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O PAPEL DO IDOSO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Orzeni de Carvalho Ferreira1


Paulo Sérgio Pereira Guimarães2
Sandro Aparecido da Cruz3

RESUMO

Com o objetivo de compreender o papel do idoso na sociedade contemporânea realizamos um


estudo descritivo, desenvolvido por meio de uma pesquisa sistematizada e fundamentada em
leis, livros, periódicos, artigos, como exemplo, os publicados pelo SCIELO - Scientific
Eletronic Library, entre outros, que abordam temas relativos ao idoso e, ou ao
envelhecimento. Para tanto, nos propusemos discorrer sobre o processo histórico e a visão
antropológica do envelhecimento, as políticas públicas existentes em prol do idoso, bem
como, o papel do idoso na sociedade. Desse modo, concluímos que a população idosa tem
apresentado um crescimento significativo nos últimos anos e decorrerá um aumento maior
ainda, conforme a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para as
próximas décadas. Diante disso, percebemos que o Estado precisa se aparelhar cada vez mais
para atender as necessidades básicas e direitos dessa população. Embora, as políticas públicas
muito tenham favorecido aos idosos requer-se ainda, maior envolvimento do Estado. De
modo que sejam contemplados de fato, os cuidados característicos dos idosos tais como:
saúde, trabalho, seguridade social, previdência social, bem-estar físico e pessoal e, vida digna.

Palavras-chave: Idoso; Envelhecimento; Sociedade; Políticas públicas; Estado.

ABSTRACT

In order to understand the role of the elderly in contemporary society we conducted an


exploratory, descriptive and explanatory study, developed through a systematic research
based on laws, books, journals, articles, such as those published by SCIELO - Scientific
Electronic Library , among others, that address subjects related to the elderly and / or aging.
Therefore, we proposed to discuss about the historical process and the anthropological view
of aging, the existing public policies in favor of the elderly, as well as the role of the elderly in
society. Thus, we conclude that the elderly population has shown a significant growth in the
last years and will increase even more, according to the projection of the Brazilian Institute of
Geography and Statistics (IBGE), for the next decades. Given this, we realize that the state
needs to be increasingly equipped to meet the basic needs and rights of this population.
Although public policies have greatly favored the elderly, greater state involvement is still
required. Thus, in fact, the characteristic care of the elderly, such as health, work, social
security, social security, physical and personal well-being and dignified life, are
contemplated.
Key words: Elderly; Aging; Society; Public policy; State

1
E-mail: orzycarvalho@hotmail.com
2
E-mail: giulianacheron@hotmail.com
3
E-mail: sandrodacruz@hotmail.com
2

1. INTRODUÇÃO

O número de idosos tem crescido muito nos últimos anos e com isso os esforços por
parte do governo federal para atender as necessidades específicas desta população em
diversos segmentos. De acordo com o Censo Brasileiro entre 2012 e 2018, a população
brasileira com 65 anos de idade ou mais, cresceu 26%, ao passo que a população de até 13
anos, retrocedeu 6%, conforme os dados da pesquisa: “Características Gerais dos Domicílios
e dos Moradores”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE - 2018).
Ou seja, o Brasil se destaca cada vez mais, como um país com maior número de idosos (Villas
Bôas, 2019).
Assim sendo, o Brasil enquanto federação precisa se organizar na tentativa de
responder às crescentes demandas da população que envelhece rapidamente, até porque
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2025 o Brasil será o sexto país do
mundo em número de idosos, (OPAS/OMS-2005). E, de acordo com a Projeção da População
do IBGE (2018), em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos. Nesse mesmo
estudo, os dados apontam que a partir de 2047 “a população deverá parar de crescer,
contribuindo para com o processo de envelhecimento populacional”, (IBGE, 2018), (Perissé
et. al. 2019). Entretanto, para as nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, como o
Brasil, por exemplo, o envelhecimento populacional poderá se tornar um “problema”, caso
não sejam elaboradas e ou executadas políticas e, ou programas que contemplem os direitos e
necessidades para um envelhecimento digno e sustentável, desse público.
Portanto, com base nessa realidade, pretendeu-se ampliar o conhecimento sobre as
Políticas Públicas existentes em prol do idoso no Brasil, objetivando averiguar o que se tem
feito para garantir qualidade de vida das pessoas da terceira idade, no nosso país, além de
entender o processo histórico e a antropologia do envelhecimento, bem como, os fatores que
levam o idoso ao mercado de trabalho após a aposentadoria.
Nesse intuito, visando uma melhor compreensão deste estudo, o presente artigo foi
dividido em cinco seções a partir desta seção introdutória. Na primeira seção será apresentada
o referencial teórico objetivando expor e explicar os embasamentos da referida pesquisa, bem
como os métodos utilizados para tais fins. A segunda seção apresenta a visão antropológica do
envelhecimento. Na terceira, encontra-se a definição do envelhecimento e algumas
considerações sobre o papel do idoso nas sociedades. Na quarta seção há algumas
considerações sobre as políticas públicas em relação ao idoso no Brasil e, por fim, as seções
de discussão dos resultados e conclusões da pesquisa realizada.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com o dicionário Silveira Bueno (2000), idoso significa “velho, avançado
em anos”. Com o propósito de esboçar o conceito de idoso para uma maior compreensão do
tema selecionado a priori, se tornam cabíveis três indagações. Na primeira, pretendemos
questionar, quem é a pessoa considerada idosa? Posteriormente, como o envelhecimento é
visto pelas diferentes culturas? Por último, a pessoa idosa ocupa qual espaço na sociedade
atual? Diante de tais questionamentos, algumas ponderações serão utilizadas, a fim de
ilustrarmos o assunto. Para tanto, primeiramente tomaremos emprestadas as definições do
autor Jorge José, (UDESC, 1996 p.243 -244), “idosa é a pessoa que tem muita idade; velha é
a pessoa que perdeu a jovialidade”. Ele ressalta ainda que “a idade causa a degenerescência
das células; a velhice causa a degenerescência do espírito.” Em seguida, o autor conclui que:
“por isso, nem todo idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso”.
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Na mesma perspectiva de conceituar a velhice, Veras (2005), faz a seguinte indagação:


