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Isabella Alavaski Abellan – 5C – número 12

TRABALHO DE GEOGRAFIA.

O Conceito de Idoso
É difícil estabelecer o início da velhice, pois são múltiplos os fatores que
contribuem para o envelhecimento e esses fatores se alteram de acordo com
as diferenças sociais e fisiológicas que cada um carrega. Assim, podemos dar
um exemplo de uma pessoa que teve um alto padrão de vida ter um atraso das
consequências trazidas com a idade, e ao revés, outra que envelheceu de
forma precoce devido à exposição excessiva ao sol. Logo, esses aspectos
devem ser levados em cota, como são trazidos à tona na nossa legislação
quando se oferta o direito à aposentadoria.
Em nosso país, artigo 1° da Lei nº 10.741 de outubro de 2003,
denominada “Estatuto do Idoso”, traz o conceito de idoso em seu Art. 1º É
instituído como sendo idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos. Já na França, considerado um país desenvolvido o parâmetro
de idade é maior, sendo considerado idoso aquele que atinge os 65 (sessenta
e cinco) anos.

O Idoso e o seu Papel no decorrer da história e nas diferentes Culturas


Entre as civilizações que tiveram e ainda tem o idoso como papel
importante na sociedade é a civilização oriental, precisamente na China Antiga
que segundo Santos 2001, teve como entre as suas bases de influência
Confúcio que acreditava ser à base da família o homem mais velho, a qual
todos deveriam obedecer. Demonstra em seu pensamento a elevação de valor
do idoso até mesmo para a mulher, que à medida que se aumenta a idade,
possui papel de relevância e autoridade, interferindo na criação doa netos.
Ainda, defendia a idéia de que ao atingir os 60(sessenta anos de idade), o ser
humano atinge tal grau de sabedoria sendo capaz uma um alto nível de
compreensão, sem jamais necessidade de reflexão de seus atos.
Ainda de acordo com Santos (2001), além da influência de Confúcio
outra relevante influência para se destacar é o filósofo historiador Lao Tsé que
em sua obra demonstrou perceber a velhice como um momento supremo, de
alcance espiritual máximo. Para ele, uma pessoa ao atingir os 60 anos de
idade ela chega ao ápice de glória na vida do homem.

Os exemplos acima demonstram uma realidade bem diferente da


atual, mostrando que anteriormente o envelhecimento era ligado à experiência
e sabedoria, ao contrário do que vemos hoje. Importante falar que essa
mudança de visão em torno da figura do idoso se concretiza principalmente
com as mudanças trazidas a partir da Revolução Industrial. Assim, a prioridade
na produção criou uma cultura onde a agilidade e rapidez são exaltadas em
detrimento à experiência adquirida ao longo da vida. A partir daí cada vez mais
vemos um estereótipo criado em torno de um idoso pouco ativo e participante
na sociedade, aquele aposentado que fica a maior parte do tempo em casa.
Esse novo olhar é refletido no desrespeito, na violência e abandono com que a
terceira idade é tratada no atualmente.

Em nosso país, segundo Santos (2007), o abandono aos idosos e o


aparecimento do primeiro asilo data do 1890, no então Distrito Federal. O autor
traz que a partir de alterações da família e da sociedade trazidas nos primeiros
anos do século XIX, houve uma modificação da percepção da velhice. Desta
forma, a figura do patriarca idoso, anteriormente era centro da família colonial,
perderia seu poder, ocupando lugar de esquecimento e desvalorização social
se mantendo até hoje.

Atualmente, de acordo com Feijó Medeiros (2011), os idosos são vítimas


dos mais diversos tipos de violências abrangendo as físicas e psicológicas,
praticadas tanto pela sociedade como pelos próprios familiares. Além da
violência sofrida pelo idoso outro ato não menos gravoso e bastante recorrente
é o abandono. É muito comum que as famílias deixem os pertencentes a essa
faixa etária em asilos e estes são fadados ao isolamento e afastamento do
convívio com aqueles pelos quais mantinham uma relação de afeto no decorrer
da vida.

