Comum
levou a uma revolução e uma tentativa de excluir quaisquer inova-
ções papistas e arminianas no culto.[7] Nos dois reinos, a forma da
liturgia e a estrutura da ordem política eram tão intimamente entrela-
çadas que mudanças em qualquer uma das duas tinha consequên-
cias de amplo alcance. A religião do Livro de Oração, a monarquia e
a ordem social hierárquica e deferente, ou seja, respeitosa, reforça-
vam-se mutuamente.[8] As demandas por uma forma de culto que
rejeitasse cerimônias autorizadas pelos agentes da Coroa fez surgir
questões profundas sobre o local da autoridade em Igreja e Estado,
como Richard Hooker fez notar com muita percepção em Laws of
Ecclesiastical Polity. Quando um puritano como William Ames ensi-
nava que Deus deve ser cultuado por nós ‘com seu próprio culto, in-
teira e unicamente — nada deve ser acrescentado, tirado ou muda-
do’, ele estava levantando questões que significavam que as autori-
dades o exilavam.[9]
Tais tensões conduziram a que fossem feitas perguntas ainda
mais radicais por pequenos grupos de exilados, como a igreja dirigi-
da por John Robinson, por exemplo. Os pontos de vista sobre ceri-
mônias humanas intensificaram a crítica puritana das formas em fa-
vor de um culto inteiramente dirigido pelo Espírito, onde quaisquer
‘auxílios’ foram acreditados ser uma quebra do segundo mandamen-
to.[10] Esses argumentos ganhavam mais força porque em meados
da década de 1630 uma reforma moderada já parecia ser uma im-
possibilidade, e a prática das igrejas da Nova Inglaterra (nordeste
dos Estados Unidos) demonstrava o poder desse estilo de culto
para satisfazer os desejos de dar honra espiritual a Deus. Os ‘Ir-
mãos Dissidentes’ da Assembleia de Westminster colocaram essas
posições vigorosamente, com o resultado que a reforma de ‘inova-
ções’ que causavam muito ressentimento foi grandemente influenci-
ada pelos presbiterianos escoceses e independentes ingleses, am-
bos possuidores de teologias de culto bem articuladas.[11]
A preocupação com a liturgia na Escócia conduziu a propostas
para que fosse aberto, na Assembleia Geral de 1641, um debate so-
bre um Diretório de Culto. A redação foi confiada a Henderson, mas
nada resultou da matéria, porque os escoceses estavam ansiosos
por cooperar com a Inglaterra, se fosse possível. O convite do Parla-
mento Inglês para mandar delegados à Assembleia de Westminster
em 1643 foi aceito. As atas da Assembleia são frequentemente um
tanto enigmáticas, mas as cartas de Robert Baillie e John Lightfoot
dão valiosos vislumbres das tensões acirradas que houve na As-
sembleia e suas comissões.[12]
Em 12 de outubro de 1643, o Parlamento ordenou que a As-
sembleia tratasse de disciplina e liturgia, e uma subcomissão com-
posta de Goodwin, Herle, Marshall, Palmer, Young e mais os delega-
dos escoceses foi nomeada com esse objetivo. O progresso foi lento
e a própria Assembleia só começou a tratar das propostas da reda-
ção em 24 de maio de 1644. Em 23 de setembro de 1644 o equilí-
brio na subcomissão foi mudado sensivelmente com o acréscimo de
representação dos Independentes — Marshall, Bridge, Burroughs,
Goodwin, Nye, Reynolds, Temple, Vine. Além de muitas reuniões da
comissão, mais de setenta sessões da própria Assembleia foram
dedicadas ao Diretório¸ que foi completado a 27 de dezembro de
1644. O Parlamento Inglês deu sua aprovação a 3 de janeiro de
1645, a Assembleia Geral a 3 de fevereiro, e o Parlamento Escocês
a 6 de fevereiro de 1645.
Embora sua aceitação fosse geral na Escócia, sua sorte na In-
glaterra foi a rejeição, exatamente pelos grupos que foram designa-
dos para contê-lo; e fazê-lo cumprir nunca foi opção, uma vez que o
exército ganhou o controle político. Membros da Igreja da Inglaterra
leais a Charles I só podiam rejeitar o Diretório depois de sua rápida
proclamação a respeito em Oxford, em 1645, como sendo ‘um meio
para abrir o caminho e dar liberdade a todas as facções ignorantes
ou homens maus, para tornar públicas suas próprias imaginações
ou conceitos, por mais maléficos ou errôneos que sejam; e desenca-
minhar as pessoas ao pecado e rebelião, e dizer aquelas coisas,
mesmo naquilo que dizem por oração na reunião das congregações,
como estando na presença de Deus, ao qual nenhum homem cons-
ciencioso pode consentir ou dizer Amém’. Ele ameaçou processar
todos que violassem a lei usando o Diretório.
Henry Hammond também respondeu. Com grande erudição, ar-
gumentou que abolir o Livro de Oração Comum não se justificava
por necessidade política nem eclesiástica, e sugeria que o Diretório
não oferecia boa defesa contra o alegado ócio dos usuários do Livro
de Oração. Pior ainda, não poderia ser uma base para uniformidade
‘por deixar tudo à sorte das vontades dos homens, cujas possibilida-
des de concordar em uma forma única não são maiores do que tive-
ram os átomos de Demócrito de se ter juntado criando lindas criatu-
ras sem qualquer mão da providência para dispô-las’. O resultado fi-
nal deste individualismo fatal seria que Satanás iria ‘livrar-se de
seus dois inimigos, a Religião e a Liturgia juntas’.[13] Francis Howgill,
o quaker, ofereceu em vez disso Mistery Babylon, the mother of Har-
lots discovered (1659).
Contudo, o Diretório forneceu uma base estrutural corporativa
para a piedade puritana séria e intensa delineada por uma série de
pregadores e escritores como Greenham, Perkins, Dent, Bayly, Sib-
bes e Baxter, e também detalhou as consequências das definições
de culto na Confissão e nos Catecismos Westminster.[14] Deus devia
ser adorado como Ele tinha ordenado, sem adições humanas para
tentar os crentes a entrarem em idolatria e conformismo exterior. O
culto brotava da resposta agradecida e obediente às Escrituras, que
por sua vez asseguravam que o mover do Espírito Santo fosse em
ambos, ministro e congregação, suscitado e testado por esta obedi-
ência perscrutadora. Tal adoração exigia preparo cuidadoso e arre-
pendimento — temas constantes do Diretório — às vezes deixando
o que os homens devem fazer em maior destaque do que o que
Deus já fez. Sua linguagem sóbria precisa ser ponderada com aten-
ção para que se aprecie a combinação de tristeza pelo pecar e ale-
gria na misericórdia de Deus que caracterizavam o culto puritano no
seu melhor. A oração e a pregação, todas as duas, refletiam a exul-
tação e a obediência do pecador perdoado, embora os autores do
Diretório não apreciassem plenamente a rapidez com que o moralis-
mo e o didatismo iriam solapar suas tentativas de substituir pela ig-
norância e superstição a liberdade informada. A magnitude da tarefa
foi destacada por Keith Thomas, Religion and the decline of magic
(1971).
O Diretório é ímpar no alcance da instrução dada sobre a pre-
gação da palavra como correlato ao entendimento e à administração
corretos dos sacramentos. A Celebração da Ceia do Senhor en-
quanto sentados destacou a posição de filhos e igualdade de todos
os crentes sob o governo de Cristo, enquanto que a substituição do
calendário cristão antigo pela observação rigorosa dos sábados cris-
tãos, dos dias de jejum e dos dias de ações de graça foi uma quebra
proposital com a antiga ordem sacra e hierárquica.[15] Em lugar dis-
so, os cristãos deveriam jejuar e comer bem com base em sua per-
cepção da ação de Deus no presente, sem esperar por aprovação
episcopal e monárquica. Até mesmo as instruções para a interces-
são expressam um compromisso militante com as esperanças pro-
testantes, em contraste marcante ao conservadorismo implícito do
Livro de Oração.
Como tentativa de combinar ordem e liberdade, através de fide-
lidade à Bíblia somente, em grau sem precedentes desde os primei-
ros dias do cristianismo, o Diretório merece a atenção dos liturgistas
como sendo um importante fracasso. A tentativa de encontrar-se
com o Deus soberano através de uma resposta integrada à sua Pa-
lavra e Espírito no culto público, na devoção pessoal e na ocupação
diária, deu ao Diretório uma qualidade revigorante trinitariana, evan-
gélica e confessional, muitíssimo apropriada a uma minoria pactual,
mas exigente demais para uma igreja do povo.
O Diretório fracassou porque suas metas eram amplas demais
e sua base estreita demais para tempos tão conturbados. Mesmo
que tivesse recebido o ímpeto de quase um século de ser exigido,
como o Livro de Oração Comum depois que entrou a era da estabili-
dade elizabetana, por fim o Diretório mostrou-se por demais centra-
do no pastor para conseguir levar o evangelho em bons e maus
tempos. A fragmentação irrevogável da Igreja Anglicana em 1662
fez inevitável que o papel do Diretório fosse limitado daí em diante;
porque tanto os presbiterianos escoceses como os seguidores da
dissensão inglesa afastaram-se até mais da liturgia, em reação à
reimposição inflexível de uma liturgia que viam como convite para
desobedecer à consciência.
U O P

Sexta-feira, 3 de janeiro, 1644

Uma Ordem do Parlamento para a retirada do Livro de Oração Co-


mum e para o estabelecimento e efetivação do Diretório para o culto
público de Deus.[16]

s Lordes e Comuns reunidos em Assembleia no Parlamen-


to, levando em séria consideração as múltiplas inconveniên-
cias surgidas pelo uso do Livro de Oração Comum no Reino e, de
acordo com seu pacto, decididos a reformar a Religião segundo a
Palavra de Deus a exemplo das melhores Igrejas Reformadas, têm
consultado os Reverendos Clérigos Pios e Eruditos convocados
para esse fim, julgam necessário que seja abolido o dito Livro de
Oração Comum e que seja estabelecido e seguido em todas as Igre-
jas dentro deste Reino o Diretório para o Culto Público de Deus, da-
qui em diante mencionado. Que seja portanto ordenado pelos Lor-
des e Comuns reunidos em Parlamento, que o Estatuto dos anos
segundo e terceiro do Rei Edward VI, intitulado, A Penalidade por
não usar a Uniformidade de Culto e Administração dos Sacramen-
tos, etc.; e o Estatuto dos anos quinto e sexto do mesmo Rei, intitu-
lado, Uniformidade de Oração e Administração de Sacramentos se-
rão usados na Igreja. E a porção do Estatuto do primeiro ano da
Rainha Elizabeth, intitulado, Haverá Uniformidade das Orações e
Administração dos Sacramentos, quanto ao que se refere ao dito Li-
vro de Oração Comum e a Uniformidade de Orações e Administra-
ção de Sacramentos; e tanto do Estatuto do quinto ano da mesma
Rainha, intitulado, Por Ordem de Quem, a Bíblia e o Livro de Oração
Comum serão traduzidos para a Língua Galesa, no que se refere ao
Livro de Oração Comum. E as partes do Estatuto do oitavo ano da
mesma Rainha, intitulado, Todos os Atos realizados por qualquer
pessoa desde a Primeira Elizabeth para a Consagração, Investidura,
etc. de qualquer Arcebispo ou Bispo, serão válidos, quanto ao que
concerne o dito livro, sejam e fiquem agora revogados, invalidados e
sem efeito, para todos os intentos, efeitos e propósitos que houver.
E que o dito Livro de Oração comum não permaneça, nem seja de
ora em diante usado em qualquer Igreja, Capela, ou lugar de Culto
Público, nos confins do Reino da Inglaterra, ou Domínio de Gales; e
que o Diretório para o Culto Público aqui apresentado seja de ora
em diante usado, seguido e observado, segundo o verdadeiro inten-
to e sentido desta ordenança, em todo exercício do Culto Público de
Deus, em toda Congregação, Igreja, Capela e lugar de Culto Público
dentro deste Reino da Inglaterra e Domínio de Gales; o qual Diretó-
rio para o Culto Público de Deus segue, com o prefácio do mesmo.
E é ainda Ordenado pela autoridade acima que seja fornecido aos
cuidados de cada Paróquia ou Capelania deste Reino da Inglaterra
e Domínio de Gales um bom Livro de Registro de Pergaminho, para
ser mantido pelo Ministro e outros oficiais da Igreja. E que os nomes
de todas as crianças batizadas, e de seus pais, e as datas de seu
Nascimento e Batismo sejam nele escritos e registrados pelo Minis-
tro. E também os nomes de todas as pessoas casadas ali, e a data
de seu Casamento. E também os nomes de todas as pessoas se-
pultadas naquela Paróquia, e o tempo de sua Morte e Sepultamen-
to. E que o dito Livro seja mostrado por todos os que o mantêm a to-
das as pessoas que tenham com razão o desejo de procurar pelo
Nascimento, Batizado, Casamento ou Sepultamento de qualquer
pessoa ali registrada, e de tirar uma Cópia ou adquirir um Certifica-
do desta informação.
O P

