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Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Centro de Ciências da Saúde e do Esporte – CEFID


Grupo de Estudos da Terceira Idade – GETI
Laboratório de Gerontologia – LAGER

PRODUÇÃO TECNICA
DISCIPLINA DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E ENVELHECIMENTO

Organizadora:
Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo

Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - CEFID


Rua Pascoal Simone, 358 - Coqueiros, Florianópolis - SC, CEP 88080-350
Fone: 0xx48 3321-8659 | www.cefid.udesc.br
e-mail: giovana.mazo@udesc.br

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
SUMÁRIO

1. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DO PROCESSO DE 03


ENVELHECIMENTO HUMANO NO MUNDO E NO BRASIL

2. GERONTOLOGIA E GERIATRIA: CONCEITOS, TERMINOLOGIAS E TEORIAS DO 12


ENVELHECIMENTO

3. POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL VOLTADAS A PESSOA IDOSA 14

4. ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAS DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 21


HUMANO

5. DOENÇAS MAIS COMUNS DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 22

6. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS 49

7. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO PARA IDOSOS 55

8. APTIDÃO FÍSICA E PRESCRIÇÃO RELACIONADAS À SAÚDE DO IDOSO 58

9. CUIDADOS COM AS DOENÇAS PREVALENTES E RISCOS DURANTE A AULA 64

10. METODOLOGIA DO ENSINO: Atividade física e Envelhecimento 66

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
1. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DO PROCESSO DE
ENVELHECIMENTO HUMANO NO MUNDO E NO BRASIL

FONTE:
MAZO, G. Z.; LOPES, M. A.; BENEDETTI, T. R. Atividade física e o idoso: concepção
gerontológica. 3ª Ed. Revisada e atualizada. Porto Alegre: Sulina, 2009. Capítulo 1.

CONSIDERAÇÕES DEMOGRÁFICAS E EPIDEMIOLÓGICAS SOBRE O


ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL

Este capítulo tem como objetivo, tecer algumas considerações da transição demográfica e
epidemiológica do Brasil, quanto ao seu envelhecimento populacional, pois por meio delas
serão fornecido subsídios para entender esse processo, bem como os meios adequados para
propor intervenções mais efetivas na sociedade.
O envelhecimento populacional vem ocorrendo nos países em desenvolvimento num
espaço de tempo mais curto do que em relação aos países desenvolvidos. As razões que estão
levando à alteração demográfica no mundo são: redução da mortalidade e da fecundidade.
A redução da mortalidade nos países desenvolvidos sobreveio com a revolução industrial,
que ocasionou um desenvolvimento socioeconômico dessas sociedades. Para os países em
desenvolvimento, essa redução não foi provocada pelo progresso social e econômico, mas sim
pela tecnologia avançada (vacinas, antibióticos, remédios, equipamentos, etc.). Kalache (1996)
afirma que, nos países em desenvolvimento, o controle das mortes prematuras tem sido
possível em função, sobretudo, das intervenções da tecnologia médica, como, por exemplo, o
advento dos antibióticos. Assim, mesmo que uma pessoa viva hoje em condições precárias, sem
água potável e esgotos sanitários, em péssimas condições de moradia e trabalho,
subalimentada, suas chances de sobreviver até a velhice são maiores do que as que existiam
num passado muito recente.
A queda da fecundidade e sua conseqüente baixa natalidade (número de nascidos vivos
por mil habitantes) é um fator decisivo para o envelhecimento da população, pois com a
diminuição do contingente populacional nas faixas etárias mais jovens amplia-se nas idades
mais avançadas. A queda de fecundidade vem ocorrendo na maioria dos países do mundo. Os
países da Europa, por exemplo, levaram quase um século para que sua taxa de natalidade
estabilizasse em baixos níveis. Nos países em desenvolvimento, a natalidade começou a
diminuir drasticamente nas décadas de 60 e 70, não ocorrendo uma redução gradativa como na
Europa. Isso ocorreu devido aos processos de urbanização e industrialização, os quais
facilitaram o acesso à educação, aos serviços de saúde, aos programas de planejamento familiar
(IBGE, 2001), bem como, as mudanças no estilo de vida e da globalização.
O crescimento da população idosa no Brasil foi reflexo do declínio das taxas de
mortalidade e de fecundidade. Entre os anos 40 e 60, a população experimentou uma
diminuição significativa na taxa de mortalidade, mas a de fecundidade manteve-se
relativamente constante. A partir da segunda metade da década de 60, ocorreu uma redução da
fecundidade desencadeando profundas mudanças na distribuição etária (Wong e Carvalho,
2006), caracterizando o estreitamento da base da pirâmide e o conseqüente aumento do topo,
devido ao envelhecimento populacional, conforme mostra o Gráfico 1, que apresenta a
pirâmide etária da população brasileira, por sexo, nos anos de 1950 e 2000, e sua estimativa para
2025.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Gráfico 1 - Pirâmide etária da população brasileira, por sexo, no ano de 1950, 2000 e 2025.

1950

2000

2025

Fonte: Dados Brutos, United Nations (2003).

Observa-se no Gráfico 1 que a pirâmide etária da população brasileira modificou-se


entre o ano de 1950 e 2000 e estima-se maior mudança ainda para 2025. À medida que a
população envelhece, a pirâmide populacional triangular de 1950 e 2000 será substituída por
uma estrutura mais cilíndrica em 2025. Também, apresenta diferença entre os sexos, onde há
um aumento visível no número de mulheres em relação aos homens.
A Tabela 1, apresenta a população total de idosos no Brasil e a sua divisão por sexo, por
situação de domicílio, segundo os grupos de idade.

Tabela 1 - População de idosos no Brasil por estrato etário (anos), sexo (masculino e feminino) e
domicílio (urbano e rural).
Anos Total Masculino Feminino Urbana Rural
60 - 64 4.611.961 2.155.967 2.455.993 3.725.707 886.253
65 - 69 3.579.637 1.631.458 1.948.180 2.924.101 655.536
70 - 74 2.774.530 1.246.425 1.528.105 2.285.447 489.082
75 - 79 1.785.253 786.515 998.738 1.470.984 314.269
80 - 84 1.024.297 425.642 598.656 837.552 186.745
85 - 89 520.318 203.270 317.048 426.672 93.647
90 - 94 169.344 60.079 109.265 139.821 29.522
95 - 99 47.861 15.326 32.534 39.129 8.732
+ 100 25.787 2.948 22.839 20.562 5.226
Fonte: IBGE – Síntese de Indicadores Sociais (2001)

No Brasil, a população idosa (pessoas com 60 anos ou mais de idade) é composta por
14.538.988 habitantes, distribuídos nas Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões
Metropolitanas. Eles representam 8,5% da população total brasileira (171. 667. 536 habitantes).
A maior concentração de idosos é na região Sudeste (10, 2%) e Sul (10%) e a menor é a na região
Norte (6%) (Gráfico 2).

