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O RITUAL DA DEITADA NA UMBANDA

A Umbanda é uma só, mas dentro de cada terreiro existe um universo inteiro. Cada
casa tem suas tradições, seus costumes, suas crenças…
E claro, seus próprios fundamentos.
A deitada (também chamada de camarinha) é um destes rituais que pode ser praticado
de diversas formas dependendo da casa, mas traz em si um fundamento muito bonito
que é firmar a energia do orixá na cabeça de quem vai se deitar.
Todo o procedimento é feito para chamar o axé dos orixás das forças da natureza,
condensar e então firmar na cabeça do médium (ou ori) aquela energia. Pra isso se
começa fazendo uma oferenda para os orixás que se vai deitar. Frutas, flores, ervas,
tudo é adicionado como um presente para o orixá que nos trará seu axé.
E para iniciar os trabalhos é lavada a cabeça do médium com o amaci.
O amaci (pronunciado amací) é o macerado extraído de diversas ervas e flores, que
trazem em si a vibração do orixá que se quer deitar.
Cada orixá imprimiu sua força em uma planta ou erva diferente, e quando juntamos
estas ervas e tiramos seu sumo, estamos trazendo estes elementos da natureza de
maneira magística, para que estando em conjunto, possam trazer o axé do orixá para
aquele líquido.
Feita a maceração com um ritual em oração, o líquido é rezado e se torna abençoado
na energia do orixá.
E é esse amaci que será derramado diretamente na cabeça do médium, para que toda
essa boa energia do orixá entre diretamente em seu chacra coronário.
Para preservar este axé, cobrimos a cabeça com o pano de cabeça e em seguida se
procede ao que dá nome ao ritual, à deitada em si.
Ali, deitado durante um tempo, o axé dos orixás vai se firmar diretamente em nossa
cabeça.
É deitado na esteira, com a mente tranquila e o coração calmo, que a verdadeira
energia do orixá se revela em cada um de nós.
Com o passar do tempo, o silêncio absoluto que fazemos acalma os sentidos e só o
nosso corpo fluídico começa a se manifestar.
A energia dos orixás é serena, e precisa de um coração também sereno para surgir.
Então a grande magia acontece: ali deitado só você e seus orixás, as ideias surgem, o
corpo físico se restabelece… os problemas que até então eram imensos,
intransponíveis, se mostram cada vez menores, passageiros frente à sensação de
completude e de comunhão infinita com o sagrado que só o axé do orixá pode trazer.
Nada pode ser mais bonito do que ter uma experiência capaz de te trazer um estado
superior de consciência que lhe traz a paz da comunhão.
A deitada não é na esteira, mas no colo do orixá pra quem você está deitando.
E quando se deita para as 7 linhas é ainda mais bonito, já que você entrega sua cabeça
para que todos os orixás sejam seus guias na jornada espiritual da Umbanda.
E claro, ao se levantar da esteira, é natural que o médium esteja mais do que “virado”
no orixá, porque a sua energia vital está impregnada do axé do orixá.
É quando o orixá dança sua dança ancestral, a dança de movimentos cadenciados que
trazem pro corpo o arquétipo de cada orixá.
É aí que a força de Iansã, a paz de Oxalá, o poder de Xangô ou a beleza de Oxum que até
então estavam agindo só no mental do médium saem para o mundo físico em forma de
dança.
Em muitas tradições, para encerrar os trabalhos o pai no santo chama o guia de frente
do médium, ou um guia de direita, que se manifesta para fechar com chave de ouro
com a mensagem de que toda energia, toda cura que foi executada ali tem um
compromisso com a prática do bem e da caridade.
E quando é terminado o trabalho o médium está limpo energeticamente e carregado
de todo bom axé que só um orixá pode trazer para sua coroa.
É como fosse uma “bateria” que está carregada ao máximo de energia, pronta para
oferecer sua força pro médium por muito tempo.
E como a “bateria” está completamente carregada, nada melhor do que tomar cuidado
para que sua energia dure o máximo possível, não é?
Pra isso o pai no santo pede um preceito de alguns dias, em que o médium se
resguarda como uma forma de evitar que o médium deixe esvair todo o axé que
recebeu e mantenha consigo esta boa energia o máximo de tempo possível.
Daí pra frente é só aproveitar a oportunidade e deixar que os orixás te permitam ver a
vida com melhores olhos e seguir na prática do bem e da caridade para sermos sempre
merecedores deste axé.
Cleber Quichimbi