“O que é envelhecimento?”. E, posteriormente, o mesmo responde: “Velhice é um termo
impreciso. (...) nada flutua mais do que os limites da velhice em termos de complexidade
fisiológica, psicológica e social”. Mais adiante, o mesmo explica que “do ponto de vista
cultural, a velhice deve ser percebida diferentemente em um país com uma expectativa de 37
anos de vida, como Serra Leoa, e outro de 78 anos de vida, como é o caso do Japão” (1995).
O referido autor apresenta ainda outros dois questionamentos que nos levam a pensar sobre o
assunto. Assim ele questiona: “Uma pessoa é tão velha quanto as suas artérias, quanto seu
cérebro, quanto seu coração, quanto seu moral ou quanto sua situação civil?”. Ou é a forma
que se tem para classificar as pessoas “como velhas” diante de suas peculiaridades?
Diante disso, é até arriscado formarmos uma opinião quanto ao princípio da velhice,
mesmo porque, são diversos os fatores que colaboram para com o envelhecimento. Fatores
esses, que se alteram e se ajustam principalmente por conta das diferenças fisiológicas e
sociais, que são próprios de cada indivíduo, bem como, o próprio padrão de vida estabelecido
ao longo de sua existência. Perante o exposto, na classificação cronológica da Organização
Mundial da Saúde (OMS) observamos que o idoso é um indivíduo com 60 anos de idade ou
mais. Porém, também de acordo com a OMS, essa demarcação cronológica é válida somente
para os países em desenvolvimento, como no caso do Brasil. No entanto, nos países
desenvolvidos admite-se que a pessoa idosa tenha 65 anos de idade. E, portanto, a
denominada terceira idade, ou melhor idade, “vem para aqueles que saibam aproveitar sua
chegada, independentemente do tempo em que se dê por completa” (SINDIJUS/PR. 2018).
Assim sendo, Minayo et. al. (2002, p.20), afirmam que o rápido envelhecimento
populacional, neste novo momento histórico é produzido tanto no Brasil, quanto no mundo, é
resultado da “globalização e da cultura”, principalmente “pelas mudanças que provocam e
pelas potencialidades que encerram.” Segundo os autores o envelhecimento é um fenômeno e,
no entanto, há ainda “pouca reflexão para sua compreensão”. Os mesmos acrescentam ainda
que o envelhecimento é vivenciado de forma distinta e por isso, devem ser considerados, a
história particular e os aspectos estruturais, de cada indivíduo tais como: “classe, gênero e
etnia”, além, das condições básicas de saúde, educação e condições econômicas.
Para Uchôa et. al. (2002) o envelhecimento é um fenômeno universal que causa
problemas corriqueiros, no entanto, estes “podem ser vividos e resolvidos diferentemente nas
diversas culturas”. No caso do Brasil, a concepção de velhos compõe um problema social
principalmente para o Estado, por ser este o “regulador” na vida dos indivíduos desde o
nascimento à morte, tanto, na fase de escolarização, quanto no mercado de trabalho e
aposentadoria.
Em contrapartida, no que se refere à idade do descanso, a contestação da velhice parte
do princípio de que as pessoas dessa faixa etária submergem a sua importância para o
Capitalismo. Esse preceito acontece tanto no campo, quanto na cidade, em todas as partes do
mundo. Logo, Teixeira (2008), conclui que essa é uma realidade brasileira, e, que no
momento em que o trabalhador se depara na condição de velho é rejeitado pelo capital, por
não favorecer a sua condição de sobrevivência causando no indivíduo um sentimento de
inutilidade. Nesse contexto, o idoso é visto pela sociedade capitalista, apenas como
“beneficiário”. Ou seja, aquele que já teve a sua parcela de contribuição pelos serviços
prestados. Isso acontece de tal modo que ao Estado implica em “segundo plano”, que o idoso
se identifique como integrante dessa sociedade de maneira que esse se compreenda como um
personagem social que não tem mais vida profissional ativa, e “faz jus a ser indenizado” pelo
que fez durante a vida produtiva.
Segundo Morais (2008) existem múltiplos fatores que perpetram o envelhecimento,
entre eles entende-se que o fator psicológico seja fundamental na vida dos indivíduos e sobre
tudo para os idosos, pois, grande parte destes perde a sua autonomia e, consecutivamente
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começa apresentar dificuldades para se ajustar à nova fase da vida. Logo, para “envelhecer
bem, é fundamental para o idoso manter-se ativo, física e psicologicamente”.
Contudo, de acordo com Cavalcante (2005) é notório que no contexto social, há uma
cultura de se descartar tudo o que é considerado “velho”. Vive-se, portanto, uma fase onde
tudo se torna ligeiramente obsoleto e, no entanto, aqueles que não acompanharem a
modernidade, tornam-se também, “desinteressantes” como no caso, o idoso.
Portanto, quando ao envelhecer dentro do contexto familiar, implica algumas
consequências em decorrência do processo de saída do idoso do mercado de trabalho, pois
este geralmente passa ser apenas um “participante” da renda familiar. E, se a pessoa idosa
possui uma vida ativa e social e, ou desempenha papéis, e que nele possui uma representação
e ou proeminência, ganha lugar de destaque devido a diferentes situações em que se emoldura
de acordo com a sua especificidade.

