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Estatistica Demografica

Os estudos sobre mortalidade analisam a relação entre a ocorrência de óbitos e o


tamanho da população, levando em consideração ou não, outras características da
População.
Natalidade é estudo que relaciona a ocorrência de crianças nascidas vivas com a População
total ou Natalidade: relação entre nascimentos vivos e população total.
Taxa – variação de uma medida y em função da variação de uma medida x; referida a um
determinado tempo, estando associada com a rapidez de mudança de fenómenos.

A taxa ou coeficiente de mortalidade infantil é uma estimativa do risco de morte a que está
exposta uma população de nascidos vivos em determinada área e período, antes de completar
o primeiro ano de vida.

O período neonatal também apresenta uma subdivisão em: neonatal precoce (0 a 6 dias de vida) e
neonatal tardio (7 a 27 dias de vida). Assim, a taxa de mortalidade neonatal pode ser
subdividida em:

Já o período pós-neonatal vai de 28 dias até completar 1 ano de idade.

A taxa de mortalidade pós-neonatal é obtida mediante a seguinte equação:

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Reflexão
Conforme melhora o nível de desenvolvimento de uma região, a mortalidade infantil diminui
e os óbitos tendem a se concentrar próximos ao período neonatal (entre zero e 27 dias). As
causas da mortalidade no período neonatal se relacionam com as condições da gestação e do
parto, sendo particularmente influenciadas pela qualidade da assistência ao pré-natal e ao parto.
Quanto mais próximas do momento do nascimento (período neonatal precoce, de 0 a 6 dias de
vida), mais forte será a influência das condições de nascimento (especialmente peso ao nascer
e idade gestacional) e da assistência neonatal para a sobrevivência infantil.

Já as causas da mortalidade no período pós-neonatal, cujos principais exemplos são a diarreia


e a pneumonia, se relacionam com as condições socioeconômicas e ambientais, especialmente
nutrição e agentes infecciosos.

Veja a seguir alguns gráficos.

A comparação entre Brasil e Santa Catarina revela que, em 1996, SC já apresentava


mortalidade infantil considerada baixa, com predomínio dos óbitos no período neonatal. Dez
anos depois, em 2006, este indicador mostrou redução importante no Brasil, aproximando-se
de SC, sugerindo melhorias nas condições de vida.

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A seguir, nos gráficos 1 e 2, compare a taxa de mortalidade infantil em países selecionados,
com previsão até 2015.

A comparação entre o Brasil e seus vizinhos mostra que estamos em uma situação
intermediária, melhor que a de países como Bolívia, Peru e Paraguai, e pior que a da Venezuela,
Argentina e Uruguai. A mortalidade infantil diminuiu bastante em todos os países no período
estudado; porém, as desigualdades entre os países ainda permanecem.

Fecundidade: relação entre nascimentos vivos e mulheres em idade reprodutiva.


–Fertilidade: Potencial reprodutivo das mulheres (é diferente de)
–Fecundidade: resultado concreto da capacidade reprodutiva

-Quanto maior o controle sobre o tamanho da prole maior a distância entre fecundidade e
fertilidade

Taxa Bruta da Natalidade (TBN) - relação entre o número de crianças nascidas vivas durante
um ano e a população total. Usualmente esta relação é expressa por mil habitantes.

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Taxa Bruta da Natalidade (TBN)
•Adota-se no denominador a população total no meio do ano (aproximação do número de
pessoas-ano).

•Podemos determinar a TBN por sexo, relacionando os respectivos números de nascimento e


população.

•Depende:
–Intensidade com que mulheres têm filhos a cada idade;

–# mulheres em idade fértil (proporção da pop total)

–Distribuição etária relativa das mulheres no período reprodutivo

Não é um bom indicador para se analisar diferenciais de níveis de fecundidade entre


populações.
Não é medida de risco -> nem todas as pessoas do denominador estão sujeitas a se tornarem
pais ou mães no ano em questão.
A medida de risco é dada pelas taxas de fecundidade !

Taxa de Fecundidade Geral (TFG)


•TFG num determinado ano (j) é a razão entre o número de nascidos vivos Nj e a população
feminina dentro do período reprodutivo ou em idade fértil.

•Considera-se idade fértil da população feminina a faixa de 15 a 49 anos

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– TFG depende da maior ou menor intensidade com que as mulheres têm filhos a cada idade,
e da distribuição etária proporcional das mulheres dentro do intervalo de 15 a 49 anos de idade.

– Não é uma boa medida para se comparar diferenciais de níveis de fecundidade entre
populações cujas distribuições etárias das mulheres em idade fértil sejam diferentes.

Taxa de Fecundidade Específica (TEF)


•TEF num determinado ano, por idade da mulher, é a razão entre o número de nascimentos
vivos de mães em uma determinada idade e o número de mulheres nesta mesma idade ou grupo
etário (x,x+n)

TEFs mais refinadas: taxa específica por idade e estado conjugal por sexo, por ordem de
nascimento, etc.

Seria possível TEFs por idade individual das mulheres, porém o mais comum é calculá-las ou
estimá-las por grupos etários quinquenais, iniciando em 15-19 e terminando em 45-49 anos.

E os homens?!?!?
-Conceitualmente, não seria difícil considerar a fecundidade em relação à população
masculina, mas... o período fértil masculino mais longo

-limite superior indefinido;

-Menor certeza sobre a paternidade da criança...