Feitura de santo, no Candomblé e no Batuque significa a iniciação de alguém no culto


aos orixás.
Iniciação no candomblé.
A iniciação no culto aos orixás representa um renascimento, um novo começo. A pessoa
está nascendo novamente, nascendo para o orixá, para o mundo espiritual e para uma
vida em busca da realização pessoal (pessoal, não material ou financeira), em algumas
casas inclusive a pessoa recebe até um novo nome pelo qual será chamada dentro da
comunidade do Candomblé. Por meio da iniciação, nos preparamos e formamos para uma
conectividade firme, sagrada e permanente com o Divino, o Criador, a natureza e suas
funções protetoras e consequentemente com nós mesmos. É como se fizessemos um
acordo com o orixá, em que dizemos que para sempre vamos cultuá-lo e adorá-lo, e
o orixá irá nos ajudar em toda nossa trajetória, em vida e até depois dela. Através do apoio
divino, o ser humano tem condições para vencer as dificuldades internas e externas e a
construção de um futuro melhor.
A iniciação é um processo extremamente complexo e individual. Diversos são os motivos
que levam uma pessoa a iniciação, os mais comuns são:
• O orixá dizer que a pessoa necessita de iniciação através do oráculo de Ifá;
• A pessoa entrar em um transe profundo (como um desmaio) durante uma cerimônia
aos orixás, que significa que o orixá está pedindo a iniciação. Nesse caso, o sacerdote
consulta o jogo de búzios para saber qual é o caso, qual o orixá e suas condições, se pode
esperar ou se é um caso urgente. Normalmente são feitos acordos com o orixá até a
pessoa ter condições financeiras e férias de seu trabalho para poder se iniciar;
• A pessoa ter um carinho e apreço pela religião e pelos orixás, encontrado no culto um
local em que sinta que é o seu lugar e se sentir acolhida, e decidir se iniciar de coração e
por amor aos orixás;
• Alguma doença difícil de ser curada e com grande risco de morte que necessite da
iniciação para resolvê-la;
Lembrando que em nenhum caso a pessoa é obrigada a se iniciar, ela deve se iniciar
de coração e não por alguém dizer a ela que deve se iniciar.
Há casos em que as pessoas buscam os orixás pelas dificuldades do próprio caminho;
outros ainda, buscam fugir às religiões tradicionais por concluírem que muitas delas estão
tão voltadas para o dia a dia dos homens e para os seus interesses imediatos que acabam
por fugir à sua real finalidade: promover o encontro do ser com a Divindade, ampará-lo em
suas dificuldades espirituais e consequentemente, também as materiais. Alguns ainda são
provenientes de outras religiões ou filosofias espiritualistas.
Após a decisão sobre a iniciação, o primeiro passo é consultar o oráculo de Ifá, para
recebermos as orientações e procedimentos necessários para que tudo aconteça. Definida
a data e chegado o momento de iniciar-se, começam os rituais, que variam de pessoa
para pessoa. A iniciação tem por início o recolhimento, que é a reclusão dentro do terreiro,
que varia de 16 a 21 dias, longe da vida profana, devendo concentrar-se na iniciação,
no orixá e nos aprendizados. Corpo físico, mente e alma são ritualisticamente preparados
para os componentes da manifestação divina. São feitos os ebós que foram apurados
pelo jogo de búzios, são tomados banhos com folhas sagradas e o aprendizado começa, a
rezar, dançar, cantar e etc. A pessoa também faz o seu kelê, seus fios de
conta, contreguns e demais adornos que irá usar. Conhecimentos acerca de seu
próprio orixá são-lhe ministrados: a maneira adequada de cultuá-lo, as suas proibições
(ewò), as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios que deverão ser evitados para
atrair influências benéficas e uma relação harmoniosa com a divindade pessoal. Será feito
o ritual de bori (dar de comer ao Ori), onde é cultuado e ofertado o primeiro orixá que se
deve ser cultuado, o nosso próprio Ori. Suspenso o bori depois de 3 dias normalmente,
começa a iniciação própriamente dita, que é a catulagem (cortar o cabelo), dependendo da
casa esse processo é feito no rio, durante um ritual em que se faz alguns ebós e
juramentos, e na volta é ensinado o orixá (que normalmente incorpora nesse ritual, se a
pessoa for médium, mas não sendo obrigatório ele incorporar) o caminho de volta para
o terreiro, e em outras casas é feita com as águas das quartinhas dos orixás, varia de casa
para casa e do carinho do sacerdote. Após esse processo, de volta ao terreiro, é feito a
raspagem total de cabelos, simbolizando o nascimento e são feitos as curas, para preparar
o corpo e cabeça da pessoa para receber a energia enorme do orixá (Não significa que a
pessoa vai incorporar o orixá), e a pessoa recebe o seu kelê. Após isso, é feito
o assentamento do orixá, são feitos sacrifícios de animais, onde através das rezas e
cânticos, evolui o espírito do animal que está sendo sacrificado e o encaminha para
o Orum, devendo toda iniciação ser oferecido pelo menos um animal de 4 pés (animal
caprino), flores, frutas e comidas apuradas pelo jogo de búzios, devendo a carne dos
animais assim como as frutas e outras comidas, distribuídas e repartidas com a
comunidade. Após a iniciação, você e o orixá se tornam uma coisa só, você passa a ser o
templo vivo do orixá. Mesmo se não incorporar, você ainda assim terá toda a energia,
o axé e o orixá dentro de você, ele só não vai se manifestar através do transe.