3. METODOLOGIA

Para o presente estudo buscamos a abordagem descritiva, de modo que o objeto de


estudo e os procedimentos metodológicos já se encontram definidos, a fim de chegarmos à
resposta, sobre aquilo que pretendemos analisar conforme o tema proposto. Assim, utilizamos
do amparo legal com base nas seguintes Leis: Constituição da República Federativa do Brasil
(CFRB - 1988), a Política Nacional do Idoso (PNI - 1994), o Estatuto do Idoso, de 2003 e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Para a pesquisa bibliográfica optamos por utilizar obras literárias distintas, diversos
artigos os quais abordam temas ligados ao idoso, velhice e ou terceira idade disponíveis no
meio eletrônico, por exemplo, o SCIELO - Scientific Eletronic Library, bem como, os
periódicos: Cadernos Saúde, Boletim dos aposentados e pensionistas SINDIJUS/PR, Revista
dos Tribunais, Revista Retrato, Revista Ágora, entre outros.
A pergunta que deu norte a este estudo partiu da indagação: “O que se tem feito para
garantir qualidade de vida para o idoso, no Brasil?”. Com a finalidade de ponderarmos sobre
esse questionamento, empregamos uma abordagem dialética, usufruindo-se da pesquisa
bibliográfica que segundo Gil (2002, p. 17), é definida como um “procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.
Para tanto, realizamos um estudo sobre o envelhecimento populacional e sua relação
com o planejamento e formulação das políticas públicas. Além dos dados populacionais,
foram analisados alguns indicadores demográficos do nosso país, com base nas projeções do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018).
Desse modo, Fonseca (2002, p. 32), afirma que “a pesquisa bibliográfica é feita a
partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrônicos”. Assim sendo, realizamos um estudo sistematizado dos assuntos já apresentados
visando discorrer sobre o processo histórico e alguns aspectos da visão antropológica do
envelhecimento, o envelhecimento e o papel do idoso nas sociedades e as políticas públicas
existentes em benefício do idoso. Neste caso, empregamos a abordagem qualitativa, para o
tema proposto nos distintos escopos. Optamos então, por utilizar a literatura minuciosa
usufruindo-se também de citações, direta e indireta, das diferentes fontes já nominadas.
Ressaltamos que para uma boa pesquisa bibliográfica é importante a definição do
método a ser utilizado, que de acordo com Vergara, (2006), a qual consiste na intervenção do
pesquisador, cuja atividade mental ocorre ao realizar a tarefa cognitiva da teoria. Logo, o
método utilizado admite ao pesquisador impetrar o objetivo proposto a priori, além de compor
o conjunto das atividades ordenadas e racionais. Entretanto, “a utilização de métodos
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científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de
métodos científicos” como conclui Marconi; Lakatos, (2009).