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Gráfico 2 - Percentual da população acima de 60 anos nas regiões brasileiras (IBGE/ PNAD,
2003).

12
10 10,2
10 8,9
norte
8 7,2
6 centro-oeste
6 nordeste
sul
4
sudeste
2

A proporção menor de idosos nas regiões do Centro-Oeste e do Norte se dá pelos


movimentos migratórios e a mortalidade regionalmente diferenciada (Camarano et al., 2004).
Em relação à classificação de Uhlemberg (1987) onde considera idosos-jovens os com
idade entre 65 a 74 anos, e idosos-idosos os com 75 anos, ou mais. Como esta é uma
consideração aos países desenvolvidos, para o Brasil classifica-se idosos-jovens na faixa etária
de 60 a 74 anos. Como se observa na Tabela 1 à população idosa brasileira apresenta 75% de
idosos-jovens e 25% de idosos-idosos.
As estimativas a partir dos dados do IBGE (2001) mostram que a população idosa
concentra maior proporção nas idades mais jovens, de 60 a 74 anos, ou seja, é constituída por
um maior número de idosos-jovens, verificando com isto que o processo de envelhecimento no
Brasil ainda é recente.
Em relação à situação de domicílio (urbano e rural), sexo e estrato etário dos idosos no
Brasil observa-se na Tabela 1 que a maior concentração de idosos em todos os estratos etários
está no domicílio urbano, onde o idoso procura ter melhor infra-estrutura, acesso a serviços de
saúde, proximidade de familiares, entre outros. Em qualquer estrato etário e domicílio (urbano
e rural) há maior concentração de mulheres idosas (55%). Observa-se, também, o aumento de
idosos com mais de 80 anos, ou seja, os octogenários, representando 12,3% da população de
idosos (IBGE, 2001).
A partir das considerações acima, quanto ao aumento do número de idosos na
população brasileira, por região, sexo, estrato etário e domicílio tornam-se importante destacar
algumas características estruturais desta população (Berquó, 1999; Camarano et. al, 2004; Neri
org., 2007), que são:

- Acentua-se o desequilíbrio por gênero: 57% são mulheres e 43% homens. A feminização do
envelhecimento se dá por diferentes fatores como, maior longevidade das mulheres, maior
cuidado com sua saúde, crescimento do número de mulheres idosas que integram a população
economicamente ativa, crescimento do número de mulheres que são chefes de família, entre
outros;
- Metade dos idosos declara-se de cor branca (51%), 31% pardos e 12% da cor preta. Isto se deve
ao fato de os negros, geralmente, pertencerem à camada mais pobre e sem assistência do país e
consequentemente sobrevivem menos;

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Física, Saúde e Envelhecimento.
- A religião predominante é a católica (73%), devido à influência histórica do catolicismo no
Brasil;
- Metade dos idosos passou a maior parte da vida no meio urbano (51%), 38% viveram mais
tempo do meio rural e 10% dividiram seu tempo de vida entre a cidade e o campo. Estima-se
que a população idosa terá 82% de seu contingente vivendo na cidade, devido à mortalidade
diferencial nos campos e cidades, e as migrações que ocorreram no país nas últimas décadas;
- Cerca de um quarto dos idosos brasileiros provêem de família de imigrantes (24%), italianos e
portugueses são as origens de maior procedência (8% e 7%, respectivamente);
- Entre os idosos 89% não passaram da 8ª série do ensino Fundamental (18% não tiveram
nenhuma educação formal) e apenas 4% chegaram ao 3º grau de escolaridade (completo ou
incompleto). O analfabetismo funcional totaliza 49% dos idosos. A baixa escolaridade e
analfabetismo elevado entre os idosos é maior nas mulheres. Isto se deve ao difícil acesso à
educação formal, que ocorria de maneira bastante assimétrica, por classe social e gênero na
juventude dos idosos;
- A maioria dos idosos (79%) reside em casa própria e apenas 11% residem em casas alugadas;
- Em relação ao estado conjugal a metade (52%) dos idosos está casada e 34% viúvos. As
diferenças se acentuam por gênero, sendo que, os homens 73% estão casados e 14% viúvos e as
mulheres 48% são viúvas e 37% casadas;
-A maioria dos idosos tem filhos;
- A maioria dos idosos reside em domicílios com 3,25 pessoas.
-Metade da população idosa vive com pelo menos um filho ou filha (54%) e com cônjuge (51%).
Mas há diferenças por gênero: entre os homens 71% residem com a parceira – que tende a ser
quem mais lhe ajuda (58%) –, 51% com filho/a e apenas 24% com neto/a; entre as idosas, 57%
residem com filho/a – para a maioria, a pessoa que mais lhes dá atenção –, apenas 36% com o
parceiro e 36% com neto/a;
-A maioria (71%) dos idosos considera-se chefe da família onde residem (88% dos idosos
homens e 58% das idosas). Entre os homens a taxa cai com a idade (de 90% dos 60 aos 69 anos, a
77% com 80 anos ou mais); entre as mulheres cresce com a idade (de 52% dos 60 aos 69 anos a
72% entre as que passaram dos 80 anos);
-Grande parte da população idosa tem alguma fonte de renda própria (92%), tanto os homens
(97%), como as mulheres (87%) contribuem para a renda familiar;
- A renda familiar mensal da maioria dos idosos (43%) é de até 2 salários mínimos (s.m.) e
apenas 3% acima de 10 s.m;
- As fontes de renda predominantes entre os homens idosos são a aposentadoria por tempo de
serviço (39%) ou por idade (28%); entre as idosas a aposentadoria por idade (28%) e pensão por
morte (26%);
- Dos homens idosos, 79% estão aposentados, entre os quais 18% ainda trabalham. Junto com
15% que exercem atividade remunerada sem estarem aposentados e 3% que se consideram
desempregados, mais de 1/3 (36%) permanece na População Economicamente Ativa (PEA). Entre
as idosas 13% estão na PEA, somando 8% que não se aposentaram com 5% das aposentadas
(46%) que ainda trabalham. O baixo poder aquisitivo é uma característica marcante da
população idosa no Brasil, onde as aposentadorias e pensões são a sua principal fonte de
rendimentos. Em conseqüência do baixo valor dos benefícios, os idosos se mantêm em
atividades produtivas. O retorno ao mercado de trabalho, ou a permanência nele, se dá,
geralmente, no mercado informal, em atividades mal remuneradas e extensas jornadas de
trabalho.

