Você está na página 1de 28

nós sabemos sobre

envelhecimento?
Uma análise sobre os aspectos sociais, políticos
e democráficos.

Nathália e Thayná
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é realizar uma análise crítica sobre a temática do
envelhecimento humano. Para isso será utilizado como referencial o método crítico
dialético, com destaque na categoria trabalho. A partir disso, traremos alguns dados
e veremos a relação do exercício profissional com a temática dentro do atual
contexto de contrarreformas e superexploração.
envelhecimento
O processo de envelhecimento extrapola a condição de mero ciclo biológico
condicionado no tempo. Este deve ser tratado com um olhar de totalidade,
analisando os contextos sócio-históricos, políticos e econômicos. Desnaturalizando
a ideia de que o envelhecimento ocorre de modo linear e homogêneo. Considerando
que o processo de envelhecimento se polariza nas relações de classe, ou seja, o
envelhecimento da classe trabalhadora é profundamente desigual ao da classe
burguesa, em se tratando de uma sociedade capitalista, como é o caso do Brasil,
onde as condições e os interesses são opostos.
Envelhecimento
Existem muitos modos de envelhecer, todavia enraizados em dois aspectos
fundamentais, os quais se constituem a partir da divisão de classe social entre
burguesia e proletariado.

Produção X Reprodução
Envelhecimento
Nas sociedades industriais capitalistas temos a classe da burguesia, proprietária dos
meios de produção e do outro lado o proletariado, que vende sua força de trabalho.
A burguesia faz o investimento de capital, que é valorizado mediante a extração de
um sobretabalho não pago do proletariado/ trabalhadores, os quais são obrigados a
vender sua força de trabalho para sobreviver, visto ser a única riqueza que possuem;

A classe trabalhadora, ao envelhecer, perde o valor de uso para o capital, cuja lógica
de acumulação é estruturalmente geradora de desigualdades sociais, expressas na
pobreza, no desemprego e no aumento da população excedente.
Envelhecimento
O envelhecimento reflete o modo como se viveu da infância à vida adulta. Se as
condições objetivas e subjetivas de vida possibilitaram suprir as necessidades
físicas, psíquicas e sociais de indivíduos e grupos, certamente, estes conseguirão
alcançar maior longevidade, a qual poderá ser desfrutada com mais saúde e
satisfação pessoal. Contudo, no inverso disso ocorrem situações acentuadas de
sofrimento físico e psíquico, que podem resultar na interrupção prematura da
existência.
envelhecimento
Essas desigualdades sociais são reproduzidas e ampliadas no envelhecimento do
trabalhador, geralmente, para os trabalhadores pobres, cuja trajetória foi marcada
por piores condições de vida e trabalho.
(Teixeira, 2010 p. 67).
O Trabalhador Mais Velho do Mundo
Walter Orthmann
Reportagem: Há 84 anos trabalhando na mesma
empresa, Walter Orthmann bate recorde mundial
O Trabalhador Mais Velho do Mundo

"O Trabalho Dignifica o Homem!"