o início da bendita Reforma, nossos antepassados sábios e


piedosos cuidaram de apresentar uma ordem para o desa-
gravo de muitas coisas, que eles, na época, descobriram pela Pala-
vra ser vãs, errôneas, supersticiosas e idólatras, no Culto Público de
Deus. Isso fez com que muitos homens piedosos e letrados se ale-
grassem muito no Livro de Oração Comum apresentado naquela
ocasião, porque, sendo removidos a missa e o restante do culto em
latim, o Culto Público foi celebrado em nossa própria Língua. Assim,
muitos dentre o povo comum também receberam o benefício de ou-
vir as Escrituras lidas em sua própria língua, que antes lhes eram
como um Livro que está selado.
Entretanto, uma experiência longa e triste tornou manifesto que
a Liturgia usada na Igreja Anglicana (apesar dos cuidados e inten-
ções religiosas dos compiladores) já provou ser uma ofensa, não só
para muitos dos piedosos deste país, mas também para as Igrejas
Reformadas no estrangeiro. Pois, para não falar em insistir na leitura
de todas as orações, que aumentaram muitíssimo o peso dele, as
muitas improfícuas e pesadas cerimônias nele contidas têm ocasio-
nado muitos problemas, tanto inquietando as consciências de mui-
tos piedosos Ministros e outros que não conseguiam se entregar a
elas, como privando-os das ordenanças de Deus que não podiam
ser gozadas sem que se conformassem ou subscrevessem àquelas
cerimônias. Vários bons Cristãos foram assim barrados da Ceia do
Senhor, e diversos Ministros capazes e fiéis excluídos do exercício
de seu Ministério (para o perigo de vários milhares de almas, numa
época de tão grande falta de Pastores fiéis) e destituídos de sua
subsistência, para ruína deles e de suas famílias. Prelados e seus
partidários têm trabalhado para erguer a estima dele [o Livro de Ora-
ção Comum] a tais alturas, como se não houvesse nenhum outro
Culto ou modo de cultuar a Deus entre nós, mas só o Livro do Culto
— para grande impedimento da Pregação da Palavra e, em alguns
lugares, especialmente nestes últimos tempos, empurrando esta
para fora como desnecessária, ou, na melhor das hipóteses, como
muito inferior à Leitura da Oração Comum. Esta última tendo sido
feita nada melhor do que um ídolo por muitas pessoas ignorantes e
supersticiosas que, agradando-se a si próprios com sua presença
naquele Culto e o trabalho de sua voz em estarem tomando parte
nele, têm se endurecido em sua ignorância e descuido do conheci-
mento da salvação e da verdadeira piedade.
Enquanto isso os papistas se gabavam de o livro ser uma con-
cordância com eles em grande parte de seu Culto, e assim foram
não pouco confirmados na superstição e idolatria deles, esperando
mais que voltássemos a eles do que buscando a Reforma de si pró-
prios. Em qual expectativa foram ultimamente muito incentivados,
quando, com a pretendida legitimidade de impor as cerimônias ante-
riores, novas cerimônias eram impostas a cada dia sobre a Igreja.
Adicione-se a isso (o que não foi previsto, mas desde então
vem acontecendo) que a liturgia tem sido um meio importante, por
um lado para aumentar um ministério ocioso e não edificante que se
contenta com formas estabelecidas feitas por outras mãos, sem se
esforçar por exercer o dom da oração, o qual o Senhor Jesus Cristo
se agrada em fornecer a todos seus servos que chama para essa
cargo. E do mesmo modo, por outro lado, tem sido (e sempre seria,
se continuada) uma questão de disputa e contenda na Igreja, e um
laço tanto para muitos Ministros piedosos e fiéis que têm sido perse-
guidos e silenciados pela situação, como para outros esperançosos,
muitos dos quais têm sido, e mais ainda seriam, desviados de qual-
quer ideia de ser ministro para outros estudos; especialmente nes-
tes últimos tempos, em que Deus se dignou conceder a seu povo
mais e melhores meios para a descoberta de erro e superstição, e
para o alcance de conhecimento dos mistérios da piedade, e dons
de Pregação e Oração.
Sobre estas e muitas outras considerações influentes, com refe-
rência ao livro inteiro em geral e por causa de diversos particulares
nele contidos — não por qualquer amor a novidades, ou intenção de
menosprezar nossos primeiros Reformadores (os quais estamos
persuadidos que, estivessem hoje vivos, se uniriam a nós neste tra-
balho, e a quem reconhecemos como excelentes instrumentos le-
vantados por Deus para começar a purificação e construção de sua
casa, e desejamos que sejam lembrados por nós e a posteridade
em lembrança eterna, com gratidão e honra), mas para que possa-
mos em alguma medida corresponder à graciosa providência de
Deus, que nesta hora nos chama para mais Reforma. E para que
possamos satisfazer as expectativas de outras Igrejas Reformadas
e os desejos de muitos dos piedosos entre nós, e com isso dar al-
gum Testemunho Público de nossas tentativas pela uniformidade no
Culto Divino, que prometemos em nosso Convênio Solene e Pacto,
depois de clamar sincera e frequentemente pelo nome de Deus. E,
após muita consulta, não com carne e osso, mas com sua Palavra
Santa, decidimos colocar de lado a liturgia anterior, com seus muitos
ritos e cerimônias antes usados no Culto de Deus, assim, temos
concordado no Diretório que segue para todas as partes do Culto
Público, nas ocasiões ordinárias e extraordinárias.
Nosso cuidado tem sido expor coisas tais que sejam de institui-
ção Divina em todas as ordenanças, e outras coisas que temos pro-
curado apresentar, segundo as regras da prudência cristã, segundo
as regras gerais da Palavra de Deus. Nossa intenção aqui sendo so-
mente que, sendo conhecidos de todos os cabeçalhos gerais, o sen-
tido e escopo das orações e outras partes do Culto Público, possa
haver um consentimento de todas as Igrejas naquelas coisas que
contêm a substância do Culto e Adoração de Deus. E os Ministros
possam por este Diretório ser dirigidos em suas administrações,
para que conservem a mesma integridade de Doutrina e Oração, e
para que possam, se preciso, ter alguma ajuda e material fornecido.
E isso ainda, à medida que deixam de ser indolentes e negligentes
em incentivar os dons de Cristo neles, mas que cada um, meditan-
do, cuidando de si e do rebanho de Deus que lhe foi confiado, e ob-
servando sabiamente os caminhos da providência Divina, possa cui-
dar de prover seu coração e língua com mais materiais, ou outros
materiais de oração e exortação, conforme sejam necessários em
todas as ocasiões.
U D P :

A Oração Pública, Leitura das Escrituras,


Canto de Salmos,

Pregação da Palavra,

Administração dos Sacramentos,

e outras partes do Culto Público de Deus, Or-


dinário e Extraordinário
D R C I
S C C
P D

uando a Igreja se reúne para o Culto Público, as pessoas


(tendo antes preparado seus corações para o mesmo) de-
vem todos vir e tomar parte; não se ausentando das ordenanças pú-
blicas por negligência, ou por pretexto de reuniões particulares.
Que todos entrem no recinto da reunião, não com irreverência,
e sim de maneira comedida e decorosa, tomando seus lugares sem
mesuras em direção a um ou outro lado, ou outros movimentos de
adoração.
Os fiéis estando reunidos, o Ministro, depois de convocá-los so-
lenemente à adoração do grande nome de Deus, deverá começar
com Oração:

Reconhecendo em toda reverência e humildade a incom-


preensível Grandeza e Majestade do Senhor (em cuja pre-
sença eles assim se apresentam de modo especial), e sua
própria condição vil e indigna de se aproximar Dele; com
inteira incapacidade por si mesmos de fazer tão grande
obra; e humildemente implorando-lhe o perdão, auxílio e
aceitação em todo o culto a ser então realizado; e por uma
bênção naquela porção definida de sua Palavra que ora
será lida; e tudo mais, em o Nome e pela Mediação do Se-
nhor Jesus Cristo.
Uma vez começado o Culto Público, as pessoas deverão dirigir
toda sua atenção a este culto, evitando de ler qualquer coisa que
não seja o que o Ministro está lendo ou citando no momento; e abs-
tendo-se sobretudo de todos os cochichos, consultas, saudações,
ou cumprimentos particulares a quaisquer pessoas presentes, ou
que estejam entrando; como também de todos os olhares fixos, co-
chilos, e outro comportamento indecoroso, que possam perturbar o
Ministro ou as pessoas, ou impedir a si mesmo ou a outros no culto
a Deus.
Se por necessidade as pessoas forem impedidas de estarem
presentes no início, não devem, ao entrar na Igreja, se entreter em
devoções pessoais, e sim reverentemente se comporem para se
unir com a congregação, para a ordenança de Deus que esteja
ocorrendo no momento.
D L P S
E

leitura da Palavra na Igreja, sendo parte do Culto Público de


Deus (no qual reconhecemos nossa dependência Dele e su-
jeição a Ele) e um meio santificado por ele para a edificação de seu
povo, será realizada pelos Pastores e Professores.
No entanto, aqueles que visam a este ministério, poderão ocasi-
onalmente tanto ler a Palavra, como exercer seu dom pregando na
Igreja, se permitidos fazer isso pelo Presbitério.
Todos os Livros Canônicos do Antigo e Novo Testamentos (mas
nenhum daqueles comumente chamados de Apócrifos) serão lidos
publicamente na língua do povo, na melhor tradução permitida, dis-
tintamente, para que todos possam ouvir e entender.
Qual a extensão da porção que será lida de uma vez fica a cri-
tério do Ministro, mas comumente convém que um capítulo de cada
Testamento seja lido em cada reunião; e mais, às vezes, onde os
capítulos são curtos, ou a coerência do assunto o requer.
É indispensável que todos os Livros Canônicos sejam lidos por
inteiro pela ordem, para que o povo tome conhecimento melhor da
Bíblia inteira. E ordinariamente, no ponto em que a leitura em qual-
quer dos dois Testamentos terminar em um Dia do Senhor, deve co-
meçar no seguinte.
Recomendamos também uma leitura mais frequente de Escritu-
ras da espécie que o leitor julgar melhor para a edificação de seus
ouvintes, como o Livro de Salmos e similares.
Quando o Ministro que lê julgar necessário expor qualquer parte
do que é lido, que não faça isso antes que tenha lido o capítulo ou
Salmo todo. E deve sempre existir cuidado quanto ao horário, para
que nem a pregação nem outra ordenança seja reduzida demais,
nem a leitura se torne enfadonha, a qual regra deverá ser observada
em todas as outras apresentações públicas.
Além da Leitura Pública da Bíblia, toda pessoa que sabe ler
deve ser exortada a ler a Bíblia em particular (e todos os não alfabe-
tizados, se não incapacitados por idade ou outro motivo, devem
também ser exortadas a aprender a ler) e possuir uma Bíblia.
D O P A
S

epois da Leitura da Palavra (e do cântico dos Salmos) o Mi-


nistro que irá pregar deverá procurar se chegar ao seu pró-
prio coração, e aos corações de seus ouvintes, para sentirem positi-
vamente seus pecados, para que possam todos lamentar isso com
sentimento perante o Senhor, e ter fome e sede da graça de Deus
em Jesus Cristo, procedendo a uma confissão de pecados mais
completa, envergonhados e em santo transtorno de semblante, e
assim clamar pelo Senhor nesse sentido:

Reconhecer nossa grande pecaminosidade, primeiro, por


razão do Pecado Original que (além da culpa que nos faz
sujeitos à maldição eterna) é a semente de todos os ou-
tros pecados, polui nossas melhores ações, e (não fosse
restringido, ou nossos corações renovados pela Graça)
desabrocharia em inúmeras transgressões, e maiores re-
beliões contra o Senhor, do que os cometidos pelos mais
vis filhos dos homens. E, a seguir, por razão de nossos
pecados reais, nossos próprios pecados, os pecados de
Magistrados, de Ministros, e da Nação inteira, dos quais
nós somos assessores de muitas maneiras. Pecados nos-
sos os quais recebem muitos temíveis agravantes, por nós
termos violado todos os mandamentos da santa, justa e
boa Lei de Deus, fazendo aquilo que é proibido, e deixan-
do sem fazer o que é prescrito; e isso não só por ignorân-
cia e enfermidade, mas também com mais presunção,
contra a luz de nossa mente, as restrições de nossa cons-
ciência, e movimentos ao contrário do próprio Espírito
Santo dele, de modo que não temos nenhuma capa para
ocultar nossos pecados. Sim, não só desprezando as ri-
quezas da bondade, paciência e longanimidade de Deus,
mas colocando-nos contra muitos convites e ofertas de
graça no Evangelho, não procurando como devemos rece-
ber Cristo em nossos corações pela fé, ou viver dignos
Dele em nossas vidas.

Chorar nossa cegueira de mente, dureza de coração, des-


crença, impenitência, segurança em nós mesmos, indife-
rença morna, aridez, nossa falta de buscar a mortificação
e novidade de vida; nem procura do exercício da piedade
no poder que tem; e que os melhores de nós não anda-
mos tão firmemente com Deus, não conservamos nossas
vestes tão impolutas, nem fomos tão zelosos de sua gló-
ria, e do bem dos outros, como devemos; e chorar sobre
outros pecados dos quais a Igreja seja especialmente cul-
pada; apesar das múltiplas e grandes Misericórdias de
nosso Deus, do Amor de Cristo, da Luz do Evangelho, e
da Reforma da Religião, de nossos próprios propósitos,
promessas, votos, pacto solene e outras obrigações em
contrário.

Reconhecer e confessar que, como nos sentimos conven-


cidos de nossa culpa, assim, por sentirmos isso profunda-
mente, julgamo-nos indignos dos mínimos benefícios,
mais merecedores da mais forte ira de Deus, e de todas
as Maldições da Lei e maiores juízos infligidos sobre os
pecadores mais rebeldes; e que ele poderia mais justa-
mente tirar de nós seu Reino e Evangelho, afligir-nos com
toda sorte de julgamentos espirituais e temporais nesta
vida, e depois nos lançar em escuridão completa, no lago
que queima com fogo e enxofre, onde há choro e ranger
de dentes para sempre.

Apesar de tudo isso, chegar-se para perto do Trono da


Graça, encorajando-nos a nós mesmos com a esperança
de uma resposta graciosa a nossas orações, nas riquezas
e suficiência completa daquela oblação única, a satisfação
e intercessão do Senhor Jesus Cristo à direita do seu Pai
e nosso Pai; e, na confiança das promessas sobremaneira
grandiosas e preciosas de misericórdia e graça da nova
Aliança, através do mesmo Mediador, desprezar o peso da
ira e maldição de Deus, que não somos capazes de evitar
ou suportar; e humilde e sinceramente suplicar por miseri-
córdia, na livre e plena remissão de todos nossos peca-
dos, e isto somente pelos sofrimentos amargos e méritos
preciosos desse nosso único Salvador Jesus Cristo.

Que o Senhor conceda derramar amplamente seu amor


em nossos corações pelo Espírito Santo; selar para nós
pelo mesmo Espírito de Adoção, a segurança plena de
nosso perdão e reconciliação; consolar todos os que cho-
ram em Sião, expressar paz ao espírito ferido e conturba-
do, e tratar do que tem o coração partido. E quanto aos
pecadores seguros e presunçosos, que ele abra seus
olhos, convença suas consciências, e os faça voltar das
trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que eles
também possam receber perdão do pecado, e uma heran-
ça entre aqueles que são santificados pela fé em Cristo
Jesus.

Com a remissão de pecados através do sangue de Cristo,


orar pela santificação pelo seu Espírito; a mortificação do
pecado que habita em nós e muitas vezes age como tira-
no sobre nós, a vivificação de nossos ânimos mortos com
a vida de Deus em Cristo, a graça para nos preparar e ca-
pacitar para todas as obrigações de saber falar e ministrar
em favor de Deus e dos homens, a força contra as tenta-
ções; o uso santificado de bênçãos e cruzes; e a perseve-
rança na fé, e obediência até o fim.

Orar pela propagação do Evangelho e Reino de Cristo a


todas as nações, pela conversão dos judeus, a plenitude
dos gentios, a queda do Anticristo, e o apressar da segun-
da vinda de nosso Senhor; pelo livramento das Igrejas so-
fredoras em outros países da tirania da facção Anticristã, e
das cruéis opressões e blasfêmias dos turcos; e a favor da
bênção de Deus sobre as Igrejas Reformadas, especial-
mente sobre as Igrejas e Reinos da Inglaterra, Escócia e
Irlanda, agora mais aproximadas e religiosamente unidas
na solene liga e pacto Nacional; e pelas nossas Terras em
partes remotas do Mundo: mais particularmente por aque-
la Igreja e Reino do qual somos membros, que neles Deus
estabeleça Paz e Verdade, a pureza de todas as suas or-
denanças, e o poder da piedade; que evite e remova a he-
resia, cisma, linguagem obscena, superstição, segurança
e infrutuosidade sob os meios de Graça, que cure todas
as nossa rupturas e divisões, e nos preserve de violação
de nossa Aliança solene.

Orar por todos em autoridade, especialmente pelamajesta-


de do Rei, para que Deus o torne rico em bênçãos, tanto
em sua pessoa como no Governo; estabeleça seu trono
na Religião e Justiça, salve-o de maus conselhos e faça
dele um instrumento bendito e glorioso para a conserva-
ção e propagação do Evangelho, para o encorajamento e
proteção daqueles que praticam o bem, o terror de todos
que praticam o mal, e o bem abundante de toda a Igreja, e
dos seus Reinos todos; pela conversão da Rainha, a edu-
cação religiosa do Príncipe, e o restante da semente Real;
para o consolo da Rainha afligida da Boêmia, irmã de nos-
so Soberano; e pela restituição e estabelecimento do ilus-
tre Príncipe Charles, Eleitor Palatino do Reno, a todos os
seus domínios e dignitários; por uma bênção sobre a Alta
Corte do Parlamento, (quando em sessão em qualquer
destes Reinos, respectivamente), da Nobreza, dos Juízes
e Magistrados subordinados, dos Homens de boa família e
do Povo; por todos os Pastores e Professores, para que
Deus os encha do seu Espírito, os torne exemplares em
sua vida sendo santos, sóbrios, justos, pacíficos e bondo-
sos; que os faça sadios, fiéis e poderosos em seu Ministé-
rio e que acompanhe todos os seus trabalhos com suces-
so abundante e bênção; e que dê a todo seu povo Pasto-
res que sejam segundo seu próprio coração; pelas Univer-
sidades, e todas as Escolas e Seminários religiosos da
Igreja na Comunidade Britânica, que possam vigorar cada
vez mais em erudição e piedade; pela Cidade ou Igreja lo-
cal, que Deus derrame uma bênção sobre o Ministério da
Palavra, os Sacramentos e a Disciplina, sobre o Governo
Civil, e as várias Famílias e pessoas compreendidas; por
misericórdia aos afligidos que estejam sofrendo qualquer
aflição interior ou exterior; por tempo bom e estações pro-
dutivas conforme a época exija; por afastar as Sentenças
Divinas que sentimos ou tememos, ou a que somos sujei-
tos, como fome, peste, a espada e coisas semelhantes.

E com confiança na sua misericórdia sobre a Igreja inteira,


e a aceitação de nossas pessoas, através dos méritos e
mediação de nosso grande Sumo Sacerdote o Senhor Je-
sus, para professar que é o desejo de nossas almas ter
comunhão com Deus no uso reverente e consciente de
suas santas ordenanças; e com este objetivo orar sincera-
mente por sua graça e assistência eficaz para a santifica-
ção de seu santo sábado cristão, o Dia do Senhor, em to-
das as obrigações que lhe dizem respeito, públicas e parti-
culares, tanto para nós mesmos como para todas as ou-
tras congregações do seu povo, segundo as riquezas e
excelência do Evangelho hoje celebrado e desfrutado.

E por termos sido ouvintes improdutivos no passado, e


agora não podermos por nós mesmos receber como deve-
mos as coisas profundas de Deus, os mistérios de Jesus
Cristo, que exigem um discernimento espiritual. Orar que o
Senhor que ensina para nosso proveito, graciosamente
conceda derramar o Espírito da Graça, juntamente com os
meios externos dele, fazendo com que nós alcancemos
uma medida tal da excelência do conhecimento de Cristo
Jesus nosso Senhor, e nele, das coisas que pertencem a
nossa paz, que possamos computar todas as coisas como
refugo em comparação com ele: e que nós, provando os
primeiros frutos da glória que será revelada, possamos
suspirar por uma comunhão mais completa e perfeita com
ele, para que onde ele estiver, estejamos nós também, e
desfrutemos da plenitude dessas alegrias e prazeres que
estão à sua destra para sempre.

Mais particularmente, que Deus de modo especial supra


seu Servo (agora convocado para dispensar o pão da vida
à sua família da fé) com sabedoria, fidelidade, zelo, e o
dom da palavra, para que ele possa repartir a Palavra de
Deus corretamente, para cada um sua porção, em evidên-
cia e demonstração do Espírito e poder; e que o Senhor
circuncide os ouvidos e corações dos ouvintes, para ouvir,
amar, e receber com mansidão a Palavra enxertada, que é
capaz para salvar suas almas, fazer com que sejam como
boa terra para receber a boa semente da Palavra, e forta-
lecê-las contra as tentações de Satanás, os cuidados do
mundo, a dureza de seus próprios corações e tudo mais
que possa impedir que escutem para seu proveito e salva-
ção; que assim Cristo possa ser formado neles de tal
modo, e viver neles, que todos seus pensamentos sejam
trazidos cativos à obediência de Cristo, e seus corações
sejam estabelecidos em toda boa palavra e obra para
sempre.

