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PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL

Módulo 1

Pericia Médica Judicial - Aspectos gerais e legislação. Tópicos:

Conceito de Perícia Médica Judicial.

Tipos de Perícia Médica Judicial.

Classificação dos peritos.

Deveres e direitos do perito segundo CPC.

Deveres e direitos do Assistente Técnico segundo CPC.

Impedimento e suspeição.

Perícia Médica e o Código de Ética Médica.

Nomeação do perito.

Proposta de honorários.

Como acessar o sistema eletrônico da justiça trabalhista PJE.

Referencial Bibliográfico

CAMPO, E.R., et al. Medicina Legal. Ed. Saraiva, São Paulo, 2007.

OPITZA J.R., et al. Perícia Médica no Direito. Ed. Rideel, São Paulo, 2016.

DANTAS, Eduardo; COLTRI, Marcos. Comentários ao Código de Ética Médica. Ed.


GZ, São Paulo, 2012.

MENDANHA, Marcos Henrique. Medicina do Trabalho e Perícias Médicas. Ed LTR,


São Paulo, 2016.

DIDIER, Junior. Curso de Direito Processual Civil. Ed. Juspodivm, Salvador, 2016.

LEI N. 13.105 de 16 de março de 2015 – Novo Código de Processo Civil.

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1. AREAS DE ATUAÇÃO NA PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL

O médico perito poderá atuar nas seguintes áreas de perícia judicial.

Na esfera trabalhista, onde irá verificar primordialmente o nexo causal


entre a doença alegadas e as atividades desempenhadas na empresa, além de
averiguar incapacidade laboral bem como sequelas. A atuação será nas varas
trabalhistas nos Tribunais Regionais do país.

Na esfera cível (estadual), poderá atuar nas seguintes áreas: perícia de


erro médico, DPVAT e contra o INSS. O aluno deverá procurar os Tribunais de
justiça de sua região para fazer o cadastramento nas varas. Nas perícias de erro
médico, o perito deverá analisar se houve imperícia, imprudência ou negligência
por parte do profissional. Nas pericias de DPVAT, deverá analisar se o requerente
tem direito ao seguro, de acordo as lesões que apresentar e nas ações que
versam contra o INSS, irá analisar a presença ou não de incapacidade para o
labor. Segue quadro resumido abaixo:

2. CONCEITO DE PERÍCIA MÉDICA

É o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão


de laudo sobre questões médicas, mediante exame, vistoria, indagação,
investigação, arbitramento, avaliação ou certificação.

A avaliação pericial é completamente diferente da medicina


assistencialista, realizada nos consultórios médicos. Na atividade pericial, o
perito deve ter imparcialidade, impessoalidade, não existindo relação médico
paciente nem transferência e contra-transferência por ambas as partes.

O perito deverá agir como um “investigador” para que dentro da lei possa
averiguar: se o periciado é portador de alguma doença; uma vez sendo portador,
se tal doença o incapacita para a função declarada e usar os dispositivos legais
para respaldar sua decisão.

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2.1 TODOS OS MÉDICOS SÃO PERITOS?

Não. As faculdades de medicina não possuem cadeira específica de


perícia médica. A formação acadêmica é centrada no assistencialismo, como
foco no diagnóstico, tratamento e prognóstico. Perícia médica é uma avaliação
especializada registrada e expressa em laudo dirigido a alguma autoridade para
fins de direito.

É importante frisar as diferenças de atuação entre o médico assistente, o


médico do trabalho e o perito médico judicial. Segue abaixo:

Médico do trabalho:

I – assistir ao trabalhador, elaborar seu prontuário médico e fazer todos os


encaminhamentos devidos;

II – fornecer atestados e pareceres para o trabalhador sempre que necessário,


considerando que o repouso, o acesso a terapias ou o afastamento da exposição
nociva faz parte do tratamento;

III – fornecer laudos, pareceres e relatórios de exame médico e dar


encaminhamento, sempre que necessário, dentro dos preceitos éticos;

IV – promover, com a ciência do trabalhador, a discussão clínica com o


especialista assistente do trabalhador sempre que julgar necessário e propor
mudanças no contexto do trabalho, quando indicadas, com vistas ao melhor
resultado do tratamento.