A atitude de abandono é fundamentada pelos familiares que cometem


esse ato por vários motivos, tais como: pouco tempo disponível para cuidado
dos idosos, falta de condições financeiras, falta de estrutura física no lar que se
adéque às necessidades especiais destes, entre outras. O fato é que atitudes
como essa são reflexo da forma como esses idosos são vistos em nossa
sociedade e que deverá ser modificada com o aumento significativo de
expectativa de vida no mundo e em nosso país, sendo necessário repensar e
preparar a nossa população para outra realidade.

Histórico Dos Direitos Dos Idosos


Após uma breve explanação acerca da concepção de idoso e sua
percepção na história diferentes culturas veremos a evolução dos direitos dos
idosos no Brasil e no mundo com o objetivo de uma maior compreensão a
respeito do tema. Com relação ao surgimento do Direitos dos Idosos, temos:

O Direito dos Idosos surge como uma alternativa


para compensar ou, pelo menos, minimizar os danos
causados por uma organização sócio-econômica que não
valoriza o que nós somos, mas aquilo que nós
produzimos. E se não produzimos não somos nada,
praticamente não participamos da vida social (ALONSO,
2005, p.33)

Ainda segundo o autor O Direito dos Idosos passa a ter cumprir um


papel de se opor à desvalorização do idoso, conseqüência do capitalismo.
Desta forma, é instrumente para garantir proteção, resgatando a cidadania e
dignidade dos que se encontram na “melhor idade”. O ponto chave é o da
efetivação das normas já impostas, trazendo uma real melhora na qualidade de
vida destes.

Após a apresentação da definição dos Direitos dos Idosos, seguimos


para a evolução dos Direitos dos idosos a nível mundial. Uma dos
acontecimentos históricos que podemos destacar foi uma Assembléia Geral,
convocada pela ONU, na década de 70, onde se discutiu questões relativas às
políticas públicas e programas sócias em torno da população idosa,
significando um grande avanço acerca da conscientização da sociedade
mundial sobre a relevância do tema, visto que anteriormente nunca havia sido
discutido de forma isolada.

Em 1999, outro importante acontecimento foi o Ano Internacional do


Idoso e acabou por instituir mundialmente o dia 1º de outubro como o Dia do
Idoso. Essa foi uma ação promovida para uma conscientização em relação ao
tema, envolvendo atividades e debates que teve como título “Uma sociedade
para todas as idades”.

De acordo com Alonso (2005) nos últimos anos foram sendo


desenvolvidas gradualmente legislações decretos e documentos que mostram
a evolução acerca do assunto. Entre esses documentos desenvolvidos é válido
destacar o Plano de Ação Internacional elaborado em 1982 e incrementado em
2002, os Princípios das Nações Unidas para o Idoso, formulado em 1991, e a
Declaração de Toronto, elaborada pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
em 2002. Com relação ao último documento citado, que traz em destaque
orientações que perseguem a manutenção de qualidade de vida do idoso,
englobando as necessidades físicas e emocionais, tendo como intuito a
preservação de sua autonomia.

É possível observar a seguir a riqueza e o aprofundamento dessas


questões tomando espaço em nossa sociedade. Com certeza, a cada
documento tratando o assunto é uma passo a mais na preparação de uma
sociedade mais justa, preparada para encarar o idoso e o humano com mais
empatia e dignidade, apesar das dificuldades de efetivação desses dos direitos,
a discussão e o desenvolvimento de legislações específicas são o ponto de
início para o estabelecimento dessas mudanças.

Além desses acontecimentos, entraremos agora na evolução histórica


dos Direitos dos Idosos explorando os pontos mais importantes. Assim, de
forma sintética apontaremos as principais mudanças na nossa legislação
acerca da matéria.

