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RESUMO
ABSTRACT
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E-mail: orzycarvalho@hotmail.com
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1. INTRODUÇÃO
O número de idosos tem crescido muito nos últimos anos e com isso os esforços por
parte do governo federal para atender as necessidades específicas desta população em
diversos segmentos. De acordo com o Censo Brasileiro entre 2012 e 2018, a população
brasileira com 65 anos de idade ou mais, cresceu 26%, ao passo que a população de até 13
anos, retrocedeu 6%, conforme os dados da pesquisa: “Características Gerais dos Domicílios
e dos Moradores”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE - 2018).
Ou seja, o Brasil se destaca cada vez mais, como um país com maior número de idosos (Villas
Bôas, 2019).
Assim sendo, o Brasil enquanto federação precisa se organizar na tentativa de
responder às crescentes demandas da população que envelhece rapidamente, até porque
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2025 o Brasil será o sexto país do
mundo em número de idosos, (OPAS/OMS-2005). E, de acordo com a Projeção da População
do IBGE (2018), em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos. Nesse mesmo
estudo, os dados apontam que a partir de 2047 “a população deverá parar de crescer,
contribuindo para com o processo de envelhecimento populacional”, (IBGE, 2018), (Perissé
et. al. 2019). Entretanto, para as nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, como o
Brasil, por exemplo, o envelhecimento populacional poderá se tornar um “problema”, caso
não sejam elaboradas e ou executadas políticas e, ou programas que contemplem os direitos e
necessidades para um envelhecimento digno e sustentável, desse público.
Portanto, com base nessa realidade, pretendeu-se ampliar o conhecimento sobre as
Políticas Públicas existentes em prol do idoso no Brasil, objetivando averiguar o que se tem
feito para garantir qualidade de vida das pessoas da terceira idade, no nosso país, além de
entender o processo histórico e a antropologia do envelhecimento, bem como, os fatores que
levam o idoso ao mercado de trabalho após a aposentadoria.
Nesse intuito, visando uma melhor compreensão deste estudo, o presente artigo foi
dividido em cinco seções a partir desta seção introdutória. Na primeira seção será apresentada
o referencial teórico objetivando expor e explicar os embasamentos da referida pesquisa, bem
como os métodos utilizados para tais fins. A segunda seção apresenta a visão antropológica do
envelhecimento. Na terceira, encontra-se a definição do envelhecimento e algumas
considerações sobre o papel do idoso nas sociedades. Na quarta seção há algumas
considerações sobre as políticas públicas em relação ao idoso no Brasil e, por fim, as seções
de discussão dos resultados e conclusões da pesquisa realizada.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com o dicionário Silveira Bueno (2000), idoso significa “velho, avançado
em anos”. Com o propósito de esboçar o conceito de idoso para uma maior compreensão do
tema selecionado a priori, se tornam cabíveis três indagações. Na primeira, pretendemos
questionar, quem é a pessoa considerada idosa? Posteriormente, como o envelhecimento é
visto pelas diferentes culturas? Por último, a pessoa idosa ocupa qual espaço na sociedade
atual? Diante de tais questionamentos, algumas ponderações serão utilizadas, a fim de
ilustrarmos o assunto. Para tanto, primeiramente tomaremos emprestadas as definições do
autor Jorge José, (UDESC, 1996 p.243 -244), “idosa é a pessoa que tem muita idade; velha é
a pessoa que perdeu a jovialidade”. Ele ressalta ainda que “a idade causa a degenerescência
das células; a velhice causa a degenerescência do espírito.” Em seguida, o autor conclui que:
“por isso, nem todo idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso”.
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começa apresentar dificuldades para se ajustar à nova fase da vida. Logo, para “envelhecer
bem, é fundamental para o idoso manter-se ativo, física e psicologicamente”.
Contudo, de acordo com Cavalcante (2005) é notório que no contexto social, há uma
cultura de se descartar tudo o que é considerado “velho”. Vive-se, portanto, uma fase onde
tudo se torna ligeiramente obsoleto e, no entanto, aqueles que não acompanharem a
modernidade, tornam-se também, “desinteressantes” como no caso, o idoso.