 As taxas de fecundidade referem-se à população feminina de risco
Taxa de Fecundidade Total (TFT)
Como é difícil trabalhar com um conjunto de sete TEFs quinquenais para cada população, usa-
se a TFT.
Número médio de filhos que uma mulher teria ao terminar o período reprodutivo.
–TFT depende do conjunto de TEFs:
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–Como a TFT não é influenciada pela distribuição etária das mulheres da população a qual se
refere, as TFTs de diferentes populações podem ser usadas para comparação de níveis de
fecundidade, pois dependem apenas das TEFs e não dependem das distribuições etárias
concretas.

TEF: Em média, por mulher 15 -19 anos houve 0,0526 nascimento vivo (ou 52,6 nascidos
vivos de cada 1000 mulheres),
- Por mulher de 25 a 29 anos 0,1427 nascimento vivo.
TFT: foi de 2,6015, o que significa: o número médio de nascidos vivos por mulher ao término
do período fértil de uma geração hipotética, se esta experimentasse no decorrer de sua vida
reprodutiva as taxas correntes de fecundidade observadas no RS em 1980.
- A população total do RS estimada para 1° de julho de 1980 era de 7.753.921 pessoas.
- O total de nascimentos vivos observado foi de 173.960.

TBN para 1980 foi de 22,44 por mil. Para cada mil pessoas da população naquele ano teriam
nascido 22,44 crianças.

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A transição da fecundidade e o padrão reprodutivo no Brasil

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Com o sentido de reposição
 Compara-se o tamanho da geração das filhas com o da geração de mulheres a qual
pertencem as mães (usualmente trabalha- se apenas com o sexo feminino)
 TFT não pode ser medida de reprodução, uma vez que incluem nascimento de
meninos

Taxa Bruta de Reprodução (TBR)


Semelhante à TFT mas que incorpora conceito de reprodução

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É o número médio de filhas nascidas vivas de mulheres sobreviventes no final do período
reprodutivo, que pertencem a uma geração de um determinado conjunto de TEFs. (apenas
nascimentos do sexo feminino).

Quando não há dados de nascimentos separados por sexo, usa-se estimativas da Razão de
Sexo ao Nascer (RSN): - razão entre # de nascimentos de crianças do sexo masculino e do
sexo feminino.
-Índice é sempre muito estável dentro da mesma população, e normalmente varia entre 1,02 e
1,06.

- O factor [1/(1+RSN)] é a proporção de nascimentos de crianças do sexo feminino no total


de nascimentos.

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Taxa Bruta de Reprodução (TBR)
TBR = soma das TEFs * (n anos intervalo)
TBR= (0,02547 *5) = (1,273)

Aproximação (RSN=1.05): TFT * (1/(1+1.05) = 1.269 (TFT=2.6015 da tabela anterior)

Se uma geração de mulheres experimentasse as TEFsf observadas no Rio Grande do Sul em


1980, ao final do período reprodutivo, em média, teria dado a luz a aproximadamente 1,27
meninas nascidas vivas.

Taxa Líquida de Reprodução (TLR)


Reposição - geração de filhas que irá substituir as mães.
TBR não é bom para avaliar a reposição porque pode-se ter morte em qualquer idade.
TLR - Leva em consideração a mortalidade feminina, pois relaciona com o tamanho inicial da
geração das mães (idade zero) o número de filhas nascidas vivas de uma geração de mulheres
submetida a um determinado conjunto de TEFsf, e de TEMsf, (Taxas Específicas de
Mortalidade Feminina))
A TLR, portanto, representa bem a capacidade de reprodução de uma população.
Seu cálculo requer que se disponha de um conjunto de TEFs femininas e de uma tábua de vida
feminina.
t0 primeira geração até 50 anos – TEMs e TEFs
- No final do período reprodutivo, # nascidas vivas dependerá:
- n mulheres-ano da primeira geracao em cada faixa etária do período reprodutivo
- TEFsf nestes grupos
- mulheres-ano, dado pelos n Lx, f da tabela de sobrevivência, dependerá das TEMsf entre o
nascimento e a idade x+n.

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TLR
Por exemplo,
O # (número) de meninas nascidas de mães da primeira geração entre as idade 20 e 24 será
dado por 50L20, f. 5TEF20, f.

Divindo-se o total de filhas nascidas vivas (2ª geração), pelo tamanho inicial da primeira
(geração das mães)
 Grau de reposição de uma geração pela outra.

(ex. Pop hipotética: ini 1000 w)

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TLR (ex. Pop hipotética: ini 1000 w)
-955 no inicio do período reprodutivo (risco de luz e morte ) -> TEFs
-Luz a 122 meninas
-Até 50 anos nasceram 1200 meninas
Para reposição perfeita o total de nascidas vivas da 1ª geração deve corresponder ao tamanho
inicial desta geração (1000 meninas no caso)
-1200: 2ª geração é > 1ª em 20%: TLR de 1,2

-cada geração de recém-nascidas seria substituída por uma geração de filhas 20% maior.

Análise da composição da população sob determinada característica


•Sexo e idade são as mais comuns, estado civil e situação de domicílio (rural/urbano) também
são importantes

•Outras: nacionalidade, naturalidade, filiação religiosa e escolaridade

•O total populacional é decomposto em subpopulações de acordo com as categorias das


variáveis em estudo. As subpopulações podem ter características demográficas distintas

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–Ex: taxas de nascimento e óbito distintos para as populações urbanas e rurais
•A análise estrutural estuda as inter-relações entre a estrutura estática e dinâmica da população.