Julgamos que seja esta uma ordem conveniente, nas orações


públicas comuns; ainda assim, se o Ministro quiser, pode adiar
(como em prudência ele pode achar apropriado) alguma parte des-
sas petições para depois de seu sermão, ou oferecer a Deus algu-
mas das orações de gratidão, abaixo indicadas, em sua oração an-
tes do sermão.
D P P

Pregação da Palavra, sendo o poder de Deus para a Salva-


ção, e uma das maiores e mais excelentes obras que ca-
bem ao ministério do Evangelho, deve ser realizada de modo tal que
o obreiro não precise se envergonhar, mas possa salvar-se e àque-
les que o ouvem.
É pressuposto (conforme as Regras da Ordenação) que o Mi-
nistro de Cristo seja em alguma boa medida dotado para tão impor-
tante trabalho, pela sua habilidade nas Línguas Originais e nas Ar-
tes e Ciências, que são como servas da Teologia pelo seu conheci-
mento de todo o Corpo da Teologia, porém sobretudo das Escrituras
Sagradas, tendo seus sentidos e coração exercitados neles mais do
que os crentes comuns; e pela iluminação do Espírito de Deus e ou-
tros dons de edificação que (junto com a leitura e estudo da Palavra)
ele deve buscar ainda por meio de oração e com coração humilde,
resolvido a admitir e receber qualquer verdade a que ainda não te-
nha chegado, sempre que Deus lha torne conhecida. Tudo isso ele
deve aproveitar e melhorar em sua preparação particular, antes de
entregar de público o que ele providenciou.
Comumente, o assunto de seu sermão deverá ser algum texto
bíblico que exponha algum princípio ou título de Religião; ou ade-
quado a alguma ocasião especial emergente; ou então ele poderá
dar seguimento em algum Capítulo, Salmo ou Livro da Escritura Sa-
grada, como ele julgar conveniente.
Que a introdução de seu texto seja breve e perspicaz, tirada do
próprio texto, ou contexto, ou em algum lugar paralelo, ou sentença
geral da Escritura.
Se o texto for longo (como em histórias e parábolas deve por
vezes ser), que ele faça um breve resumo do mesmo; se curto, uma
paráfrase dele, se necessário; em ambos, olhando diligentemente
pela abrangência do texto, e chamando atenção aos cabeçalhos
principais e bases de doutrina que ali irá levantar.
Ao analisar e dividir seu texto, ele deverá olhar mais para a or-
dem do assunto do que a ordem das palavras; e nem deverá onerar
a memória dos ouvintes no começo, com divisões (e subdivisões)
demais, nem preocupar as mentes com palavras literárias obscuras.
Ao tirar doutrinas do texto, seu cuidado deverá ser: primeiro,
que a questão seja a verdade de Deus; segundo, que seja uma ver-
dade contida ou baseada naquele texto, para que os ouvintes pos-
sam discernir como Deus a ensina partindo dali; terceiro, que ele in-
sista principalmente naquelas doutrinas a que o texto pretendeu dar
prioridade, e faça o máximo pela edificação dos ouvintes.
A doutrina deverá ser expressa em termos claros ou, se algo
nela precisar de explicação, isso deverá ser exposto, e sua conse-
quência esclarecida também pelo texto. Convém que os textos para-
lelos da Escritura que confirmam a doutrina sejam mais claros e per-
tinentes do que numerosos, e (se for preciso) deve-se insistir neles
e aplicá-los ao propósito do momento.
Os argumentos ou razões serão sólidos e, tanto quanto possí-
vel, convincentes. As ilustrações, de qualquer natureza, deverão ilu-
minar o texto e ser aptas a transmitir a verdade ao coração dos ou-
vintes com deleite espiritual.
Se qualquer dúvida aparecer, óbvia pela Escritura, pelo raciocí-
nio, ou pelo preconceito dos ouvintes, é então necessário tirá-la, re-
conciliando as diferenças aparentes, respondendo às razões, averi-
guando e tirando as causas de preconceito e erro. Mas, a não ser
por essas causas, não convém deter os ouvintes expondo ou aten-
dendo a sofismas vãos ou iníquos, os quais são intermináveis, de
sorte que o propor e respondê-los mais irá impedir do que promover
a edificação.
O mensageiro não deve se demorar tanto na doutrina geral,
muito embora não esteja tão esclarecida e confirmada assim, como
deve caminhar para seu uso específico, aplicando-a aos ouvintes:
aplicação esta que, mesmo provando ser uma obra de grande difi-
culdade para ele próprio, requerendo muita prudência, zelo e medi-
tação, e sendo desagradável para o homem natural e corrupto. Con-
tudo, cabe-lhe a tentativa de fazer cumprir isso de modo tal que os
ouvintes possam sentir a Palavra de Deus como penetrante e pode-
rosa e discernidora dos pensamentos e intentos do coração. E, no
caso de estar presente qualquer pessoa incrédula ou ignorante, que
ela poderá ter manifestos os segredos de seu coração e dar glória a
Deus.
Ao explicar o uso, ou aplicação prática, das instruções ou infor-
mações sobre o conhecimento de alguma verdade, que venha como
consequência da doutrina apresentada, ele poderá (quando conve-
niente) confirmá-la com alguns argumentos firmes do texto em
mãos, e de outros textos da Escritura, ou pela natureza daquele
ponto comum da teologia do qual aquela verdade é derivada.
Na contestação de doutrinas falsas, ele nem deverá ressuscitar
do túmulo uma antiga heresia, nem mencionar desnecessariamente
uma opinião blasfema: mas, se as pessoas estão em perigo de um
erro, ele deve refutá-la redondamente e procurar satisfazer seus juí-
zos e consciências contra todas as objeções.
Na exortação a obrigações, quando observar uma necessidade,
ele deverá juntamente ensinar os meios que auxiliam sua execução.
Na dissuasão, repreensão e admoestação públicas (que reque-
rem sabedoria especial) que ele, quando existir motivo, não só des-
cubra a natureza e gravidade do pecado, com a miséria decorrente,
mas que também mostre o perigo que seus ouvintes têm de ser al-
cançados e surpreendidos nele, juntamente com os remédios e a
melhor maneira de evitá-lo.
No aplicar consolo, quer em geral contra todas as tentações, ou
contra alguns problemas ou pavores especiais, que ele seja cuida-
doso em responder a objeções tais como as que poderão sugerir em
contrário um coração atribulado e espírito angustiado.
Também por vezes é necessário apresentar algumas observa-
ções sobre provações (o que é muito proveitoso, especialmente
quando feitas por Ministros capazes e experimentados, que tenham
recato e prudência, e as indicações claramente fundamentadas na
Bíblia Sagrada) pelas quais os ouvintes possam se examinar para
ver se já conseguiram aquelas Graças e se realizaram aquelas obri-
gações às quais ele exorta, ou se estão culpados daquele pecado,
repreendidos, e em perigo das ameaças dos juízos, ou se são dos
tais a quem pertencem as consolações apresentadas; para que,
após exame, de acordo com sua condição, possam ser avivados e
incitados ao dever, humilhados por suas deficiências e pecados, mo-
vidos pelo perigo em que estão, e fortalecidos com o consolo, con-
forme requeira sua condição.
E, como ele nem sempre precisa levar até o fim cada doutrina
encontrada em seu texto, assim ele deve, sabiamente, selecionar os
usos que ele julgar mais necessários e oportunos, de acordo com o
que mostra seu convívio e conversas com seu rebanho; e dentre es-
tes, os que sejam tais que possam melhor atrair suas almas a Cris-
to, a fonte de luz, santidade e consolo.
Este método não é prescrito como necessário para todos os ho-
mens, ou sobre todos os textos; mas só é recomendado, por ter sido
verificado, por experiência, como sendo grandemente abençoado
por Deus, e de grande auxílio aos entendimentos e lembranças.
Mas o servo de Cristo, seja qual for seu método, deverá desem-
penhar seu ministério inteiro:
1. Arduamente, não fazendo o trabalho do Senhor de forma ne-
gligente.
2. Claramente, para que o mais simples possa entender, expon-
do a verdade, não em palavras sedutoras de sabedoria humana,
mas na demonstração do Espírito e do poder, para que a Cruz de
Cristo não seja tornada ineficaz; abstendo-se também de um uso
sem proveito de línguas desconhecidas, frases estranhas, e cadên-
cias de sons e palavras; citando bem poucas vezes sentenças de
escritores teológicos ou outros humanistas, antigos ou modernos,
por mais elegantes que sejam.
3. Fielmente, com o olhar voltado à honra de Cristo, à conver-
são, edificação e salvação das pessoas, e não ao seu próprio pro-
veito ou glória: nada retendo que possa contribuir para a promoção
desses santos objetivos, dando a cada um sua própria porção e
mostrando respeito indiferenciado a todos, sem negligenciar o mais
simples, ou poupar o maior em seus pecados.
4. Sabiamente, expressando todas as suas doutrinas, exorta-
ções e especialmente suas repreensões, de maneira tal a ter a mai-
or probabilidade de prevalecer, mostrando todo o respeito devido à
pessoa e posição de cada indivíduo, sem deixar penetrar qualquer
mistura de paixão ou amargura própria.
5. Seriamente, como convém à Palavra de Deus, abstendo-se
de todo gesto, voz e expressões que possam dar ocasião a que cor-
rupções dos homens levem a desprezá-lo e seu Ministério.
6. Com afeto amoroso, para que as pessoas vejam tudo proce-
dendo de seu zelo piedoso, e desejo sincero de lhes fazer bem.
7. Como ensinado de Deus e persuadido em seu próprio cora-
ção, que tudo que ele ensina é a verdade de Cristo; e andando dian-
te do rebanho, como exemplo para eles disso: com empenho since-
ro, tanto em particular como em público, recomendando seu traba-
lho à bênção de Deus, e atentamente vigilante de si e do rebanho
do qual o Senhor o fez supervisor. Assim, a Doutrina da Verdade
será preservada incorrupta, muitas almas serão convertidas e edifi-
cadas, e ele próprio receberá múltiplos consolos de sua obra ainda
nesta vida, e depois a Coroa da Glória reservada para ele no mundo
por vir.
Onde houver mais de um Ministro numa Igreja, e eles de dons
diferentes, cada um pode aplicar-se mais especialmente à Doutrina
ou Exortação, de acordo com o dom em que mais sobressai, e como
tenham combinado entre si.
D O A O S

Sermão estando terminado, o ministro deve:

Dar graças pelo grande Amor de Deus, em mandar seu Fi-


lho Jesus Cristo a nós; pela comunicação de seu Santo
Espírito; pela luz e liberdade do glorioso Evangelho, e as
ricas e celestes Bênçãos reveladas nele; como, a saber, a
Eleição, Vocação, Adoção, Justificação, Santificação e es-
perança da Glória; pela admirável bondade de Deus em li-
vrar a terra das Trevas e Tirania Anticristã, e por todos os
demais Livramentos Nacionais; pela Reforma da Religião;
pelo Pacto; e por muitas bênçãos temporais.

Orar pela continuidade do Evangelho, e todas as ordenan-


ças dele, em sua pureza, poder e liberdade. Transformar
os cabeçalhos importantes e mais úteis do sermão em al-
gumas poucas petições; e orar para que ele permaneça
no coração e produza frutos.