Complementando, em relação às características estruturais dos idosos no Brasil, torna-se


importante destacar as condições de saúde, cuidado formal e informal.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Em relação à saúde, com o envelhecimento aumenta a incidência e a prevalência das
doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), que apresentam um período de latência e tempo
de evolução prolongado, etiologia não elucidada totalmente e complicações e lesões
irreversíveis que podem acarretar graus variados de incapacidade ou óbito.
Existem fatores de risco que responde pela grande maioria das mortes por DCNTs e por
fração substancial da carga de doenças devida a essas enfermidades. Dentre esses fatores,
destacam-se o tabagismo, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, a obesidade, o consumo
excessivo de gorduras saturadas (que dão origem às dislipidemias), a ingestão insuficiente de
frutas e hortaliças, e a inatividade física (Moura et al. , 2008).
Diante disso, medidas preventivas devem ser tomadas, porque as DCNTs poderão
sobrecarregar o sistema de saúde, gerando elevado custo (Lebrão e Duarte, 2007). Como
exemplo, para tratar as doenças cardiovasculares os custos hospitalares foram responsáveis por
14% das Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), resultando em gastos da ordem de 25,7%
do total das internações (BRASIL, 2001). A média de permanência do idoso nos hospitais é de
8,1 dias, aumentando em número de reinternações (Veras, 2002).
Estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC nacional e de
São Paulo, em 2006 com 2.136 idosos de 204 municípios (pequenos, médios e grandes),
distribuídos nas cinco macro-regiões do Brasil (Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste),
apresenta os resultados em relação aos serviços com a saúde, que são (Neri org., 2007):
- Grande maioria dos idosos possui alguma doença (81%), sendo que, a hipertensão
atinge quase metade da população brasileira idosa (43%);
- Em média os idosos foram a uma consulta médica pela última vez há cerca de 11
meses;
- A maioria dos idosos quando precisam de remédios paga para obtê-los (71%);
- Dos exames que deveriam ser rotineiros, apenas 11% das idosas fizeram os
ginecológicos nos últimos 6 meses e 22% no último ano. Quanto aos homens, o índice
dos que nunca fizeram exame de próstata é bem maior (42%); apenas 6% fez nos
últimos 6 meses e 16% no último ano. O teste de HIV nunca foi feito pela grande
maioria dos idosos (86%);
- A maior parte dos idosos (71%) costuma tomar vacinas nos centros de saúde e este
índice é mais expressivo entre as mulheres (79%) e entre os de idade mais avançada
(78% entre os homens de 80 anos ou mais e 80% entre as mulheres da mesma idade);
- Metade dos idosos (51%) afirma nunca ter recebido visita de agentes de saúde e a
grande maioria (88%) nunca recebeu visita de médicos do programa Saúde da Família;
- Grande maioria dos idosos (84%) nunca se sentiu maltratado ou discriminado ao
necessitar de tratamento de saúde;
- Entre os idosos que têm alguma doença, mais da metade avalia positivamente o
atendimento recebido (54%);
- Os serviços públicos de saúde são utilizados por 2/3 dos idosos (68%);

Outro aspecto relacionado à saúde do idoso é o suporte formal e informal. Segundo


Chaimowicz (1998), o suporte informal provido por membro da família enfrentará dificuldades
crescentes por não existirem políticas sociais de amparo aos familiares, que possam manter o
idoso dependente no próprio domicílio. Igualmente, o suporte formal, muitas vezes, não será
capaz de substituir o papel exercido pela família.
A falta de recursos para suprir as necessidades básicas e para o tratamento de saúde,
somados à falta de vínculo familiar, contribuem com a institucionalização do idoso (Cunha,
2003). Portanto, à medida que a população brasileira envelhecer aumentará a demanda por
instituições de longa permanência (Chaimowicz, 1998).

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) não é uma prática comum na
sociedade brasileira. No entanto, ainda não se conhece o número de instituições e de idosos.
Uma aproximação pode ser obtida pelo número de idosos residentes em domicílios coletivos,
levantados pelo Censo Demográfico de 2000, onde foram encontrados 103 mil idosos, o que
representava aproximadamente 0,8% da população idosa. Embora essa seja uma percentagem
baixa, esses números ainda incluem pessoas residentes em outros tipos de domicílios coletivos,
além das ILPIs, tais como conventos, presídios, hotéis e hospitais. É provável que esses números
estejam superestimados (Camarano el al., 2007).
Os principais fatores de risco que levam à institucionalização são: dependência,
depressão, demência, imobilidade, problemas médicos, incontinência urinária, ser do sexo
feminino, ter idade acima de 70 anos, ser solteiro, não ter filhos, morar só, ter baixa renda, falta
de recursos e de vínculo familiar (Freitas et al., 2002; Cunha, 2003).
Como fator de risco para a institucionalização destaca-se as condições de saúde precária
dos idosos que pode ocasionar a sua dependência.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é relativo às deficiências na velhice,
pois com o envelhecimento populacional, aumenta o número de idosos portadores de
deficiências de necessidades especiais. Entre essas necessidades, conforme o IBGE (1991),
encontram-se: deficiência visual e auditiva, hemiplegia, paraplegia, tetraplegia, falta de algum
membro, falta de mais de um membro, deficiência mental e outras. No Brasil, 7,3% dos idosos
estão incluídos em algum tipo dos citados acima. O IBGE do Paraná na contagem da população
de 1996 verificou que 16% da população com 65 anos ou mais possui alguma das deficiências
citadas acima (IBGE, 1999).
A Tabela 2 apresenta o número de idosos portadores de deficiências de necessidades
especiais por faixa etária e deficiência.