Pensem em duas situações:


-Evolução da fronteira agrícola na região Amazônica

-Persistência de seca no agreste nordestino


Quais as relações entre natalidade, fecundidade, mortalidade e migração e a composição da
população quanto ao sexo e idade ??
Daí a importância de estudar a estrutura da População...
Saldo migratório = quantidade de imigrante − quantidade de emigrante
𝑇𝑛−𝑇𝑚
𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑣𝑒𝑔𝑒𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐ℎ𝑎𝑚𝑎𝑑𝑜 𝑡𝑎𝑚𝑏𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑛𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 = também-

se chama saldo Natural.

Crescimento efectivo e a soma do crescimento natural e o saldo migratório.


𝐶𝑒 = 𝐶𝑛 − 𝑆𝑚
A Taxa de Mortalidade é um índice utilizado na demografia, que se refere ao número
de mortes registradas - geralmente por mil habitantes -, em determinada unidade
geográfica (países, unidades da federação, regiões metropolitanas ou municípios) em
um determinado período de tempo.
É calculado dividindo-se o total de óbitos, em determinado período, pela
população calculada para a metade do período.
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑜𝑏𝑖𝑡𝑜 × 1000
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
𝑛𝑢𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜
A taxa de natalidade representa o número de nascidos vivos, enquanto
a taxa de mortalidade indica o número de óbitos de um determinado local. Os
resultados obtidos auxiliam na compreensão da dinâmica populacional de um
determinado lugar, demonstrando seu crescimento ou declínio.

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O cálculo é realizado com base na relação entre o número de nascidos vivos em
um ano e o número de habitantes do local. O resultado é expresso em
porcentagem. Por exemplo, se em um determinado lugar o nasceram 1200 crianças
e a população total é de 1.000.000 de habitantes, a taxa de natalidade será de 1,2‰.
𝐨 𝐧ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐧𝐚𝐬𝐜𝐢𝐝𝐨𝐬 𝐯𝐢𝐯𝐨𝐬
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑛𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = × 1000
𝐧ú𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐡𝐚𝐛𝐢𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐥𝐨𝐜𝐚𝐥.
Taxa de natalidade e taxa de mortalidade são importantes indicadores estatísticos do
crescimento demográfico.

TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO (TCE)


É a variação populacional observada num determinado período de tempo (entre os
momentos "0" e "t" − geralmente um ano civil), relativamente à população média desse
período. Geralmente é expressa por 100 ou 1000 habitantes.
Fórmula de cálculo: TCE = ( Pt – P0 ) ÷ [( P0 + Pt ) ÷ 2 ] x 100 ou TCE = ( Pt – P0
) ÷ [( P0 + Pt ) ÷ 2 ] x 1000; em que
P0: população no momento "0"; e
Pt: população no momento "t".

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𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑓𝑒𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜
(𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑛𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡 − 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑛𝑜 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑜
=
[(𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑛𝑜 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑜 + 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑛𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡): 2] × 10𝑛
Actividade por realizar caros estudantes.
1.Numa localidade residiam 2.020 pessoas. Nasceram 14 bebés e morreram 10 pessoas,2 das
quais eram bebés com menos de um ano de idade, durante o ano de 2018.
Calcule:
a) Taxa de natalidade
b) Taxa de mortalidade
c) Taxa de Mortalidade Infantil
d) Saldo Natural
e) Crescimento efetivo, sabendo que emigraram 5 pessoas e imigraram 9 pessoas
f) Taxa de crescimento efetivo;
O crescimento natural ou saldo natural é a diferença entre a natalidade e a mortalidade,
geralmente ele é expresso pela taxa de crescimento natural, calculada subtraindo a taxa de
natalidade pela taxa de mortalidade. O crescimento natural pode ser: Elevado: Quando o número
de nascimentos é maior que o de mortes.
𝑆𝑁 = 𝐶𝑁 = 𝑇𝑁 − 𝑇𝑀
SALDO NATURAL Diferença entre o número de nados vivos e o número de óbitos, num dado período
de tempo.
A taxa líquida de migração é a diferença entre o número de imigrantes e o número de
emigrantes ao longo do ano. Quando o número de imigrantes é maior do que o número de
emigrantes, ocorre uma taxa de migração líquida positiva.
𝑆𝑀 = número de imigrantes − número de emigrantes
O saldo migratório pode também ser calculado pela diferença entre a variação
populacional e o saldo natural.
O crescimento natural é a diferença entre a natalidade e a mortalidade, geralmente ele é
expresso pela taxa de crescimento natural, calculada subtraindo a taxa de natalidade pela taxa
de mortalidade. O crescimento natural pode ser: Elevado: Quando o número de nascimentos é
maior que o de mortes.
𝑪𝒓𝒆𝒔𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆𝒇𝒆𝒄𝒕𝒊𝒗𝒐 𝒐𝒖 𝒄𝒓𝒆𝒔𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒏𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂𝒍 = 𝑻𝒏 − 𝑻𝒎 ou CV = Tn – Tm.
O crescimento natural ou vegetativo é fruto da diferença entre as taxas de
natalidade e de mortalidade. Seu cálculo é resultante da subtração entre os índices

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de natalidade e mortalidade de uma população. O resultado do seu indicador implica
um valor positivo ou negativo de aumento da população.

