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DA CONSULTA
Após emissão da Declaração de Óbito (DO) pelo(a) médico(a) que constatou o
falecimento, não raramente, familiares do(a) falecido(a) retornam aos Institutos
Médico Legais (IML) e hospitais requerendo a emissão de um novo documento
retificado. Os motivos são vários. Os mais frequentes são erros de endereço do
falecido(a) e do sobrenome de familiares, comprovados mediante nova
documentação oficial a qual o médico(a) não teve acesso no dia do falecimento.
A maioria dos médicos daqueles estabelecimentos trabalham em regime de plantão
e, muitas vezes, quando os familiares retornam aos IMLs e hospitais para
requererem a emissão da nova DO retificada, o(a) profissional que atestou
pessoalmente o óbito e emitiu a primeira DO não está em seu horário de trabalho.
Assim, pelo disposto no art. 83 do CEM, a conduta adequada seria orientar os
familiares a retornarem no dia do próximo plantão do(a) médico(a) que verificou
pessoalmente e atestou o óbito, para ele(a) emitir a nova DO retificada.
O atraso gerado por essa prática, contudo, gera insatisfação aos familiares.
Assim, em busca de uma solução que seja técnica, ética e legalmente correta, e
mais prática para os familiares de falecidos que precisam de uma nova DO
retificada, vem, mui respeitosamente, consultar o Egrégio CRMMG:
1- O(a) médico(a) plantonista (seja de IML ou de hospital), ainda que não tenha
verificado pessoalmente o óbito, pode emitir uma nova DO (retificada) em
substituição a emitida por outro(a) médico(a), sem cometer infração ética e/ou legal?
2- Acaso a resposta a questão 1 seja afirmativa, quais cuidados o(a) médico(a)
plantonista (seja de IML ou de hospital) que não tenha verificado pessoalmente o
óbito deve observar para, ao emitir uma nova DO (retificada) em substituição a
emitida por outro(a) médico(a), não incorrer em infração ética e/ou legal?
3- Acaso a resposta a questão 1 seja afirmativa, em quais situações o(a) médico(a)
plantonista (seja de IML ou de hospital) que não tenha verificado pessoalmente o
óbito pode se negar a emitir uma nova DO (retificada) em substituição a emitida por
outro(a) médico(a)?
4- Acaso seja comprovada alguma irregularidade (por exemplo, o nome do falecido
não corresponde a pessoa que de fato morreu) na DO emitida pelo(a) médico(a) que
tenha verificado pessoalmente e atestado o óbito, e essa seja repetida na nova DO
(retificada) exarada pelo(a) médico(a) plantonista que não tenha verificado
pessoalmente e atestado o óbito, este último pode ser responsabilizado ética e/ou
legalmente por ter transcrito a anotação equivocada do primeiro?
DO PARECER
FUNDAMENTAÇÃO:
A Declaração de óbito (DO) é o nome do formulário oficial no Brasil, em que se
atesta a morte. Este formulário é preenchido pelo médico que constatou o óbito em
casos de morte natural ou pelo médico legista em casos de morte não natural. A
emissão da DO é ato médico, segundo a legislação do país. Portanto, ocorrida uma
morte, o médico tem obrigação legal de constatar e atestar o óbito, usando para isso
o formulário oficial “Declaração de Óbito”, O médico tem responsabilidade ética e
jurídica pelo preenchimento e pela assinatura da DO, assim como pelas informações
registradas em todos os campos deste documento. Deve, portanto, revisar o
documento antes de assiná-lo.
A "Certidão de Óbito" é o documento jurídico fornecido pelo Cartório de Registro
Civil após o registro do óbito.
O Código de Ética Médica estabelece no artigo 83. É vedado ao médico: Atestar
óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não tenha prestado
assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plantonista, médico
substituto ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.
• O manual técnico publicado pelo Ministério da Saúde "A Declaração de Óbito -
Documento necessário e importante” (Brasília – DF 2009 - 3ª edição), no seu item
12) responde ao questionamento: "Como proceder em caso de preenchimento
incorreto da DO"?
