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SETORIAIS III
Introdução
Pela primeira vez na história brasileira, as análises sociográficas apon-
tam para o envelhecimento populacional. A expectativa é que o País,
durante décadas considerado “o país do futuro”, justamente por sua
alta proporção de pessoas jovens e crianças, progressivamente torne-
-se idoso, seguindo o processo que acontece em todo o Planeta. Esse
processo se caracteriza pelo aumento do número de idosos compo-
nentes do tecido social, pela diminuição das taxas de natalidade e
pelo aumento da expectativa de vida.
Neste capítulo, você vai estudar o processo de envelhecimento po-
pulacional e as particularidades que ele assume no Brasil e no mundo.
Você também vai conhecer as novas demandas sociais que emergem
desse processo, especialmente aquelas relacionadas à família e aos
papéis sociais familiares. Além disso, você vai ver as consequências
sociais e econômicas do envelhecimento populacional na conjuntura
brasileira.
2 Envelhecimento populacional
Interpretações e projeções
No Brasil, historicamente, o número de nascimentos e de pessoas jovens era
maior do que o número de pessoas adultas e de idosos, caracterizando uma
sociedade “rejuvenescida” (IBGE, 2016; 2018). Contudo, no século XXI,
a expectativa de vida vem aumentando consideravelmente, alterando pela
primeira vez o formato da pirâmide populacional brasileira. Atualmente,
essa pirâmide indica um processo de envelhecimento populacional gerado
por dois fatores: o aumento da expectativa de vida e o aumento do percentual
de pessoas idosas, paralelamente a uma queda no número de nascimentos.
O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, mas que chega
de forma diversa em diferentes sociedades. Ele é a expressão de alterações
estruturais e sociopolíticas que modificam a dinâmica de nascimentos e mortes,
as políticas sociais voltadas à saúde e à liberdade reprodutiva, bem como as
políticas de seguridade social e assistência (SOUZA, 2003).
O controle demográfico está diretamente associado ao desenvolvimento
de um Estado. Na dinâmica entre sociedade e instituições de poder, sujeitos
sociais são, para as instituições, recursos e, ao mesmo tempo, fonte de de-
manda. Eles são recursos produtivos pois empregam a sua força de trabalho
na produção de bens que serão acumulados; e são recursos políticos quando
direcionados a conflitos bélicos. Na Antiguidade Clássica Grega, conflitos
bélicos eram utilizados como forma de aliviar a pressão demográfica quando
o contingente populacional superava a produção de alimentos e colocava em
risco o equilíbrio das cidades-estado.
Até a década de 1990, o Brasil era um país jovem. A base da sua pirâmide
sociográfica mostrava um percentual mais significativo de nascimentos, ex-
pressos em crianças, adolescentes e jovens adultos, do que de adultos e idosos.
Mas, como você viu, esse cenário vem se transformando. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2050, a pirâmide
sociográfica brasileira será alterada, e o contingente populacional de idosos
transformará o Brasil num “país idoso” (IBGE, 2008; 2016).
Mas o que é ser idoso? No Brasil, tanto a Política Nacional do Idoso (BRASIL,
1994) quanto o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003) apontam que os cidadãos
com 60 anos completos ou mais são considerados idosos. Já a Organização
Mundial da Saúde - OMS (2005) possui duas classificações: 60 anos em países
em desenvolvimento e 65 anos em países desenvolvidos. Por sua vez, a Orga-
nização Pan-Americana da Saúde indica que a idade cronológica não pode ser
o único fator a apontar o envelhecimento; é preciso considerar os índices de
Envelhecimento populacional 3
Por isso, é necessário desenvolver políticas públicas que não apenas ampa-
rem a segurança e a saúde dos idosos, mas que promovam o desenvolvimento
de ferramentas que possibilitem um envelhecimento ativo. A ideia é que os
idosos se mantenham integrados às suas comunidades por toda a vida e que
sejam independentes o máximo de tempo possível (OMS, 2005).
https://qrgo.page.link/qZFJP
menos crianças e os idosos vivem cada vez mais. Esse cenário aponta
para a necessidade de estudos sobre o contexto participativo dos idosos e,
ao mesmo tempo, de políticas públicas que possibilitem a inclusão social
desses sujeitos:
Você sabia que pode conferir em tempo real, por estado e com a opção de comparação
com os índices nacionais, a projeção das alterações populacionais brasileiras até 2060?
(BRASIL, 2008). Acesse o link a seguir e saiba mais.
https://qrgo.page.link/Fa7or
A realidade do idoso enquanto chefe de família no Brasil faz com que o filho
adulto (quando termina o casamento ou fica desempregado) acabe voltando
para a casa dos pais. A família faz a mediação entre o mercado e os indivíduos,
pois distribui rendimentos entre seus membros, quer participem ou não de
sua geração, assim como faz a intermediação entre o Estado e o indivíduo,
redistribuindo, direta ou indiretamente, os benefícios recebidos. Este idoso,
cada vez mais, está redistribuindo sua aposentadoria ou pensão entre os
seus familiares (pessoas que vivem com ele e que não estão conseguindo se
sustentar) (AREOSA; BULLA, 2008, documento on-line).
Leituras recomendadas
DEBERT, G. G. A reinvenção da velhice: socialização e processos de reprivatização do
envelhecimento. São Paulo: Edusp, 1999.
ONU. Resolução 39/125: plano de ação internacional de Viena sobre o envelhecimento.
Viena: [S. n.], 1982. Disponível em: http://www.ufrgs.br/e-psico/publicas/humanizacao/
prologo.html. Acesso em: 15 jul. 2019.
SARAIVA, A.; SALES, R.; ROSAS, R. Envelhecimento da população do Brasil deve se
acelerar, aponta IBGE. Valor Econômico, dez. 2016. Disponível em: https://www.valor.
com.br/brasil/4794347/envelhecimento-da-populacao-do-brasil-deve-se-acelerar-
-aponta-ibge. Acesso em: 15 jul. 2019.