2.Numa localidade em 1977 residiam 1903 pessoas. Nesse mesmo ano nasceram 17 crianças e
morreram 15 pessoas, 3 das quais bebés com menos de 28 dias idade.
Emigraram ainda, 79 pessoas e imigraram 3. Calcule no final do ano:
a) Saldo Natural
b) Saldo Migratório
c) Crescimento Efetivo
d) Taxa de Natalidade
e) Taxa de Mortalidade
f) Taxa de Mortalidade Neonatal
g) Taxa de Crescimento Natural
3.Considere o Dados da região XPTO no ano de 2014.

a) Calcule índice de dependência de idosos.


b) Calcule o índice de dependência jovem.
c) Calcule o índice de dependência total.
d) Calcule o índice de envelhecimento.
e) Calcule o índice de juventude.
f) Calcule o índice de juventude da população em idade ativa.
g) Calcule o índice de longevidade.
(Apresente todos os cálculos que tiver de efectuar e interprete convenientemente
os resultados obtidos).
ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA DE IDOSOS: Relação entre a população idosa e a população
em idade activa, definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com
65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos
(expressa habitualmente por 100 (10^2 ) pessoas com 15-64 anos).
𝑷 > 𝟔𝟓𝒂𝒏𝒐𝒔
𝑰𝑫𝑰 = × 𝟏𝟎𝟎𝟎
𝑷(𝟏𝟓 𝒂 𝟔𝟒)

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ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA DE JOVENS: Relação entre a população jovem e a
população em idade ativa, definida habitualmente como o quociente entre o número
de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos e o número de
pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos (expressa
habitualmente por 100 (10^2 ..).
𝑷(𝟎 𝒂 𝟏𝟒)
𝑰𝑫𝑱 = × 𝟏𝟎𝟎
𝑷(𝟏𝟓 𝒂 𝟔𝟒)
ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA TOTAL: Relação entre a população jovem e idosa e a
população em idade ativa, definida habitualmente como o quociente entre o número
de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos conjuntamente com
as pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas
entre os 15 e os 64 anos (expressa habitualmente por 100 (10^2 ..).

𝑷(𝟎 𝒂 𝟏𝟒)+ 𝑷(>𝟔𝟓) × 𝟏𝟎𝟎


𝑰𝑫𝑻 =
𝑷(𝟏𝟓 𝒂 𝟔𝟒)

ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO: Relação entre a população idosa e a população


jovem, definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com
65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0
e os 14 anos (expressa habitualmente por 100 (10^2) pessoas dos 0 aos 14
anos).
𝑷 > 𝟔𝟓𝒂𝒏𝒐𝒔
𝑰𝑬𝑪 = × 𝟏𝟎𝟎
𝑷(𝟎 𝒂 𝟏𝟒)
INDICE DE JUVENTUDE: o quociente entre o número de pessoas com idades
compreendidas entre os 0 e os 14 anos e o número de pessoas com idade igual ou
superior a 65 anos, geralmente é expresso em percentagem (por 100 pessoas com
idade igual ou superior a 65 anos).
𝒑(𝟎 𝒂 𝟏𝟒 )
𝑰𝑱 = × 𝟏𝟎𝟎%
𝒑 ≥ 𝟔𝟓
ÍNDICE DE JUVENTUDE DA POPULAÇÃO EM IDADE ACTIVA (IJPA)
É a relação entre a metade mais jovem e a metade mais idosa da população em idade activa.
Habitualmente definido como o quociente entre o número de pessoas com idades
compreendidas entre os 15 e os 39 anos e o número de pessoas com idades compreendidas
entre os 40 e os 64 anos. Geralmente é expresso em percentagem (por 100 pessoas com idades
entre os 40 e os 64 anos).
Fórmula de cálculo: IJPA = ( P1 ÷ P2 ) x 100; em que
P1: população com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos; e
P2: população com idades compreendidas entre os 40 e os 64 anos.
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𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 (15 𝑒 𝑜𝑠 39𝑎𝑛𝑜𝑠)
𝐼𝐽𝑃𝐴 = × 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑝𝑚𝑝𝑟𝑒𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 40 𝑒 𝑜𝑠 64 𝑎𝑛𝑜𝑠
ÍNDICE DE LONGEVIDADE (IL)
É a relação entre dois grupos de população idosa: um com idade igual ou superior a 65 anos e
outro com idade igual ou superior a 75 anos. Habitualmente definido como o quociente entre
o número de pessoas com idade igual ou superior a 75 anos e o número de pessoas com idade
igual ou superior a 65 anos. Geralmente é expresso em percentagem (por 100 pessoas com
idade igual ou superior a 65 anos).
Fórmula de cálculo: IJ = ( P1 ÷ P2 ) x 100; em que
P1: população com idade igual ou superior a 75 anos; e
P2: população com idade igual ou superior a 65 anos.

𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑎 75 𝑎𝑛𝑜𝑠


𝐼𝐿 = × 100
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑎 65 𝑎𝑛𝑜𝑠

5.Os seguintes dados correspondem a duas localidades latino-americanas, as que


denominaremos
A e B, em um ano determinado.
Tabela 3.8 População e mortalidade em duas localidades latino-americanas

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6.Analise o seguinte quadro e de acordo com a informação apresentada, resolva os pontos
considerados a seguir:
Óbitos por grupo de idade e população

a) A taxa de mortalidade (por 100.000) para o grupo de idade de 1 a 4 anos


b) A taxa de mortalidade (por 100.000) para o grupo de idade de 65 e mais anos.
c) A taxa de mortalidade (por 100.000) para o grupo de 25 a 44 anos.
d) Comente os resultados em relação à magnitude da mortalidade nos grupos de idade.
7. Sobre os indicadores de saúde de acordo com os dados a baixo.