Orar pela preparação para a Morte e o Julgamento, e uma


vigilância pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Implo-
rar a Deus o perdão das iniquidades de nossas coisas
santas, e a aceitação de nosso sacrifício espiritual, através
do mérito e mediação de nosso grande Sumo-Sacerdote e
Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
E como a oração que Cristo ensinou a seus discípulos não é só
um modelo de Oração, mas em si mesmo uma oração muito abran-
gente, recomendamos que ela também seja usada nas orações da
Igreja.
E, assim como na Administração dos Sacramentos, na come-
moração de jejuns e dias de Ações de Graça públicos e outras oca-
siões especiais, que podem proporcionar assuntos de Petições e
Ações de Graça especiais, é necessário expressar algo disso em
nossas orações públicas (como nesta ocasião, é nosso dever orar
por uma bênção sobre a Assembleia Eclesiástica, as Forças Arma-
das no Mar e na Terra, pela defesa do Rei, do Parlamento e Rei-
nos). Cada Ministro é por este instruído a se aplicar em sua oração
antes, ou após seu sermão a essas ocasiões: mas quanto à manei-
ra, que terá sua liberdade, conforme Deus o direcionar e capacitar,
em piedade e sabedoria, para desincumbir-se de seu dever.
A oração concluída, que seja cantado um Salmo, se isso puder
ser feito com conveniência. Depois disto (a não ser que haja alguma
outra Ordenança de Cristo que disser respeito à Igreja que naquele
momento deva seguir) que o Ministro despeça a congregação dos
crentes com uma bênção solene.
A A D S
E P , B

Batismo, como não deve ser adiado desnecessariamente,


também não deve ser administrado em nenhum caso por
pessoa leiga, e sim somente por um Ministro de Cristo, chamado
para ser Despenseiro dos Mistérios de Deus.
Nem deve ser administrado em lugares privativos, ou em parti-
cular, mas no local do Culto Público, e diante da Igreja, onde o povo
poderá mais convenientemente ver e ouvir; e não nos lugares onde
as pias batismais no tempo do Catolicismo Romano eram colocados
imprópria e supersticiosamente.
A criança a ser Batizada, depois do Pastor notificado no dia an-
terior, deverá ser apresentado pelo pai, ou (em caso deste estar au-
sente por motivo necessário) por algum amigo cristão em seu lugar,
professando seu desejo sincero de que a criança seja batizada.
Antes do Batismo, o Ministro deve proferir algumas palavras de
instrução, tocantes à instituição, sua natureza, uso e finalidades
deste sacramento, mostrando:

Que é Instituído pelo nosso Senhor Jesus Cristo; que é


um Selo do Pacto da Graça, de sermos enxertados em
Cristo, e de nossa união com ele, da Remissão dos Peca-
dos, Regeneração, Adoção, e Vida eterna; que a Água no
Batismo representa e significa tanto o sangue de Cristo,
que tira toda culpa do pecado, Original e Real; como a vir-
tude santificadora do Espírito de Cristo contra o domínio
do pecado e a corrupção de nossa natureza pecaminosa;
que Batizar, ou o aspergir e lavar com água, significa o
limpar do pecado pelo Sangue e pelo Mérito de Cristo, jun-
tamente com a mortificação do pecado, e o erguer do pe-
cado à novidade de vida, em virtude da Morte e Ressurrei-
ção de Cristo; que a promessa é feita aos crentes e sua
semente, e que a semente e posteridade dos fiéis nascida
dentro da Igreja, tem, já por nascimento, participação no
pacto, e direito ao selo Dele, e aos privilégios exteriores
da Igreja, sob o Evangelho, não menos do que os Filhos
de Abraão no tempo do Antigo Testamento; o Pacto da
Graça, em substância, sendo o mesmo; e a Graça de
Deus e a consolação dos crentes, mais abundante do que
antes; que o Filho de Deus recebeu criancinhas à sua pre-
sença, abraçando e abençoando-as, dizendo: “Porque dos
tais é o Reino de Deus; que as crianças, por Batismo, são
solenemente recebidas no seio da Igreja visível, distingui-
das do mundo e daqueles que estão fora, e unidas com os
crentes; e que todos que são batizados em o Nome de
Cristo renunciam, e pelo seu Batismo estão obrigados a
lutar contra o Diabo, o Mundo e a Carne; que são Cris-
tãos, e santos por estarem ligados já antes do Batismo, e
consequentemente são batizados; que a Graça e virtude
interior do Batismo não está vinculada àquele momento
exato de tempo no qual é administrado, e que o fruto e po-
der dele alcança todo o curso de nossa vida, e que o Ba-
tismo exterior não é tão necessário a ponto da falta dele
colocar o Infante em perigo de Maldição Eterna, ou os pais
culpados, se não desprezarem ou negligenciarem a Orde-
nança de Cristo, quando e onde ela possa estar disponí-
vel.

Nestas instruções ou semelhantes, o Ministro deverá usar de


sua própria liberdade e piedosa prudência, como exijam o desco-
nhecimento ou erros na doutrina do Batismo e a edificação das pes-
soas.
Ele também admoestará todos os presentes:

A que se voltem, meditando sobre seu próprio Batismo; a


que se arrependam de seus pecados contra seu Pacto
com Deus; a que avivem sua fé; a que melhorem e façam
o uso certo de seu Batismo; e do Pacto, selado por eles
entre Deus e suas almas.

Ele exortará o Pai:

A considerar a grande misericórdia de Deus para com ele


e sua criança; a criar a criança no conhecimento das ba-
ses da Religião Cristã, e na sustentação e admoestação
do Senhor; e a tomar conhecimento do perigo da ira de
Deus para si e a criança, se ele for negligente. Exigindo
sua promessa solene no desempenho de seu dever.

Isto feito, a oração também será ligada às palavras da institui-


ção, para consagrar a água a esse uso espiritual, e o Ministro estará
orando assim ou de forma semelhante:

Que o Senhor que não nos deixou como estrangeiros sem


o Pacto da Promessa, e sim nos chamou aos privilégios
de suas Ordenanças, graciosamente conceda santificar e
abençoar sua própria Ordenança do Batismo nesta hora;
que ele ligue o Batismo interior de seu Espírito ao Batismo
exterior da água; que ele torne o Batismo do infante um
Selo de Adoção, Remissão de Pecado, Regeneração e
Vida Eterna, com todas as outras promessas do Pacto da
Graça; que a criança possa ser inserida na semelhança da
Morte e Ressurreição de Cristo; e que o corpo do pecado
sendo nele destruído, ele possa servir a Deus em novida-
de de vida durante todos os seus dias.

Então o Ministro perguntará o nome da criança, que lhe sendo


dado, ele dirá (chamando a criança pelo nome):

Eu o Batizo em Nome do Pai, do Filho, e do Espírito San-


to.

Ao pronunciar essas palavras, ele batizará a criança com água;


o que é, pela maneira de fazê-lo, não só legítimo, mas suficiente, e
o mais prático, borrifando a água na face da criança, sem acréscimo
de qualquer outra Cerimônia.
Isto feito, ele deve agradecer e orar, com este ou semelhante
propósito:

Reconhecendo, com toda gratidão, que o Senhor é verda-


deiro e fiel em guardar o Pacto e a Misericórdia; que Ele é
bom e gracioso, não só em nos enumerar entre seus San-
tos, como em se agradar também em conceder a nossos
filhos este sinal e distintivo único de seu amor em Cristo;
que em sua verdade e providência especial, Ele a cada
dia faz entrar alguns no seio de sua Igreja, para serem
participantes de seus benefícios inestimáveis, comprados
pelo sangue de seu amado Filho, para a continuação e
crescimento de sua Igreja.

E orando, para que o Senhor continue ainda, e diariamen-


te confirme cada vez mais este seu inenarrável favor; que
receba o infante ora batizado, e solenemente recebido na
Família da Fé, na instrução e defesa Paternal, e se lembre
Dele com o favor que demonstra a seu povo; que se ele
for levado desta vida na infância, que o Senhor, rico em
misericórdia, se agrade em recebê-lo na glória; e se ele vi-
ver, e chegar aos anos de discrição, que o Senhor assim o
ensine pela sua palavra e espírito, e torne seu Batismo
efetivo para ele, e assim o sustente pelo seu poder e gra-
ça Divinos, para que pela fé ele possa prevalecer contra o
Diabo, o Mundo e a Carne, até que por fim ele obtenha
uma vitória plena e final, e assim seja guardado pelo po-
der de Deus pela fé à salvação, por Jesus Cristo nosso
Senhor.
D C C
S
D C SENHOR

Comunhão ou Ceia do Senhor deverá ser celebrada com


frequência; mas com qual frequência poderá ser considera-
do e determinado pelos Ministros e outros Dirigentes de cada Igreja,
conforme achem mais conveniente para o consolo e edificação das
pessoas entregues a seus cuidados. E, quando for administrada,
nós julgamos conveniente que seja após o Sermão do Culto da Ma-
nhã.
Os desconhecedores e os escandalosos não estão aptos para
receber este Sacramento da Ceia do Senhor.
Onde não houver condições para este Sacramento ser ministra-
do com frequência, é necessário que um aviso público seja dado no
sábado cristão anterior; e que nesse dia, ou em algum dia daquela
semana, algo com respeito àquela ordenança e a preparação devida
e participação dela seja ensinado, para que, pelo uso diligente de to-
dos os meios santificados por Deus para aquele fim, tanto em públi-
co como em particular, todos possam vir melhor preparados para
aquela festa celeste.
Quando chegar o dia para ser ministrado, o Ministro, tendo ter-
minado seu Sermão e Oração, fará uma curta exortação:

Expressando o benefício inestimável que temos através


deste Sacramento, junto com suas finalidades e utilidade;
colocando a grande necessidade de que nosso consolo e
força sejam renovados por ele nessa nossa peregrinação
e luta; de como é necessário que nos cheguemos para
esta Ceia com Conhecimento, Fé, Arrependimento, Amor,
e com almas famintas e sedentas por Cristo e seus benefí-
cios; de como é grande o perigo de comer e beber indig-
namente.

Em seguida ele deverá, em Nome de Cristo, por um lado,


avisar todos os que são ignorantes, escandalosos, profa-
nos, ou que vivem em algum pecado ou ofensa sem que
tenham disso conhecimento ou consciência, para que não
ousem vir àquela Mesa santa, mostrando-lhes que aquele
que come e bebe indignamente, come e bebe juízo sobre
si. E, por outro lado, ele deve de modo especial convidar e
incentivar todos os que labutam sob o sentimento do peso
de seus pecados e temor da ira, e desejam alcançar um
maior progresso na Graça do que por enquanto podem
atingir, que venham à Mesa do Senhor, assegurando-lhes,
no mesmo Nome, de que receberão descanso, refrigério e
força para suas almas fracas e cansadas.

