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Objetivos
Ver Capítulo 1.
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aos dias de hoje. Atualmente estima-se que vivam na Terra cerca de 7,7 mil milhões
de pessoas. Em 2014, os estudos apontavam que o planeta teria, em 2050, cerca de
9,6 mil milhões de habitantes, mas, os estudos mais recentes apontam para os 10 mil
milhões de pessoas.
Demorou mais de 50 000 anos para que a população mundial atingisse mil milhões.
Desde 1960, milhares de milhões de habitantes foram adicionados a cada dez ou vinte
anos. A população mundial era de três mil milhões em 1960; atingiu seis mil milhões
na viragem do século e, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU),
ultrapassará nove mil milhões até 2037. Essa taxa de crescimento populacional
desacelerou, após atingir mais de 2% por ano no final da década de 1960, está agora
em torno de 1%, e deverá cair para a metade até 2050.
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proporção continuará a aumentar, pois aos 2 mil milhões de habitantes que deverão
juntar-se à população mundial, nos próximos 30 anos, praticamente todos nascerão
em países menos desenvolvidos. Este é um grande desafio, uma vez que as regiões
menos desenvolvidas tendem a ser mais frágeis, a nível político, social, económico e
ambiental, do que as regiões mais desenvolvidas.
Ver Capítulo 1.
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Definiram-se quatro cenários de projeção da população: cenário baixo, cenário central, cenário
alto e cenário sem migrações, com base em diferentes conjugações das hipóteses alternativas
de evolução das componentes demográfica – hipótese pessimista, hipótese central e hipótese
otimista para a fecundidade e para a mortalidade; e hipótese pessimista, hipótese central e
hipótese otimista para as migrações, a que se juntou ainda uma hipótese sem migrações.
Cenário Central: neste cenário foram consideradas as hipóteses de evolução central da
fecundidade, central da mortalidade e central das migrações.
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As projeções de população mostram como o volume e a estrutura de uma população
podem hipoteticamente evoluir no futuro. O principal objetivo é o de auxiliar na
compreensão da dinâmica da população e contribuir para o debate sobre possíveis
mudanças na sociedade.
No contexto mundial, a população está projetada para atingir 8,1 mil milhões em 2025,
9,6 mil milhões em 2050 e 10,9 mil milhões em 2100. O cenário mediano indica que a
população mundial continuará a crescer. Pode parecer contraditório projetar aumentos
tão importantes enquanto a própria taxa de crescimento está em queda. Três fatores
são responsáveis por isso: primeiro, a própria população está a expandir-se; em
segundo lugar, as taxas de mortalidade infantil caíram rapidamente em muitos países
em desenvolvimento; em terceiro, em qualquer população jovem, há um impulso para
o crescimento (impulso populacional).
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https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=40
6534255&DESTAQUESmodo=2&xlang=pt
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As projeções baseiam-se em variações médias, que pressupõem uma queda na taxa
de fecundidade e um aumento na esperança de vida em muitos países. Mais de
metade do crescimento da população mundial até 2050 irá ocorrer em África.
Proporcionalmente, esta é a região que experimentará a mudança demográfica mais
forte. A população da África subsaariana, por exemplo, deverá duplicar até esse ano.
Apesar de várias incertezas quanto às projeções relacionadas com a taxa de
fecundidade, a perspetiva é de um boom demográfico, principalmente porque um
grande número de jovens atingirá a idade adulta nos próximos anos e estará em idade
fértil.
Um estudo da revista The Lancet (2020) contradiz a previsão da ONU que afirmava
que em 2100 o planeta teria cerca de 11,2 mil milhões de habitantes. A prestigiada
revista indica que a tendência crescente alcançará seu pico em 2060 e, a partir desse
momento, se reduzirá até chegar a 8,8 mil milhões em 2100. Este fenómeno deve-se
essencialmente à melhoria do nível educacional das mulheres e a um maior acesso a
métodos contracetivos. (Emil Vollset et al. 2020). De acordo com a ONU, em 2050 a
população mundial pode chegar aos 9,7 mil milhões de habitantes. A principal
divergência em relação à previsão da The Lancet é afirmar que o crescimento não
parará durante a segunda metade do século XXI e que, consequentemente, o planeta
alcançará seu ponto populacional máximo no final do século, ultrapassando o número
de mais de 11 mil milhões de habitantes.