Resposta: Se, por acaso, o médico preencher erroneamente a DO, seja qual for o
campo, deverá inutilizá-la, preenchendo outra corretamente. Porém, se a Declaração
já tiver sido registrada em Cartório de Registro Civil, a retificação será feita mediante
pedido judicial por advogado, junto à Vara de Registros Públicos ou similar. Nunca
rasgar a DO. O médico deverá escrever “anulada” na DO e devolvê-la à Secretaria
de Saúde para cancelamento no sistema de informação.
A Portaria 116/2009 do Ministério da Saúde define no Art. 18: “Os dados informados
em todos os campos da DO são de responsabilidade do médico que atestou a
morte, cabendo ao atestante preencher pessoalmente e revisar o documento antes
de assiná-lo”.
Importante ressaltar que uma vez lavrado e assinado o registro, no caso a Certidão
de óbito, qualquer alteração somente pode ser feita mediante a autorização do
Poder Judiciário com a participação do Ministério Público ou seja, o oficial
registrador não pode fazer tais alterações ele mesmo, conforme a Lei de Registros
Públicos.
Evidente que em se tratando de meros erros materiais, como troca de uma letra no
nome do falecido (“Luís”, por “Luiz”), ou mesmo a ausência de uma partícula no
nome do falecido (“de”, “da”, “dos” etc.), bem como no nome de qualquer de seus
genitores, pode ser facilmente percebido pelo confronto com a documentação do
falecido a ser apresentada na serventia e não deve impedir a lavratura do registro.
Em havendo rasuras ou entrelinhas, que não se enquadrem no conceito de mero
erro material, referentes a aspectos essenciais, e que foram ressalvadas por terceiro
que não o próprio medido atestante, caberá ao Oficial solicitar ao declarante que se
dirija à instituição de saúde que expediu a D.O. para que seja firmada a ressalva
pelo próprio médico atestante ou para que seja esta D.O. inutilizada e expedida uma
nova D.O.
Respondendo ao consulente:
1 - O (a) médico (a) plantonista (seja de IML ou de hospital), ainda que não tenha
verificado pessoalmente o óbito, pode emitir uma nova DO (retificada) em
substituição a emitida por outro(a) médico(a), sem cometer infração ética e/ou legal?
R: Não. A retificação da Declaração de Óbito só poderá ser feita pelo médico
emissor. Caso a Declaração de Óbito já tiver sido registrada, há necessidade de
autorização judicial.
2 - Acaso a resposta a questão 1 seja afirmativa, quais cuidados o(a) médico(a)
plantonista (seja de IML ou de hospital) que não tenha verificado pessoalmente o
óbito deve observar para, ao emitir uma nova DO (retificada) em substituição a
emitida por outro(a) médico(a), não incorrer em infração ética e/ou legal?
R: Conforme exposto na fundamentação, só o médico que preencheu a DO pode
fazer a retificação. Se outro médico fizer a retificação, poderá responder ética e
legalmente pelo seu ato.
3- Acaso a resposta a questão 1 seja afirmativa, em quais situações o(a) médico(a)
plantonista (seja de IML ou de hospital) que não tenha verificado pessoalmente o
óbito pode se negar a emitir uma nova DO (retificada) em substituição a emitida por
outro(a) médico(a)?
R: O médico em substituição não pode fazer a retificação.
4- Acaso seja comprovada alguma irregularidade (por exemplo, o nome do falecido
não corresponde a pessoa que de fato morreu) na DO emitida pelo(a) médico(a) que
tenha verificado pessoalmente e atestado o óbito, e essa seja repetida na nova DO
(retificada) exarada pelo(a) médico(a) plantonista que não tenha verificado
pessoalmente e atestado o óbito, este último pode ser responsabilizado ética e/ou
legalmente por ter transcrito a anotação equivocada do primeiro?
R: Reafirmamos que só o médico que preencheu a DO pode fazer a sua retificação.
Se a DO já tiver sido registrada no cartório só poderá ser retificada por via judicial.