Depois dessa Exortação, Aviso, e Convite, a Mesa, estando an-


tes coberta decentemente e colocada de maneira conveniente para
que os comungantes possam sentar-se ao redor dela ou diante dela,
de forma ordenada, o Ministro começará o ato santificando e aben-
çoando os elementos de Pão e Vinho colocados diante dele (o pão
em pratos atraentes e práticos, preparados de modo que, sendo
quebrado por ele, e dado, possa ser distribuído entre os comungan-
tes; o vinho também em cálices grandes); tendo primeiro, em algu-
mas palavras, mostrado que aqueles elementos em outro contexto
comuns estão agora separados e santificados para este uso santo,
pela palavra da instituição e oração.
Que as palavras da instituição sejam lidas dos Evangelistas, ou
da primeira Epístola do Apóstolo Paulo aos Coríntios, Cap. 11, versí-
culo 23, Eu recebi do Senhor, etc. até o versículo 27, que o Ministro
poderá, quando achar necessário, explicar e aplicar.
Que a Oração, Ações de Graça, ou Bênção do Pão e Vinho se-
jam encaminhados no sentido seguinte:

Com reconhecimento humilde e sincero da imensidade de


nossa miséria, da qual nem homem nem anjo nos pôde li-
vrar, e de nosso grande desmerecimento ainda que da
menor das misericórdias de Deus; deve-se dar graças a
Deus por todos seus benefícios, e especialmente por
aquele grande benefício de nossa Redenção, o amor de
Deus, o Pai, os sofrimentos e méritos do Senhor Jesus
Cristo o Filho de Deus, pelo qual somos livrados, e por to-
dos os meios de Graça, a Palavra e os Sacramentos, e
por este Sacramento em particular, pelo qual Cristo e to-
dos seus benefícios são aplicados e selados para nós, os
quais, não obstante terem sido negados a outrem, são em
grande misericórdia continuados para nós, após tanto e
tão longo abuso de todos eles.

Professar que nenhum outro nome existe debaixo do Céu,


pelo qual podemos ser salvos, senão o Nome de Jesus
Cristo, o único por quem podemos receber livramento e
vida, ter acesso ao trono da Graça, sermos admitidos para
comer e beber à própria Mesa dele, e ser selados pelo seu
Espírito para a certeza da felicidade e vida eterna.

Orar a Deus sinceramente, ao Pai de todas as misericórdi-


as e toda consolação, para que conceda sua presença
graciosa, a operação efetiva de seu Espírito em nós, e que
santifique de tal modo esses elementos, tanto o Pão como
o Vinho, e abençoe sua própria ordenança, para que rece-
bamos pela fé o Corpo e Sangue de Jesus Cristo crucifica-
do por nós e assim nos alimentemos nele, para que ele
possa ser um conosco, e nós com ele, para que ele possa
viver em nós, e nós nele, e para ele que nos amou e se
deu por nós.

Tudo isto ele deverá procurar realizar com devoção condizente


com uma ação tão sagrada, e incitar igual sentimento no povo.
Os Elementos estando agora santificados pela Palavra e Ora-
ção, o Ministro, estando à Mesa, tomará o Pão em sua mão, e dirá,
nestas expressões (ou em outras semelhantes, usadas por Cristo
aos seus Apóstolos nesta ocasião):

De acordo com a Santa Instituição, ordem e exemplo de


nosso Bendito Salvador Jesus Cristo, eu tomo este Pão e,
tendo dado graças, eu o parto e o dou a vocês (aqui o Mi-
nistro, que também deverá comungar, quebrará o Pão e o
dará aos comungantes): Tomem, comam; isto é o Corpo
de Cristo quebrado por vocês. Façam isto em memória
Dele.
Por semelhante modo o Ministro deverá tomar o cálice e dizer,
nestas expressões (ou outras semelhantes, usadas por Cristo aos
Apóstolos na mesma ocasião):
De acordo com a instituição, instrução e exemplo de nosso Se-
nhor Jesus Cristo, tomo este cálice e o dou a vocês (aqui ele o dá
aos comungantes): Este cálice é o novo Testamento do Sangue de
Cristo, derramado pela remissão dos pecados de muitos; bebam
dele todos.
Depois que todos já comungaram, o Ministro poderá, em pou-
cas palavras, lembrá-los:

Da graça de Deus, em Jesus Cristo apresentada neste


Sacramento, e exortá-los a andar de modo digno Dele.

O Ministro agradecerá solenemente a Deus:

Pela sua rica misericórdia, e bondade inestimável, conce-


dida a eles nesse Sacramento, e implorar perdão pelas
deficiências de todo o culto, e pela graciosa assistência de
seu bom Espírito, pelo qual podem ser capacitados a an-
dar na força dessa Graça, como convém àqueles que re-
ceberam tão grandes sinais de salvação.

A coleta para os pobres deverá ser ordenada de maneira tal a


que nenhuma parte do culto público seja por ela impedida.
D S D D S

dia do Senhor deverá ser lembrado com antecedência, de


tal forma que todos os trabalhos mundanos de nossas voca-
ções ordinárias estejam tão organizados e tão afastados de nossa
mente na ocasião, que não constituam impedimentos à santificação
devida do dia quando Ele chegar.
O dia inteiro deverá ser celebrado como santo ao Senhor, tanto
em público quanto em particular, como sendo o Sábado Cristão.
Para tal fim, requer-se uma cessação santa, um descanso o dia in-
teiro de todos os trabalhos desnecessários; e uma abstenção, não
só de todo esporte e passatempo, como também de todas as pala-
vras e pensamentos mundanos.
Que a alimentação daquele dia seja ordenada de tal modo que
nem mesmo servos sejam obrigados a faltar desnecessariamente
do culto público de Deus, nem qualquer outra pessoa seja impedida
de santificar aquele Dia.
Que cada pessoa e família faça seus próprios preparativos,
com oração em favor de si e pela ajuda de Deus para o Ministro,
com bênçãos sobre seu Ministério, e por outros exercícios tais que
possam dispô-los melhor a uma comunhão mais íntima com Deus
em suas ordenanças públicas.
Que todas as pessoas se encontrem na hora prevista para o
Culto Público, para que toda a Igreja esteja presente no início, e de
um só coração se junte solenemente em todas as partes do Culto
Público, e não saia senão depois da bênção.
Que o tempo livre entre reuniões, ou após as reuniões públicas
solenes da Igreja, seja passado em Leitura, Meditação, Repetição
dos Sermões; de modo especial, pedindo conta aos familiares da-
quilo que se ouviu e catequizando-os em conversas santas, oração
pedindo bênção sobre as Ordenanças Públicas, cântico de Salmos,
visitas aos enfermos, assistência aos pobres, e tais obrigações de
piedade, caridade e misericórdia, considerando-se o Sábado como
um deleite.
A B S
C

mbora o Casamento não seja sacramento nem exclusivo à


Igreja de Deus, e sim comum à humanidade e de interesse
público em toda nação, contudo, — mesmo porque aqueles que se
casam devem se casar no Senhor e têm necessidade especial de
Instrução, Direção e Exortação da Palavra de Deus ao entrarem em
tão nova condição, e da bênção de Deus sobre eles nisso — julga-
mos útil que o casamento seja solenizado por um legítimo Ministro
da Palavra para que ele possa assim aconselhá-los e orar por uma
bênção sobre eles.
O casamento será entre um homem e uma mulher somente; e
eles não deverão ser de graus de consanguinidade ou afinidade
proibidos pela Palavra de Deus. E os indivíduos deverão ser de mai-
oridade, aptos para fazer sua própria escolha, ou em boa base de
dar seu consentimento mútuo.
Antes da solenização do casamento entre quaisquer pessoas,
seu propósito de se casar será publicado pelo Ministro de Deus na
Igreja com três semanas de antecedência no local ou locais de suas
residências comuns e fixas, respectivamente. E, desta publicação, o
Ministro que irá uni-los em Matrimônio deverá ter suficiente testemu-
nho antes de proceder à solenização de seu casamento.
Anterior à publicação desse seu propósito (se as partes forem
de menoridade) o consentimento dos pais, ou de outros responsá-
veis (no caso de os pais terem morrido), deverá ser informado aos
oficiais daquela Igreja para que seja registrado.
O mesmo processo será observado com todos os outros, embo-
ra de maioridade, que tenham pais vivos, no caso de seu primeiro
casamento. E, em casamentos posteriores de qualquer das duas
partes, serão exortados a não contrair matrimônio sem primeiro da-
rem conhecimento aos pais a respeito, (se isso puder conveniente-
mente ser feito) procurando obter seu consentimento.
Os pais não deverão forçar os filhos a se casarem sem seu livre
consentimento, nem deverão negar seu próprio consentimento sem
justa causa.
Depois do propósito ou contrato de casamento ter sido assim
publicado, o casamento não deverá ser adiado por muito tempo.
Portanto, o Ministro, tendo tido aviso conveniente, e nenhuma obje-
ção tendo sido feita que o impeça, deverá solenizá-lo publicamente
no lugar indicado pela autoridade para Culto Público, diante de um
número competente de testemunhas dignas de crédito, em algum
horário conveniente do dia, em qualquer época do ano, exceto num
dia de humilhação pública. E aconselhamos que não seja no Dia do
Senhor.
E sendo que todos os relacionamentos são santificados pela
Palavra e Oração, o Ministro orará por uma bênção sobre eles, nes-
te sentido:

Reconhecendo nossos pecados, pelos quais nos torna-


mos menos do que os menores de todas as misericórdias
de Deus, e o provocamos a amargurar todos os nossos
consolos, vimos sinceramente no nome de Cristo pedir ao
Senhor (cuja presença e favor é a felicidade de todas as
condições e adoça todos os relacionamentos) que seja a
porção deles, e que assuma e aceite em Cristo o casal
que agora estará unido no honroso Estado do Matrimônio,
o Pacto de seu Deus; e que, assim como ele os uniu pela
sua providência, Ele os santifique pelo seu Espírito, dan-
do-lhes uma nova disposição de coração apta para seu
novo estado; enriquecendo-os com todas as Graças, pelas
quais possam desempenhar seus deveres, apreciar os
confortos, arcar com os cuidados e resistir às tentações
que acompanham essa condição, como convém a cris-
tãos.

A oração estando terminada, convém que o Ministro lhes decla-


re resumidamente pela Bíblia:

A instituição, o uso e os fins do matrimônio, com os deve-


res conjugais que em toda fidelidade devem desempenhar
cada um para com o outro, exortando-os a estudarem a
Palavra Sagrada de Deus para que aprendam a viver pela
fé, e estar contentes em meio a todos os cuidados e pro-
blemas do casamento, santificando o Nome de Deus, num
uso agradecido, sóbrio e santo de todos os confortos con-
jugais; cada um orando muito com seu cônjuge e por ele;
cuidando um do outro e incentivando cada um ao outro
para o amor e boas obras, e para viverem juntos como
herdeiros da Graça da vida.

Depois de exortar solenemente as pessoas que estão se casan-


do, diante do Grande Deus que examina todos os corações, e a
quem devem prestar contas acuradas no último dia, no caso de
qualquer dos dois conhecer motivo, seja por pré-contrato ou outra
razão, pelo qual o casamento não pode prosseguir legalmente, que
agora o exponha; o Ministro (se nenhum impedimento é reconheci-
do) fará com que, primeiro o homem tome a mulher pela mão direita
dela, dizendo estas palavras:

Eu, (Nome), recebo a você, (Nome), para ser minha legíti-


ma esposa, e na presença de Deus, e diante desta Igreja,
prometo e assumo pactualmente ser para você um esposo
amoroso e fiel, até que Deus nos separe através da morte.

Então a mulher tomará o homem pela mão direita dele e dirá


estas palavras:

Eu, (Nome), recebo a você, (Nome), para ser meu legítimo


esposo, e na presença de Deus, e diante desta Igreja, pro-
meto e assumo pactualmente ser para você uma esposa
amorosa, fiel e obediente, até que Deus nos separe atra-
vés da morte.