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Determine:

a) Taxa de natalidade bruta (TNB);


b) Taxa geral de fecundidade ( TGF);
c) Taxa de fecundidade específica dos 15 a 19 anos de idade;
d) Taxa de mortalidade infantil;
e) Taxa de mortalidade neonatal.
TAXA BRUTA DE NATALIDADE: Número de nados vivos ocorridos durante um determinado
período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média desse período
(habitualmente expressa em número de nados vivos por 1000 (10^3) habitantes).
Número de nados vivos
𝑇𝑁𝐵 = × 1000;
𝑁 𝑜 .𝑝𝑜𝑝 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

TAXA DE FECUNDIDADE é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher
teria até o fim de seu período reprodutivo, mantidas constantes as taxas observadas na referida
data.
Número de nados vivos
𝑇𝐺𝐹 = × 1000
𝑃𝐹(15−49)
TAXA ESPECÍFICA DE FECUNDIDADE (TEF) DOS 15 A 19 ANOS DE IDADE
A TEF corresponde à divisão do total de nascimentos vivos de mães de uma determinada idade
ou grupo etário pelo total de mulheres dessa idade ou grupo etário em um determinado ano.
Para calcular essa taxa, basta dividir o número de nascimentos em um grupo etário pelo
número de mulheres nesse grupo. A taxa de fecundidade total seria uma média de todas
as taxas específicas de fecundidade, isto é, uma média do número de filhos que uma mulher
tem ao final de seu período reprodutivo.
𝑁𝑎𝑠𝑐𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑒𝑠 𝑑𝑒 15 𝑎 19 𝑎𝑛𝑜𝑠
𝑇𝐸𝐹 = × 1000
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑓𝑒𝑚𝑒𝑛𝑖𝑛𝑎 𝑑𝑒 15 𝑎 19 𝑎𝑛𝑜𝑠
8.Considere que esses resultados são típicos de qualquer população.
Vinte e seis casos de tuberculose foram diagnosticados na Cidade Alta entre 1º de janeiro e 30
de junho de 2000. O total de casos de tuberculose ativos em 30 de junho era de 264. A
população de Cidade Alta era de 183.000 habitantes.
a) Qual foi a incidência de tuberculose na Cidade Alta no período entre 1° de janeiro e 30 de
junho?
(a) 7,6 Casos novos por 100.000 habitantes.
(b) 14,2 casos novos por 100.000 habitantes.
(c) 27,3 casos novos por 10.000 habitantes.
(d) 78,7 casos novos por 100.000 habitantes.
(e) 144,3 casos novos por 10.000 habitantes.

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b) Qual foi a prevalência de tuberculose na Cidade Alta em 30 de junho de 2000?
(a) 14,2 Casos por 100.000 habitantes.
(b) 144,3 casos por 100.000 habitantes.
(c) 158,5 casos por 10.000 habitantes.
(d) 290,0 casos por 10.000 habitantes.
(e) 85,2 casos por 100.000 habitantes.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE


CONCEITOS FUNDAMENTAIS E ORGANIZAÇÃO
OBJECTIVO GERAL

Propiciar a apreensão de conceitos fundamentais relacionados a um Sistema de Informação


em Saúde e introduzir algumas referências para organização e utilização do mesmo,
considerando os "Sistemas de Abrangência Nacional" existentes.

I. Qual a importância e o que é um Sistema de Informação em Saúde?


I.1 A importância de um Sistema de Informação em Saúde
Sem nenhuma dificuldade, poderíamos listar uma infinidade de situações cotidianas onde as
informações são utilizadas para orientar a tomada de decisões. Por exemplo: como estão as
condições climáticas (temperatura, chuva etc.) para decidir sobre que tipo de roupa vestir; quais
são as condições da estrada para decidir sobre uma viagem etc.
As informações estão sempre presentes nas nossas vidas e participam de diversas decisões
do nosso cotidiano.

DOCENTE: ARMANDO MATANLELA 21


O facto de ter acesso a determinadas informações não garante que, consequentemente, as
decisões e ações desencadeadas serão sempre “acertadas” ou estarão “corretas”. Ou seja, as
informações refletem as concepções, os valores, as intenções, a visão de mundo e outras
particularidades daquele que as está utilizando influenciando diretamente nas decisões
tomadas.
As informações não são neutras. Portanto, elas refletem “o grau de miopia” daquele que
as está utilizando.
Mesmo quando temos acesso a informações pertinentes e confiáveis, ainda assim, mantém-se
presente a incerteza. O tamanho ou o grau dessa incerteza é variável. Depende do tipo de
situação encontrada e de quem quer intervir sobre ela.
Identificarmos quais informações são necessárias precisamos fazer perguntas que nos
permitam: conhecer a situação colocada e definir quais objetivos que pretendemos alcançar,
subsidiando a tomada de decisões sobre as ações a serem desenvolvidas. Isto é,o caminho a
ser percorrido para alcançar os objetivos pretendidos. São as perguntas que nos indicam quais
informações precisamos obter.
O grande desafio não é somente ter acesso as informações. Primeiro e principalmente é
preciso saber perguntar. A partir de perguntas, busca-se respostas/informações capazes
de subsidiar, com o menor grau de incerteza possível, as decisões sobre as ações a serem
desencadeadas, para que sejam alcançados os objetivos definidos.
O processo de gestão do setor saúde exige a tomada de decisões de alta responsabilidade e
relevância social. As informações podem funcionar como um meio para diminuir o grau de
incerteza sobre determinada situação de saúde, apoiando o processo de tomada de decisões.
Entretanto, devemos ter clareza de que: o que sustenta estas decisões são os valores, os
fundamentos, os pressupostos, a visão de mundo e, particularmente, a concepção de modelo
de atenção à saúde daqueles envolvidos no processo de gestão do setor saúde.
As informações são importantes quando podem contribuir para um processo de reflexão,
avaliação e tomada de decisões sobre o enfrentamento de uma determinada situação de
saúde.
I.2 Conceitos fundamentais
I.2.1 Definição de Sistema
Segundo Guido de C. Santos "(...) o termo sistema traz de imediato, a idéia de um todo
orgânico, governado por leis próprias que definem a sua estrutura e o seu funcionamento