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https://www.un.org/es/global-issues/population
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A migração internacional: esta influencia as mudanças demográficas, mas em grau
muito menor do que o número de nascimentos e a taxa de mortalidade. No entanto,
em várias regiões de países do mundo, a migração tem consequências para o tamanho
da população, principalmente em países que recebem grande número de emigrantes
económicos ou dos quais grande número sai, bem como em países afetados pelo
aumento do fluxo de refugiados6.
- Diminui a segurança alimentar. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura), a segurança alimentar ocorre quando todas as pessoas têm
acesso físico, social e económico permanente a alimentos seguros, nutritivos e em
quantidade suficiente para satisfazer as suas necessidades nutricionais. A explosão
demográfica afeta os fundamentos da segurança alimentar, ou seja, a sua
disponibilidade, estabilidade, acesso e consumo.
6
https://www.un.org/fr/sections/issues-depth/population/index.html
7
https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/evolucao-da-populacao
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trabalhar conjuntamente para reduzir a pegada de carbono, construir infraestruturas e
edificações em linha com um desenvolvimento urbano sustentável, promover a
mobilidade inteligente e sustentável, favorecer a economia circular, o consumo
responsável e fomentar as energias renováveis8.
Os dados sobre a população mundial são publicados com alguma regularidade através
das diversas organizações, nomeadamente: Nações Unidas9, Banco Mundial10, PRB
(Population Reference Bureau)11, União Europeia (Eurostat)12, Conselho da Europa,
Serviços Nacionais de Estatística, “Our World in Data13, entre outros. Os dados são
traduzidos por onze indicadores: a superfície, população no meio do ano civil, taxa de
natalidade, taxa de mortalidade, projeção, taxa de mortalidade infantil, índice sintético
de fecundidade, proporção de indivíduos com menos de 15 anos e mais de 65 anos,
esperança de vida dos homens e das mulheres, produto nacional bruto por habitante e
o produto interno bruto por habitante14.
Com uma população mundial que triplica de 2 mil milhões para 6 mil milhões ao longo
do século 20, alcançando 7,2 mil milhões apenas 14 anos depois, não há tendência
demográfica mais óbvia do que o crescimento populacional. A população está
projetada para continuar a crescer no futuro, embora mais lentamente, nivelando-se
perto de 10,9 mil milhões de pessoas no século 22 (Nações Unidas, 2013).
8
https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/evolucao-da-populacao
9
https://www.un.org/development/desa/pd/
10
https://data.worldbank.org/
11
https://www.prb.org/
12
https://ec.europa.eu/eurostat/
13
https://ourworldindata.org/
14
Ver https://www.unfpa.org/data/world-population-dashboard
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a sua modernização, uma sequência de declínios nas taxas de mortalidade e natalidade
descrita como a transição demográfica. Alguns desses países, mesmo agora, têm uma
fecundidade abaixo do índice de reposição (Lundquist, Anderton, Yaukey, 2015).
Por outro lado, Portugal é considerado um país com um bom acolhimento dos
imigrantes; fez elevados progressos ao nível da saúde pública, fazendo de Portugal um
dos países com melhores indicadores ao nível da mortalidade infantil e juvenil e da
esperança de vida; e teve uma evolução notável do nível de escolarização (Rodrigues,
Henriques, 2017).
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9.2. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO
Os habitantes não estão distribuídos igualmente por todo o planeta. Algumas partes do
mundo são densamente povoadas, enquanto outras não. Seja olhando para o planeta
Terra, para África ou para os Estados Unidos, é claro que a população está longe de
estar distribuída igualmente. A maioria sabe que a população da China é de mais de
1,4 mil milhões e que a população dos Estados Unidos é de cerca de 340 milhões. No
entanto, muitos podem não estar cientes de que a China e os Estados Unidos são
muito próximos em tamanho geográfico. Em alguns países, é mais provável que as
pessoas sejam rurais do que urbanas. Geralmente, no entanto, há um movimento
de urbanização em todo o mundo:
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Diferenciação em termos de ocupação territorial que também existe, de forma
acentuada, em países como a Rússia e a Austrália.