Então, sem nenhuma outra cerimônia, o Ministro perante a Igre-


ja os pronunciará marido e mulher, segunda a ordenança de Deus; e
assim concluirá o ato com oração neste sentido:

Que o Senhor se agrade em acompanhar sua própria or-


denança com sua bênção, implorando a Ele que enriqueça
as pessoas ora casadas, como com outros sinais de seu
amor, assim particularmente com os consolos e frutos do
Casamento para louvor de sua abundante misericórdia,
em e através de Cristo Jesus.
Um Registro deverá ser guardado cuidadosamente: os nomes
das partes assim unidas em casamento com a data do enlace, deve-
rão ser logo registrados fielmente no livro providenciado para essa
finalidade, para o exame de todas as pessoas a quem possa inte-
ressar.
A R V
E

dever do Ministro ensinar as pessoas que lhe são confiadas


não só em público, mas também em particular; e especial-
mente admoestar, reprovar e consolar estas pessoas em todas as
ocasiões oportunas, até onde permitam seu tempo, forças físicas e
segurança pessoal.
Ele deverá admoestá-las, em tempo de saúde, a se prepararem
para a morte; e com esse propósito devem frequentemente consul-
tar com seu Ministro sobre o estado de suas almas; e, em tempos
de enfermidade, desejar seu conselho e ajuda, oportunamente, an-
tes que lhes faltem forças e entendimento.
Tempos de doença e aflição são oportunidades especiais que
Deus coloca em sua mão como Pastor, para que ministre uma pala-
vra às almas cansadas no tempo apropriado; porque é então que as
consciências dos homens estão, ou deveriam estar, mais acordadas
a ocuparem o pensamento com seu estado espiritual para a eterni-
dade, e Satanás também se aproveita então para carregá-los com
mais tentações aflitivas e pesadas. Portanto o Ministro, chamado
para uma visita e indo ter com o enfermo, deve se dedicar com toda
ternura e amor, para ministrar algum bem espiritual à sua alma, nes-
te sentido:
Ele poderá, da consideração da enfermidade atual, passar a en-
siná-lo pela Bíblia que as doenças não vêm por acaso, ou por desar-
ranjos do corpo somente, e sim pela direção sábia e ordenada da
boa mão de Deus a cada pessoa individualmente abatida por elas. E
que, quer a enfermidade lhe seja colocada por motivo de desprazer
por pecado para sua correção e emenda, ou por provação e exercí-
cio de sua graça, ou para outros fins especiais e excelentes, todos
seus sofrimentos redundarão em proveito seu e irão cooperar para
seu proveito, se ele se aplicar sinceramente a fazer um uso santifi-
cado da visitação de Deus, nem desprezando sua disciplina, nem
desanimando e cansando-se de sua correção.
Se suspeitar que está em ignorância, o Ministro o examinará
nos princípios da religião, especialmente no tocante ao arrependi-
mento e fé; e, conforme vir motivo, o instruirá quanto à natureza,
uso, excelência e necessidade destas graças; como também no to-
cante ao Pacto da Graça, e Cristo, o Filho de Deus, o Mediador do
Pacto, e a respeito da remissão de pecados pela fé em Cristo.
Ele exortará o enfermo a se examinar, buscar e testar seus ca-
minhos anteriores, e seu estado para com Deus.
E, se o enfermo declarar qualquer escrúpulo, dúvida ou tenta-
ção que esteja sobre ele, serão dadas instruções e soluções para
satisfazer e resolver sua situação.
Se ele aparentar não ter a consciência devida de seus pecados,
tentativas devem ser feitas para convencê-lo de seus pecados, da
culpa e do que merece; da imundície e poluição que a alma contrai
por eles, e da maldição da Lei e ira de Deus que lhes são devidas. E
que com isso ele possa realmente sentir e ser humilhado por eles e
assim se torne conhecido o perigo de adiar o arrependimento e de
negligenciar em qualquer ocasião a salvação oferecida, para que
sua consciência acorde, para que ele desperte de uma condição
néscia e segura e apreenda a justiça e ira de Deus, diante de quem
ninguém pode se manter, senão aquele que estando em si mesmo
perdido se agarra a Cristo pela Fé.
Se ele já vem tentando andar nos caminhos da santidade e ser-
vir Deus em retidão, embora não sem muitas falhas e enfermidades;
ou se seu espírito já está quebrantado com o sentimento do pecado;
ou prostrado pela falta de sentir o favor de Deus; então caberá le-
vantá-lo, mas colocando diante dele a liberdade e plenitude da gra-
ça de Deus, a suficiência da justiça em Cristo, as ofertas graciosas
do Evangelho para todos que se arrependem e creem de todo cora-
ção na misericórdia de Deus mediante Cristo, renunciando sua pró-
pria justiça, pois assim ele terá Nele vida e salvação.
Também poderá ser útil mostrar-lhe que a morte não tem em si
nenhum mal espiritual para aqueles que estão em Cristo, porque o
pecado, o ferrão da morte, foi tirado por Cristo, que livrou todos
aqueles que são seus da servidão do temor da morte, triunfou sobre
a sepultura, deu-nos vitória, e Ele mesmo já entrou na gloria para
preparar um lugar para Seu povo. De modo que nem a vida nem a
morte poderá separá-los do amor de Deus em Cristo, em quem, em-
bora agora precisem ser colocados no pó, os tais têm certeza de ob-
ter uma alegre e gloriosa ressurreição à vida eterna.
Conselhos também poderão ser dados para a pessoa ficar de
alerta contra uma crença mal fundamentada na misericórdia, ou na
boa condição dele para entrar no céu, e por isso precisa rejeitar todo
mérito próprio e se lançar inteiramente sobre Deus por misericórdia
nos méritos únicos e mediação de Jesus Cristo, que se comprome-
teu a nunca lançar fora aqueles que em verdade e sinceridade se
chegam a Ele. Cuidado também deve ser tomado para que o enfer-
mo não seja lançado em desespero por uma representação tão se-
vera da ira de Deus que lhe é devida pelos seus pecados, que não
seja abrandado com a mostra a tempo de ser Cristo e seu mérito
uma porta da esperança para todo crente penitente.
Quando o enfermo está mais calmo, possa estar menos pertur-
bado, e outros cuidados necessários à sua volta menos impedidos,
o Ministro, se for desejado, orará com ele e por ele neste sentido:

Confessando e lamentando o pecado original e real, a


condição miserável de todos por natureza, como sendo Fi-
lhos da Ira, e sob a maldição, reconhecendo que todos os
males, doenças, a morte e o próprio inferno, são as conse-
quências e efeitos disso; implorando a misericórdia de
Deus para o enfermo, através do Sangue de Cristo, pedin-
do que Deus abra seus olhos, descubra a ele seus peca-
dos, faça com que se veja perdido em si mesmo, torne co-
nhecida a ele a razão pela qual Deus o abateu, revele Je-
sus Cristo à sua alma para a Justiça e a vida, dê-lhe o
santo Espírito para criar e fortalecer a fé, para apropriar
Cristo para operar nele provas de consolo de seu amor,
para lhe dar armas contra as tentações, para tirar do mun-
do seu coração, para santificar sua visitação atual, para
supri-lo com paciência e forças para suportá-la, e para
dar-lhe perseverança na fé até o fim.

Que se Deus for servido lhe acrescentar mais dias, que


lhe conceda abençoar e santificar todos os meios para sua
recuperação, remover a doença, renovar suas forças e ca-
pacitá-lo para andar de modo digno de Deus, por uma fiel
lembrança, e diligente observação de tais votos e promes-
sas de santidade e obediência, como os homens costu-
mam fazer em tempos de enfermidade, para que ele pos-
sa glorificar a Deus no restante de sua vida.

E, se Deus tiver determinado que termine seus dias nesta


presente visitação, que ele possa achar tal evidência do
perdão de todos seus pecados, de seu interesse em Cris-
to, e Vida Eterna por Cristo, que isto possa causar a reno-
vação de seu homem interior, enquanto o homem exterior
declina; que ele possa contemplar a morte sem medo, lan-
çar-se inteiramente sobre Cristo sem duvidar, desejar ser
desfeito e estar com Cristo, e assim receber o alvo da sua
fé, a salvação de sua alma, através somente dos méritos e
intercessão do Senhor Jesus Cristo, nosso único Salvador
e Todo-suficiente Redentor.

O Ministro o admoestará também (conforme haja motivo) a pôr


sua casa em ordem, assim evitando inconveniências, cuidar de que
suas dívidas sejam pagas, e fazer restituição ou dar satisfação onde
ele tiver feito qualquer mal, ser reconciliado com aqueles com quem
tenha estado em divergência, e perdoar a todos as transgressões
cometidas contra ele, assim como ele espera perdão das mãos de
Deus.
E, finalmente, o Ministro poderá aproveitar a ocasião presente
para exortar aqueles que estão em volta do enfermo a considerar
sua própria mortalidade, voltar ao Senhor e fazer as pazes com Ele;
na saúde preparar para a enfermidade, a morte, e o juízo; e todos
os dias de sua existência determinada aguardar de tal maneira até
que venha sua mudança, para que quando Cristo, que é nossa vida,
aparecer, eles possam aparecer com Ele em glória.
Q S
M

uando qualquer pessoa parte desta vida, que o corpo do


morto no dia do sepultamento, seja decentemente assistido
no percurso da casa ao lugar indicado para o sepultamento público,
e que lá imediatamente seja enterrado, sem qualquer cerimônia.
E porque são supersticiosos os costumes das pessoas de se
ajoelharem e orarem junto ao corpo ou voltando-se para ele, e ou-
tros tais usos no lugar onde ele se acha antes de ser conduzido
para o sepultamento; e, ainda quanto a isso, por terem sido excessi-
vamente exagerados o orar, ler e cantar tanto no caminho até o se-
pultamento como no local, coisas que em nada beneficiam os mor-
tos e que têm provado ser de muitas maneiras prejudiciais aos vi-
vos; que se deixe de lado todas as coisas deste tipo.
No entanto, julgamos muito conveniente que os amigos cristãos
que acompanham o corpo até o lugar indicado para o sepultamento
público se apliquem a meditações, e conversas adequadas à ocasi-
ão, e que o Ministro, como em outras ocasiões, também nesta hora,
se estiver presente, possa lembrá-los do seu dever.
Q J P S

uando quaisquer grandes e tremendos julgamentos estão


grassando sobre um povo ou parecem iminentes, ou então
por algumas provocações extraordinárias são notoriamente mereci-
dos, e também quando alguma bênção especial é buscada e obtida,
o Jejum Público Solene (que deve continuar o dia inteiro) é um de-
ver que Deus espera daquela Nação ou Povo.
Um Jejum Religioso requer total abstinência, não só de toda co-
mida (a não ser que fraqueza corporal manifestamente incapacite a
pessoa de mantê-la até que o jejum termine, caso em que algo po-
derá ser tomado, mas com toda moderação, para sustentar o corpo
quando prestes a desmaiar) como também de todo trabalho, conver-
sa e pensamento mundanos, e de todos os deleites do corpo (embo-
ra em outras horas lícitos), trajes ricos, ornamentos e tais; e muito
mais, de qualquer coisa que seja em sua natureza, ou uso, escan-
daloso e ofensivo, como roupas espalhafatosas, hábitos e gestos
lascivos, e outras vaidades de qualquer dos dois sexos, o que reco-
mendamos a todos os Ministros em seus diversos lugares, que dili-
gente e zelosamente reprovem, como em outras ocasiões, assim
especialmente num jejum, sem acepção de pessoas, quando houver
ocasião.
Antes da reunião pública, cada família e indivíduo à parte deve-
rá por si, em particular, usar de todo esmero religioso a fim de pre-
parar seu coração para uma ação tão solene, e chegar cedo à Igre-
ja.
Que a maior porção do dia possa convenientemente ser dedica-
da a Leitura Pública, e Pregação da Palavra, com Cântico de Sal-
mos aptos a avivarem os sentimentos adequados a tal obrigação,
mas especialmente em oração, como este de semelhante efeito:

Dando Glória à Grande Majestade de Deus, o Criador,


Preservador e Supremo Governador de todo o Mundo,
para melhor nos afetar com santa reverência e temor res-
peitoso de Si. Reconhecendo suas múltiplas misericórdias
grandes e ternas, especialmente para com a Igreja e Na-
ção, para mais efetivamente enternecer e tornar humildes
nossos corações perante ele. Humildemente confessando
os pecados de todas as espécies, com seus vários agra-
vantes; justificando os julgamentos justos de Deus como
sendo muito menores do que nossos pecados merecem;
contudo humilde e sinceramente implorando sua miseri-
córdia e graça para nós mesmos, a Igreja, e a Nação, por
nosso Rei, e todos em autoridade, e por todos os demais
por quem devemos orar (conforme a presente exigência
requeira) nos alongando em importunação especial mais
do que em outras épocas. Aplicando pela fé, as promes-
sas e bondade de Deus, por perdão, ajuda e livramento
dos males sentidos, temidos ou merecidos; e para obter
as bênçãos de que precisamos e esperamos; juntamente
com a entrega de nós mesmos inteiramente e para sem-
pre ao Senhor.

