GEOPROCESSAMENTO
Ronei Stein
Instrumentos e acessórios
topográficos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A topografia é uma área que requer precisão e, para isso, é fundamental
estar munido de bons instrumentos e acessórios para o dimensionamento
correto de determinada área. Inicialmente, as medições ocorriam com o
auxílio da diopra (instrumento colocado num plano horizontal e adotado
para a medição de ângulos). Com o avanço tecnológico, após inúmeras
adaptações e a criação de novos instrumentos, surge, então, o teodolito.
O teodolito é um instrumento de precisão óptico que mensura ângulos
verticais e horizontais, aplicado em diversos setores como o da navegação,
da construção civil, da agricultura, da meteorologia e da topografia. Mas
foi nos anos de 1980, que surgiu o instrumento estação total, responsável
por revolucionar a topografia.
Neste capítulo, você estudará sobre a importância dos instrumentos
topográficos e quais os principais acessórios usados para obter medidas
diretas, compreendendo de que forma o teodolito e a estação total,
principais instrumentos utilizados na topografia, revolucionaram esta área.
Teodolito eletrônico
O teodolito é posicionado em um determinado ponto de forma que esteja
nivelado com o eixo de gravidade do local, onde mira-se com a luneta para um
outro ponto e, então, toma-se sua medida angular. É necessário, no mínimo,
medidas de três pontos diferentes. Para o cálculo de tais medidas, aplicam-se
sistemas de triangulação (método de levantamento baseado na trigonometria).
Através desses dados, podem ser confeccionadas cartas ou plantas topográficas
e mapas.
Estes equipamentos são utilizados em topografia e geodésia (subdivisão da
geofísica que se ocupa da determinação das dimensões e forma da Terra, seu
campo gravitacional, locação de pontos fixos e sistemas de coordenadas, ou
de uma parte de sua superfície), para medição de ângulos verticais e ângulos
azimutais (Figura 1). Sendo que o mesmo é constituído por:
1. círculo graduado, que fica no centro do teodolito quando ele está esta-
cionado, que é possível fixar à base após a orientação da origem (zero);
2. círculo graduado, cuja origem (zero) é orientada segundo a direção da
vertical, geralmente para zênite;
3. luneta, dotada de retícula para pontaria óptica, que gira em torno do
eixo principal e de um eixo horizontal, o qual é designado de eixo
secundário ou eixo de báscula;
4. associado ao eixo secundário, encontra-se um nível tórico, de precisão,
o qual melhora a verticalização do eixo principal em cada pontaria;
5. parafusos de pequenos movimentos horizontais e verticais (CASACA;
MATOS; BAIO , 2007).
O Teodolito e Estação total possuem funções muito parecidas, sendo que ambos
podem fazer medições, tanto horizontal quanto vertical. Porém, o teodolito registra
apenas os ângulos de uma área, sendo necessário anotar todos os dados que serão
calculados manualmente. Esse equipamento, apesar de não ser muito prático, é ex-
tremamente preciso, e muitos profissionais ainda o preferem. A precisão dele pode
chegar a 3 segundos por quilômetro, isto é, uma falha de no máximo 0.0008 graus
no ângulo por quilômetro.
https://goo.gl/W4o35U
Estação total
Durante muitos anos, os instrumentos mais usados na área da topografia
foram os teodolitos. Com isto, era possível a medição de ângulos, e caso fosse
necessário medir distancias, era necessário o uso de trenas. As anotações eram
feitas em cadernetas em campo, e quando o profissional chegava ao escritório,
ele passava estas anotações para uma planilha de cálculo ou para um programa
de computador. Porém, a partir do advento de instrumentos com a capacidade
para a medição eletrônica de distâncias, denominados distanciômetros ou EDM
(Electronic Distance Meter), esta situação começou a mudar. Inicialmente, estes
equipamentos eram acoplados na luneta do teodolito, permitindo desta forma,
que as medições angulares e as medições de distâncias fossem feitas quase
que simultaneamente. Na década de 80, os distanciômetros foram inseridos no
interior da luneta do teodolito, formando um conjunto único para as medições
angulares e de distâncias (SILVA; SEGANTINE, 2015).
Com o passar do tempo, este novo instrumento passou também a gravar
os dados medidos em campo numa memória interna do instrumento, sendo
finalmente denominado de estação total. Neste ponto em diante, as medições de
campo passaram a ser mais estruturadas e muito mais rápidas, comparadas aos
métodos anteriores. Nesta mesma época, os programas de computador também
foram aprimoradas e passaram a receber os dados em campo descarregados
diretamente da estação total (SILVA; SEGANTINE, 2015).