Médico assistente:

I - Relação de confiança médico-paciente;

II- Livre-escolha, confiança mútua;

II – Elaboração do diagnóstico a partir das queixas subjetivas apresentadas pelo


paciente;

III – Propor tratamento;

IV – Estabelecer prognóstico;

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2.2 DIFERENÇA ENTRE DOENÇA E INCAPACIDADE

Deve-se ressaltar a diferença entre DOENCA x INCAPACIDADE. Um


indivíduo pode ser portador de uma doença e não necessariamente estar incapaz
para sua função. Por ex. o periciado pode ser portador de Hipertensão Arterial
Sistêmica e estar com sua pressão controlada clinicamente por medicação,
estando apto para o labor. INCAPACIDADE é a impossibilidade de desempenho
das funções específicas de uma atividade ou ocupação, em conseqüência de
alterações morfopsicofisiológicas provocadas por doenças ou acidentes.

2.3 TIPOS DE INCAPACIDADE

A incapacidade pode ser classificada em:

- Quanto ao grau:

Parcial: quando o indivíduo pode executar de forma parcial a atividade


declarada. Geralmente estará apto pelo INSS, porém na empresa poderá exercer
a mesma função com menos atribuições ou ser readaptado temporariamente
enquanto persistir a incapacidade parcial.

Total: quando há incapacidade total para a função declarada.

- Quanto a duração:

Temporária: quando a incapacidade é temporária, geralmente definida no INSS


como DCB – data da cessação do benefício.

Permanente x indefinida: quando a incapacidade é permanente para a função


declarada. Ressaltando-se que pelo conceito legal (Lei 8213/91) é chamada de
indefinida pois pode ser revista a cada 2 anos.

- Quanto à profissão:

Uniprofissional: quando há incapacidade laboral para a função declarada.

Multiprofissional: quando há incapacidade laboral para diversas funções, além


da função declarada.

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Omniprofissional: quando há incapacidade para todas as funções, não sendo
possível reabilitação profissional, com provável indicação de aposentadoria por
invalidez.

2.4 TIPOS DE PERÍCIA

- Perícia direta: quando realizada diretamente no periciado.

- Perícia indireta: quando realizada de forma indireta através de dados de


prontuário, exames de corpo de delito, etc.

2.5 TIPOS DE PERITOS

a) Perito Oficial: são peritos concursados de instituição oficial como médicos


legistas do IML.

b) Perito nomeado: é aquele designado pela autoridade judicial, assistindo-a


naquilo que a lei determina. Também chamados de peritos “ad hoc”.

c) Assistente técnico: é o profissional de confiança das partes, que assiste as


mesmas em litígio, não sujeitos a impedimento e/ou suspeição.

3. PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL SEGUNDO RESOLUÇÃO CFM nº 1.488/1998,


revogada pela Resolução CFM nº 2.183/2018 e pela Resolução CFM 2297/2021.

Art. 10 Em ações judiciais, a cópia do prontuário médico, de exames


complementares ou outros documentos poderão ser liberados por autorização
do paciente ou dever legal.

Lembrar do risco de quebra de sigilo médico se não houver autorização


do paciente ou dever legal, sob risco de enquadramento no Código Penal:
“revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo”. (Artigo 325).

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Art. 11 O médico de empresa, o médico responsável por qualquer
programa de controle de saúde ocupacional de empresa e o médico participante
do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
podem atuar como assistente técnico nos casos envolvendo a empresa
contratante e/ou seus assistidos desde que observem os preceitos éticos.

Lembrar que antigamente não podia devido ao risco de quebra de sigilo


médico.