Portanto, quando ao envelhecer dentro do contexto familiar, implica algumas
consequências em decorrência do processo de saída do idoso do mercado de trabalho, pois
este geralmente passa ser apenas um “participante” da renda familiar. E, se a pessoa idosa
possui uma vida ativa e social e, ou desempenha papéis, e que nele possui uma representação
e ou proeminência, ganha lugar de destaque devido a diferentes situações em que se emoldura
de acordo com a sua especificidade.
3. METODOLOGIA
científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de
métodos científicos” como conclui Marconi; Lakatos, (2009).
4. RESULTADOS
4.1. Alguns Aspectos da Visão Antropológica do Envelhecimento
o idoso ocupava lugar de forma mais complexa, tidos como detentores de poderes e nas
sociedades bem-sucedidas e tranquilas os idosos possuíam prestígio e autoridade.
Uma das primeiras representações em relação ao envelhecimento, segundo Matos,
(2006, p.9) é um hieróglifo que foi localizado no Egito, por volta de 2.800-2.700, a.C. Tal
reprodução denota o “velho” ou “envelhecer”, constituído por uma pessoa deitada com
ideograma representativo de fraqueza muscular e perda óssea. Confúcio, 551-479 a.C.,
filósofo chinês, estabeleceu que na família todos devessem obediência aos idosos, uma vez
que os velhos eram detentores de sabedoria. Conforme o taoísmo o desígnio dos homens é a
longevidade. Na Grécia antiga, a ideia de honra estava vinculada à velhice, os idosos
possuíam, portanto, a garantia da propriedade e ocupavam o topo da escala social. Para os
gregos o tempo é Crono que se mistura a Krono, o mais temível deus, que devora seus filhos e
ao mesmo tempo é pai de todos (Beauvoir, 1990).
Na Europa, o período da Renascença, exalta-se a beleza dos corpos, assim os velhos se
tornam mais abomináveis, sobretudo as mulheres. No século XVII, a média de idade das
pessoas era de 20 a 25 anos, de tal modo que, quem chegasse aos 40 era considerado idoso, ou
miserável. Em 1603, a Rainha Elizabeth institui a Lei dos Pobres objetivando combater a
miséria. Com isso, são constituídos hospitais e asilos para cuidar dos velhos e dos doentes,
mas os indigentes eram desamparados, pois os valores do trabalho e do enriquecimento foram
difundidos como virtudes e estes não virtuosos não mereciam ser atendidos (Beauvoir, 1990).
A partir da segunda metade do século XIX, a velhice foi tratada como uma fase da
vida caracterizada pela decadência e pela falta de papéis sociais Debert, (1999). A expressão:
“velho” era utilizada para mencionar às pessoas de privilégios exclusivos ou com o conceito
de “bom pai”. Já no século XIX, na França, a terminação “velhice” destinava-se às pessoas
que não tinham capacidade de garantir sua própria sustentação. Assim, os indivíduos sem
status social eram denominados velhos, vieux, ou vieillard, que significa velhotes. Logo, os
indivíduos idosos ponderados pela sociedade eram titulados de personne âgée, ou seja, pessoa
idosa. No século XX, a família patriarcal submerge com a ascensão da urbanização,
atenuando a consideração da velhice. Os idosos assumem papéis importantes, porém, como
coadjuvantes. Observa-se ainda, uma distinção entre os idosos ricos que sempre tiveram lugar
na sociedade e os idosos pobres sempre foram abandonados (Beauvoir, 1990). Matos (2006)
admite que posterior ao século XX, há uma “pressão social maior” de negação da velhice,
relacionando-a como uma “fase de oposição à produtividade e à juventude” e que no início do
século XXI essa negação persiste, porém no geral as pessoas procuram “disfarçar a idade
física (cronológica),” de forma que aos 65 anos demonstram aspectos de 50 anos; ou seja,
“velho por fora e jovem por dentro”.
Considerando os dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, (2018), o Brasil tem atualmente, cerca de 28 milhões de pessoas idosas. A
população dessa faixa etária cresceu 26% entre 2012 e 2018. “Em seis anos, a parcela de
idosos na população aumenta cada vez mais, enquanto a fatia de jovens diminui”, segundo o
IBGE (2018). Esse percentual tende a duplicar nas próximas décadas, conforme a Projeção da
População publicada por Villas Bôas (2019).