A Proteção Legal para pESSOA Idosa
Expansão da rede de proteção social com a Constituição Federal de 1988;
Promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social, que prevê o Benefício de
Prestação Continuada;
Política Nacional do Idoso, potencializou a autonomia e partipação social deste
segmento;
Política de Saúde que, com destaque para o idoso, estabeleceu a prevenção e a
promoção da saúde;
Estatuto do Idoso, em 2003, trouxe a garantia do
atendimento prioritário na saúde e na assistência social;
Também prescreve sanções aos transgressores à questão da
violência sofrida pelos idosos.
A Proteção Legal para pESSOA Idosa
Ao lado veremos alguns dos direitos
previstos no Estatuto do Idoso.
ENVELHECIMENTO E PERSPECTIVA CRÍTICA
A narrativa utilizada em inúmeras propostas de trabalho social com idosos é o
aprendizado para envelhecer com qualidade de vida, que se contraria diante das
reais experiências de vida e de subsistência, muitas vezes, relegadas a mínimos
sociais;
Estas propostas esvaziam-se de sentido por ocultar as contradições e os conflitos
existentes na ordem do capital, no que se refere às condições objetivas da classe
trabalhadora em ter satisfeitas as suas necessidades humano-sociais.
ENVELHECIMENTO E PERSPECTIVA CRÍTICA
Na sociedade capitalista, os valores encontram-se amarrados nas relações de
competitividade e do culto à juventude Sendo assim, a velhice simboliza um
antagonismo à ideologia dominante;
Deslegitimar uma visão naturalizadora da velhice, que ignora a divisão de classes,
uma vez que o modo como se vive e se envelhece é um reflexo dessas condições
econômico-sociais;
A miséria, a pobreza, a fome, as doenças, a negligência familiar e o abandono
social podem intensificar a situação de vulnerabilidades das pessoas idosas;
Falar de envelhecimento é perceber que existem maneiras diferentes de viver e de
morrer.
ENVELHECIMENTO E PERSPECTIVA CRÍTICA
A condição de classe é um dos diferenciadores das experiências do
envelhecimento. Um abismo separa o envelhecimento da classe dominante — que
sempre foi longeva — da classe trabalhadora;
Em relação à superpopulação relativa - termo cunhado por Marx (1982), existe o
que se chama de “[...] asilo dos inválidos do exército ativo dos trabalhadores e o
peso morto do exército industrial de reserva”;
As frações da classe trabalhadora que compõem essa superpopulação relativa
terão a velhice marcada por maiores vulnerabilidades e desigualdades, que
incidem nas estruturas biológica e psicológica.
Envelhecimento e Perspectiva Critica
Desfrutar de condições que possibilitaram suprir as necessidades físicas,
psíquicas e sociais conduz a uma longevidade com mais saúde e satisfação
pessoal;
Se as condições objetivas e subjetivas de vida possibilitaram suprir as
necessidades físicas, psíquicas e sociais de indivíduos e grupos, certamente, estes
conseguirão alcançar maior longevidade, a qual pode ser desfrutada com mais
saúde e satisfação pessoal;
Contudo, na falta de atendimento às condições essenciais à vida, a condição de
penúria acentua o sofrimento físico e psíquico, o que pode resultar na interrupção
prematura da existência.
estereótipos e preconceitos em relação ao
envelhecimento
O cenário do envelhecimento no Brasil
No Brasil, estima-se que a população idosa tenha alcançado a marca de 30,2
milhões de pessoas (IBGE, 2017). Isso representa um avanço social em termos do
aumento da expectativa de vida e expressa uma significativa melhoria nas
condições de vida desse segmento social;
O censo do IBGE (2010) registrou na época quase 30.000 pessoas centenárias;
De acordo com o IBGE, a maioria da população idosa é constituída por mulheres
(56% do total de idosos). As mulheres vivem, em média, sete anos a mais que os
homens.
O cenário do envelhecimento no Brasil
Estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul são os que
possuem o maior número de idosos;
O Amapá apareceu como o Estado com o menor percentual (7,2%);
Em 2011, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República,
identificou que a expectativa de vida do brasileiro aumentou em média para 74
anos;
Houve um aumento na autodeclaração de pretos e pardos no período entre 2012 e
2017: os que se declararam pretos foram de 7,4% para 8,6%; os pardos de 45,3%
para 46,8%.
O cenário do envelhecimento no Brasil
Há uma projeção de que em 2025 o país ocupará o 6o lugar no ranking de maior
população idosa no planeta;
De acordo com o IBGE, 2017, houve um aumento de pessoas idosas vivendo
sozinhas no domicílio, representando mais de 6,7 milhões;
Os dados levantados pelo IBGE, 2017 também apontaram para um incremento
na renda e no consumo das pessoas idosas. Propiciado pelas políticas sociais,
em especial, através dos benefícios previdenciários e da assistência social,
sobretudo para os mais pobres;
84,4% dos idosos comparecem com mais da metade da renda de suas famílias.
O cenário do envelhecimento no Brasil
Mais de 50% dessa população não teve acesso à escolaridade ou completou
apenas o primeiro ano do ensino fundamental;
Os idosos brasileiros vivem densamente nas regiões urbanas em detrimento
das áreas rurais, numa proporção de 21 milhões contra 3,8 milhões (IBGE,
2017).
O Cenário do Envelhecimento no Brasil
IBGE | Projeção da população | Simulação