Saída de Iaô
A festa ritualística que marca o término deste período é denominada Saída de Iaô, neste
momento ele será apresentado à comunidade. Ele será acompanhado por uma autoridade
à frente de todos para que lhe sejam rendidas homenagens. Se for um Ogan ou
uma Ekedje, deverá acompanhá-lo o orixá que determinou que este fosse
o Ogan/Ekedje dele. Deitado sobre uma esteira, ele saudará com reverência e paó, que
são palmas compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo iaô e
acompanhadas por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele
momento ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada. Primeiramente saudará o
mundo, neste momento a localização da esteira é na porta principal da casa. No seu
interior, ele saudará o axé (normalmente fica no centro do barracão) onde estão os
fundamentos da casa e do sacerdote, os atabaques, o sacerdote que o iniciou, e no caso
de ser um Ogan ou Ekedje, saudará também o orixá que lhe escolheu. Nesse ritual o
corpo do filho de santo é pintado com pó branco (efun), azul (waji) e vermelho (osun), ele
usa na cabeça uma pena vermelha chamada Ekodidé. Essa saída é feita normalmente em
3 dias seguidos. No primeiro dia, o Iaô sai com roupas todas brancas e com o corpo
pintado apenas com Efun, homenageando Oxalá. No segundo dia, o Iaô sai pintado
com waji e efun. No terceiro, com efun, waji e osun, representando o orixá indo para a
guerra, pintado para assustar os inimigos. Após estes, vem a última saída, que é aberta a
pessoas de fora da comunidade, depois das reverências, é a hora do Orixá incorporado
gritar seu orunkó (nome). O sacerdote escolhe alguém para ser o padrinho de Orunkó, que
é a pessoa que vai ouvir o nome do Orixá. No caso de um Ogan ou uma Ekedje,
o orixá que te suspendeu dirá o nome do seu orixá e escolherá o padrinho.
Porém o iaô ainda não terminou as obrigações terá ainda que cumprir
um preceito normalmente de três meses, dependendo do orixá, e continuar usando
o kelê (uma gargantilha de contas) que foi colocada em seu pescoço no início da feitura de
santo. Durante esses três meses o Iaô continuará dormindo numa esteira, usará roupas
brancas e seguir uma série de restrições denominada de preceito ou resguardo como: não
ter relações sexuais, não se olhar no espelho (Lembrando que nesse momento, você e o
orixá se tornam um só, e até tirar o kelê, é como se tudo que você fizesse fosse
o orixá fazendo) não comer carne vermelha, não beber bebidas alcoólicas, não fumar, e
mais algumas, dependendo do orixá da pessoa. Aquele que descumprir o preceito deverá
fazer a maioria dos processos da iniciação novamente, pois não valerá de nada se ele não
cumpriu o preceito, além de não merecer o sagrado, pois prefere se divertir nos prazeres
carnais ao invés de colocar o orixá em primeiro lugar. É o período mais difícil para
o Iaô que precisa voltar a trabalhar, muitos se iniciam no período de férias do trabalho e
quando termina as férias precisam voltar para um ambiente onde sem dúvida será notado
por todos, discriminado por alguns e terá que se manter calado, terá muitos problemas na
hora das refeições, pois está proibido de comer em bares e restaurantes, terá que levar
uma marmita, comer no chão e aceitar os olhares de curiosidade. Algumas casas
atualmente por esse motivo têm feito alguns acordos com os orixás para que o iaô que
precisa trabalhar já saia do terreiro sem o kelê, mas terá que cumprir todos os itens do
resguardo nos mínimos detalhes. Nesse caso não precisará usar somente branco, poderá
usar roupas de cores claras. Existem casos de empresas que o uniforme é preto, marrom,
azul marinho, nesses casos o Orixá permite, não vai querer que seu filho perca o emprego.
Terminado o período de kelê, é feita a retirada do mesmo e outro ritual é feito para
comemorar a comumente chamada "caída de kelê".
Deitada na Umbanda
A deitada e o batismo são dois dos principais rituais do ciclo de obrigações do médium
A Deitada é um ritual no qual o médium é recolhido com oferendas para o orixá e exu
para fortalecer a sua mediunidade, seus anjos de guarda e ao mesmo tempo seu ori
(cabeça). Este ritual é utilizado para que o médium passe a ter mais segurança,
proteção e comprometimento com o grupo de trabalho, fazendo parte de um elo, uma
corrente.
Dentro de um ciclo de obrigações essenciais para o fortalecimento da mediunidade,
anjos de guarda e ori, está a Deitada de Oxalá. Esta é uma das obrigações de maior
importância para o médium que a realiza, pois é uma chance quase una de se conectar
com uma das vibrações mais puras de nossa querida Umbanda.
O médium deve ficar recolhido durante algumas horas e após uma preparação que é
feita antes de se recolher, o médium tem a condição de elevar-se mental e
espiritualmente a padrões vibratórios inimagináveis por aqueles que ainda não a
fizeram ou perderam a chance, não aproveitando quando estavam prestando esta
homenagem ao nosso Pai Maior.
Àqueles que futuramente terão a sua chance ou mesmo àqueles que quiserem repetir
este evento, lembrem-se: é o melhor momento para rogarmos ao nosso Pai Oxalá por
tudo aquilo que sentimos necessidade de mudar (mágoas, o ódio, o desejo de
vingança) ou fortalecer em nossos corações, o amor á caridade e também ao nosso
melindre diante das provações e ingratidões que possamos ter pelo nosso caminho.
A deitada vai ajudar o médium a trabalhar com mais proteção nas horas que os
trabalhos exigirem, pois quem já fez deitada para Oxalá, já terá uma sintonização
melhor com o Orixá maior.