Com esses dados, observa-se atualmente que à medida que as pessoas vivem mais, a
sociedade também sofre consequências provenientes da vida agitada, do avanço tecnológico,
utilização do meio de comunicação, condições econômicas, entre outros fatores. Além, dos
“aspectos demográficos e epidemiológicos, aspectos psicossociais com destaque para a
aposentadoria, a importância da família e as relações interpessoais” (Mendes et. al. 2005), tais
fatores que interferem diretamente na vida social dos idosos. Diante disso, percebe-se a
necessidade de uma “readaptação” social desses indivíduos.
Dentro desta dinâmica, as relações de trabalho também são alteradas e, por isso, um
grande contingente de idosos acabam voltando ao mercado de trabalho, ora por questão
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financeira ou pela necessidade de sentir-se útil mesmo após a aposentadoria. Assim sendo, a
relação entre o processo de envelhecimento, a aposentadoria e o mercado de trabalho para os
idosos estão intimamente ligadas à forma de compreender o envelhecimento, bem como, as
dimensões deste processo na vida de cada sujeito.
Uma política pública é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público.
Vejamos essa definição em detalhe: uma política é uma orientação à atividade ou à
passividade de alguém [...]. Uma política pública possui dois elementos
fundamentais: intencionalidade pública e resposta a um problema público; em outras
palavras, a razão para o estabelecimento de uma política pública é o tratamento ou a
resolução de um problema entendido como coletivamente relevante (SECCHI, 2013,
p. 2 e 11).
Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família
saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e
os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança, em caso de desemprego,
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (artigo 25).
O Direito dos Idosos surge como uma alternativa para compensar ou, pelo menos,
minimizar os danos causados por uma organização socioeconômica que não valoriza
o que nós somos, mas aquilo que nós produzimos. E se não produzimos não somos
nada, praticamente não participamos da vida social. (ALONSO, 2005, p.33).
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Vale ressaltar também, que está ao estabelecer direitos à pessoa idosa, como a
seguridade social, beneficia o cidadão e a sua família em situações tais como a velhice, a
doença e o desemprego, e cujo princípio fundamental é a solidariedade. O objetivo principal
desta segurança social é o delegar ao Estado a responsabilidade de instituir um sistema
protetivo de uma rede de assistência ampla de âmbito social, que de acordo com o art. 194,
trata-se de “um conjunto integrado de ações, de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade
destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (CF,
1988). Após a promulgação da Constituição de 1988, outras leis surgiram amparando a pessoa
idosa, entre elas:
A Lei nº 8.842, que instituiu a Política Nacional do Idoso (PNI), foi sancionada em 4
de janeiro de 1994 e regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996. Nesta estão
assegurados os direitos sociais e amplo amparo legal ao idoso e estabelece as condições para
promover sua integração, autonomia e participação efetiva na sociedade. A fim de atender às
necessidades básicas da população idosa como: educação, saúde, habitação e urbanismo,
esporte, trabalho, assistência social e previdência, justiça.
que o idoso não tenha vínculo familiar ou condições de prover a própria subsistência como:
moradia, alimentação, saúde e convivência social. Nessa suposição, serviços nas áreas, social
e da saúde são prestados a ele.
Já o Estatuto do Idoso, (2003), Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, regulamenta
os direitos assegurados a todos os cidadãos a partir dos 60 anos de idade, estabelecendo
também deveres e medidas de punição.
No artigo 3º, dispõe sobre as obrigações familiares e sociais com relação ao idoso.
Afirma que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Estado assegurar à
pessoa idosa a efetivação dos direitos à vida, à educação, à saúde, à alimentação, à educação,
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária. Estabelece a garantia de princípios e direitos
fundamentais à vida e a dignidade humana.
Assim sendo, nos artigos 96 a 106, do Estatuto do idoso, preveem as penas para cada
tipo de detrimento, seja ela de natureza sexual, financeira, psicológica, medicamentosa, de
assistência médica ou alimentar, de ameaça, de cárcere privado, de abandono, de morte, de
espancamento, de coação, de abandono, entre outros. Nesses casos, recomenda que se deva
fazer um Boletim de Ocorrência e apelar ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à
Defensoria Pública, à OAB, ao Conselho do Idoso (Estadual ou Municipal), para que sejam
adotadas as medidas processuais. Na realidade, trata-se de uma conquista para a consolidação
de tais direitos, de maneira especial, proteger e formar uma base para a reivindicação de ação
de todos (família, sociedade e Estado). Assim, o Estatuto do Idoso, Cap.II, Art. 49 prevê que:
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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