No Brasil, a introdução de mudanças foi feito gradativamente, as


Constituições anteriores a de 1988, como as de 1937, 1947 3 1969 apenas
mencionaram o termo idoso e a previsão de a aposentadoria assegurada com
o avanço da idade. Assim, a Carta Magna de 1988 foi importante marco, pois
ao trazer princípios norteadores como o da dignidade humana, trouxe embutida
a idéia de respeito a todos, sem distinção, acarretando um grande avanço em
relação às Constituições anteriores.

Com relação ao princípio da dignidade humana Berenice (2016) afirma


ser princípio nuclear do Estado Democrático de Direito, essa consagração é
conseqüência de uma preocupação do legislador de levar a promoção dos
direitos humanos e da Justiça Social. Ainda, segundo a autora, esse princípio
representa a primeira manifestação de valores carregados de sentimentos e
afeto, significando uma despatrimonialização e uma personalização dos
institutos jurídicos. Assim, é possível perceber a valoração trazida pó algo além
do material.

Além de respeito a todos, outro ponto importante trazido com a


Constituição de 1988, foi o princípio da isonomia, aonde todos devem ser
tratados com igualdade. Assim, essas novas concepções que foram trazidas
com a Carta Magna foram estendidas no que diz respeito aos idosos
especificamente. Desta forma, é assegurado com o texto Constitucional o
direito a serem tratados com respeito e igualdade. Além dos princípios, bases
dos direitos dos idosos, a nossa Constituição trouxe pontos importantes, nos
quais Berenice (2016) comenta:

A Constituição veda discriminação em razão da


idade, bem como assegura especial proteção ao idoso.
Atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de
assegurar sua participação na comunidade, defendendo
sua dignidade e bem-estar, bem como lhe garantindo o
direito à vida (CF 230). É determinada a adoção de
políticas de amparo aos idosos, por meio de programas a
serem executados, preferentemente, em seus lares (CF
230 § 1.º). (BERENICE, 2016, p.83)

É possível observar com o exposto que a Carta Maior trouxe de


maneira explícita o dever da Família às necessidades que assegurem a sua
vida e em seguida, a introdução da política de amparo aos idosos, se tornando
pioneira no trato desses temas.

Após menção acerca do tema, é válido ressaltar a obrigação de


prestação de alimentos trazida no art. 1696 do Código Civil de 2002, onde se
encontra a reciprocidade do direito da prestação de alimentos entre pais e
filhos, razão importante da legislação quanto à preocupação com a proteção do
Idoso.

O mais recente avanço de legislação criada com o fim de proteção e


manutenção de qualidade de vida aos idosos, o Estatuto do Idoso, Lei n.º
10.741, em 2003, para inaugurar um novo posicionamento com relação ao
idoso que deve ser reinserido na nossa sociedade, se não for o resgate de seu
valor, como observado nas primeiras civilizações, mas pelo menos uma
conscientização do respeito aos que ocupam essa faixa etária, sem esquecer-
se de levar em conta as transformações trazidas pela vida mais ativa de maior
parte deste.

No referido Estatuto encontramos conquistas como entre as normas


gerais a busca da proteção do idoso e a sua inclusão social, tal como valor
menor em passagens. Ademais representa um incentivo ao desenvolvimento
de políticas públicas para os ocupantes dessa faixa etária.

Por fim, é possível observar com o exposto a inversão de valores


trazida com relação ao idoso dentro da sociedade, marcado principalmente
com as mudanças ocorridas com a Revolução Industrial. A desvalorização
ocorrida com a sociedade da produção e do consumo, trouxe como
consequência a negligência no tratamento dos que obtêm maior idade.

Observou-se que a desvalorização veio paulatinamente junto ao


despertar e debate das questões que envolvem o novo lugar do idoso no
mundo atual, ao passo que vagarosamente é possível notar a conquista de
novos direitos e a conscientização de um maior respeito no trato dos que
ocupam essa parcela. Apesar dos passos dados, é imprescindível ter o
desenvolvimento de políticas públicas que efetivem uma maior dignidade à
terceira idade, além da previsão de sanções, uma educação para que a
sociedade esteja preparada para um convívio com uma população de idade
cada vez mais avançada.

FIM

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