DOCENTE: ARMANDO MATANLELA 22


e o dirigem a um fim determinado." Deve-se também considerar que um sistema pode
sofrer influências externas.
Um Sistema Municipal de Saúde tem vários componentes (centros de saúde, ambulatórios
especializados, farmácia, hospital etc.) que produzem vários tipos de ações (consultas médicas,
vacinação, vigilância sanitária etc.); segundo uma normatização própria.
Entretanto, para considerá-lo enquanto um sistema deve haver uma interligação e uma
interação entre esses componentes que espera-se, resulte numa atenção organizada, produzindo
respostas às necessidades de saúde de uma determinada população.
I.2.2 Definição de Dado
Os dados são a base para gerarmos informações. Os dados que escolhemos e o modo como
os combinamos refletem o referencial explicativo (os pressupostos, os valores etc.) que
orienta a nossa visão de mundo, ou seja, o nosso “modo de ver” ou de conhecer uma
determinada situação.
A partir da combinação de dados gera-se informações e elabora-se uma interpretação.
Pode-se entender esta interpretação como uma avaliação (ou seja, valia = dar valor),
buscando-se construir um conhecimento e a formar um juízo sobre determinada situação.
Necessariamente, este juízo incorpora as concepções, os pressupostos, os valores e as
referências que fundamentam a visão de mundo do sujeito que interpreta a situação.
I.2.3 Definição de Informação
A informação é o produto obtido a partir de uma determinada combinação de dados, da
avaliação e do juízo que fazemos sobre determinada situação. É um importante recurso para
subsidiar o processo de tomada de decisão, de planejamento, de execução e de avaliação das
ações desencadeadas.
Dependendo do ponto onde se coloca o observador numa determinada situação, o que para ele
é um dado para o outro pode ser uma informação. É preciso relativizar estes conceitos
considerando “onde” ou “em que posição” situa-se aquele que está problematizando uma
determinada situação.
Cabe destacar que os dados não precisam ser minuciosamente detalhados e nem
quantitativamente variados para serem potentes o bastante para informar sobre o que esteve,
está ou poderá acontecer numa determinada situação.
Portanto, o mais importante é a capacidade de definir quais as informações e,
consequentemente, quais os dados são pertinentes e realmente necessários para responder

DOCENTE: ARMANDO MATANLELA 23


perguntas que possibilitem conhecer, avaliar e decidir sobre como agir numa determinada
situação.
A clareza na definição das informações necessárias pode significar uma grande “economia” na
coleta, processamento e armazenamento de dados. Como também no processo de produção e
de disseminação das informações.
Frequentemente, por não estarmos atentos à dimensão dos “custos” destes processos, primeiro
ou mesmo exclusivamente, só nos preocupamos em escolher os dados (geralmente quer-se
muitos deles) que queremos coletar, antes de definirmos e justificarmos com clareza quais as
informações necessitamos obter, ou seja, quais perguntas queremos responder.
I.2.4 Definição de Situação de Saúde
Uma situação (situs + ação) sempre está acontecendo em algum lugar. Podemos entender este
situs enquanto um território. O conceito de território, objeto de estudo da Geografia, é bastante
complexo. Desde o final da década de 80, percebe-se um esforço do setor saúde para apreensão
deste conceito e sua utilização para transformação das práticas sanitárias.
Particularmente através de experiências voltadas para a construção de Sistemas Locais de
Saúde (SILOS) ou Distritos Sanitários e definição de área de abrangência (ou de
responsabilização) das Unidades de Saúde.
A incorporação do conceito de território tem trazidos avanços significativos para a análise
sobre os determinantes do processo saúde-doença, permitindo desmascarar desigualdades,
identificar situações de risco e promover intervenções mais efetivas, integrais e equânimes para
o enfrentamento dos problemas de saúde.
De um modo simplificado (não é objetivo deste texto aprofundar o conceito de território)
podemos definir que: Nas várias situações que a vida coloca, cada pessoa segundo (ou
seguindo) suas referências, constrói uma interpretação particular. Ainda que os mesmos dados
sejam identificados e utilizados por diferentes pessoas, ao combiná-los cada um constrói sua
interpretação.
Os dados não falam por si. Eles são como uma matéria-prima, sobre a qual trabalhamos
(juntando-os, correlacionando-os, contrapondo-os etc.) buscando produzir informações que se
traduzam em um conhecimento, um interpretação e um juízo sobre uma determinada situação.
“O território pertence a uma dada sociedade de um dado local que articula as forças sociais de
uma determinada maneira. O território nunca está pronto; mas sim, em constante
transformação.” Donato, 1997.

