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29.

Firmeza de cabeça
Quando iniciei meus trabalhos na Umbanda, sempre ouvia: “Firma a
cabeça, meu filho!”. Mas essa expressão era tão largamente utilizada
que tive muita dificuldade em captar a ideia do que seria “firmar a
cabeça”.

Essa diversidade que a sentença abrange gera muita confusão na


cabeça dos filhos de fé, de forma que, quando se pergunta o que é
firmar a cabeça, ninguém consegue colocar em palavras que se
entendam.

Vamos dar uma olhada em algumas situações nas quais se pedem para
firmar cabeça:

- Quando o filho está desatento ao trabalho espiritual;


- Quando alguém da assistência está “espiritando” (quase
incorporando);
- Quando estamos desenvolvendo a mediunidade;
- Quando o filho esquece de cumprir alguma tarefa solicitada pelas
entidades;
- Quando o cambone esquece ou erra o atendimento à uma entidade;
- Quando um filho de fé se desvia do caminho da humildade e da
caridade;
- Entre tantas outras.

De uma forma geral, qualquer erro cometido pela pessoa, seja no


terreiro, em sua vida particular ou em qualquer outro âmbito, é
passível de se pedir para firmar a cabeça.

Mas então, o que é firmar a cabeça?

Firmar a cabeça é se entregar para a espiritualidade, comungando seus


pensamentos, atos e palavras, concentrando-se somente na
espiritualidade e na sua orientação.

Agora que você já sabe o que é, releia as sentenças acima, aquelas em


que dissemos que se aplica o firmar a cabeça. Ficou mais claro agora?

Parece simples, mas não é.

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Concentrar-se na espiritualidade é um exercício duro e leva muito
tempo até que alguém possa dizer que está plenamente sintonizada
com a espiritualidade superior.

Tal qual o desenvolvimento mediúnico, firmar a cabeça é um exercício


contínuo e para sempre. Até por isso esses dois fundamentos da
Umbanda caminham juntos, quanto maior a firmeza de cabeça de um
médium, mais bela é sua mediunidade. A sentença “médium firme”
também é uma alusão à firmeza de cabeça.

O termo “firma a cabeça” também pode ser entendida como “presta


atenção”. Como se pedissem para que você dê mais atenção ao que a
espiritualidade superior está lhe intuindo.

O que esperar de um médium com a cabeça firmada?

- Respeito e dedicação ao Sagrado;


- Guias incorporando em plena força, sem interrupções;
- Saber a hora e o local de incorporar as entidades;
- Saber que sentir a energia dos guias não significa que eles queiram
incorporar;
- Sentir a atuação da espiritualidade mesmo fora do terreiro;
- Tender sempre às virtudes que aos erros;
- Distinguir claramente uma energia boa de uma energia ruim.

Por último, quero acrescentar uma nova visão à firmeza.

Firmeza de cabeça é estar alerta ao mundo invisível que nos cerca,


nunca deixando brechas nem passagens para a espiritualidade
inferior. É não dar chance e nem espaço para que nenhum obsessor
possa tomar conta de nossa cabeça.

28.1. A Umbanda é para os “fortes”


Sempre digo isso para meus filhos de fé, mas muitas vezes sou mal
interpretado.

Quando dizemos que a Umbanda é para os “fortes”, não significa que


não seja para os fracos.

A Umbanda sempre foi, é e será uma religião que está acessível a todos
que desejem praticar seus fundamentos, ou simplesmente desejem
alcançar a cura e a libertação dos problemas espirituais.

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Entretanto, uma vez que assumimos uma postura perante à Umbanda,
perante ao Exército da Lei, da Luz e da Justiça, também assumimos a
espiritualidade inferior e negativa como inimigos.

Desse momento em diante, passamos a receber demandas


constantemente em nossas vidas, visando a perda da nossa fé e,
consequentemente, o abandono da religião. Pois não interessa para
eles que os soldados da Umbanda estejam firmes, o desejo deles é
dizimar este exército, soldado por soldado.

Isto posto, fica clara a necessidade da vigilância contínua, da coragem


sem limites, da devoção à espiritualidade superior e de uma fé
inabalável. E é sobre esta força que me refiro.

O médium de Umbanda, apesar de sofrer com esta perseguição


negativa, se for aplicado haverá de arregimentar muitos espíritos para
a sua proteção e cuidado. Não há o que se temer ao abraçar a
Umbanda, mas há que se ter a confiança e firmeza para não se distrair
e se perder do caminho. Uma vez a sós, somos presa fácil para
obsessores.

Entretanto, mesmo diante de tantas dificuldades, a sensação de


plenitude gerada pela alegria de um irmão que recebeu uma graça, faz
valer a pena toda e qualquer dificuldade. Saber que pudemos fazer a
diferença na vida de alguém, mesmo como personagens secundários,
é algo que eleva, traz gratidão, alegria, e dá à nossa vida o sentido que
procuramos por muito tempo.

Toda esta satisfação advém do cumprimento de nossa missão, sempre


nos sentiremos felizes ao cumprir aquilo que assumimos antes mesmo
de reencarnar. Então, nossa vitória é dupla, cumprimos a nossa missão
espiritual com a alegria do bem servir.

Irmãos, sejamos fortes, oremos e vigiemos sempre. Que em nossa


mente, espírito e coração possamos fazer brotar o poder de Deus e de
todos os Orixás, bem como a força de nossos guias e protetores.

Avante filhos de Umbanda! Axé!!!

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