A obrigação de um médium umbandista, popularmente conhecida como “Deitar pro Santo”


é um período de retiro dedicado ao Orixá, um período de melhoramento, renascimento e
resguardo.
Existem diferentes requisitos para que um médium seja escolhido para passar pelo
processo de deitada. E esses requisitos podem mudar de casa para casa. Após
determinado período, o filho está apto a ser “recolhido”, as vezes por determinação dos
Orixás ou Sacerdote da casa.
O filho é recolhido num espaço especialmente reservado para tal. O processo resulta em
um total desligamento do mundo, essa ação é fundamental para o médium se conhecer
melhor e vivenciar todo o aprendizado que o Orixá lhe transmite. Nessa fase ,tudo que o
filho faz é regido pelo Orixá (preceito). As comidas oferecidas são feitas com os
ingredientes de cada Orixá. Assim como os banhos, que são preparados seguindo regras
e rituais do Orixá.
Espiritualmente a “deitada pro santo “ simboliza o renascimento, uma união com o que há
de mais sagrado, uma comunhão entre o homem e o Orixá, do momento que o médium
deixa a reclusão ele se torna um seguidor de seu Orixá, e ele se compromete a seguir as
leis de Umbanda, os sacramentos, a ter postura e caráter exemplares e ser aquele que
passará os ensinamentos dos Orixás, Guias e Entidades à diante.

Axé!

Carol Oliveira

FIRMEZA DO ANJO DA GUARDA.

Antes de falarmos sobre a firmeza que devemos fazer aos nossos Anjos
da Guarda, é importante entendermos mais sobre quem ele pode ser.

No meu entendimento, o Anjo da Guarda é um ser supremo. Uma força


divina de muita Luz, designada pelo Pai Maior no momento da nossa
reencarnação para nos proteger e nos guiar sempre pelos caminhos da
Luz. Aconteça o que acontecer, esse ser supremo sempre nos ajudará,
nos protegerá, nos ensinará a melhor forma de resolvermos as
dificuldades do dia a dia e nos mostrará qual o melhor caminho a ser
seguido. Por esta razão, não é raro que durante as consultas com as
Entidades em nossa casa, um dos trabalhos passados aos consulentes
seja justamente o de firmar o Anjo da Guarda.

