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RITUALÍSTICA DAS SESSÕES DE UMBANDA

O RITUAL

O Ritual Umbandista varia muito de acordo com a direção da casa, pois cada agrupamento tem
sua característica própria, adotando o ritual que mais se adequa ao seu tipo e ritmo de trabalho.
De forma alguma, tenho aqui a pretensão de indicar o certo ou errado, mas, tão somente
apresentar as características básicas dos rituais, conforme são realizados em nosso terreiro.

AS NORMAS

-O Horário deve ser rigorosamente cumprido;

-Deve haver homogeneidade no vestuário, branco, evitando que a vaidade prevaleça devido a
diferença de poder aquisitivo entre os integrantes da corrente;

-O médium deve sempre estar de posse dos apetrechos de suas entidades, como cachimbo,
chapéu, pemba, para que possa ser rapidamente localizado quando solicitado pela entidade;

-O médium deverá tomar o banho de ervas antes da sessão, evitando a ingestão de bebidas
alcoólicas e a prática de relações sexuais 24h antes da gira;

-Devemos sempre retirar os sapatos ao pisar em um terreiro de Umbanda, pois o solo é sagrado;

-O médium durante a gira deve concentrar-se somente em sua missão, deixando de lado
momentaneamente seus problemas pessoais, para que haja uma vibração perfeita;

-Aos assistentes cabe manter o silêncio e o respeito, colaborando desta forma para a
manutenção da corrente vibratória da gira, devem também atentar ao vestuário pois casa
umbandista é local de respeito.

A GIRA

A Gira divide-se me: Gira Festiva (homenagem aos Orixás), Gira de Caridade (consultas,
descarregos) e Gira de Desenvolvimento (restrito aos médiuns).

A realização da gira processa-se em fases, a saber:

1- A CONCENTRAÇÃO:

• Por meio de um sino ou campainha (adjá), o dirigente da casa procederá à chamada dos
médiuns ao terreiro, 10 minutos antes do início da gira, para que haja concentração.

• Todos os integrantes da corrente deverão, ao adentrar o terreiro curvar-se saudando o congá


e colocar-se em seu lugar junto aos outros médiuns, mantendo-se em total silêncio.

2 – INVOCAÇÃO DE EXÚ:

• O Dirigente sarava (saúda) a Umbanda, em seguida os Orixás Regentes (donos) da Casa e, por
fim, Exu.

• Nesta etapa são cantados pontos para que os Exus entrem no terreiro e retirem todos os
pontos negativos, inclusive retirando os espíritos zombeteiros e afins que possam vir atrapalhar
o bom andamento da gira.

• Saúda-se Ogum (3X) e então se canta para Ogum, para abrir a gira e proteger a casa.

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3 – DEFUMAÇÂO:

• Após as curimbas para Ogum, saúda-se a defumação e canta-se curimbas de defumação;

• O encarregado da defumação deve defumar todos os médiuns e assistência, os quatro cantos


do terreiro e o congá, purificando o ambiente para que a gira possa ser realizada.

4 - ABERTURA DA GIRA:

*O ritual inicia-se com a prece de abertura e o ponto de abertura, que pode variar de terreiro
para terreiro, em seguida batem-se palmas para saudação a Oxalá e aos Orixás donos da casa.

• Durante a abertura os médiuns acompanham os pontos com palmas permanecendo em seus


lugares.

• No momento da oração todos os integrantes da corrente devem ajoelhar-se, procurando


direcionar suas preces a Deus e ao seu anjo guardião, bem como as entidades que pertençam a
sua coroa.

• Após o ponto de abertura, abrem-se as cortinas que separam a corrente da assistência.

5 - BATER CABEÇA :

• Cantam-se curimbas para bater cabeça;

• Esse é o ato de submissão em que nos abaixamos diante de Jesus e de todos os Orixás, pedindo
sua proteção. O médium se curva e toca suavemente a testa no chão. Em primeiro lugar batem
cabeça os médiuns e os demais integrantes da corrente, seguidos dos dirigentes da casa.

• Os médiuns batem cabeça: no congá, na direção da tronqueira, nos atabaques e para os


dirigentes da casa (pai e mãe), depois pai e mãe pequenos (se houver). Bate-se cabeça no congá
pelo respeito que o lugar impõe, não por ser apenas um santuário, tendo o pensamento voltado
para o Deus Uno ou Oxalá, e ainda como sinal de respeito ao chefe espiritual da casa.

• Após este ato todos estão prontos para o início da gira propriamente dita.

6 - A INCORPORAÇÃO :

• Depois que todos bateram cabeça, saúdam-se todos os Orixás e então a Linha das Entidades
que trabalharão naquele dia;

• chama-se através dos pontos cantados (curimbas de chamada), as entidades que virão para os
trabalhos.

• Após a chegada destas, a direção da casa os saúda e os guias incorporados cumprimentam-se


entre si e ao congá. Em muitos terreiros há a separação do passe da consulta, uma linha dará os
passes, outra fará as consultas. Se for dia de homenagem a alguma entidade, não haverá
consultas, somente sendo permitida a assistência cumprimentar a entidade homenageada.

• Em dias de giras normais serão realizados atendimentos, bem como descarregos e demais
trabalhos que se façam necessários aos assistentes.

7 - O FECHAMENTO :

• após o atendimento, é feito o fechamento da gira com um “despacho de Exu”, que levará as
energias negativas provenientes dos descarregos e um agradecimento do dirigente às entidades

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que ali se fizeram presentes prestando a caridade. É preciso “DESPACHAR” Exu, dando-lhe
marafo e farinha com dendê. Quando se diz despachar Exu, emprega-se esse verbo no sentido
de enviar, mandar.

• Após o “despacho” são cantados os pontos de encerramento, inclusive o Hino da Umbanda, e


é fechada a gira.

OBS.: Toda cerimônia Pública (sessão / Trabalho) se inicia obrigatoriamente pela Invocação de
Exu e termina pelo Despacho de Exu; despachar Exu significa enviar Exu por meio de oferendas
de comidas, bebidas, etc., para ele levar os pedidos aos orixás e descarregar a casa. Seu nome,
portanto, é sempre o primeiro a ser invocado em todas as cerimônias; por esse motivo, a casa
deve contar com uma pessoa encarregada exclusivamente de “despachar” exu, esta pessoa é o
(a) Tronqueira, cargo que tem a função de preparar e entregar o Padê de Exu (farofa de água,
farinha e dendê, acompanhada de velas pretas e vermelhas e cachaça) como garantia da
tranquilidade da cerimônia, pois satisfeito, Exu não a perturbará e até mesmo afastará as forças
que porventura se proponham a perturbá-la. Exu é o guardião de todas as passagens, inclusive
entre o céu e a Terra, e das porteiras que existem em nosso mundo. É muito importante que ele
fique guardando a entrada, para não deixar passar influências negativas e pessoas maléficas que
possam nos prejudicar. Alguns babalorixás evocam o orixá Exu para render-lhe homenagem,
mas, logo em seguida, pedem que ele vá embora para não atrapalhar as cerimônias sagradas. O
que se deve fazer é pedir que ele fique guardando a porta de entrada do barracão para impedir
a entrada de eguns e dos rabos-de-encruza.

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