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Desafios para a valorização

dos idosos no Brasil


Desafios para a valorização dos idosos no Brasil

 As novas projeções demográficas divulgadas pela Divisão de População


da ONU (revisão 2019) deixaram claro que o processo de envelhecimento
populacional caminha a passos largos no mundo e de maneira muito mais
acelerada no Brasil.

 Uma forma de aferir quantitativamente o envelhecimento populacional


é por meio do Índice de Envelhecimento (IE) que mede a relação entre a
população idosa e a população jovem de 0 a 14 anos de idade. (...)
 O gráfico abaixo mostra o Índice de Envelhecimento para o Brasil, entre 1950 e 2100;

 Nota-se que em 1950 havia somente 11,7 idosos de 60 anos e mais, para cada 100
jovens de 0 a 14 anos na população brasileira, 7,2 idosos de 65 anos e mais para cada
100 jovens e menos de 1 idoso de 80 anos e mais para cada 100 jovens.

 O Brasil será considerado um país idoso em 2030, se consideramos os idosos de 60


anos e mais;

 Considerando os idosos na categoria 65 anos e mais passará a ter uma estrutura


envelhecida em 2038;

 E o mais impressionante é que, considerando as pessoas da “quarta idade”, o IE


ultrapassará 100 no ano de 2077, quando o Brasil terá mais idosos de 80 anos e mais
do que jovens de 0 a 14 anos.
 O Brasil não se preparou para o envelhecimento da população e não tem
estrutura adequada para garantir dignidade e autonomia aos idosos;

 Não faltam políticas brasileiras para garantir o bem-estar do idoso. No entanto,


leis como a Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003,
não foram colocadas em prática pelos governos municipais, estaduais e federal;

 “No Brasil, o arcabouço legal é avançado, mas o país envelheceu sem estar
preparado”, disse Maria Angélica, pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj);

• Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 –, que é considerado uma


das maiores conquistas dos direitos dos idosos no Brasil;
 A lei estabelece que é dever do Estado viabilizar políticas públicas para um
envelhecimento saudável e garantir aos idosos o “direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
dignidade”.
 Um dos reflexos da falta de condições adequadas de moradia para os mais velhos;

 No Brasil, além da ajuda para o idoso continuar morando sozinho, deveriam ser
criadas mais unidades com profissionais de várias áreas, onde as famílias pudessem
deixar os idosos de dia e buscar a noite, os chamados “centros-dia”;

 Na opinião da especialista, essas opções desafogam as superlotadas instituições


públicas de longa permanência, cuja maioria não tem infraestrutura adequada;

 “As instituições filantrópicas mais baratas são mal equipadas, têm equipes
despreparadas, algumas são mantidas por instituições religiosas que não têm muitos
recursos, e a situação é lastimável”, concluiu.
 A pesquisa intitulada “Panorama dos idosos beneficiários de planos de saúde no
Brasil”, realizada pelo Instituto de Estudos em Saúde Suplementar (IESS) em
março de 2020 revela que:
• cerca de 6,6 milhões de idosos com mais de 60 anos possuíam planos de saúde
de assistência médico-hospitalar no Brasil, o que representa apenas 14% do total
de beneficiários da saúde suplementar e 22% da população brasileira idosa;

 De acordo com o levantamento, esses idosos são de classe média alta e se


concentram nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Essa pesquisa demonstra
que há uma grande parcela da população que não se enquadra nesse perfil e que
depende unicamente do sistema público de saúde do país (o SUS).
• Para um país que até recentemente era jovem, esse envelhecimento surpreende
toda uma nação despreparada para lidar com os idosos, ainda desatenta em
relação a essa faixa etária e cheia de preconceitos;

• É preciso observar o que o trabalhador mais velho pode oferecer de melhor


ao mercado, como experiência e a maturidade emocional;

• Estudos mostram, inclusive, o crescimento do número de homens com mais


de cinquenta anos que nem estão trabalhando e nem estão aposentados.
Como o mercado pode reabsorver esses trabalhadores?
• “No entanto, ele [preconceito] é mais acentuado para os mais velhos, devido a
estereótipos, de que eles são desatualizados, desconectados da tecnologia e
não acompanharam as mudanças. Mas isso não está ligado à idade, mas às
oportunidades de cada um”, completou Maturi Fabiana Granzotti;

• Segundo ela, o preconceito contra pessoas mais velhas interfere em todas as


idades – como uma pessoa vista como jovem demais para ocupar um cargo de
liderança, por exemplo;

• Fabiana, que comanda uma empresa especializada no tema, afirma que o


Brasil já tem 37,7 milhões de idosos, que estão aptos a contribuir de
diversas formas para o mercado de trabalho, incluindo a mentoria;
• “Ela [mentoria] é muito positiva, uma pessoa com mais experiência passou
inclusive por situações mais difíceis, pode contribuir para aqueles que estão
começando agora no mercado de trabalho, que não conseguem ter visão mais
sistêmica, e os jovens, por outro lado, que já nasceram conectados,
conseguem dar o suporte tecnológico”.
• Conforme descrito no Relatório Mundial sobre Idadismo, da
Organização Mundial da Saúde (OMS), o etarismo se refere a “estereótipos
(como pensamos), preconceitos (como nos sentimos) e discriminação
(como agimos) direcionadas às pessoas com base na idade que têm”;

• Segundo a médica e presidente da


Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Ivete Berkenbrock, o
etarismo aumenta a cada ano que a pessoa envelhece, tendo consequências
até mesmo psicológicas;

• “O preconceito afeta a saúde mental da pessoa, porque ela tende a ficar


em isolamento, não se sente confortável no ambiente onde ela é basicamente
rejeitada por de ter mais de 60 anos. Isso pode levar à depressão, porque a
cada vez que a pessoa pensa em fazer algo, ela interioriza isso”.
• Além do impacto na saúde mental da população idosa, o etarismo
também afeta o cotidiano;
• Em entrevista, Ivete explicou que atividades de lazer e locais para prática
de atividade física, por exemplo, não contam com acessibilidade;
• Para a especialista, promover acesso apenas à área da saúde é uma forma
de resumir os idosos às doenças, negligenciando a realização de seus
prazeres;
• Ainda assim, a saúde da pessoa idosa também é algo a se orgulhar: “O
aumento da longevidade é a maior conquista coletiva da humanidade
nos últimos tempos. Isso é um privilégio e mostra o quanto nós já
fomos capazes de vencer doenças infecciosas, de passar por guerras e
fenômenos climáticos, de vencer doenças”, afirmou Ivete.;
• Conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2019 a expectativa de vida no Brasil era de 76,6 anos.
• (...) números do Ministério da Justiça e Cidadania sobre a violação de
direitos da população idosa:

• - 77% das denúncias são por negligência;


• - 51% por violência psicológica;
• - 38% por abuso financeiro e econômico ou violência patrimonial;
• - 26% por violência física e maus tratos.

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