Tabela 2 - Número de idosos no Brasil portadores de deficiências de necessidades especiais por


faixa etária e deficiência

Idade DV DA HM FM ME INCAPAZ
60-69 2.409.434 984.037 135.224 59.738 250.310 1.555.756
70-79 1.676.560 950.957 124.726 39.971 192.499 1.364.744
+ 80 849.665 643.154 94.028 16.852 130.503 871.040
Fonte: IBGE (2001)
Legenda:
DV - deficiência visual (Incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de enxergar)
DA - deficiência auditiva (Incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de ouvir)
HM - hemiplegia (Tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente)
FM - falta de um membro (Falta de membro ou de parte dele)
ME - deficiência mental
INCAPAZ - (Incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de caminhar ou subir
escadas)

O gradativo aumento do número de idosos portadores de deficiências de necessidades


especiais é devido à maior expectativa de vida. Em conseqüência, deve-se estar alerta para esta
parcela da população que já vem de outras fases da vida, debilitada por alguma deficiência e
que, diante do processo de envelhecimento, poderá enfrentar maiores problemas.
McColl, Rosenthal e Rowe (1998) apontam duas hipóteses em relação ao idoso deficiente:
a) o portador de deficiência permanente é obrigado a se esforçar mais, a enfrentar maiores
custos e a fazer mais concessões do que a pessoa fisicamente íntegra, apenas para vencer o seu

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
dia-a-dia, além de estar sujeito a “ameaças múltiplas” no que se refere à saúde e ao custo
econômico de viver;
b) a pessoa portadora de deficiência pode estar mais preparada para se adaptar ao
envelhecimento, visto que foi obrigada a realizar ajustes em épocas passadas de sua vida. A
idade vem atuar, deste modo, como “elemento nivelador”.
Além das deficiências na velhice, outro aspecto a ser destacado é o estilo de vida, que pode
ser ativo ou sedentário. Há prevalência da inatividade física nos países industrializados, mesmo
que seus níveis educacionais e socioeconômicos sejam supostamente altos.
O Brasil dispõe de poucos dados sobre a prevalência do sedentarismo da população. A
pesquisa DATAFOLHA (1997) e do IBGE (1998), apresentam que o nível de sedentarismo está
em torno de 60 a 65%. Embora a pesquisa seja limitada, os dados são preocupantes devido ao
aumento da proporção de idosos fisicamente inativos.
De acordo com pesquisa nas capitais brasileiras, a inatividade física atinge grande parte da
população idosa nacional, sendo que esse estudo demonstrou que 50,3% das mulheres e 65,4%
dos homens acima dos 65 anos eram inativos (Pesquisa Vigitel, MS, 2007).
Benedetti (2004) avaliou o nível de atividade física de 875 idosos de ambos os sexos da
cidade de Florianópolis e verificou que 74,3% não realizavam nenhuma atividade de lazer. Os
homens eram mais ativos do que as mulheres. Já em pesquisa sobre o nível de atividade física
de mulheres idosas de grupos de idosos de Florianópolis, SC, Mazo (2003) verificou que 66,2%
delas pertence ao nível mais ativo (150 minutos por semana de atividade física moderada e
vigorosa), sendo que a sua vida diária é ativa no que se refere às atividades domésticas e de
lazer (caminhada, ginástica, natação e atividades recreativas).
Assim, observa-se que o nível de atividade dos idosos se dá pelo contexto, região em que
ele está inserido, ou seja, em locais que proporcionam a prática de atividade física como estilo
de vida.
Diante das considerações acima sobre o processo de envelhecimento populacional
brasileiro, constata-se que este terá um elevado custo social, entre moradia, assistência social,
saúde e aposentadorias e pensões. Apesar disso, algumas iniciativas governamentais e não-
governamentais vêm ocorrendo e/ou devem surgir para amenizar esta situação.
Quanto à moradia, algumas propostas têm surgido para que o idoso permaneça junto à
sua família ou próximo dela, com a finalidade de mantê-lo o mais independente e autônomo
possível, como é o caso do centro-dia, hospital-dia, condomínios residenciais para idosos, centro
vivencial, apart hotéis, república de idosos, entre outros.
No que diz respeito ao suporte formal estão ocorrendo cursos de capacitação para
cuidadores de idosos, formação de profissionais que recebem conhecimento e preparação em
cursos de graduação para atuarem com idosos, introdução nos currículos de diferentes cursos, a
disciplina de Gerontologia e de palestras informativas sobre o processo de envelhecimento.
Além do desenvolvimento de recursos humanos qualificados, tem aumentado o número de
pesquisas gerontogeriátricas em cursos de graduação e pós-graduação.
Igual procedimento está ocorrendo nas universidades com seus diferentes programas para
idosos, que favorecem novos conhecimentos, oportunidades de estudo, relação interpessoal,
social e intergeracional. Nestes programas busca-se a satisfação pessoal dos idosos que até então
não havia sido realizada, muitas vezes por falta de oportunidade de estudo e pelas próprias
condições de vida.
Os grupos de convivência, religiosos, associações, os vinculados a clubes, dentre outros,
oportunizam aos idosos a socialização, possibilidade de novas amizades e exposição de sua
criatividade e potencialidades.
Deve-se incentivar o desenvolvimento de redes de relações sociais, que auxiliarão no
suporte e apoio social e na melhora das condições de vida dos idosos.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Quanto à saúde, ações preventivas e reabilitadoras devem surgir, por meio de campanhas
de conscientização de uma vida mais ativa e saudável, dando oportunidade de atendimentos
domiciliares, programas de suporte aos idosos e cuidadores, serviços de orientação, atividades
físicas, artísticas e culturais, e aumento no valor dos salários, aposentadorias e pensões.
Também sistemas de monitoramento da freqüência e distribuição dos principais fatores
determinantes das DCNTs, devem ser implementados e consolidados no país, como exemplo o
sistema VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico, implantado pelo Ministério da Saúde em 2006 (Moura et al. , 2008).
As atividades preventivas e reabilitadoras no âmbito da Educação Física e Fisioterapia,
realizadas nas unidades de saúde, são imprescindíveis para manter ou resgatar a autonomia
dos idosos, e têm grande impacto na saúde dessa população.
Os profissionais de saúde e de outras áreas não devem apenas atuar nos cuidados e
atenções, mas também como mediadores, defensores, mentores, facilitadores e promotores dos
processos relacionados à saúde dos idosos.
A sociedade deve repensar a saúde, educação, economia, política, dentre outros aspectos,
buscando alternativas que possibilitem minimizar seu impacto sobre a qualidade de vida do
idoso, planejar e implementar as políticas públicas voltadas para essa população.
Neste capítulo, procurou-se, a partir dos dados demográficos e epidemiológicos acima
apontados, observar que as diferentes áreas do conhecimento têm o desafio de provar que o
futuro, hoje considerado pessimista, tem possibilidade de ser diferente, desde que se busque
contornar e solucionar os problemas. Com estes dados pode-se entender melhor o processo de
envelhecimento populacional e permitir planejar intervenções mais adequadas, objetivando um
envelhecimento saudável, bem-sucedido e com qualidade de vida.

