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17/10/2005
DA CONSULTA
O Sr. Roberto Takata, através de correspondência eletrônica (e-mail), protocolizada neste Conselho sob o nº 3663/05,
reportou-se nos seguintes termos:
"Pretendo escrever uma peça ficcional tendo como uma das personagens a figura de um médico.
Como gostaria de manter um certo grau de verossimilhança, peço ajuda a V.S.a para uma questão
a ser abordada na história.
O médico se desentende com uma pessoa através de uma lista de discussão na internet, havendo a
seguinte troca de mensagens...
Faz em seguida um relato do contido na troca "fictícia" de mensagens na internet entre um médico e uma
terceira pessoa, com possível conotação de crime, não ficando claro se existe relação com o exercício profissional.
Relata que gostaria de saber se caso a personagem entrasse com uma reclamação no Conselho de Medicina contra o
médico o que poderia ocorrer, perguntando:
3. Haveria outro resultado se o médico usasse em sua assinatura de e-mail sua identificação profissional?
4. O resultado seria diferente se o médico se identificasse como psiquiatra ou com outra especialidade?
DO PARECER
O Art. 2º da Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957 (D.O.U. 04/10/57), que dispõe sobre os Conselhos de Medicina,
diz:
"O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são os órgãos supervisores da ética
profissional em toda a República e, ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da classe
médica, cabendo-lhes zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito
desempenho ético da medicina e dos que a exerçam legalmente."
Como se vê, a atribuição legal desses Conselhos refere-se ao exercício da medicina, estando o profissional médico em
seu mister sob sua supervisão ética. Em situações outras, onde o médico não esteja exercendo sua atividade
profissional, foge à competência legal dos Conselhos de Medicina em atuar como julgadores e disciplinadores.
O Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, que aprova o regulamento a que se refere a Lei supracitada, determina:
" Art. 11- As queixas ou denúncias apresentadas aos Conselhos Regionais de Medicina, decalcadas
em infração ético-profissional, só serão recebidas quando devidamente assinadas e documentadas."
" Art. 17- As penas disciplinares aplicáveis aos infratores da ética profissional são as seguintes:
Uma denúncia apresentada decalcada em infração ético-profissional, leva à instauração de uma Sindicância, assim
definida pelo Prof. Genival Veloso de França:
SINDICÂNCIA - "É uma forma de procedimento administrativo sumário e informal, que tem por finalidade apurar
indícios de possíveis irregularidades, e que deve, obrigatoriamente, preceder a instauração de um processo ou
arquivamento de uma queixa que a motivou"
O Código de Processo Ético-profissional (Res. CFM nº 1.617/2001), em seu Art. 6º, determina:
I – ‘ex-offício’;
II – mediante denúncia por escrito ou tomada a termo, na qual conste o relato dos fatos e a
identificação completa do denunciante;
III - .........................................................
O médico, registrado regularmente no Conselho Regional de Medicina, está apto à pratica médica, sem restrições de
ordem legal, não existindo ato médico privativo de especialista. No entanto, ao assumir a realização de determinado
ato médico, o mesmo é responsável ética, cível e penalmente pelas conseqüências de suas ações. A especialidade
médica é um plus de conhecimento em determinado ramo da medicina e, nesse caso específico, não seria, por si só, o
fato de ser psiquiatra ou outro especialista, que ensejaria ou não instauração de um procedimento administrativo ético –
profissional e consequentemente uma possível penalidade.
R. Não será recebida, caso não esteja relacionada com o exercício profissional, podendo outras instâncias serem
acionadas;
1. Haveria outro resultado se o médico usasse em sua assinatura de e-mail sua identificação profissional?
R. Não;
1. O resultado seria diferente se o médico se identificasse como psiquiatra ou com outra especialidade?
R. Não;