Para fazer a medição com auxílio de uma estação total, é necessário posi-
cionar a estação num local livre de obstáculos e mirar até o prisma. O prisma
(ou refletor) fica sobre uma “vara” metálica e deve ser colocado sobre o ponto
onde se quer medir. A estação total então emite um feixe de laser que reflete
no prisma e retorna ao equipamento. Pelo tempo de resposta e o ângulo de
rotação da luneta da estação o computador interno calcula os ângulos e dis-
tâncias armazenando os pontos em sua memória interna. Após pegar todos os
pontos necessários para a medição, basta baixar os dados em um computador e
desenhar o terreno ou construção aferida. A Figura 2 apresenta uma ilustração
de uma estação total, de um prisma e de um nível.
A) B)
C)
Figura 2. Exemplo de uma estação total (A); de um prisma (B) e de uma nível (C).
Fonte: PAKULA PIOTR/Shutterstock.com, vasanty/Shutterstock.com e Neramit Buakaew/Shutterstock.
com.
As miras graduadas são réguas colocadas verticalmente nos pontos a nivelar e nas
quais se mede a intersecção do plano horizontal traçado pelo nível. Sua menor célula
gráfica é o cm, porém, são numeradas de decímetro em decímetro, sendo que os
metros são indicados por pontos ou números romanos. Um nível de cantoneira ou
um nível de bolha junto à mesma facilita sua verticalidade. Podem ser extensíveis ou
dobráveis. Sempre se lê 4 dígitos: metro, decímetro, centímetro e milímetro (SILVA, 2003).
Acessórios topográficos
A qualidade dos acessórios é de fundamental importância para alcançar
alto rendimento e precisão nos trabalhos topográficos. Não adiante utilizar
instrumentos de altíssima qualidade e precisão se os acessórios não forem
correspondentes. Neste contexto, serão apresentados a seguir os principais
acessórios topográficos, sendo estes: tripé, refletor e bastão.
Em relação aos tripés, Silva e Segantine (2015) descrevem que são fabri-
cados em madeira, fibra de vidro ou alumínio, e que podem ser divididos em:
imprescindível que seu eixo seja retilíneo e coincidente com o centro das suas
duas extremidades (SILVA; SEGANTINE, 2015).
A)
B)
Figura 4. Exemplo de uma trena de aço (A) e de uma trena de fibra de vidro (B).
Fonte: Seregam/Shutterstock.com e vseb/Shutterstock.com
São cravados no solo, porém, parte dele (cerca de 3 a 5cm) deve per-
manecer visível, sendo que sua principal função é a materialização de
um ponto topográfico no terreno.
CASACA, J.; MATOS, J.; BAIO, M. Topografia geral. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
ROCHA, J. A. M. R. O ABC do GPS. 2. ed. Recife: Bagaço, 2004.
SILVA, J. L. B. Nivelamento geométrico. jun. 2003. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/
igeo/departamentos/geodesia/trabalhosdidaticos/Topografia_I/Nivelamento_Geo-
metrico/Nivelamento_Geometrico.pdf>. Acesso em: 11 set. 2017.
SILVA, I.; SEGANTINE, P. C. L. Topografia para engenharia: teoria e prática de geomática.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de topografia. Paraná:
UFPR, 2012. Disponível em: <http://www.cartografica.ufpr.br/docs/topo2/apos_topo.
pdf>. Acesso em: 28 set. 2017.
ZEISKE, K. Simplificando o levantamento topográfico. 2000. Disponível em: <http://
w3.leica-geosystems.com/downloads123/zz/general/general/brochures/Surveying_
pt.pdf>. Acesso em: 11 set. 2017.
Leituras recomendadas
BORGES, A. de C. Topografia. São Paulo: Edgard Blucher, 2013.
COMASTRI, J. A.; TULER, J. C. Topografia: altimetria. 3. ed. Viçosa: UFV, 2005.
LOCH, C.; CORDINI, J. Topografia contemporânea: planimetria. 2. ed. rev. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 2000.
MCCORMAC, J. C. Topografia. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
TULER, M.; SARAIVA, S. Fundamentos de topografia. Porto Alegre: Bookman, 2014.
(Série Tchne).