Seguindo essa mesma linha de pensamento, porém com uma análise


muito mais profunda, Pai Fernando de Ogum em sua obra Grifos do
Passado, página 86, nos ensina que nossos Anjos da Guarda podem ser
nossos próprios Espíritos. “ Anjos são os espíritos puros criados por
Deus, e significam mensageiros, e Anjo da Guarda é o anjo que Deus dá a
cada homem, para protegê-lo. Se temos dentro de nós a vontade e a
partícula Divina, não pode ser essa essência, nosso próprio guardião? E
se nessa vida, estamos vivendo uma unidade de encarnação, temos todo
direito de evocar a somatória de nossas vidas anteriores, para proteger a
nossa atual. Quem melhor que nosso próprio espírito, para nos proteger?
” Creio que a reflexão seja bastante válida, mas certamente, se existe um
mistério dentro da Umbanda, ele se chama Anjo da Guarda.
Conseguiremos a perfeita compreensão deste e de outros pontos de
certa forma desconhecidos por nós através do tempo e de seus
ensinamentos.

Voltando à firmeza do Anjo da guarda, por qual motivo ela é tão


necessária? Nosso Anjo da Guarda precisa da luz gerada pela vela? Creio
que não, afinal, um ser supremo, criado por Deus para nos proteger,
certamente é possuidor de toda Luz que a Espiritualidade possa lhe
conceder para essa missão. Mas então qual a finalidade dessa firmeza?
Eu acredito que seja por nós mesmos, nós sim enquanto seres
encarnados e imperfeitos necessitamos de Luz para conseguirmos
entender os sinais e orientações passados o tempo todo por nossos
Anjos Guardiões e seguirmos nossa caminhada pelos caminhos da Luz,
em direção à Luz.

Para fazermos a firmeza do Anjo da Guarda é necessária apenas uma vela


de 7 dias branca (pode ser substituída por velas palito, a diferença que
essa vela palito será acesa uma nova a cada dia. Antes de acender uma
vela verifique se o local oferece segurança para isso. Superfícies
inflamáveis, ou próximas a tecidos, papeis, combustíveis e materiais
inflamáveis não devem ser utilizadas) e um copo com água. Melhor se
essa água for pura, sem aditivos químicos. Ela servirá para potencializar a
força da luz da vela pois é uma excelente condutora de energias. A vela
pode ser firmada em um pires de louça branca ou em um suporte
comum para as velas de 7 dias ou velas palito. Após acendê-la e
colocarmos a água no copo, devemos fazer uma oração vinda do nosso
coração. Primeiramente devemos agradecer por toda a proteção
recebida, pela nossa saúde, pela nossa família, pela nossa fé, pelo nosso
trabalho, por mais um dia vivido com as bênçãos do Divino Criador.
Depois dos agradecimentos devemos pedir o que precisamos, mas
principalmente, para que sejamos entendedores dos sinais que os Anjos
da Guarda, Orixás e Guias nos passam o tempo todo e que a vela e a
água sirvam como potencializadores desse entendimento, que sejam
elementos de aproximação entre nós e o Sagrado e que todo e qualquer
mal ou energias negativas sejam afastados das nossas vidas.

Alguns Pais de Santo ensinam ainda a utilização de cristais, mel ou a


utilização de uma quartinha de louça branca em substituição ao copo.
Todos estes elementos farão o mesmo papel que a água, potencializarão
a luz gerada pela vela para que seja absorvida por nós. Eu sempre
defendo que, por não ser uma religião codificada, na Umbanda não
existe certo ou errado, desde que o bom senso o respeito ao próximo e
o bem prevaleçam.
Após os 7 dias, a água deverá ser descarregada, preferencialmente em
uma planta ou gramado e o processo deve ser refeito, semana após
semana. Importante ressaltar que não adianta firmar e não fazer mais
nada até o momento em que a vela terminar. As orações deverão ser
diárias, este é o momento onde exercitaremos nossa fé e nos religaremos
ao Sagrado.

Não existe um dia específico para firmar o Anjo da Guarda. Pode ser nos
dias de gira, para quem é frequentador de algum terreiro ou no domingo
por ser o início da semana, assim, criamos um ciclo constante de
agradecimento pela semana que terminou e de pedidos pela que está
iniciando.

Reforço a questão de segurança. Não acenda velas em locais que não


sejam apropriados.

Axé!

Pai Luiz de Oxóssi.