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Para avançarmos um pouco mais na definição do que é uma situação, cabe também considerar
o referencial teórico que fundamenta o Planejamento Estratégico Situacional desenvolvido por
Carlos Matus. A partir do exemplo apresentado a seguir, Matus faz algumas reflexões
importantes sobre o conceito de situação:
“... dois meninos exploradores, A e B, situados em dois planetas distintos, disparam ao mesmo
tempo seus revólveres de espoleta. Isso é o que afirma um observador. No entanto, A garante
ter disparado primeiro e o mesmo afirma B. Na verdade, ambos estão dizendo sua verdade
relativa à posição ou situação que ocupam no espaço.”
Segundo Matus “(...) as duas verdades são verificáveis por cada um dos meninos exploradores,
porque a velocidade da luz obedece a uma lei objetiva, independente da nossa vontade,
interesses e posição na realidade. Isso permite que A afirme que a luz da explosão da sua
espoleta apareceu primeiro.
Mas também o mesmo argumento serve para B, considerado o seu ponto de observação. É
justamente com base nessa lei objetiva que, um observador equidistante dos dois, pode afirmar
que A e B dispararam ao mesmo tempo. Neste relato situacional há portanto, três verdades
empiricamente verificáveis.
Ou seja, a análise de uma determinada situação assume a verdade de quem se a verdade, como
se viu, não pode ser uma só?
Deste modo, partindo dos referenciais propostos por Donato e por Matus para compreensão do
que é uma situação e considerando a definição ampliada de saúde como um sinônimo de
qualidade de vida, podemos entender uma situação de saúde como sendo também decorrente
do processo histórico de uma dada sociedade. Neste processo, as respostas produzidas para
atender às necessidades de saúde dessa sociedade, resultam e refletem a articulação das forças
sociais que a compõem. Portanto, a situação de saúde também está em constante transformação.
Situação de saúde é o conhecimento, a interpretação que um ator social produz para agir e
transformar a qualidade da vida da população de um determinado território.
Território este historicamente produzido e em permanente processo de transformação.
I.2.5 Definição de Indicador
Para trabalharmos a definição de indicador, inicialmente vamos recorrer à categoria de
“distinção” proposta por Spencer Brown (1969):
“Uma “distinção” divide o mundo em duas partes, esse (próximo do “eu”) e este (próximo do
“outro”), ou nós e eles etc. Uma das mais fundamentais de todas as atividades humanas é fazer
distinções.

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Quando uma distinção é feita em função de um propósito concreto por quem distingue, fala-se
de uma “indicação”. Desse modo, a avaliação, o conhecimento e as propostas de intervenção
sobre uma situação são um encadeamento de indicações e são auto-referidas.

Indicam-se problemas, explicações, respostas etc. A indicação não está motivada apenas pelo
propósito de conhecer mas também, pelo propósito de agir e transformar a realidade
compreendida na situação indicada. A indicação é um modo de fazer uma “leitura” do mundo
para agir sobre ele. Consequentemente, uma determinada situação admite muitas indicações.
Um indicador é uma representação numérica ou não que, considerando nossas
referências e critérios, nos permite, a partir da “preferência” que damos a determinados
eventos (actividades realizadas, ocorrência de doenças), produzir informações visando a
elaborar um conhecimento (quantitativo e/ou qualitativo) sobre uma determinada
situação, com o propósito de tomar decisões e agir para transformar a realidade
compreendida no espaço indicado.

I.2.6 Definição de Sistema de Informação em Saúde (SIS)


A seguir, serão feitas algumas considerações, buscando contribuir para a elaboração de uma
definição do que entende-se como sendo um SIS:
1. Todas as atividades realizadas por um Sistema de Saúde geram dados que podem produzir
informações.
2. Todas estas atividades são realizadas em determinados tipos de unidades de produção ou
unidades operacionais (laboratório, almoxarifado, unidade de saúde, sector de finanças etc.)
que compõem o Sistema de Saúde e devem contar com informações que subsidiem o processo
de planejamento, controle, avaliação e redireccionamento do que vem sendo produzido. Por
exemplo:
_ A actividade de controle do estoque de materiais (medicamentos, detergentes etc.) no
almoxarifado produz vários dados, que geram informações que devem orientar decisões ligadas
à aquisição, distribuição e armazenamento dos materiais. Para tal, deve-se contar com um
Sistema de Informações para Controle de Materiais.
3. Existem dados e informações geradas nessas diferentes unidades operacionais que
interessam não só a própria unidade mas a todo Sistema de Saúde. São informações
consideradas estratégicas, voltadas para uma avaliação permanente das respostas que estão
sendo produzidas e do impacto obtido sobre a situação de saúde. Por exemplo:

DOCENTE: ARMANDO MATANLELA 26


_ Um Sistema de Informações Ambulatórias informa sobre a produtividade de consultas de
gineco-obstetrícia e também sobre a cobertura de gestantes alcançadas com as consultas de pré-
natais realizadas;
_ Um Sistema de Informações Hospitalares informa sobre a ocorrência de complicações
ligadas à gravidez, ao parto e ao puerpério;
_ Um Sistema de Informações sobre Mortalidade informa sobre o índice de mortalidade
materna.
Pode-se dizer que a combinação desses sistemas ou subsistemas (como preferem alguns) pode
permitir uma avaliação das respostas (a produtividade de consultas, a cobertura das consultas
de pré-natal, a ocorrência de complicações no parto) e do impacto destas (o índice de
mortalidade materna) sobre uma determinada situação de saúde.
Fazendo uma combinação entre a definição de Sistema de Informação em Saúde proposta pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS),
pode-se entender que:
Um SIS é um conjunto de componentes que atuam de forma integrada, através de mecanismos
de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária e oportuna para
implementar processos de decisões no Sistema de Saúde. Seu propósito é selecionar dados
pertinentes e transformá-los em informações para aqueles que planejam, financiam, provêm e
avaliam os serviços de saúde.
Segundo documento do Ministério da Saúde (MS), aprovado pela Portaria Ministerial nº3 de
04/01/96 e publicado na D.O.U de 08/01/96:
“É essencial conceber o SIS como um instrumento para o processo de tomada de decisões, seja
na dimensão técnica, seja na dimensão de políticas a serem formuladas e implementadas; o
sistema deve ser concebido pois, na qualificação de suas ações, como produtor de
conhecimentos e como descritor de uma realidade... Um SIS deve assegurar a avaliação
permanente da situação de saúde da população e dos resultados das ações de saúde executadas,
fornecendo elementos para, continuamente, adequar essas ações aos objetivos do SUS.”
II. Como deve ser, para que e para quem deve servir um SIS?
II.1 Como deve ser um Sistema de Informação em Saúde
O processo de gestão no setor saúde demanda a produção de informações que possam apoiar
um contínuo (re)conhecer, decidir, agir, avaliar e novamente decidir... Portanto, o processo de
produção de informações, além de contínuo, também precisa ser sensível o bastante para captar
as transformações de uma situação de saúde. Considerando esta reflexão, como deve então ser

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um SIS? Ou seja, como deve ser o modelo (as concepções) ou quais devem ser os princípios e
diretrizes que caracterizam um SIS ?
Se entende-se um SIS enquanto um componente de um determinado Sistema de Saúde (SUS),
ele deve portanto, ser coerente com as características (princípios e diretrizes) deste modelo de
atenção. Para fazer uma reflexão sobre esta relação entre o SUS e o SIS, apresenta-se a seguir
um quadro que procura sintetizar alguns dos princípios e diretrizes que orientam a concepção
(para alguns) do modelo de atenção proposto para o SUS e procura sintetizar uma proposta de
como deve ser um SIS (qual o modelo).

II.2 Qual deve ser o papel de um Sistema de Informação em Saúde?


Organizar a produção de informações compatíveis com as necessidades dos diferentes níveis,
garantindo uma avaliação permanente das ações executadas e do impacto destas sobre a
situação de saúde;
Assessorar o desenvolvimento de sistemas voltados para as especificidades das diferentes
unidades operacionais do sistema de saúde;
Contribuir para o desenvolvimento dos profissionais de saúde, para a construção de uma
consciência sanitária coletiva, como base para ampliar o exercício do controle social e da
cidadania. Também para resgatar uma relação mais humana entre a instituição e o cidadão.
II.3 Quem deve ser “usuário” de um Sistema de Informação em Saúde?
Todos os trabalhadores do SUS.

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Todas as instâncias de decisão do SUS: comissões, conselhos, conferências, colegiados e
outros fóruns desse tipo.
Outros setores (além da saúde) governamentais, Ministérios, Secretarias Estaduais e
Municipais diretamente envolvidos com ações voltadas para melhorar a qualidade da vida da
população: (educação, meio ambiente, ação social etc.).
Merecem destaque as universidades e escolas públicas e os setores responsáveis pelas
intervenções referentes ao saneamento básico.
Organizações populares e Organizações não-governamentais.
Partidos Políticos.
A população em geral.
III. Quais as informações básicas um SIS deve disponibilizar?
Buscando tomar decisões e desencadear ações para transformar uma determinada situação de
saúde faz-se perguntas que permitam conhecer e avaliar a qualidade da vida da população de
um determinado território. Para responder a essas perguntas utiliza-se informações, obtidas
através de combinações entre determinados dados.
Podemos comparar este conjunto de perguntas a uma espiral. Onde, primeiramente, faz-se um
(re)conhecimento da situação de saúde “inicial”. Após decisões, intervenções e determinados
resultados, avalia-se as transformações obtidas, ou seja, a situação de saúde “final”. E assim
sucessivamente, num processo permanente de produção de respostas às necessidades de saúde
das populações.
O diagrama a seguir, procura sintetizar o que poderia ser um conjunto mínimo (básico) de
informações para que possamos (re)conhecer, decidir, intervir, acompanhar e avaliar uma
determinada situação de saúde.

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…………………………………………………………………………………………………..
Índice de Juventude (ij)
Fórmula de cálculo: IJ = ( P1 ÷ P2 ) x 100; em que P1: população com idades
compreendidas entre os 0 e os 14 anos; e P2: população com idade igual ou superior
a 65 anos.
Índice de Juventude da População em Idade Activa (ijpa). É a relação entre a metade mais
jovem e a metade mais idosa da população em idade activa.
Índice de Juventude (ij)
Fórmula de cálculo: IJ = ( P1 ÷ P2 ) x 100; em que P1: população com idades
compreendidas entre os 0 e os 14 anos; e P2: população com idade igual ou
superior a 65 anos.
ÍNDICE DE LONGEVIDADE: Relação entre a população mais idosa e a população idosa,
definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com 75 ou mais anos e
o número de pessoas com 65 ou mais anos (expressa habitualmente por 100 (10^2) pessoas
com 65 ou mais anos).
Índice de Envelhecimento: População com 65 e + anos/população dos 0 -14 anos *
100; Índice de Dependência de Idosos: População com 65 e + anos/população activa (14
DOCENTE: ARMANDO MATANLELA 30
anos aos 65 anos) * 100; Índice de Dependência de Jovens: População dos 0 aos 14
anos/população activa (14 anos aos 65 anos) * 100.

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