https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/box_piramideplay.php
a contrarreforma neoliberal e seu impacto nas
políticas sociais
O ideário neoliberal nos países latino-americanos trouxe como resultado um
afastamento da ação do Estado no atendimento das demandas que a família
apresenta;
Apesar dos avanços, aponta-se para uma desproteção social da pessoa idosa frente
à pauperização e à exploração promovida pela reestruturação produtiva do capital;
A superexploração, a superpopulação relativa e os desmontes dos sistemas de
proteção social afetará as diferentes gerações, tanto os que hoje são jovens, quanto
os que já são velhos.
a contrarreforma neoliberal e seu impacto nas
políticas sociais
Esse contexto sócio-histórico de regressão dos direitos sociais foi promovido pela
ofensiva conservadora e neoliberal e desencadeado a partir de maio de 2016. Em
2022, ele já demonstra os seus efeitos;
Um exemplo, é a forte incidência ideológica de que é possível deter os efeitos mais
deletérios do envelhecimento por mudanças de hábitos, comportamentos e estilos
de vida;
Essa falsa crença enfrenta limites, dados os baixos valores da aposentadoria, o
retorno ao trabalho na condição informal ou precarizado, os cortes de benefícios, a
limitação no acesso aos serviços públicos, dentre outros.
a contrarreforma neoliberal e seu impacto nas
políticas sociais
As receitas geontológicas de "faça da sua velhice uma terceira idade" mascaram as
formas mais difíceis de envelhecer, como aquela que depende exclusivamente de
cuidados e é marcada pela pobreza extrema;
Além disso, tratam as questões sociais em torno do envelhecimento como
individuais e resultantes da incapacidade das pessoas de gerirem os riscos sociais e
naturais da existência, e não como uma questão de políticas públicas;
Ainda, em nome de uma suposta valorização e do reforça da solidariedade
intergeracional, retomam para os indivíduos e as famílias as responsabilidades
pelas condições em que envelhecem.
a contrarreforma neoliberal e seu impacto nas
políticas sociais
Ocorre também a promoção da centralidade na família;
O reforço do familismo potencializa os recursos familiares no cuidado e na
assistência aos seus membros, incluindo os idosos, ao invés de serem fontes de
apoio, de assistência e cuidados para amenizar e diminuir os custos relativos a essas
fontes;
Consequentemente, a proteção social passa a ser restrita aos mais pobres, ocorrendo
em parceria com ONGs, família, vizinhança e outros modos informais.
a contrarreforma neoliberal e seu impacto nas
políticas sociais
Nesse cenário, recairão sobre os próprios indivíduos e suas famílias as
responsabilidades pela proteção social diante da precarização (por falta de
investimentos) das políticas sociais;
Mesmo com esse quadro, a população nos países dependentes vem conseguindo
envelhecer, em proporção rápida, em relação aos países centrais;
Esse fenômeno mundial se deve ao antigo avanço do sistema de proteção social, que
permitiu que avanços da medicina fossem socializados e chegassem à população:
campanhas de saúde, vacinação, combate a endemias, distribuição gratuita de
remédios, acesso ao sistema público de saúde de forma gratuita e às políticas de
transferência de renda.
Referências
ESCORSIM, Silvana. O envelhecimento no Brasil: aspectos sociais,
políticos e demográficos em análise, São Paulo: Serv. Soc. Soc. 2021.

TEIXEIRA, Solange. Envelhecimento em contexto de superexploração


e contrarreformas, São Paulo: Serv. Soc. Soc. 2021.

TEIXEIRA, Solange. Serviço Social e Envelhecimento, Piauí:


EDUFPI.2020.
OBRIGADA!

Você também pode gostar