Em todas estas orações, os Ministros, que são a boca do povo


para com Deus, devem falar do coração, em séria e completa pré-
meditação delas, para que tanto eles como seu povo sejam muito
afetados e até mesmo sensibilizados por elas; especialmente com
tristeza pelos seus pecados, para que este dia possa realmente ser
de profunda humilhação e aflição da alma.
Escolha especial será feita de trechos da Bíblia a serem lidos, e
de textos para pregação que possam melhor trabalhar os corações
dos ouvintes para a ocupação especial do dia, e mais dispô-los a se
humilhar e se arrepender; insistindo sobretudo naqueles particulares
que a observação e experiência de cada Ministro lhe diz conduzirem
melhor para a edificação e reforma daquela Igreja à qual ele prega.
Antes do término dos deveres públicos, o Ministro deve, em seu
nome e em nome das pessoas, assumir o compromisso de seus co-
rações serem do Senhor, com o propósito professo e decisão de re-
formar qualquer coisa que esteja errada entre eles, e mais particu-
larmente aqueles pecados dos quais têm notadamente sido culpa-
dos; e chegar para mais perto de Deus e andar em nova obediência,
tendo para com ele maior intimidade e fidelidade do que em qual-
quer tempo antes.
Ele deve também admoestar o povo com verdadeira importuna-
ção para que o trabalho daquele dia não termine com os deveres
públicos ali, mas que da mesma maneira aproveitem o restante do
dia e de toda a vida no reforço para si e suas famílias em particular,
de todas aquelas paixões e resoluções piedosas que professaram
em público, para que possam ficar estabelecidas em seus corações
para sempre. E eles próprios possam mais sensivelmente descobrir
que Deus sentiu um cheiro suave em Cristo pelo seu desempenho,
e está pacificado para com eles por meio de respostas da Graça, no
perdão do pecado, na remoção dos julgamentos, no afastar ou evi-
tar de pragas, e no conferir de bênçãos, de acordo com as condi-
ções e orações de seu povo, por Jesus Cristo.
Além de jejuns solenes e gerais prescritas pela autoridade, jul-
gamos que em outras ocasiões as Igrejas locais podem observar
dias de jejum, conforme a divina providência as dirija em ocasiões
especiais. E também que as famílias possam fazer o mesmo, con-
tanto que não seja em dias nos quais a Igreja à qual pertencem te-
nha marcado encontro para jejum, ou outros deveres públicos de
Culto.
Q O D
P A G

uando qualquer dia assim for programado, que haja aviso a


respeito, e do motivo dele, com a antecedência convenien-
te, para que as pessoas possam melhor se preparar para o evento.
Chegado o dia, e a Igreja (após preparo privativo) estando reu-
nida, o Ministro deve começar com uma palavra de exortação para
despertar as pessoas ao dever pelo qual estão reunidos, e com uma
breve oração pela assistência e bênção de Deus (como em outras
convocações para Culto Público) de acordo com a ocasião especial
de sua reunião.
Que ele então faça a narração expressiva e sucinta da informa-
ção sobre o livramento obtido ou bênção recebida, ou seja de outro
motivo que tenha ocasionado aquela reunião da Igreja, para que to-
dos a entendam melhor, ou estejam pensando no assunto, e mais
sensibilizados por ele.
E como o cântico de Salmos é acima de tudo a mais apropriada
ordenança para expressar alegria e Ações de Graça, que seja can-
tado algum Salmo ou Salmos relevantes com esse propósito, antes
ou depois da leitura de uma porção da Palavra apta para o assunto
do momento.
Então, que o Ministro que irá pregar proceda a outra exortação
e oração antes de seu sermão, com referência especial ao motivo
presente; depois do qual, que pregue sobre algum texto bíblico
apropriado à ocasião.
Terminado o sermão, que ele não só ore, como ordenado em
outras ocasiões após a pregação, lembrando das necessidades da
Igreja, do Rei e do Estado (se antes do sermão foram omitidos),
como também que se estenda em gratidão por bênçãos e livramen-
tos anteriores, e mais especialmente por aquilo que ocasionou esta-
rem reunidos para dar graças; com petição humilde pela continua-
ção e renovação das misericórdias usuais, conforme haja a necessi-
dade, e pela graça santificadora para delas se fazer bom uso. E, as-
sim, tendo cantado outro Salmo, adequado àquela providência divi-
na, que despeça a Igreja com uma bênção, para que disponham do
tempo conveniente para sua refeição e descanso reparador.
Mas o Ministro (antes de despedi-los) deve solenemente admo-
está-los a que evitem todo excesso e tumulto tendente à glutonia ou
embriaguez, e muitos mais destes pecados, no seu comer e beber,
e a cuidar que seus risos e alegria não sejam carnais, e sim espiritu-
ais, que podem fazer glorioso o louvor de Deus e eles próprios hu-
mildes e sóbrios. E que seu alimentar e regozijar-se possam torná-
los mais felizes e expansivos para celebrar ainda mais os louvores
dele no meio da Igreja quando voltarem para ela no restante desse
dia.
Quando a Igreja estiver novamente reunida, que seja renovado
e continuado até onde permita o tempo, um andamento igual no
orar, ler, pregar, cantar Salmos e ofertar mais louvor e ações de gra-
ça, como aquilo que já foi instruído para a manhã.
Em uma ou ambas as reuniões públicas daquele dia, uma cole-
ta será levantada em favor dos pobres (e em igual maneira no Dia
de Humilhação Pública) para que nos abençoe o maior consolo de-
les, e possam alegrar-se mais conosco. As pessoas deverão ser
exortadas no final desta última reunião a passarem o restante do dia
em deveres sagrados, testemunhos de amor cristão, caridade de
uns para com os outros e de cada vez mais regozijo no Senhor,
como convém àqueles que fazem da alegria do Senhor a sua força.
D C S

dever dos cristãos louvar Deus publicamente cantando Sal-


mos juntos na Igreja e também em particular na Família.
Ao cantar os Salmos, a voz deverá ser afinada e ordenada com
seriedade, mas o cuidado maior precisa ser cantar com o entendi-
mento e com Graça no coração, erguendo melodias ao Senhor.
Para que toda a Igreja possa se unir no canto, todas as pesso-
as que sabem ler deverão ter um hinário dos Salmos, e os demais
que não estejam incapacitados por idade ou outro motivo, são exor-
tados a que aprendam a ler. Mas, no momento, quando há muitos
na Igreja que não sabem ler, é conveniente que o Ministro, ou algum
outro indivíduo apto indicado por ele e os outros presbíteros, leia os
Salmos, cada verso por sua vez, antes de ser cantado.
U A , T D
L C P

a Bíblia não há nenhum dia que seja ordenado para ser


guardado como santo sob o Evangelho, senão o Dia do Se-
nhor, que é o Sábado Cristão.
Os dias de festa, comumente chamados de dias Santos, não
tendo base na Palavra de Deus, não devem ser continuados.
Contudo, é lícito e necessário, quando surgem ocasiões, sepa-
rar um dia ou dias para Jejum Público ou Ações de Graça, à medida
que as várias dispensações importantes e extraordinárias da provi-
dência de Deus ministrarem um motivo e oportunidade a seu povo.
Como nenhum local é capaz de alguma santidade, sob pretexto
de seja qual for a dedicação ou consagração, também ele não é su-
jeito a tais poluições por qualquer superstição usada anteriormente
e agora abandonada que possa tornar ilícito ou inconveniente os
cristãos se reunirem ali para o culto público de Deus. E, portanto,
mantemos o requerimento que os lugares de reuniões públicas para
culto em nosso meio devem continuar a ser empregados para esse
uso.
O FIM
N

[1] Observa-se que a folha de rosto dá a data como sendo


‘1644’, porque o calendário que se usava datava o Ano
Novo a partir do dia 25 de março. Com o calendário atual
é 1645, e é citada assim na introdução.

[2] Direitos autorais de Ian Breward, Professor de História


da Igreja, Prédio Teológico, Faculdade Knox, em Dunedin.
1980.

[3] H. Davies, Worship and Theology in England, Vol. II


(Oxford, 1975) mostra isso muito bem para a Inglaterra do
século dezessete.

[4] G. Wainwright (ed.) The Study of Liturgy (S.P.C.K., Lon-


don, 1978) mas veja pp. 259-60.

[5] T. Leishman (ed.) The Westminster Directory (Blackwo-


od, Edinburgh and London, 1901) J.M. Barkley The
Worship of the Reformed Church (Lutterworth, London,
1966); J.H. Nichols Corporate Worship in the Reformed
Tradition (Westminster, Philadelphia, 1968). O Diretório é o
padrão para o culto estabelecido no Ato de União de 1929
entre a Igreja da Escócia e a Igreja Livre Unida.
[6] R.L. Greaves ‘The nature of the Puritan tradition’ em
R.B. Knox (ed.) Reformation, Conformity and Dissent
(Epworth, London, 1977). N. Tyacke ‘Puritanism, Arminia-
nism and the Counter Revolution’ em C. Russell (ed.) The
Origins of the English Civil War (MacMillan, London,
1973).

[7] W.A. Makey The Chruch of the Covenant (Donald, Edin-


burgh, 1979).

[8] D. Little Religion, Order and Law (Harper and Row, New
York, 1969).

[9] W. Ames The Marrow of Theology (Pilgrim Press, Bos-


ton, 1968) p. 280.

[10] T. Edwards Gangraena (London, 1646) Pt.1 p.31.

[11] C.G. McCrie The Public Worship of Presbyterian Sco-


tland (Blackwood, Edinburgh, 1892); R.S. Paul (ed.) The
Apologetical Narration (United Chruch, Boston, 1963).

[12] O estudo mais recente é J.H.Leith Assembly at West-


minster (John Knox Press, Richmond, Virginia, 1973).

[13] H. Hammond, A view of the new Directorie (London,


1646) pp. 22, 95.

[14] O.C. Watkins, The Puritan Experience (Routledge &


Kegan Paul, London, 1972).

[15] Davies op. Cit. Pp. 215ff.


[16] A Ordenança não tem título senão esse. No original o
nome da rainha ‘Elizabeth’ etc. em itálicos estão em fonte
romana.
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