Referências
BENEDETTI, T .B. Atividade física: uma perspectiva de promoção de saúde do idoso no
município de Florianópolis. Florianópolis (Tese de Doutorado). Florianópolis: Universidade
Federal de Santa Catarina, Centro de Ciência de Saúde, 2004.
BERQUÓ, E. Algumas Considerações Demográficas sobre o Envelhecimento da População no
Brasil. Anais do I Seminário Internacional sobre Envelhecimento Populacional: uma agenda para o
final do século. Brasília: Ministério da Previdência e Assistência Social e Secretaria da
Assistência Social, 1996.
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Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
2. GERONTOLOGIA E GERIATRIA: CONCEITOS, TERMINOLOGIAS E TEORIAS DO
ENVELHECIMENTO

Geriatria
Ramo da medicina que se ocupa do estudo e do tratamento das doenças e distúrbios
próprios das pessoas idosas. Vem do grego gérõn-ontos (velho) e yatreia (tratamento).
Trabalho pioneiro na geriatria: Dra. Marjore Warren
Desenvolvimento de um plano de cuidados, a longo prazo, que aumente a precisão
diagnóstica, para melhorar a saúde geral do idoso, reduzir riscos da polifarmácia, de
internações e de institucionalização

Gerontologia
Ciência que estuda o envelhecimento como processo em seus aspectos bio-psico-
sociais.Universo multiprofissional e transdisciplinar. Vem do grego gérõn-ontos (velho) e logos
(estudo).
Trabalho pioneiro na gerontologia: Elie Metchnicoff, 1903
Abrange vários campos de atenção à saúde, aos direitos sociais e à educação dos
idosos, incluindo a medicina, a enfermagem, a fisioterapia, direito, pedagogia, psicologia,
serviço social, EDUCAÇÃO FÍSICA ...

Abordagens da Gerontologia
Gerontologia educacional, educação gerontológica, geragogia/gerogogia/geriagogia,
gerontagogia, gerontologia social, geratividade, biogerontologia, fisiogerontologia,
anatomogerontologia.

Conceitos
Envelhecimento Fisiológico (Senescência): Representa as perdas na função normal que
ocorrem após a maturação sexual e continuam até a longevidade máxima para os membros da
mesma espécie (HAYFLICK,1997).
Processo de envelhecimento normal, que se estende, por todo o curso da existência do
ser humano.

Envelhecimento usual: Apresenta prejuízos significativos, mas não são qualificados como
doentes;

Envelhecimento Bem Sucedido: Perda fisiológica mínima, com preservação da função robusta
em uma idade avançada.

Envelhecimento Patológico (Senilidade): Velhice patológica caracterizada por disfunções


orgânicas, modificações somáticas limitantes, debilitação psíquica e enfraquecimento cerebral.
Hábito + Genética = Patologia
Patologia + Envelhecimento Usual = Envelhecimento Patológico

Cronológico: Passar dos anos

Biológico: Processo contínuo durante toda a vida, com diferenciações de um indivíduo para
outro e até diferenciações no mesmo indivíduo.

Funcional: Quando o indivíduo começa da depender de outros para o cumprimento das


necessidades básicas ou de suas tarefas habituais.

Intelectual: Falhas na memória, dificuldades na orientação e concentração, modificações


desfavoráveis do sistema cognitivo.

Social: Aposentadoria (referencial marcante).


(MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2006)

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Terminologias

Velhice: Etapa da vida que se segue à maturidade e que apresenta efeitos específicos sobre o
organismo do homem, devido o passar dos anos.

Velho: No dicionário da língua portuguesa, o termo “velho” significa “antigo, gasto pelo uso,
muito usado”.

Idoso: Todo indivíduo com 60 anos de idade ou mais (Conf. 113/26; ONU, 1982, p. 10). Com a
influência francesa, o termo “idoso” é utilizado nos documentos oficiais no Brasil.

Terceira Idade: Foi transplantado da realidade francesa e divulgada (políticas sociais).


Divulgada no Brasil pelo SESC de São Paulo, em 1977, através das “Escolas Abertas a
Terceira Idade”.

Melhor Idade: Termo originado de uma pesquisa realizada em Baltimore – USA em 1958. Com
base no estudo envolvendo 800 homens e mulheres com idades entre 20 a 103 anos, o autor
sintetiza que: “com a idade, cada pessoa vai adquirindo características cada vez mais únicas,
e, nessa individualidade, está incluída a possibilidade de melhoria em qualquer setor”
(CHOPRA,1994).

Teorias
Teorias Evolucionárias
1.Teoria da Seleção Natural: Não é a morte do mais fraco não é a morte do mais fraco;
depende da natalidade diferencial.
2. Teoria da Flutuação Genética: Idade de manifestação de genes deletérios pode mudar.
3. Teoria da Pleiotropia antagônica: O Hormônio Juvenil é liberado em situações de fartura
calórica: Leva ao aumento e início precoce da fecundidade e queda da longevidade.
4. Restrição calórica bloqueia o Hormônio Juvenil: Queda de fecundidade, maturação sexual
tardia e aumento da longevidade; fecundidade tardia

Teorias Biológicas

1. Teoria do “Uso-Desgaste”: O envelhecimento e a morte seriam resultado da constante


exposição dos diversos tecidos às injúrias ambientais.
2. Teoria das “Proteínas Alteradas”: O envelhecimento derivaria do acúmulo de proteínas que
tiveram “erros” nos processos de transcrição .
3. Teoria das “Mutações Somáticas”: O envelhecimento seria consequência do acúmulo de
mutações somáticas com o avançar da idade, alterando a função dos diversos órgãos
corporais.
4. Teoria do “Erro Catastrófico”: Falhas no aparato protéico de célula causariam a ação errônea
da proteína no ambiente celular, mesmo com a integridade do códon. A somatória desses erros
chegaria a um ponto incompatível com a vida, a morte.
5. Teoria da “Desdiferenciação”: A célula perderia a diferenciação, ou parte dela, e passaria a
produzir proteínas e produtos celulares exógenos aquele tecido, a quebra da homeostase.
6. Teoria do “Dano Oxidativo e Radicais Livres”: O envelhecimento seria resultante da
sobreposição dos mecanismos lesivos sobre os reparadores.
7. Teoria do “Acúmulo de Detritos ◊ Lipofuscina”: O acúmulo de detritos no interior da célula,
sem turnover do mesmo, geraria o envelhecimento e morte celular.
8. Teoria da “Mudança pós-tradução em proteínas”: Modificações químicas em proteínas
importantes, como colágeno e elastina, afetariam a constituição e função dos tecidos.