§ 1o No desempenho dessa função no Tribunal, o médico deverá agir de


acordo com sua livre consciência, nos exatos termos dos princípios, direitos e
vedações previstas no Código de Ética Médica.

§ 2º Existindo relação médico – paciente, permanecerá a vedação


estabelecida no Código de Ética Médica vigente, sem prejuízo do contido no §
1º.

Art. 12 Ao médico do trabalho responsável pelo PCMSO da empresa e ao


médico participante do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do
Trabalho (SESMT) é vedado atuar como peritos judiciais, securitários ou
previdenciários nos casos que envolvam afirma contratante e/ou seus
assistidos, atuais ou passados.

Lembrar da vedação que o perito judicial não pode ser perito de paciente
seu, ou de pessoa de sua família ou de qualquer pessoa que possa influir no seu
trabalho, ou seja, que possa acabar com a imparcialidade da avaliação.

Art. 13. São atribuições e deveres do médico perito judicial e assistentes


técnicos:

I – examinar clinicamente o trabalhador e solicitar os exames complementares,


se necessário;

II – o médico perito judicial e assistentes técnicos, ao vistoriarem o local de


trabalho, devem fazer-se acompanhar, se possível, pelo próprio trabalhador que
está sendo objeto da perícia, para melhor conhecimento do seu ambiente de
trabalho e função;

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III – estabelecer o nexo causal, considerando o exposto no artigo 2º e incisos
(redação aprovada pela Resolução CFM nº 1.940/2010) e tal como determina a
Lei nº 12.842/2013, ato privativo do médico.

Art. 14. A perícia com fins de determinação de nexo causal, avaliação de


capacidade laborativa/aptidão, avaliação de sequela/valoração do dano
corporal, requer atestação de saúde, definição do prognóstico referente ao
diagnóstico nosológico, o que é, legalmente, ato privativo do médico.

Parágrafo único. É vedado ao médico perito permitir a presença de assistente


técnico não médico durante o ato médico pericial.

Atenção!!! A partir dessa resolução se o perito judicial permite a presença


de profissional não médico como assistente técnico para acompanhamento da
perícia cometerá infração ética.

Art. 15. Em ações judiciais, o médico perito poderá peticionar ao Juízo


que oficie o estabelecimento de saúde ou o médico assistente para anexar cópia
do prontuário do periciado, em envelope lacrado e em caráter confidencial.

Art. 16. Esta Resolução não se aplica aos médicos peritos previdenciários
cuja atuação possui legislação própria, ressalvando-se as questões éticas do
exercício profissional.

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PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Antes do novo Código de Processo Civil (CPC), o juiz escolhia livremente


quais peritos iriam atuar em sua vara; porém com o novo CPC, o perito deverá
ser cadastrado no Tribunal respectivo, através de seu currículo, onde deverá
especificar sua formação profissional, experiências em perícias. Nas perícias
trabalhistas, em alguns tribunais, é solicitado a pós-graduação em Medicina do
Trabalho; porém na maioria como há falta de peritos médicos, não há
necessidade. Como a pós-graduação especifica em Perícia Médica Judicial será
com certeza um grande diferenciador no seu currículo.

A novidade do CPC foi trazer a possibilidade de convênio com pessoas


jurídicas – órgão técnico científico para o fornecimento de profissionais para a
realização das perícias médicas.

No currículo o perito deverá apresentar:

Art. 158 CPC: lembrar que o perito judicial está sujeito ao CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL, estando sujeito inclusive às penalidades previstas em Lei conforme o slide
acima, podendo inclusive ter sindicância instaurada no conselho regional de
medicina, caso o juiz verifique que houve falha do perito na execução de suas
funções.

Art. 465 e 466 do CPC: conceitos de impedimento e suspeição serão dados


adiante. Lembrar que o assistente técnico, além de acompanhar a perícia,
elaborar seu parecer técnico, também poderá fazer quesitos ao perito judicial.
Assim, o perito judicial terá que responder aos quesitos do periciado, da
empresa e do juiz. O assistente técnico poderá ser contratado por qualquer das
partes seja pelo periciado ou pela empresa, já que o mesmo é um profissional
de confiança das partes.