PRECEITOS
Como em todo e qualquer dogma, a Umbanda também faz uso de
preceitos específicos e predeterminados. Na Umbanda os preceitos são
abstenções voluntárias em benefício da positivação ou negativação de
cada um, e se dividem em 3 grupos distintos, à saber:

• Primordial
• Opcional
• Ocasional

PRIMORDIAL: é o preceito indispensável à todos os médiuns sem exceção


como preparativo para os trabalhos mediúnicos nas sessões de terreiro, e
se dividem em 7 itens:

1. Isenção de sexo, pelo menos 8 horas antes do início dos trabalhos


mediúnicos.
2. Isenção de ingestão de produto animal que dependa do sacrifício do
mesmo, inclusive peixes, isenção esta à partir de 24 horas antes do
trabalho mediúnico.
3. Isenção nas 12 horas anteriores ao trabalho mediúnico, de maus
pensamentos (ódio, orgulho, inveja, vaidade).
4. Uso de roupa apropriada e predeterminada para o trabalho
mediúnico.
5. Banho de descarga, conforme determinado a cada um.
6. Pontualidade ao início da corrente fraterna.
7. Entregar-se ao trabalho espiritual sem a preocupação com a hora do
término do mesmo.

OPCIONAL: é o preceito que, em adendo ao primordial, é determinado pelo


Orientador Espiritual ou pelo Chefe do terreiro, para determinados
médiuns:

1. Isenção de produtos animais, mesmo que não dependam do


sacrifício dos mesmos. Exemplo: manteiga, queijo, ovos, leite, etc.
2. Banhos de descarga especiais e específicos.
3. Firmeza extraordinária do Anjo de Guarda.
OCASIONAL: é o preceito de emergência, o que é praticado em caso de
emergência, quando necessário ao trabalho mediúnico, fora da corrente
fraterna.

1. Firmar os Anjos de Guarda; o seu e da pessoa a ser atendida.


2. Exigir no local o mais absoluto silêncio e concentração.
3. Pedir licença e salvar o Orixá TEMPO.
4. Mentalizar o Divino Nazareno, invocando à Ele a permissão do
trabalho sem os preceitos normais e rogando-lhe o auxílio do Astral
Superior.

Independente de todos estes preceitos, todo médium deve abster-se


durante o trabalho mediúnico de jóias, bijuterias, objetos metálicos e
dinheiro; enfim o médium deve procurar estar o mais puro possível para
ingressar na corrente fraterna.

HORAS NA UMBANDA

Todas as horas da Umbanda são controladas por um Orixá independente


dos demais, pouco conhecido, chamado ORIXÁ TEMPO, que é o
determinante do envio das vibrações cósmicas, assim como o momento
exato da utilização do ritual necessário. Como estamos encarnados no
terceiro planeta do sistema solar, controlado por uma estrela de
5a grandeza, da 2a Galáxia, um planeta presídio por nós chamado de
Terra, temos que nos atener ao sistema de contagem de tempo do mesmo,
embora que não muito consonante com o Tempo Real. Baseados na nossa
forma de contagem de Tempo, a Umbanda divide as horas de um dia em
três tipos diferentes, à saber:

• Horas Abertas
• Horas Fechadas
• Horas Neutras

HORAS ABERTAS: são consideradas horas abertas na Umbanda, as não


classificadas como neutras ou negativas, portanto positivas para a feitura
de qualquer dos trabalhos abaixo enumerados:

1. Mentalização
2. Vidência
3. Irradiação
4. Jogo de Búzios
5. Agrados
6. Amalás
7. Amacís

HORAS FECHADAS: são aquelas que nenhum dos atos ritualísticos ou


litúrgicos descritos acima podem ser efetuados. São consideradas horas
fechadas, os 15 minutos anteriores e posteriores à HORA PEQUENA e
à HORA GRANDE, ou seja de 11:45hs às 12:15hs, assim como também de
23:45hs às 00:15hs; horas que são destinadas à entrega de EBÓS,
DESCARREGOS, ou o emprego da Força Negativa para a prática do
Bem.
Nestas Horas Fechadas, não se deve praguejar, amaldiçoar, discutir,
entrar ou sair de lugares cobertos e freqüentar locais espúrios.
HORAS NEUTRAS: são aquelas em que qualquer tipo de Ato Litúrgico
ou Ritualístico é dado à cada um segundo, o seu mérito.
Estas Horas Neutras da Umbanda são muito utilizadas no Esoterismo e
classificadas como HORAS TERÇAS e HORAS NONAS (6hs e 18hs).
NOTA: excetuando-se as Horas Negativas e Neutras, todas as outras
horas do dia são consideradas como positivas.
Das 7 Linhas da Umbanda, apenas três podem interferir e alterar o ritual
praticado em todas as horas:

1. A Linha de Oxalá
2. A Linha das Senhoras (OXUM, IEMANJÁ, IANSÃ e NANÃ)
3. IBEJI

DISCRIMINAÇÃO DAS HORAS NA UMBANDA

HORAS SEMANA

- Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Observ.