4. RESULTADOS
4.1. Alguns Aspectos da Visão Antropológica do Envelhecimento

A palavra antropologia é um termo de origem grega, formado por “anthropos” que


quer dizer homem/ser humano e “logos” significa conhecimento. A antropologia, portanto, é
uma ciência que tem como objeto de estudo o ser humano e a humanidade em todas as
dimensões tais como: o universo psíquico, tradições, costumes e rituais, histórias e peculiares,
crenças, valores, linguagens, política, economia, relações de parentesco, entre outros.
Segundo Gusmão (2008), a “antropologia como ciência preocupa-se com a questão das
diferenças e busca propor formas de intervenção sobre a realidade”, com base nas “relações
entre os homens e o mundo social criado por eles”.
De acordo com Guita Grin Debert (1998) a pesquisa antropológica é rica em exemplos
que explicam as fases da vida, como a infância, a adolescência e a velhice. Quanto à velhice a
autora ressalta que ela não se constitui em características substanciais das quais os indivíduos
adquirem com o avanço da idade cronológica e acrescenta ainda que boa parte dos
antropólogos interessados em pesquisar o envelhecimento considera a velhice uma categoria
socialmente produzida.
Segundo Ellen Corin, (1985), os estudos biológicos e fisiológicos do envelhecimento
foram a priori associados à degradação do corpo. Para Okuma (1998), o processo de
envelhecimento humano compõe um “padrão de modificações e não um processo unilateral”.
Ou seja, “é a soma de vários processos entre si, os quais envolvem aspectos biopsicossociais”.
Para a autora, a velhice não é definida somente pela cronologia, “mas pelas condições físicas,
funcionais, mentais e de saúde de cada indivíduo”. Logo, a visão arcaica de que a velhice é
apenas um caso orgânico foi aos poucos ganhando outras conotações. Diante disso, os
aspectos do envelhecimento no contexto antropológico decorrem em diferentes campos,
apresentando expressiva evidência da população em idade avançada e dos prováveis
problemas para a sociedade. Esse fato pode ser confrontado nas estatísticas populacionais que
fundamentam o acrescentamento mundial, de pessoas idosas no percentual da população.
Assim sendo, tanto a velhice quanto o envelhecimento passaram a compor elementos
de reflexão dentro da antropologia e para tanto, se faz necessário situá-los de acordo com os
contextos sociais e culturais. Nesse sentido, Corin (1985), assegura que a antropologia precisa
antes de tudo, questionar sobre os fatores socioculturais específicos e no aperfeiçoamento do
perfil da velhice fundada nos conceitos de detrimento. Nesta perspectiva, a autora recomenda
ainda que se deva pesquisar a influência mútua entre os parâmetros culturais, as descrições
individuais e os marcadores biológicos para tais representações.
Vale ressaltar, que os estudos antropológicos a respeito do envelhecimento são
representados por duas principais tendências de acordo com Corin (1982) e Létourneau
(1989) e, portanto, é uma reprodução tanto do desenvolvimento conceitual, quanto da
reprodução metodológica em antropologia. A primeira abordagem é configurada de forma
estática dos fenômenos socioculturais reagrupando estudos de fatores que definem a posição
social dos idosos em sociedades distintas, além de avaliar o desenvolvimento social sobre o
estatuto das pessoas idosas, Corin, (1982); Fry, (1980); Keith, (1980); Létourneau, (1989). A
segunda tendência é o resultado de estudos holísticos, (do grego holos que significa inteiro ou
todo), e se referente aos seres humanos ou de outros organismos. Por essa razão os
pesquisadores arriscam transpor a particularidade de uma cultura e posteriormente procura
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desvendar como tais informações são relacionadas ao envelhecimento, como são