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O perito do juiz poderá ser substituído, conforme artigo abaixo, tendo
inclusive que devolver os valores previamente recebidos.

Art. 476 e 477 do CPC: traz a importância da entrega do laudo no prazo


correto estipulado pelo juiz. Geralmente o juiz concede 30 dias para a entrega
do laudo. Caso haja necessidade, o perito poderá solicitar prorrogação do prazo
de entrega do laudo pericial por 60 a 90 dias, sempre com uma boa
fundamentação e justificativa plausível para o juiz.

No caso do perito não conseguir entregar o laudo na data prevista, é


necessário que o faça pelo menos 20 dias antes da audiência para não
comprometer o rito processual. Após a entrega do laudo, as partes terão 15 dias
para avaliar e impugnar (discorrer sobre os pontos que discordam) o laudo
pericial. O perito do juiz será informado das impugnações, tendo que o perito
que responder os pontos discordantes, se for o caso. Segue abaixo:

O Art. 148 e demais do CPC traz as situações de impedimento e suspeição


do perito do juiz. Tais situações são aplicadas aos auxiliares da justiça de forma
análoga que também são impostas ao juiz. Muitos peritos judiciais desconhecem
tais situações, as quais se não observadas podem gerar consequências para o
perito como destituição do processo, etc.

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QUESTÕES DE PROVA

1- Qual das assertivas abaixo não mostra condição imprescindível para que um
perito possa realizar uma perícia?

a) O perito não pode ser credor da parte.

b) O perito não pode ser parente em primeiro grau do periciado.

c) O perito não pode ser parte do processo onde atua.

d) O perito não deve ser médico.

e) O perito não pode ser amigo íntimo de uma das partes

2- O juiz nomeou o perito José da Silva para atuar em uma perícia médica de
um reclamante que alegava ser portador de doença ocupacional. O referido
perito recusou-se terminantemente a realizar o exame, alegando ter
aconselhado o reclamante anteriormente ao processo. O juiz aceitou o pedido,
nomeando outro perito, considerando que:

a) Trata-se de situação de impedimento do perito.

b) Trata-se de situação de suspeição do perito.

c) Trata-se de situação de incompetência do perito.

d) Trata-se de situação de incapacidade relativa do perito.

3- Marque I para IMPEDIMENTO do perito e S para SUSPEIÇÃO:

a) Registro no CRM cassado

b) Amigo da parte

c) Depoimento anterior no processo

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d) Devedor da parte

e) Ter aconselhado qualquer parte

f) Analfabeto

g) Menor que 21 anos

4- Marque verdadeiro ou falso:

a) Os peritos do juiz e assistentes técnicos são suspeitos a impedimento e


suspeição.

b) O perito do juiz é sujeito a impedimento, porém não a suspeição.

c) O assistente técnico não é sujeito a suspeição.

d) O perito do juiz não é sujeito a impedimento.

e) O perito do juiz é sujeito a suspeição.

f) Os assistentes técnicos não são sujeitos a impedimento.

GABARITO

1-D

2-B

3- a) Impedimento b) Suspeição c) Impedimento d) Suspeição

4- F F V F V V

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PERÍCIA CONSENSUAL

Uma das novidades do novo CPC foi o surgimento da perícia consensual.


Nela, as partes farão uma autocomposição: contratarão por conta própria um
perito com conhecimento na área para realizar todo o ato processual com as
mesmas regras utilizadas na via judicial. Seria uma substituição da perícia do
juiz para aumentar a celeridade do processo. Por ex: uma empresa que já
sabidamente teve culpa em acidente de trabalho, pode acordar com a parte para
a realização de perícia consensual para ter mais celeridade e menos custos no
final do processo.

Como analogia, no Direito, temos a mediação e arbitragem que também


são formas de resolução de conflitos fora da via judicial, porém com o mesmo
efeito se fosse na via judicial, produzindo coisa julgada como na arbitragem.