Teorias Sistêmicas
1. Teoria da “Taxa de Vida”: Quanto mais lento o metabolismo de um ser, maior sua
longevidade.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
2. Teoria do “Dano Mitocondrial”: Dano do Oxigênio sobre a Mitocôndria levando a uma menor
eficiência respiratória da mesma.
3. Teoria Neuroendócrina: desregulação dos sistemas neuroendócrinos afetando a
Homeostase.
4. Teoria Imunológica: Alterações qualitativas e quantitativas no sistema imunológico levariam
a perda da Homeostase.

Teorias Psicológicas
1. Life span – seletividade sócio-emocional
Tem natureza adaptativa, pois os idosos tendem a poupar recursos já escassos,
canalizando os remanescentes para alvos relevantes, otimizando seu funcionamento afetivo e
social.
2. Dependência Aprendida
O padrão em que a dependência dos idosos se torna funcional para obter
conseqüências do ambiente. Os determinantes são multifuncionais: patologias, perdas, quedas
eventos estressantes, barreiras arquitetônicas...

3. POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL VOLTADAS A PESSOA IDOSA

FONTE:
MAZO, Giovana Zarpellon. As oportunidades de atividade física para os idosos. Brazilian
Journal of Sports and Exercise Research, v. 2, p. 62-68, 2011.

Resumo: Objetivo deste estudo é descrever as políticas, programas e ações que oportunizam
os idosos a prática de atividade física no Brasil. Este estudo, de cunho bibliográfico, apresentou
as políticas na área do idoso e da atividade física e programas mundiais e nacionais de
atividade física como promoção de saúde. No Brasil, observa-se que tem aumentado o número
de programas de atividade física em instituições/entidades governamentais e não-
governamentais, decorrentes de políticas internacionais e nacionais, que estão investindo em
programas de atividade física com vistas a sensibilizar as populações, ou parte destas (idosos),
para uma vida ativa.
Palavras-chave: Atividade física, idosos, programas.

Introdução
No Brasil existem políticas que amparam os idosos em seus direitos na área da cultura,
esporte e lazer, como a Política Nacional do Idoso -PNI - Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994,
em seu Art.10- área da cultura, esporte e lazer. O Estatuto do Idoso - Lei nº 10.741 de 1º de
outubro de 2003, que dispõe que o idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
Para implementar essas políticas ocorreram conferências a nível estadual e nacional,
como exemplo a I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, em 2006, onde a
questão das atividades físicas para a população idosa foram discutidas. Algumas ações e
programas aconteceram decorrentes de conferências, de eventos e das políticas na área da
atividade física e envelhecimento.
Também, algumas ações no Brasil sofreram influencia das políticas e eventos
internacionais como, a Política do Envelhecimento Ativo da OMS (1), e do IV Congresso
Mundial de Atividade Física, Envelhecimento e Esporte, que ocorreu Heidelberg, Alemanha, em
1996 (2), entre outros.
Diante das políticas internacionais e nacionais, observa-se que o idoso brasileiro tem
diferentes oportunidades para envelhecer fisicamente ativo. Mas para implementar ações em
termos de promoção de saúde a partir da atividade física para a população idosa, deve-se ter
conhecimento das políticas, programas e ações existentes em prol do idoso no mundo e no
Brasil.
Assim, este estudo tem como objetivo descrever as políticas, programas e ações que
oportunizam os idosos a prática de atividade física no Brasil.
A partir da descrição dos programas/ações internacionais e nacionais que oportunizam
os idosos a prática de atividade física, decorrentes de políticas internacionais e nacionais, os
profissionais da área da Educação Física e de outras áreas da saúde terão conhecimento dos
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
diferentes programas e ações e com isto, poderão identificar lacunas e fornecer subsídios no
aperfeiçoamento e atualização de políticas públicas mais coerentes às necessidades
peculiares de cada contexto sociocultural e geográfico brasileiro, bem como, implantar novas
ações que atinjam a população idosa.
Este estudo de cunho bibliográfico apresentará os seguintes tópicos no
desenvolvimento: Políticas na área do idoso e da atividade física e programas mundiais e
nacionais de atividade física como promoção de saúde.