Espaço de 15 minutos após às 0hs até 00:15hs Negativa

Até 1h Almas Ogum Xangô Oxóssi Oxalá Senhoras Ibeji Positiva

De 1 às 2hs Oxóssi Xangô Ibeji Ogum Almas Oxalá Senhoras Positiva

De 2 às 3hs Ogum Ibeji Senhoras Xangô Oxóssi Almas Oxalá Positiva


De 3 às 4hs Xangô Senhoras Oxalá Ibeji Ogum Oxóssi Almas Positiva

De 4 às 5hs Ibeji Oxalá Almas Senhoras Xangô Ogum Oxóssi Positiva

De 5 às 6hs Senhoras Almas Oxóssi Oxalá Ibeji Xangô Ogum Neutra

De 6 às 7hs Oxalá Oxóssi Ogum Almas Senhoras Ibeji Xangô Positiva

De 7 às 8hs Almas Ogum Xangô Oxóssi Oxalá Senhoras Ibeji Positiva

De 8 às 9hs Oxóssi Xangô Ibeji Ogum Almas Oxalá Senhoras Positiva

De 9 às 10hs Ogum Ibeji Senhoras Xangô Oxóssi Almas Oxalá Positiva

De 10 às 11hs Xangô Senhoras Oxalá Ibeji Ogum Oxóssi Almas Positiva

De 11 às 11:45hs Ibeji Oxalá Almas Senhoras Xangô Ogum Oxóssi Positiva

De 11:45hs às 12:15hs Espaço de de tempo de hora fechada Negativa

De 12:15hs às 13hs Senhoras Almas Oxóssi Oxalá Ibeji Xangô Ogum Positiva

De 13 às 14hs Oxalá Oxóssi Ogum Almas Senhoras Ibeji Xangô Positiva

De 14 às 15hs Almas Ogum Xangô Oxóssi Oxalá Senhoras Ibeji Positiva

De 15 às 16hs Oxóssi Xangô Ibeji Ogum Almas Oxalá Senhoras Positiva

De 16 às 17hs Ogum Ibeji Senhoras Xangô Oxóssi Almas Oxalá Positiva

De 17 às 18hs Xangô Senhoras Oxalá Ibeji Ogum Oxóssi Almas Neutra

De 18 às 19hs Ibeji Oxalá Almas Senhoras Xangô Ogum Oxóssi Positiva

De 19 às 20hs Senhoras Almas Oxóssi Oxalá Ibeji Xangô Ogum Positiva

De 20 às 21hs Oxalá Oxóssi Ogum Almas Senhoras Ibeji Xangô Positiva

De 21 às 22hs Almas Ogum Xangô Oxóssi Oxalá Senhoras Ibeji Positiva

De 22 às 23hs Oxóssi Xangô Ibeji Ogum Almas Oxalá Senhoras Positiva

De 23 às 23:45hs Ogum Ibeji Senhoras Xangô Oxóssi Almas Oxalá Positiva

De 23:45hs às 00:15hs Espaço de tempo de hora fechada Negativa

CRUZAMENTO COM PEMBA


O Cruzamento com Pemba é um ritual utilizado na Umbanda para
melhor proteção dos médiuns que já contam com uma incorporação
definida, e que por esta razão tomam também parte ativa em descargas
fluídicas negativas. Em todas as Nações que praticam a Umbanda, não é
permitido a um médium de incorporação, iniciar o seu trabalho sem que
antes para isso, não houvesse se cruzado.
O Cruzamento deve ser feito da seguinte forma: segurando a Pemba com
a mão direita, fazer uma cruz na fronte, depois cruzar a palma da mão
esquerda e descendo, cruzar também o peito do pé direito. Após isto,
passar a pemba para a mão esquerda e com ela fazer uma cruz na nuca,
depois cruzar a palma da mão direita e descendo cruzar o peito do pé
esquerdo.