Aqui na perícia consensual, o juiz deverá ser informado e o resultado da


perícia não poderá ser anulado, sendo sua conclusão semelhante de uma perícia
judicial feita através da nomeação judicial.

Outro ponto importante no CPC é que o juiz poderá dispensar a prova


pericial se tiver documentos ou pareces técnicos que fundamentem a conclusão
do juiz. A exceção se faz nos exames de corpo de delito, pois naqueles casos
onde há vestígios, o exame torna-se obrigatório.

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Art. 157. Escusa do Perito

O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz,
empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando
motivo legítimo.

§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da


intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de
renúncia ao direito a alegá-la.

Esse artigo é muito importante para o perito médico. Muitas vezes,


médicos são intimados de forma aleatória para a realização de perícia médica
judicial. É importante o esclarecimento de que o perito pode se recusar a realizar
o ato pericial, devendo ter o cuidado de responder ao juiz no prazo de 15 dias
contados da intimação.

Art. 467. Escusa do Perito

O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição.

Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a


impugnação, nomeará novo perito.

Lembrar também das hipóteses já mencionadas em relação aos casos de


impedimento e suspeição. É de aconselhável que quando o perito tiver o
conhecimento de impedimento e/ou suspeição para realizar o ato pericial deve
comunicar imediatamente ao juiz.

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Art. 465 Proposta de honorários

§ 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para,


querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz
arbitrará o valor...

§ 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos


honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados
todos os esclarecimentos necessários.

§ 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir


a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.

Em relação à proposta de honorários, há diferença no recebimento das


diferentes esferas judiciais. Na justiça estadual, segue a regra descrita acima. Já
na esfera trabalhista, poderá ser deferida uma antecipação de acordo com o
regimento do tribunal e os honorários são pagos no final do processo. Na esfera
federal, segue também a descrição acima.

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CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Principais tópicos relativos à perícia médica judicial

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.217/2018

Publicada no D.O.U. de 01 de novembro de 2018, Seção I, p. 179.

PREÂMBULO

[...]

VI - Este Código de Ética Médica é composto de 25 princípios fundamentais do


exercício da medicina, 10 normas diceológicas, 118 normas deontológicas e
quatro disposições gerais. A transgressão das normas deontológicas sujeitará
os infratores às penas disciplinares previstas em lei.

Significado de Diceologia - Teoria que fundamenta os direitos profissionais;


estudo dos deveres do médico que estão regulamentados num tratado ou
código.

normas deontológicas (deontologia): uma ciência que aglutina uma série de


deveres e normas sobre como deveria ser o exercício profissional de uma
determinada área.

Capítulo I

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

[...]

III - Para exercer a medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas
condições de trabalho e ser remunerado de forma justa.

IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da


medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão.

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V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o
melhor do progresso científico em benefício do paciente e da sociedade.

[...]

VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a
prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não
deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de
urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do
paciente.

VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto,


renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou
imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.

Os dois incisos expostos acima refere à importância da autonomia do ato


médico, não devendo ser cerceada por juízes e/ou advogados. O perito terá
plena liberdade e autonomia para exercer seu trabalho e sua conclusão pericial.

[...]

XI - O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha


conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos
previstos em lei.

O médico deverá guardar sigilo dos processos que atua, não podendo
divulgar para terceiros.

Capítulo II

DIREITOS DOS MÉDICOS

V - Suspender suas atividades, individualmente ou coletivamente, quando a


instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições
adequadas para o exercício profissional ou não o remunerar digna e justamente,
ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo comunicar
imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Medicina.

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O perito poderá escusar-se a realizar a perícia se achar que não está
sendo bem remunerado para seu encargo.

[...]

VII - Requerer desagravo público ao Conselho Regional de Medicina quando


atingido no exercício de sua profissão.

[...]

X - Estabelecer seus honorários de forma justa e digna.