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A urbanização refere-se à percentagem da população de uma região ou país que vive
numa área urbana. O crescimento urbano refere-se a um aumento no número de
pessoas que vivem nas áreas urbanas. A partir de 1900, a rápida urbanização começou
em muitas partes do mundo. As Nações Unidas definem aglomeração urbana como
uma área urbana de pelo menos 1 milhão de habitantes, incluindo todos os habitantes
do território circundante que vivam em níveis urbanos de densidade residencial (Poston
& Bouvier, 2017).
As cidades surgiram pela primeira vez na China há mais de 2 mil anos. Para que a
urbanização e as cidades se desenvolvessem tinha de haver um excedente de produtos
agrícolas, um meio de transporte desses produtos para as áreas urbanas, para serem
processados em alimentos, roupas e abrigo, uma tecnologia suficientemente
desenvolvida nas áreas urbanas para usar os produtos agrícolas e criar empregos para
o habitante urbano.
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A pressão constante e imediata do rápido crescimento urbano pode mascarar outros
benefícios. As políticas de migração para controlar este fluxo de migração rural-urbana
têm tido pouco efeito. Uma razão para a ineficácia das políticas de migração é a forte
expetativa de muitos migrantes de que a cidade oferece um futuro mais promissor,
independentemente dos custos imediatos da migração. Outra razão pela qual as
políticas de migração têm pouco impacto é que muitas vezes entram em conflito com
políticas de desenvolvimento económico que encorajam o crescimento económico
contínuo nas áreas urbanas, o que por sua vez reduz a procura de mão-de-obra
agrícola nas zonas rurais. As políticas que enfatizam a sustentabilidade do crescimento
nas cidades estão agora a desenhar um planeamento urbano estratégico nas regiões
menos desenvolvidas. Enquanto as regiões menos desenvolvidas estão preocupadas
com a alta velocidade do crescimento metropolitano, as regiões mais desenvolvidas
experimentaram uma grande desconcentração urbana.
A tendência global em direção à urbanização - tanto nas cidades centrais quanto nos
subúrbios - ao longo do século XXI é provável que continue a aumentar e uma
percentagem crescente da população mundial viverá a experiência urbana (Poston e
Bouvier, 2017).
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impedir tais movimentos internacionais. No entanto, e apesar das muitas e variadas
limitações, estima-se que um grande número de pessoas, cerca de 30 a 35 milhões,
esteja a mudar-se de um país para outro, ainda que possam fazê-lo de forma irregular,
como também já foi abordado (Poston e Bouvier, 2017).
May (2012) descreve as políticas de população como “as ações tomadas explícita ou
implicitamente pelas autoridades públicas para prevenir, atrasar ou lidar com os
desequilíbrios entre as mudanças demográficas, por um lado, e os objetivos sociais,
económicos e políticos, por outro”(May, 2012, p.42).
Ver Capítulo 8.
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As políticas populacionais são geralmente entendidas como representativas de
estratégias para governos, ou às vezes, embora com menos frequência, para
organizações não-governamentais (ONGs), no sentido de atingir objetivos específicos.
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posição estava resumida na expressão “O desenvolvimento é o melhor contracetivo”. A
Conferência de 1974 em Bucareste ficou dividida entre os que visavam o controlo da
reprodução e os que defendiam o desenvolvimento socioeconómico. No contexto da
Guerra Fria, os países capitalistas mais ricos, capitaneados pelos Estados Unidos,
defendiam a conceção neomalthusiana de reduzir a fecundidade para promover o
desenvolvimento e a erradicação da pobreza. Mas a União Soviética e os países do
Terceiro Mundo, liderados pela China e pela Índia, defendiam a prioridade do
fortalecimento das políticas de apoio ao desenvolvimento em contraposição ao controlo
da natalidade e ao planeamento familiar.
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do Cairo foi a defesa dos direitos humanos e dos direitos reprodutivos. No capítulo II
do Programa de Ação estão explicitados os 15 princípios gerais da Conferência. O
princípio 1 reafirma os compromissos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
de 1948. O princípio 2 diz que o ser humano é o elemento central do desenvolvimento
sustentável e tem o direito a uma vida sã e produtiva em harmonia com a natureza,
sendo que todos têm o direito a um nível de vida adequado para si e a sua família. A
CIPD definiu os direitos reprodutivos como sendo a liberdade de escolha das pessoas
para definir como, quando e quantos filhos querem ter (incluindo o direito à
fecundidade zero, evitando a maternidade forçada). A Conferência do Cairo defendeu o
direito à conceção e à anticoncepção, ficando a cargo dos cidadãos e cidadãs decidir,
livremente, sobre as opções de escolha.
