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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DEMOGRAFIA – PPGDEM

JEANE GALDINO FAUSTINO LIMA


RICARDO DAVID DUARTE

RELATÓRIO: PADRNIZAÇÃO DIRETA E INDIRETA DOS ÓBITOS DO CEARÁ


TENDO COMO BASE A POPULAÇÃO DA BAHIA, CENSO 2010

NATAL/RN
2022
1INTRODUÇÃO

A mortalidade brasileira iniciou seu declínio nos anos 1940 do século passado,
enquanto a fecundidade começou a diminuir a partir da década de 1960 (BRITO, 2007).Por
outro lado, com a mortalidade geral constantemente em declínio, como indica a tendência de
aumento da esperança de vida ao nascer, as coortes de população com 65 anos ou mais serão
cada vez mais numerosas.
A transição demográfica e evidencia o processo de envelhecimento da população
brasileira, ainda mais proeminente na população feminina, reflexo da sobremortalidade
masculina, em grande parte devido a causas externas e doenças do aparelho circulatório
(CALAZANS; QUEIROZ, 2020).
Neste cenário, o presente de trabalho da disciplina de técnicas 1 tem como objetivo
padronizar a mortalidade do estado do Ceará baseando-se nas taxas brutas de mortalidade
(TBM), taxas específicas de mortalidade (TEM), para comparação de níveis de mortalidade
entre a população do Ceará e da Bahia.
Estes cálculos de padronização são necessários uma vez que, a comparação de níveis
de indicadores entre diferentes populações, espaciais ou temporais, pode sofrer influência da
estrutura etária das populações estudadas. Também dados faltantes na pesquisa podem ser
supridos desta forma, facilitando o andamento da pesquisa.

2METODOLOGIA

2.1 Área de estudo

O estado da Bahia está situado no Sul da região Nordeste do país.Ocupa uma


área aproximada de 564. 273,177 km². Conforme dados do censo realizado pelo Instituto de
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2010, o estado possuía uma população total
de 14.016.906 habitantes.
O estado do Ceará está situado no norte da Região Nordeste, com área total de 148
894,442 km², 9,37% da área do Nordeste, o oitavo estado mais populoso do país. No último
censo do IBGE, em 2010, a população cearense era de 8 452 381
habitantes (4,4% da população brasileira), com 66,52% destes entre 15 e 64 anos, 25,89%
com menos de quinze anos e 7,59% acima dos 65 anos.

2.2 Método geométrico

A mortalidade padronizada (MP) foi calculada tomada como numerador o total de


óbitos em cada faixa etária de interesse, e como denominador o total da população estimada
por pessoa/ Ano nos estados da Bahia e Ceará.
Como população padrão ou de referência foi considerada o total de óbitos ocorridos no
mesmo período, entre pessoas do mesmo sexo no estado do Ceara. Este estado foi escolhido
por deter características sócias, econômicas, demográficas e geográficas semelhantes.
Os dados foram obtidos a partir do sistema de informação de registo de Mortalidade
do Ministério de Saúde (Datasus / SIM) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Para a padronização direta dos dados foram aplicadas as seguintes equações:

Taxa Bruta de Mortalidade


Onde: ob. são os óbitos totais; nMx, taxa de mortes considerando o número de mortes
da idade x dividido pela população da idade x; nPx, número de pessoas no meio do ano
pessoas-ano).
Já para a padronização indireta foram utilizadas as seguintes equações:

taxa de mortalidade a ser padronizada,

razão de
mortalidade padronizada,
óbitos a serem estimados por
padronização indireta.
ob. são os óbitos totais; nMx, taxa de mortes considerando o número de mortes da
idade x dividido pela população da idade x; nPx, número de pessoas no meio do ano pessoas-
ano); ob obs, óbitos observados; ob est, óbitos esperados

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste tópico serão discutidos os resultados obtidos com os cálculos de padronização
das taxas de mortalidades padronizadas direta e indiretamente, para o estado do Ceará com
base nas taxas de mortalidades específicas da Bahia, com base na tabela 200 do IBGE, censo
2010. Tais resultados estão descritos no quadro a seguir:

Cálculo da TBM padronizada pela estrutura etária da Ceará com a taxa


de mortalidade da Bahia 2010
Grupo de CE-pop. Óbitos
nMx-BA
idade Padrão esperados observados TBM
0 a 4 anos 644701 0,000551 355,2523 0
5 a 9 anos 696377 0,000309 215,1412
10 a 14 anos 847464 0,000414 351,1172
15 a 19 anos 846653 0,001445 1223,712
20 a 24 anos 822861 0,001967 1618,949
25 a 29 anos 742972 0,001986 1475,501
30 a 34 anos 658095 0,002219 1460,255
35 a 39 anos 576260 0,0025 1440,807
40 a 44 anos 541125 0,00309 1671,971
45 a 49 anos 479191 0,004483 2148,173
50 a 54 anos 373628 0,006187 2311,699
55 a 59 anos 313838 0,008581 2693,197
60 a 64 anos 266480 0,011827 3151,637
65 a 69 anos 206325 0,016492 3402,783
70 a 74 anos 170901 0,025425 4345,15
75 a 79 anos 112831 0,038262 4317,161
80 a 84 anos 127948 0,083005 10620,33
Total 8427650 42802,84 42129 0,005079