Capítulo III

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

É vedado ao médico:

[...]

Art. 2º Delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivas da profissão


médica.

[...]

Art. 5º Assumir responsabilidade por ato médico que não praticou ou do qual
não participou.

O perito não deverá assumir responsabilidade por ato que não praticou
ou não esteve presente bem como delegar suas atribuições.

[...]

Art. 10 Acumpliciar-se com os que exercem ilegalmente a medicina ou com


profissionais ou instituições médicas nas quais se pratiquem atos ilícitos.

Art. 11 Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a


devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de

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Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários,
atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos.

Art. 12 Deixar de esclarecer o trabalhador sobre as condições de trabalho que


ponham em risco sua saúde, devendo comunicar o fato aos empregadores
responsáveis.

Parágrafo único. Se o fato persistir, é dever do médico comunicar o ocorrido às


autoridades competentes e ao Conselho Regional de Medicina.

Capítulo IX SIGILO PROFISSIONAL

É vedado ao médico:

Art. 73 Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua


profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do
paciente.

Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de


conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu
depoimento como testemunha (nessa hipótese, o médico comparecerá perante
a autoridade e declarará seu impedimento); c) na investigação de suspeita de
crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente
a processo penal.

Art. 74 Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente,


desde que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou
representantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao
paciente.

Art. 75 Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou


imagens que os tornem reconhecíveis em anúncios profissionais ou na

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divulgação de assuntos médicos em meios de comunicação em geral, mesmo
com autorização do paciente.

Art. 76 Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de


trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de
instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da
comunidade.

Art. 78 Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo


profissional e zelar para que seja por eles mantido.

Art. 79 Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por


meio judicial ou extrajudicial.

Quando o perito for justificar no processo seus honorários, não deverá


expor a doença do periciado, história clínica etc. Deverá se ater às horas
necessárias para o trabalho técnico, custo com deslocamento, análise
processual, etc.

Capítulo X

DOCUMENTOS MÉDICOS

É vedado ao médico:

Art. 80 Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o
justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade.

O perito judicial não deve emitir laudos sem que tenha praticado o ato
profissional seja na perícia direta ou indireta. Ex. Não deve assinar laudo de
colega.

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Art. 81 Atestar como forma de obter vantagem.

O perito deverá ser completamente imparcial, não devendo receber de


forma alguma, vantagem pecuniária em relação ao resultado da perícia.

Art. 89 Liberar cópias do prontuário sob sua guarda exceto para atender a ordem
judicial ou para sua própria defesa, assim como quando autorizado por escrito
pelo paciente.

§ 1º Quando requisitado judicialmente, o prontuário será encaminhado ao juízo


requisitante.

§ 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico


deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional.

Capítulo XI

AUDITORIA E PERÍCIA MÉDICA

É vedado ao médico:

Art. 92 Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal caso


não tenha realizado pessoalmente o exame.

Mais uma vez ressaltada a importância de não assinar laudo pericial que
não tenha participado do exame.

Art. 93 Ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou


de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho
ou de empresa em que atue ou tenha atuado.

O perito judicial deve emitir seu laudo de forma isenta e imparcial. Esse
Art seria um caso de suspeição, não podendo atuar no processo.

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Art. 94 Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos
atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença
do examinado, reservando suas observações para o relatório.

O perito judicial não deve comentar ao periciado suas opiniões pessoais


sobre conduta do seu médico assistente, colocando suas observações no laudo
pericial.

Art. 95 Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos


no interior de prédios ou de dependências de delegacias de polícia, unidades
militares, casas de detenção e presídios.

Art. 96 Receber remuneração ou gratificação por valores vinculados à glosa ou


ao sucesso da causa, quando na função de perito ou de auditor.

Art. 97 Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou


de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no
último caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte
do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente.

Art. 98 Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir
como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas
atribuições e de sua competência.

Parágrafo único. O médico tem direito a justa remuneração pela realização do


exame pericial.

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BONS ESTUDOS!

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