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Na China, a política do filho único foi implementada em 1979, em que as famílias
chinesas só podiam ter um filho. No entanto, devido à quebra demográfica registada, o
governo chinês aprovou, no final de 2013, uma lei que permite dois filhos por casal,
em algumas situações.
A taxa de natalidade nos países desenvolvidos tem vindo a diminuir. Para alterar esta
situação foram criadas políticas natalistas. Uma política pró-natalista é a introdução de
berçários nas empresas de modo a facilitar a conciliação da vida profissional com a
maternidade. Outras medidas concretas são: diminuição dos impostos para as famílias
numerosas; aumento da licença de maternidade e extensão para a licença paterna;
aumento dos abonos de família; penalização do aborto; escolaridade obrigatória
gratuita; subsídios de nascimento; aumento de impostos para os jovens de uma certa
idade que ainda não tenham filhos; remuneração dos períodos de licença com base
nos vencimentos auferidos pela mulher na altura do parto; desenvolvimento de
sistemas de proteção social dos mais jovens - creches e jardins de infância -
comparticipados pelo Estado; horários de trabalho reduzidos e flexíveis.
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Todavia, a situação atual em praticamente todos os países do mundo desenvolvido é
de taxas de fecundidade bem abaixo do nível necessário para repor a população. Essas
taxas baixas durante um longo período têm muitas consequências, das quais um
envelhecimento dramático da população e, consequentemente uma redução no
tamanho da população.
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algumas políticas governamentais podem levar ao aumento da mortalidade. Medidas
que colocam em risco a saúde, embora não intencionalmente, acabarão por aumentar
a mortalidade (Poston e Bouvier, 2017).
O terceiro tipo de regime de imigração são os países do sul e do leste europeu “que
têm mais probabilidade de receber do que de enviar migrantes” (Freeman, 2003
conforme citado em Poston & Bouvier, 2017, p. 405). Os quatro países mais
proeminentes nesta categoria são Grécia, Espanha, Portugal e Itália.
A migração, talvez, pudesse ser usada como um meio de repor a população perdida
com a baixa da fecundidade. Por exemplo, as projeções populacionais preparadas para
a Coreia do Sul, nas próximas décadas, indicam que os números absolutos e relativos
das populações mais velhas aumentarão muito. Sendo a migração internacional,
apresentada como uma estratégia que permitirá à Coreia do Sul trazer membros para a
sua população direta e imediatamente.
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responder ao desafio demográfico da redução de população. O Governo afirmou que a
capacidade para atuar sobre as diferentes frentes da equação demográfica será
determinante para minimizar as consequências das tendências atuais. A demografia foi
identificada pelo Governo como um dos quatro desafios estratégicos da próxima
década, acrescentando que a situação atual impõe ainda medidas de promoção do
envelhecimento ativo e saudável.
No âmbito da migração - cujos Censos 2021 referem que a mesma não foi suficiente
para compensar a redução da população portuguesa - as medidas tomadas pelo
Governo deviam garantir que, durante a pandemia, os imigrantes não perdem-se
acesso aos seus direitos, a criação de uma nova plataforma, que permitiu até à data, a
renovação automática de 128 mil títulos de autorização de residência, da
funcionalidade NISS na hora que abre portas ao processo de regularização.
Muitos governos aprovaram leis e regulamentos que lidam com os seus níveis de
fecundidade, mortalidade e migração. Mas as políticas, quaisquer que sejam as suas
intenções e razões para a sua génese, nunca terão sucesso a menos que levem em
consideração o meio social, cultural e económico em que ocorre o comportamento
demográfico, e a menos que considerem os seus efeitos indiretos e diretos (Poston e
Bouvier, 2017).
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ATIVIDADE FORMATIVA
3. Quais são os grandes desafios que os governos têm para enfrentar, ao nível da
redução de população, nomeadamente a descida da natalidade, os movimentos
migratórios e o envelhecimento da população (e o respetivo aumento da longevidade)?
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