Desenvolvimento
Políticas na área do idoso e da atividade física
No Brasil com o aumento e mobilizações de associações, instituições e entidades que
reúnem profissionais e pessoas interessadas na área de Gerontologia e Geriatria, medidas
foram tomadas em termos de política de atenção ao idoso.
Em 1992, foi criado o Programa de Atenção à Saúde do Idoso, por meio do Ministério da
Saúde. A partir dessa ação ministerial, alguns Estados implementaram esse Programa em
suas Secretarias de Saúde (3).
Em relação à assistência social, surgiu a Lei nº 8.742, de 07/12/93, Lei Orgânica de
Assistência Social (LOAS), que inclui em seus artigos o direito dos idosos. A LOAS
estabeleceu critérios de atendimento à população idosa (4).
Em 4 de janeiro de 1994 foi sancionada a Lei nº 8.842, que dispõe sobre Política Nacional
do Idoso – PNI e o Conselho Nacional do Idoso – CNI. Esta Lei tem seus princípios e diretrizes
norteados pela Constituição Federal e direciona suas ações para as áreas de saúde,
educação, trabalho e previdência social, habitação e urbanismo, justiça e cultura, esporte e
lazer. Em seu Art.10- área da cultura, esporte e lazer; Inciso VII que dispõe “incentivar e criar
programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de
vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade”.
Em 1º de outubro de 2003 foi sancionada a Lei nº 10.741- O Estatuto do Idoso, que prevê
direitos para os maiores de 60 anos. O Estatuto prevê o respeito à inserção do idoso no
mercado de trabalho e à profissionalização, o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer e
assegura políticas de prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso. Em
seu Capítulo V- Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer, no Art. 20 diz que “o idoso tem direito
a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem
sua peculiar condição de idade.
Várias ações governamentais ocorreram em prol do idoso, como: a criação de
mecanismos para a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do
Idoso por meio da Portaria nº 702, de 12 de abril de 2002 (5); a criação do Conselho Nacional
dos Direitos do Idoso – CNDI pelo Decreto nº 4.227 de 13 de maio de 2002, que foi modificado
em 27 de junho de 2002 pelo Decreto nº 4.287, que criou o Conselho Nacional do Idoso –
CNDI. Ele tem por finalidade elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da
Política Nacional do Idoso (PNI) observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme dispõe
a Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso, bem como acompanhar e avaliar
a sua execução (6).
Além destas políticas existe na área da saúde a Política Nacional de Promoção da Saúde,
Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, do Ministério da Saúde (MS), que enfatiza a atividade
física regular, tendo como objetivo “articular e promover os diversos programas de promoção
de atividade física já existentes e apoiar a criação de outros”. O Pacto pela Saúde, Portaria nº
399, de 22 de fevereiro de 2006, do MS, onde coloca a saúde do idoso como uma de suas
prioridades.
Para implementar essas políticas ocorreram conferências a nível estadual e nacional,
como exemplo a I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, no período de 23 a 26
de maio de 2006, em Brasília – DF, onde a questão das atividades físicas para a população
idosa foram discutidas no Eixo 7 – Educação, Cultura, Esporte e Lazer e ações são propostas.
Esta conferência proporcionou a construção da Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa-
RENADI. Também as reflexões geradas na I Conferência foram importantes para aqueles que
estão encarregados de propor, implantar as políticas públicas em vista da realização dos
direitos da pessoa idosa (6).
Algumas ações decorrentes das políticas, eventos e conferências para a área da saúde
do idoso, têm ocorrido, como exemplo:

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
-Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que é um instrumento de cidadania com
informações relevantes sobre a saúde da pessoa idosa, possibilitando um melhor
acompanhamento por parte dos profissionais de saúde (7);
-Caderno de Atenção Básica voltado ao Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa,
que tem como objetivo de propor ações no âmbito da estratégia Saúde da Família, tendo por
referência as diretrizes contidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e no Pacto
pela Saúde (8); e
-Programa de Educação Permanente à Distância na área do envelhecimento e saúde
do idoso para profissionais que trabalham na rede de atenção básica à saúde, com diferentes
assuntos, entre eles a importância das atividades físicas para a saúde do idoso, em
consonância com as orientações da OMS/OPAS sobre envelhecimento ativo (7);
Também, alguns eventos internacionais contribuíram para implementar ações voltada a
atividade física e o idoso, como exemplo o IV Congresso Mundial de Atividade Física,
Envelhecimento e Esporte, que aconteceu na cidade de Heidelberg, Alemanha, em 1996.
Neste evento foi lançada as Diretrizes de Heidelberg para a promoção da atividade física para
os idosos, que contribui para o desenvolvimento de estratégias e políticas para manter e/ou
aumentar a capacidade física em idosos (2).
Em 2002, a OMS lança a Política do Envelhecimento Ativo, que tem como objetivos o
envelhecimento ativo a partir de formulação de políticas e programas; aumentar a expectativa
de uma vida saudável; proporcionar a qualidade de vida para todas as pessoas que estão
envelhecendo entre outras (1).
Também, a OMS, em 2007, lança no Dia Internacional do Idoso, em 1º de outubro de
2007, o Guia Global das Cidades Amigas do Idoso, que proporciona verificar os aspectos
positivos e os obstáculos encontrados nas cidades (9). Este programa foi oriundo de uma
pesquisa em parceira com o governo do Canadá, Reino Unido e OMS, realizado em 22 países
com cerca de 1500 idosos e em torno de 750 profissionais da saúde, na qual eles apontavam
os obstáculos que encontravam em suas cidades. A partir das preocupações e sugestões foi
lançado o atual programa, que é uma ferramenta para a cidade se auto-avaliar e anotar os
progressos alcançados. Em cada um dos quesitos pesquisados são realizadas sugestões para
que as cidades tornem-se amigas do idoso (10).
Uma importante estratégia para as intervenções em saúde foi a elaboração do Guia
comunitário (Community Guide’s) que aborda diversas questões de saúde pública.
Considerando a promoção da AF, foram elaboradas oito estratégias de intervenção com base
em evidências científicas, a partir de provas suficientes ou fortes da sua eficácia (11).Diante
das políticas internacionais e nacionais, observa-se que o idoso tem tido diferentes
oportunidades para envelhecer fisicamente ativo.

Programas mundiais e nacionais de atividade física como promoção de saúde


Neste tópico serão levantadas algumas considerações de instituições e programas de
atividade física como promoção de saúde para a comunidade em geral e para os idosos no
mundo e, especialmente no Brasil.
O Brasil participou do movimento mundial em prol do envelhecimento ativo, que para a
OMS significa que as pessoas, à medida que envelhecem, devem levar uma vida produtiva e
saudável na família, na sociedade e na economia. Esta caminhada ocorreu em 1999 - Ano
Internacional do Idoso - tendo iniciado nos países do Pacífico. A primeira delas aconteceu na
Nova Zelândia, logo em seguida na Austrália, Japão, China, Indonésia, chegando no Oriente
Médio, África, Europa e Américas (12).
Assim, observa-se que o Brasil está participando de eventos mundiais em prol do
envelhecimento ativo da população em geral e especificamente para os idosos. Também sobre
esse assunto, verificam-se diferentes posicionamentos, intervenções e programas
governamentais e não-governamentais. Esses são expostos por profissionais e pesquisadores
de vários países, em eventos nacionais e internacionais, na área de Educação Física.
A Aliança para Vida Ativa, no Canadá, popularmente denominada - Active Living - é um
programa realizado por grupos de organizações e indivíduos que trabalham na promoção da
saúde, na busca de uma vida atuante para os Canadenses, visando o aumento da qualidade
de vida e redução dos riscos de doenças associadas ao estilo de vida sedentário. Este
programa atua na área de pesquisa, bem como na informação aos idosos, crianças, atletas,
mulheres, e sobre diferentes doenças, lazer e outros assuntos (3).

