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OR Atividade Formativa capitulo 7 do ebook

1 – Temos as taxas brutas de natalidade e as taxas de fecundidade geral (15-


49 anos) relativas a dois países com um nível de desenvolvimento diferente:
TBN (País A- desenvolvido) = 778 526/61 283 600 *1000= 12,70‰

TBN (País B- não desenvolvido) = 54 043/1 428 082 *1000= 37,84‰

TFG (País A - desenvolvido) = 778 526/14 309 800 *1000 = 54,41‰

TFG (País B - não desenvolvido) = 54 043/319 084 *1000 = 169,37‰

(Fonte : Nazareth, 2004.)

a) Leia e interprete os indicadores em causa;


Relativamente às taxas brutas de natalidade, observa-se que a frequência da
natalidade no país não desenvolvido é claramente superior (37,84 nados-vivos por mil
habitantes) à referida ao país desenvolvido (12,70 nados-vivos por mil habitantes).
Uma diferença que se acentua no âmbito das taxas de fecundidade geral. Com efeito,
a taxa de fecundidade geral do país desenvolvido é de 54,41 nados-vivos por mil
mulheres em idade de procriar (dos 15-49 anos), enquanto da TFG referida ao país
não desenvolvido é de 169,37 nados-vivos por mil mulheres em idade de procriar (dos
15 aos 49 anos).

As diferenças encontradas remetem para o facto de, em termos do comportamento


reprodutivo, os países mais desenvolvidos serem marcados por um evidente controlo
dos nascimentos, por parte das mulheres e dos casais, apresentando taxas de
natalidade e de fecundidade francamente mais baixas do que as existentes nos países
menos desenvolvidos.

b) Justifique a discrepância encontrada entre os valores apresentados pelas


taxas brutas de natalidade e as taxas de fecundidade geral.
A TBN é um instrumento de análise muito grosseiro que isola de uma forma muito
rudimentar os efeitos de estrutura, dado que relaciona os acontecimentos com a
população total, independentemente da idade e do sexo. Quanto à TFG, apesar de
também ser considerada um indicador de caracter global, é um instrumento de medida
da fecundidade mais rigoroso, visto que relaciona os nados-vivos com a parcela de
população feminina em idade fértil (dos 15-49 anos), anulando o efeito de estrutura ao
nível do sexo e também, em parte, ao nível da idade. Deste modo, no âmbito do nosso
exercício, acentuam-se as diferenças em termos do comportamento da fecundidade,
confirmando que a frequência da fecundidade nas mulheres em idade fértil (no seu
conjunto) é francamente mais baixa no país A (país desenvolvido) do que no país B
(país não desenvolvido), tendência que se evidencia mais pelo facto da proporção de
mulheres dos 15 aos 49 anos ser maior no país A (23%) do que no país B (22%).
Proporção de mulheres (15-49 anos) = População feminina (15-49) / População
total*100
- País A
14 309 800 /61283 600*100 = 23%
- País B
319084 /1428082*100 = 22%

2 – Diferencie os conceitos de Natalidade e Fecundidade.


Natalidade e fecundidade designam o mesmo fenómeno, o nascimento de nados-vivos
mas diferenciam-se concetualmente. A natalidade refere-se ao resultado global da
procriação numa população, durante um determinado período ou seja, refere-se à
frequência dos nados vivos numa população (em análise demográfica remete
exclusivamente para a taxa bruta de natalidade). A fecundidade refere-se aos
comportamentos procriadores do ponto de vista da mulher, do casal e, muito
excecionalmente, do homem. Pode assim designar-se de fecundidade feminina,
fecundidade do casal ou fecundidade masculina. Contudo, sendo a fecundidade
masculina raramente estudada, a fecundidade refere-se normalmente e diretamente à
fecundidade feminina e esta, implicitamente, também se refere à fecundidade dos
casais (Bäckström et al., 2023).

3 – Com os dados disponibilizados no quadro abaixo responda às questões


colocadas.