estabelecidos e constrói significação (Létourneau, 1989; Corin, 1982).
Na linha de estudos publicados em antropologia Meyerhoff e Simic, (1978) salienta
que devem ser considerados os aspectos estruturais, culturais e experienciais do
envelhecimento em sociedades distintas. Nesse caso, o envelhecimento é abordado, por
ambos, como um fato universal ocasionado por problemas comuns. No entanto, estes podem
ser experienciados e resolvidos nas várias culturas de forma diferenciadas. Nessa vertente, o
conjunto de estudos realizados pelos referidos estudiosos propõem observar tanto os
problemas característicos do envelhecimento, quanto às estratégias adaptativas usadas pelos
idosos em adjacência de uma articulação dentre as habilidades próprias do indivíduo e os
recursos do meio.
A respeito dos exemplos culturais diante a manifestação de problemas vinculados à
velhice, Arcand (1989) considera que todas as configurações do envelhecimento são
armazenadas na própria natureza. Geertz (1973) considera a cultura como um universo de
definições e admite aos sujeitos de um mesmo grupo decifrar as suas próprias experiências e
conduzir suas ações. Por conseguinte, essa demarcação ressalva o conhecimento essencial da
cultura na edificação de todos os prodígios humanos tais como: astúcias, anseios e ações.
Assim sendo, a abordagem estática dos fenômenos culturais é suprida por uma
abordagem processual. Nesse caso, o envelhecimento deixa de ser aceito como uma condição
ao qual o indivíduo se submete passivamente, mas como um fenômeno biológico ao qual o
indivíduo reage com fundamento em suas implicações pessoais e culturais Corin, (1982);
Marshall, (1986/ 1987).
Diante dessas reações pessoais e culturais, estão implícitos dois aspectos bastante
distintos de negação da velhice que podem ser ilustrados por Lima (2013). Um deles está
relacionado às práticas existentes utilizadas que tendem a disfarçar os efeitos do
envelhecimento com técnicas de renovação do corpo das identidades e da autoestima.
Conforme Freud, (1913) toda a história da civilização é uma exibição dos caminhos
explorados pelos homens a fim de dominar seus desejos insatisfeitos, ajustados às exigências
tanto da realidade, quanto das modificações nela internalizadas pelos progressos técnicos.
O outro aspecto assinalado refere-se à exclusão social dos idosos que vivem em
situação de dependência, pobreza e abandono. Por isso, nas palavras Mendes, Gusmão, Faro e
Leite, (2005) a pessoa idosa “perde a posição de comando e decisão que estava acostumado a
exercer e as relações entre pais e filhos modificam-se”. Os filhos devem, por conseguinte, ter
responsabilidade pelos seus pais, porém na maioria das vezes, concluem os autores, que estes
“esquecem-se de uma das mais importantes necessidades: a de serem ouvidos”.
Contudo, a experiência adquirida pela vivência, se conquistada de maneira que não
seja pertinente considerar a idade como critério de discriminação, tampouco como condição
para a atuação dos atos da vida, pois a idade cronológica não torna um ser humano menos
cidadão do que o outro. E conforme Rodrigues e Soares (2006), os idosos são transmissores
de crenças e valores e, muito podem contribuir para com a estrutura familiar e para com a
formação de indivíduos conscientes de suas raízes.

4.2. O envelhecimento e o papel do idoso nas sociedades

A representação do envelhecimento tem variado ao longo dos tempos nas diferentes


sociedades. Para Simone de Beauvoir no tratado La Vieillesse (1990), a natureza controlava a
vida dos homens nas sociedades primitivas e raramente estas cuidavam de seus idosos. Os
velhos eram maltratados, abandonados, predispostos a falta de alimentos, de religiosidade e
tradição cultural e, geralmente morriam como animais. Também era muito corriqueiro o
infanticídio e o assassinato dos idosos, nas tribos mais pobres. Nas sociedades mais evoluídas,
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o idoso ocupava lugar de forma mais complexa, tidos como detentores de poderes e nas
sociedades bem-sucedidas e tranquilas os idosos possuíam prestígio e autoridade.
Uma das primeiras representações em relação ao envelhecimento, segundo Matos,
(2006, p.9) é um hieróglifo que foi localizado no Egito, por volta de 2.800-2.700, a.C. Tal
reprodução denota o “velho” ou “envelhecer”, constituído por uma pessoa deitada com
ideograma representativo de fraqueza muscular e perda óssea. Confúcio, 551-479 a.C.,
filósofo chinês, estabeleceu que na família todos devessem obediência aos idosos, uma vez
que os velhos eram detentores de sabedoria. Conforme o taoísmo o desígnio dos homens é a
longevidade. Na Grécia antiga, a ideia de honra estava vinculada à velhice, os idosos
possuíam, portanto, a garantia da propriedade e ocupavam o topo da escala social. Para os
gregos o tempo é Crono que se mistura a Krono, o mais temível deus, que devora seus filhos e
ao mesmo tempo é pai de todos (Beauvoir, 1990).
Na Europa, o período da Renascença, exalta-se a beleza dos corpos, assim os velhos se
tornam mais abomináveis, sobretudo as mulheres. No século XVII, a média de idade das
pessoas era de 20 a 25 anos, de tal modo que, quem chegasse aos 40 era considerado idoso, ou
miserável. Em 1603, a Rainha Elizabeth institui a Lei dos Pobres objetivando combater a
miséria. Com isso, são constituídos hospitais e asilos para cuidar dos velhos e dos doentes,
mas os indigentes eram desamparados, pois os valores do trabalho e do enriquecimento foram
difundidos como virtudes e estes não virtuosos não mereciam ser atendidos (Beauvoir, 1990).
A partir da segunda metade do século XIX, a velhice foi tratada como uma fase da
vida caracterizada pela decadência e pela falta de papéis sociais Debert, (1999). A expressão:
“velho” era utilizada para mencionar às pessoas de privilégios exclusivos ou com o conceito
de “bom pai”. Já no século XIX, na França, a terminação “velhice” destinava-se às pessoas
que não tinham capacidade de garantir sua própria sustentação. Assim, os indivíduos sem
status social eram denominados velhos, vieux, ou vieillard, que significa velhotes. Logo, os
indivíduos idosos ponderados pela sociedade eram titulados de personne âgée, ou seja, pessoa
idosa. No século XX, a família patriarcal submerge com a ascensão da urbanização,
atenuando a consideração da velhice. Os idosos assumem papéis importantes, porém, como
coadjuvantes. Observa-se ainda, uma distinção entre os idosos ricos que sempre tiveram lugar
na sociedade e os idosos pobres sempre foram abandonados (Beauvoir, 1990). Matos (2006)
admite que posterior ao século XX, há uma “pressão social maior” de negação da velhice,
relacionando-a como uma “fase de oposição à produtividade e à juventude” e que no início do
século XXI essa negação persiste, porém no geral as pessoas procuram “disfarçar a idade
física (cronológica),” de forma que aos 65 anos demonstram aspectos de 50 anos; ou seja,
“velho por fora e jovem por dentro”.
Considerando os dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, (2018), o Brasil tem atualmente, cerca de 28 milhões de pessoas idosas. A
população dessa faixa etária cresceu 26% entre 2012 e 2018. “Em seis anos, a parcela de
idosos na população aumenta cada vez mais, enquanto a fatia de jovens diminui”, segundo o
IBGE (2018). Esse percentual tende a duplicar nas próximas décadas, conforme a Projeção da
População publicada por Villas Bôas (2019).
Com esses dados, observa-se atualmente que à medida que as pessoas vivem mais, a
sociedade também sofre consequências provenientes da vida agitada, do avanço tecnológico,
utilização do meio de comunicação, condições econômicas, entre outros fatores. Além, dos
“aspectos demográficos e epidemiológicos, aspectos psicossociais com destaque para a
aposentadoria, a importância da família e as relações interpessoais” (Mendes et. al. 2005), tais
fatores que interferem diretamente na vida social dos idosos. Diante disso, percebe-se a
necessidade de uma “readaptação” social desses indivíduos.
Dentro desta dinâmica, as relações de trabalho também são alteradas e, por isso, um
grande contingente de idosos acabam voltando ao mercado de trabalho, ora por questão
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financeira ou pela necessidade de sentir-se útil mesmo após a aposentadoria. Assim sendo, a
relação entre o processo de envelhecimento, a aposentadoria e o mercado de trabalho para os
idosos estão intimamente ligadas à forma de compreender o envelhecimento, bem como, as
dimensões deste processo na vida de cada sujeito.