Cálculos da padronização indireta (nMx - Ceará) com dados da Bahia, 2010


Grupo de CE-pop. ób.esp.ind nMx nMx Bahia FCM TBM
idade Padronizado padronizada
0 a 4 anos 644701 349,659666 0,00054 0,00055 0,984 0,004999
5 a 9 anos 696377 211,75428 0,00030 0,00031
10 a 14 anos 847464 345,589606 0,00041 0,00041
15 a 19 anos 846653 1204,44742 0,00142 0,00145
20 a 24 anos 822861 1593,46228 0,00194 0,00197
25 a 29 anos 742972 1452,27235 0,00195 0,00199
30 a 34 anos 658095 1437,2661 0,00218 0,00222
35 a 39 anos 576260 1418,12453 0,00246 0,00250
40 a 44 anos 541125 1645,64904 0,00304 0,00309
45 a 49 anos 479191 2114,35445 0,00441 0,00448
50 a 54 anos 373628 2275,30596 0,00609 0,00619
55 a 59 anos 313838 2650,79811 0,00845 0,00858
60 a 64 anos 266480 3102,02152 0,01164 0,01183
65 a 69 anos 206325 3349,21408 0,01623 0,01649
70 a 74 anos 170901 4276,74561 0,02502 0,02542
75 a 79 anos 112831 4249,1964 0,03766 0,03826
80 a 84 anos 127948 10453,1386 0,08170 0,08301 observados
total 8427650 42129, 00 42129

Neste quadro podemos observar que a padronização direta obteve uma TBM
(0,00507*1000; 5,07 mortes a cada mil habitantes) bem próxima aos resultados obtidos no
IBGE (TBM CEARÁ: 4,999/1000 habitantes= 0,004999 ), sendo este resultado igual quando
utilizado a padronização indireta. Nota-se que o fator comparativo K, traz maior concisão aos
dados, faz com que esta abordagem melhor estime os resultados de dados ausentes. A razão
“K” é a relação entre o número observado de óbitos relação ao número esperado de óbitos. Se
esta constante for igual à 1, o número observado de óbitos é igual ao esperado, se for maior
que 1 o número observado de óbitos é maior do que o esperado e se menor que 1, o número
observado de óbitos fica menor do que o esperado. Para este trabalho, o FCM ficou muito
próximo de 1 (0,984), sendo um ótima relação entre os resultados observados e os esperados.
Na padronização indireta supomos que a população em estudo tenha o mesmo formato
de TEM de mortalidade da população escolhida como padrão, visto suas semelhanças
populacionais, geográficas e demográficas.
Dos resultados podemos discutir o alto nível de mortalidade do estado do Ceará, uma
vez que este possui espaço territorial e população menor que o estado da Bahia. O Ceará teve
o quinto maior número de homicídios do Brasil nos três primeiros meses de 2022, conforme o
Monitor da Violência, índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados
oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. Estes fatos demonstram o quanto a violência é
causadora de morte neste estado. Neste período o Ceará registrou 755 mortes do período,
ficando atrás da Bahia (1.326 mortes), Pernambuco (963 mortes), São Paulo (812 mortes) e
Rio de Janeiro (781 mortes).
Os gráficos abaixo mostram os níveis entre os dois estados e entre as duas
padronizações, respectivamente:

Quadro 1: Taxa de mortalidade específica

0,1

0,01
bahia
Bahia
0,001 ceará
Ceará

0,0001
5 a 9 anos
0 a 4 anos

10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 a 84 anos

Fonte: Do autor. Dados retirados do DataSus/SIM.


Quadro 2: TEM padronizadas diretamente e indiretamente para o estado do Ceará.

100000,00

10000,00

1000,00

pa.direta
100,00 pa. indireta

10,00

1,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Fonte: do autor. Dados: IBGE, censo 2010.

Nestes gráficos é possível observar uma ótima sobreposição das padronizações e as


semelhanças dos níveis de mortalidade entre os estados.

4 CONCLUSÃO

Deste estudo depreende-se que ambas as padronizações conseguiram trazer bons


resultados comparados aos divulgados pelo IBGE, com destaque para a padronização indireta
que trouxe os mesmos resultados.
Apesar da diferença populacional entre os estados, os níveis de mortalidades são
praticamente iguais, sendo as mortes por violência, nas idades mais jovens, um dos principais
fatores para estes números alcançados. A Bahia se destaca no número de mortes a partir dos
80 anos devido ao maior quantitativo de pessoas, nesta idade, em sua população.
Demograficamente, os estados seguem a transição demográfica no mesmo ritmo de
envelhecimento populacional, contudo, ainda com uma população em sua maioria, jovem.
5 REFERÊNCIAS

BAHIA. PROJEÇÕES populacionais para a Bahia: 2010-2030. Boletim Especial,


Salvador, 2013. Disponível em:
http://www.sei.ba.gov.br/images/publicacoes/download/projecoes_populacionais/proj
ecoes_populacionais.pdf. Acesso em: 10 de mai. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de Saúde (TABNET). Taxa


de crescimento da população. 2020. Disponível em: . Acesso em: 27 de mai. de 2020.

BRITO, F. A transição demográfica no Brasil: as possibilidades e os desafios para a


economia e a sociedade. Belo Horizonte: UFMG, Centro de Desenvolvimento e Planejamento
Regional da Faculdade de Ciências Econômicas, 2007. 28 p. (Texto para discussão; 318).
Availablefrom: . Cited: May 2020.

CALAZANS, J. A; QUEIROZ, B. L. The adultmortality profile by cause of death in 10


Latin American countries (2000-2016). Revista Panamericana de Salud Publica,
Washington, DC, v. 44, p. 1-9, 2020. Availablefrom:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6966090/>. Cited: May 2020.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Brasileiro de 1970,


1980, 1991, 2000, 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.

_. Tabela 1 - Taxa média geométrica de crescimento anual da população


residente, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação - 1950/2000.
2018. Disponível em: Acesso em: 01 ago. 2018.

Links:

https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2022/05/18/ceara-tem-quinto-maior-numero-de-
homicidios-do-pais-no-primeiro-trimestre-diz-monitor-da-violencia.ghtml

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