Nados-vivos por idades das mães e população média feminina por grupos de idades,
R.A dos Açores, 2021
Grupos População
idades das Nados-vivos média
mães feminina
15 - 19 anos 72 6721,5
20 - 24 anos 282 7097,5
25 - 29 anos 474 7077,5
30 - 34 anos 626 7716,5
35 - 39 anos 457 8745,5
40 - 44 anos 120 9834
45 - 49 anos 12 9525
Fonte: INE, Nados-vivos, Estimativas anuais de população média residente.

a) Calcule e interprete o Índice Sintético de Fecundidade (ISF) da R.A. dos


Açores em 2021.

ISF = ∑ TFG*5
Grupos
TFG (fx) (1 )
idades
15 - 19 anos 0,0107
20 - 24 anos 0,0397
25 - 29 anos 0,0670
30 - 34 anos 0,0811
35 - 39 anos 0,0523
40 - 44 anos 0,0122
45 - 49 anos 0,0013
∑ 0,2643
ISF 1,32

(1) Taxas de Fecundidade Geral sem terem sido multiplicadas por 1000, caso contrário, teria que se dividir
por 1000 o seu somatório para chegar ao valor do ISF.

Em 2021 o Índice Sintético dos Açores foi de 1,32 filhos por mulher, situando-se
abaixo do limiar (2,1) que garante a substituição das gerações.

b) Sabendo que o valor do ISF da R.A. da Madeira, em 2021, foi de 1,23, faça
uma breve análise do comportamento da fecundidade nas duas regiões
autónomas, tendo por base os respetivos valores dos índices sintéticos de
fecundidade.

Em 2021, tanto a R.A. da Madeira como a R.A. dos Açores apresentam Índices
Sintéticos de Fecundidade que não garantem o assegurar da substituição das
gerações, sendo que a intensidade da fecundidade dos Açores (1,32 filhos por mulher)
é claramente mais elevada do que a da Madeira (1,23 filhos por mulher).

4 – Observe os indicadores do calendário da fecundidade e da nupcialidade


referentes ao sexo feminino, de 1981 a 2021.
Idade média da mulher ao 1º casamento e ao casamento, idade média da mulher ao
nascimento do 1º filho e de um filho, Portugal, 1981-2021

Idade Idade Idade


Idade
Média ao Média ao Média ao
Anos Média ao
1º nascimento nascimento
casamento
casamento do 1º filho de um filho
1981 23,3 24 24,3 27,2
1991 24,4 25,1 25,3 27,5
2001 26,1 26,6 27,4 28,8
2011 29,5 28,4 31,9 30,1
2021 32,9 30,4 36,5 31,8
Fonte: INE, Indicadores demográficos

a) Interprete a evolução dos indicadores em causa, de 1981 a 2021.

Atendendo à evolução dos indicadores do calendário da nupcialidade de 1981 a 2021,


observa-se que tanto a idade média ao 1º casamento como a idade média ao
casamento tenderam a elevar-se ao longo do período em análise. Com efeito, de 1981
a 2021, as mulheres tenderam a casar, em média, cada vez mais tarde ou a adiar o
casamento para idades mais tardias.

Quanto à evolução dos indicadores do calendário da fecundidade de 1981 a 2021,


observa-se também uma tendência para adiar o momento de procriar o primeiro filho
ou um filho (independentemente da ordem do nascimento).

Em suma, o comportamento dos indicadores do calendário da nupcialidade e da


fecundidade no feminino, de 1981 a 2021, remete para o adiamento da maternidade e
do casamento.

b) Em termos da relação entre nupcialidade e fecundidade, a que conclusão


chega.

No confronto entre a evolução dos indicadores do calendário da nupcialidade e da


fecundidade, ao longo do período em análise, observa-se que a partir de 2011 as
mulheres tendem a iniciar a carreira reprodutiva antes de casar. Situação que remete
para o progressivo distanciamento da fecundidade face à nupcialidade.

Referências bibliográficas:
Bäckström, B., Sousa, F. de, Dias, M.H. e Baptista, M.I. (2023). Demografia.
Universidade Aberta.
Nazareth, J. M. (2004). Demografia – A Ciência da População. Editorial Presença.

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