OS PONTOS NA UMBANDA

Na Umbanda o ponto é o elo de ligação entre o mundo espiritual e o


mundo material, e se subdivide em dois tipos, à saber:

1. ou PONTOS RISCADOSZIMBAS
2. PONTOS CANTADOS ou CURIMBAS

Tanto o Ponto Riscado como o Ponto Cantado têm sua primeira divisão
como:
Ponto da tribo ou Clã
Ponto de trabalho

Em ambas subdivisões acima os pontos podem novamente se subdividir


em:
a) Ponto de chamada
b) Ponto de apresentação (ou identificação) *(vide Nota no 1)
c) Ponto de falange
d) Ponto cruzado *(vide nova subdivisão a seguir)
e) Ponto de demanda
f) Ponto de Maleime (pedido de perdão)
g) Ponto de subida
O item (d) Ponto Cruzado, por sua vez, subdivide-se em:
1d) Defumador
2d) Ordenação
3d) Mão de Faca
4d) Mão de Ofá
5d) Cruzamento de Pemba
6d) Batismo
7d) Confirmação
8d) Amacís
9d) Casamento
10d) Retirada de Vume

IMPORTANTE: O Ponto Riscado ou o Ponto Cantado nunca deve ser


interrompido no meio, principalmente por terceiras pessoas. Os
Comentários sobre o Ponto Riscado ou sobre a inconveniência do Ponto
Cantado, deverão ser postas ou comentadas por quem de direito, após o
término dos mesmos.
Nota no 1: o Ponto de apresentação pode ser dado da mesma forma de
duas maneiras diferentes e aceitos como certos:
Ponto da tribo ou Clã
Ponto de trabalho

GUIAS (colares)

A Guia (colar) é um ponto de referência e atração entre a Entidade e o


médium. Ela é preparada para que haja maior facilidade de
comunicação, ou um elo mais firme entre a Corrente Vibracional do
Astral Cósmico e a Corrente Vibracional material dos médiuns.
A Confecção da guia, obedece quanto ao número de contas, uma das três
séries, à saber:
Série de 7: Médiuns em preparação e etc.
Série de 5: Médiuns que terão sub-comandos
Série de 3: Médiuns que terão Comando
Na série de 7 estão incluídos os médiuns em preparação
(desenvolvimento) e também os que, embora suas Entidades já tenham
permissão para dar passes, consultas e participem de determinados
trabalhos, jamais poderão alcançar as séries superiores, pois que assim
está predeterminado em seu Karma.
Nesta série, as guias constam de 7 contas brancas, alternadas por uma
conta da cor do Eledá, que de acordo com os méritos e a evolução, se
acrescentará uma conta do Eledá, retirando uma branca, a cada ano, até
perfazer 7 contas de cor e 1 branca.
Na série de 5, os médiuns são preparados para sub-comandos ou para
substituí-los, à saber: Iaba, Mão de Faca, Mão de Ofá, e Ogam Calofé.
Nesta série as guias constam de 5 contas brancas, alternadas por uma
conta da cor do Eledá, que de acordo com o mérito se acrescentará uma
conta do Eledá, retirando-se uma branca a cada 3 anos, até perfazer 5
contas do Eledá e 1 branca.
Na série de 3 estão incluídos todos os médiuns, que tiverem por Karma,
que ser preparados para comando: Cambone de Ebó, Pai ou Mãe
Pequenos, subchefe e Chefe de Terreiro (Babalorixá ou Ialorixá).
Nesta série, as guias constam de 3 contas brancas, alternadas por 1 da cor
do Eledá, que de acordo com os méritos, se acrescentará uma conta
do Eledá, retirando 1 branca a cada 7 anos, até perfazer 3 contas
doEledá e 1 branca.
O mérito para o acréscimo nas guias, é sempre determinado pelo
Comando do Terreiro, ou seja pelo Guia Chefe do Terreiro (ou
Orientador), os subchefes Espirituais; nunca pela própria Entidade
incorporante, no referido médium.
O médium, no decorrer do seu preparo, deverá receber as seguintes guias
(colares):

1. dada ao médium como segurança, após o seu Amacís e Batismo na


LeiGuia de Oxalá:
2. Guia do Obreiro: dado ao médium em consonância com a Entidade
que ficará responsável pelo médium.
3. Guia do Capangueiro: dado ao médium, com autorização da Entidade
(acima) responsável pelo mesmo, afim de elo de ligação entre o
médium e o empregado (Exu) da dita Entidade.
4. Guia de Orixás: guias de referência aos Orixás que mais influem no
médium (1o Adjutor e Adjutor Auxiliar).
5. Guias do Eledá: guias com contas da cor do Eledá.

A - Pai de cabeça
B - Mãe de cabeça

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