4.3. Algumas considerações sobre as políticas públicas ao idoso

As políticas públicas podem ser entendidas como “o conjunto de ações coletivas


voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa
a dar conta de determinada demanda, em diversas áreas” (Guareschi et. al. 2004, p. 180).
Tendo em vista que as Políticas Públicas passam a existir alinhadas às necessidades, basta
retornar ao processo histórico de uma sociedade para compreendê-las. Assim sendo, as
políticas públicas são desenvolvidas especificamente para a promoção e proteção dos direitos.
Sobre as políticas públicas, Secchi (2013), ressalta que:

Uma política pública é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público.
Vejamos essa definição em detalhe: uma política é uma orientação à atividade ou à
passividade de alguém [...]. Uma política pública possui dois elementos
fundamentais: intencionalidade pública e resposta a um problema público; em outras
palavras, a razão para o estabelecimento de uma política pública é o tratamento ou a
resolução de um problema entendido como coletivamente relevante (SECCHI, 2013,
p. 2 e 11).

A primeira conquista catalogada aos direitos dos idosos aconteceu em 10 de dezembro


de 1948, na Assembleia Geral das Nações Unidas, com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Com a qual garante que todas as pessoas “nascem livres e iguais em dignidade e
direitos, que não haverá distinção de raça, sexo, cor, língua, religião, política, riqueza ou de
qualquer outra natureza”, conforme o artigo 25, titulado direitos dos idosos:

Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família
saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e
os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança, em caso de desemprego,
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (artigo 25).

Porém, no Brasil as políticas públicas de atenção aos idosos ganharam expressividade


com alguns modelos históricos aplicados, a partir dos anos 70, desenvolvidos por ordens
religiosas e entidades legais filantrópicas e, alguns artigos no Código Civil (1916), no Código
Penal (1940), no Código Eleitoral (1965) e inúmeros decretos, leis, portarias entre outros,
(Rodrigues, 2001). Até então, apresentavam cunho beneficente e de proteção com a criação de
benefícios não contributivos como as aposentadorias para os trabalhadores rurais e a renda
mensal vitalícia para os necessitados urbanos e rurais com mais de 70 anos que não recebiam
benefício da Previdência Social. Somente em 1994 foi instituída uma política nacional com a
mobilização de diversas organizações da sociedade civil a fim de garantir direitos para que
essa população pudesse envelhecer com qualidade de vida. Dessa forma, Alonso (2005)
afiança que:

O Direito dos Idosos surge como uma alternativa para compensar ou, pelo menos,
minimizar os danos causados por uma organização socioeconômica que não valoriza
o que nós somos, mas aquilo que nós produzimos. E se não produzimos não somos
nada, praticamente não participamos da vida social. (ALONSO, 2005, p.33).
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Contudo, se as políticas públicas consideram o enfrentamento de um problema público


vale observar, as principais leis brasileiras, existentes na defesa da cidadania, como no caso,
da população idosa do Brasil. Para tanto, ressaltam-se a principais leis em vigor que
sustentam tais políticas. Como: A Constituição da República Federativa do Brasil (CFRB), de
5 de outubro de 1988, artigos 5,6,7,14,40,201,203,229 e 230 (Brasil, 2019) da Lei Suprema
do Estado, a Política Nacional do Idoso (PNI), Lei Nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que
dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e da outras
providências e o Estatuto do Idoso, Lei n° 10.471 de 1° de outubro de 2003, Dispõe sobre o
Estatuto do Idoso e dá outras providência; objetivando a garantia dos direitos assegurados às
pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. (Brasil, 2010).
Sobre os princípios, bases dos direitos dos idosos, a Constituição Brasileira, portanto,
apresenta questões respeitáveis, nos quais Dias (2016) comenta que:

A Constituição veda discriminação em razão da idade, bem como assegura especial


proteção ao idoso. Atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de assegurar
sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar, bem como
lhe garantindo o direito à vida (CF 230). É determinada a adoção de políticas de
amparo aos idosos, por meio de programas a serem executados, preferentemente, em
seus lares (CF 230 § 1.º). (DIAS, 2016, p.83).

Vale ressaltar também, que está ao estabelecer direitos à pessoa idosa, como a
seguridade social, beneficia o cidadão e a sua família em situações tais como a velhice, a
doença e o desemprego, e cujo princípio fundamental é a solidariedade. O objetivo principal
desta segurança social é o delegar ao Estado a responsabilidade de instituir um sistema
protetivo de uma rede de assistência ampla de âmbito social, que de acordo com o art. 194,
trata-se de “um conjunto integrado de ações, de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade
destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (CF,
1988). Após a promulgação da Constituição de 1988, outras leis surgiram amparando a pessoa
idosa, entre elas:

Código de Defesa do Consumidor (1990), Estatuto do Ministério Público da


União (1993), Lei Orgânica da Assistência Social – Loas (1993), Política
Nacional do Idoso (1994), Estatuto do Idoso (2003) e Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa (2006).

A Lei nº 8.842, que instituiu a Política Nacional do Idoso (PNI), foi sancionada em 4
de janeiro de 1994 e regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996. Nesta estão
assegurados os direitos sociais e amplo amparo legal ao idoso e estabelece as condições para
promover sua integração, autonomia e participação efetiva na sociedade. A fim de atender às
necessidades básicas da população idosa como: educação, saúde, habitação e urbanismo,
esporte, trabalho, assistência social e previdência, justiça.

Nesse sentido, a Política Nacional do Idoso (PNI), promulgada em 1994 e


regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de 3 de junho de 1996, assegura direitos
sociais à pessoa idosa, ao criar condições para promover sua autonomia, sua
integração e sua participação efetiva na sociedade e reafirmar seu direito à saúde nos
diversos níveis de atendimento do SUS (FERNANDES; SOARES, p. 1.495, 2012).

A partir disso, instituem-se diferentes modalidades de atendimento ao idoso, como:


Centro de Convivência; Centro de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia; Casalar;
Oficina Abrigada de Trabalho; atendimento domiciliar. Define que a atenção ao idoso seja
papel da família, em detrimento da internação em instituições de longa permanência, a menos
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que o idoso não tenha vínculo familiar ou condições de prover a própria subsistência como:
moradia, alimentação, saúde e convivência social. Nessa suposição, serviços nas áreas, social
e da saúde são prestados a ele.
Já o Estatuto do Idoso, (2003), Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, regulamenta
os direitos assegurados a todos os cidadãos a partir dos 60 anos de idade, estabelecendo
também deveres e medidas de punição.

O Estatuto do Idoso, Lei no 10.741, de 1 de outubro de 2003, assume um papel


fundamental na maneira como a velhice é tratada e vista na sociedade brasileira.
Estas concepções de participação denotam uma velhice bastante limitada, digna de
cuidados e de tutela. 29 de jul., de 2010. E, recentemente, o Superior Tribunal de
Justiça em sua primeira seção do dia 22/08/2018 fixou a tese de que, comprovada à
necessidade de assistência permanente de terceiro, é devido o acréscimo de 25%,
previsto no artigo 45 da Lei 8.213/1991, a todas as modalidades de aposentadoria.
(Estatuto do idoso. 2017. 40 p.)

No artigo 3º, dispõe sobre as obrigações familiares e sociais com relação ao idoso.
Afirma que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Estado assegurar à
pessoa idosa a efetivação dos direitos à vida, à educação, à saúde, à alimentação, à educação,
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária. Estabelece a garantia de princípios e direitos
fundamentais à vida e a dignidade humana.
Assim sendo, nos artigos 96 a 106, do Estatuto do idoso, preveem as penas para cada
tipo de detrimento, seja ela de natureza sexual, financeira, psicológica, medicamentosa, de
assistência médica ou alimentar, de ameaça, de cárcere privado, de abandono, de morte, de
espancamento, de coação, de abandono, entre outros. Nesses casos, recomenda que se deva
fazer um Boletim de Ocorrência e apelar ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à
Defensoria Pública, à OAB, ao Conselho do Idoso (Estadual ou Municipal), para que sejam
adotadas as medidas processuais. Na realidade, trata-se de uma conquista para a consolidação
de tais direitos, de maneira especial, proteger e formar uma base para a reivindicação de ação
de todos (família, sociedade e Estado). Assim, o Estatuto do Idoso, Cap.II, Art. 49 prevê que:

As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa


permanência adotarão os seguintes princípios: I Preservação dos vínculos familiares;
II. Atendimento personalizado e em pequenos grupos; III. Manutenção do idoso na
mesma instituição, salvo em caso de força maior; IV. Participação do idoso em
atividades comunitárias, de caráter interno e externo; V. Observância dos direitos e
garantias dos idosos; VI. Preservação da identidade do idoso e oferecimento de
ambiente de respeito e dignidade.

Em síntese, o discurso contemporâneo das políticas de atenção ao idoso, prevê um


remanejamento de atividades, onde deve ser previsto a participação do Estado, da sociedade e
da família nas ações de proteção e assistência. Como também, incentiva à participação dos
setores, público e privado, no desempenho dessas políticas. Por fim, cabe salientar que o
Estatuto do Idoso é um apontamento dinâmico ao subscrever os direitos e deveres e designar
medida repressiva a quem violá-los, devendo ser cumprido e cobrado em de quem tem o
dever de fazer, contra aquele que o transgride.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao trazermos à luz os assuntos abordados a cerca da velhice, tornou-se indispensável


ponderarmos sobre as experiências próprias dessa fase de vida. A velhice é fato. Logo,
envelhecer pode até resultar a limitações, inabilidades, entre outros, todavia, pode-se também
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implicar na abertura de novas perspectivas, concepções e valores. Nesse contexto, concluímos


que seja muito importante ajustar as experiências e influências dos aspectos biológicos,
socioculturais e econômicos, sobretudo os valores éticos, pertinentes ao conjunto social de
forma que estes atendam realmente as necessidades dos idosos e, por conseguinte, um
envelhecimento ativo e qualitativo.
Diante disso, constatamos que o envelhecimento da população brasileira vem
ocorrendo muito rapidamente e que o perfil demográfico dessa população conforme o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi se transformando ao longo dos
tempos. E, de uma população predominante jovem, nos dias atuais, para os vindouros,
perpassam por um contingente cada vez mais significativo de pessoas com 60 anos ou mais de
idade. Compreendemos que as políticas públicas em relação aos idosos no Brasil, tiveram
início no século XX, a partir de 1970 e precisam ainda permear por um processo de
regulamentação para que venham responder adequadamente às especificidades dos idosos,
assim como, às necessidades crescentes da população que envelhece. Assim, compreendendo
e que embora, a legislação brasileira seja relativa aos cuidados da população idosa, na prática
apresenta-se ainda, deficitária. Verificou-se, portanto, que as áreas e os serviços elencados na
base legal brasileira estudada, houve avanços significativos principalmente nas últimas
décadas e reportam ao ideal, mas a insipiência de redes e a não oferta de alguns serviços de
cuidados a essa população, denunciam por si só “algumas brechas” que deverão ser ainda
objetos de reorganização, que uma vez otimizados poderão ser superados, assim como,
referência dos serviços prestados, do acesso e da integralidade da atenção ao idoso.
Assim sendo, diante da realidade explanada até então, faz-se necessário que
compreendamos a complexidade do envelhecimento das pessoas, bem como, as múltiplas
formas de vivenciá-lo e, por conseguinte, que na melhor idade, sejam respeitadas todas as
dimensões, sobretudo, vida digna em sociedade. Desse modo, espera-se que essa população
seja também, cada vez mais ativa, mais capacitada, mais exigente e consciente de suas
necessidades. Portanto, o Brasil precisa se aparelhar cada vez mais para atender as demandas
tanto de saúde, como o do bem-estar dos idosos com políticas e programas que promovam o
envelhecimento digno e sustentável. Por fim, acreditamos que, embora os aspectos
relacionados ao tema proposto não se encontram extenuados, e, que para tanto, prossiga em
evidência e atenção, bem como, as altercações voltadas para a inclusão social do idoso.
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