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
A administração norte-americana (EUA) colocou a Política da Terceira Idade como uma
das prioridades de saúde. Ela tem como objetivo a melhoria das capacidades motoras que
auxiliam na realização das atividades diárias das pessoas acima de 65 anos. Muitos municípios
mantêm o programa com administração municipal (13).
Nos Estados Unidos (EUA) o “Active for life” (programa de seis meses baseado em
contato telefônico) e “Active Living Every Day” (20 semanas com base em grupos de mudança
de comportamento no estilo de vida) foram dois programas criados para a promoção da
atividade física (14).
Na Europa as iniciativas estão sendo realizadas em prol da atividade física nos
diferentes segmentos da população. O Centro de Informações em Atividade Física e Lazer –
CIAFL lançou em 2006 a publicação: Atividade Física e Saúde na Europa – evidências para
ação que traça o panorama da atividade física nos diferentes países da Europa. Também
apresenta as ações que os diferentes países adotaram para aumentar os níveis de atividade
física da sua população(3).
O programa de saúde da Inglaterra teve seu início em 1979, com o objetivo de
aumentar o número de pessoas saudáveis no ano 2000, visando à promoção de saúde
nacional e prevenção de doenças. Sua proposta é aumentar a qualidade de vida, o número de
anos saudáveis e acabar com as diferenças no nível de saúde. Atualmente, este programa tem
como meta o ano 2010, com o objetivo de identificar os riscos à saúde e tentar reduzi-los. Atua
em diferentes áreas de saúde, como: saúde maternal e infantil, avaliação do nível de atividade
física, imunizações e prevenção(3).
Na Dinamarca, a Universidade de Odense tem o projeto “Anciãos em Movimento” e a
de Bristol, no Reino Unido, desenvolve desde 1986 o programa “Over 60s” (3).
Em Portugal está em funcionamento, desde 1997, o programa “50 +” no município de
Oeiras e “A Vida é Longa” no município do Porto. O objetivo é dinamizar programas de
atividade física. No projeto “Atividade Física para Pessoas Idosas do Conselho de Oeiras” a
Universidade do Porto e a Universidade Técnica de Lisboa estão envolvidas, colaborando na
criação de condições de acompanhamento e oportunidades no desenvolvimento das políticas
de investigação e formação(3).
Em Bilthoven, na Holanda, o programa comunitário “Hartslag Limburg” para a
prevenção de doença cardiovascular, com base em fatores do estilo de vida (15).
A partir das intervenções internacionais apontadas se observa que há uma
preocupação mundial com relação à promoção de vida ativa para a população. Mas que,
apesar dos esforços, essas iniciativas ainda são isoladas, fragmentadas e apresentam
deficiências quanto ao apoio político, econômico e social.
No Brasil, há programas que atingem as diferentes faixas etárias e um leque maior da
comunidade, como o programa nacional de Promoção da Atividade Física “Agita Brasil”, que
visa incrementar o conhecimento da população sobre os benefícios da AF, estimulando a
alteração dos hábitos de vida das pessoas com a incorporação da prática regular da atividade
física (16).
Dentro da mesma perspectiva do Agita Brasil, tem o Programa Agita São Paulo, que foi
lançado em 1996, com o objetivo de melhorar o nível de conhecimento sobre os benefícios da
atividade física e aumentar o volume de atividade física da população do Estado de São Paulo,
onde o sedentário seja, pelo menos, um pouco ativo; aquele que é um pouco ativo torne-se
ativo; o ativo seja muito ativo, e o muito ativo mantenha o seu nível. Este projeto foi
reconhecido pela Organização Mundial da Saúde(17).
Este programa adota as orientações/recomendações da OMS que os indivíduos devem
realizar atividade física moderada ou vigorosa por, pelo menos, 30 minutos por dia, na maioria
dos dias da semana, e que a atividade física pode ser contínua ou acumulativa de 10 ou mais
minutos(18).
As recomendações da atividade física como meio de promoção de saúde, que são
utilizadas no programa Agita São Paulo, também são usadas em grandes eventos como: Agita
Trabalhador, Agita Galera, Agita Idoso e Agita Mundo (19). Estes fazem com que as pessoas,
de outros estados brasileiros, se sensibilizem para um estilo de vida ativo e com isto melhorem
sua qualidade de vida.
Outro evento realizado é o “Dia do Desafio” que busca chamar a atenção das pessoas
para a necessidade da prática diária de AF, esportivas e dos cuidados com a saúde. A
proposta é que cada pessoa faça no mínimo quinze minutos de exercícios e que as cidades do

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
mundo todo façam uma “competição” entre si para ver quem consegue mobilizar um maior
número de pessoas praticando AF nesse dia (20).
Além destes eventos têm-se outros programas, como exemplo:
- Programa Mais Saúde (PAC- Saúde), do Ministério da Saúde, que inseriu este programa
no Plano Nacional de Atividade Física objetivando operacionalizar as ações de implantação da
Estratégia Global de Atividade Física configurando-se em uma proposta de orientação nacional
de incentivo para financiamento. Em 6 de abril de 2008, foi realizada grande campanha de
mobilização em prol da atividade física, convidando a população a se engajar no Time Mais
Saúde - onde a atividade física e o meio ambiente jogam juntos (21).
- Programa Esporte e Lazer da Cidade, do Ministério do Esporte, que tem objetivo de
suprir a carência de políticas públicas e sociais que atendam às crescentes necessidades e
demandas da população por esporte recreativo e lazer, sobretudo daquelas em situações de
vulnerabilidade social e econômica.
- Programa Academia da Saúde, do Ministério da Saúde, que faz parte das estratégias
do governo federal para a promoção da saúde, prevenção de doenças crônicas, bem como
potencializar elementos da cultura local para produção de escolhas saudáveis pela população
beneficiada com as ações.
- Programa Academia da Cidade (PAC) que é um programa público de promoção da
saúde que promove atividade em praças, parques e avenidas da cidade ocorre em diferentes
cidades brasileiras, dentre elas, Recife, Aracaju e Belo Horizonte.
- Programa “Pratique Saúde”, que destaca a importância das “práticas
corporais/atividades físicas” na determinação da saúde;
- Programa CuritibAtiva, em Curitiba- PR, que visa democratizar as práticas desportivas
e de lazer na cidade. CuritibAtiva é uma proposta centrada na Secretaria Municipal do Esporte
e Lazer e que contempla seis linhas de ação entre elas a prática de atividades físicas para
idoso (22).
Além desses programas voltados a população em geral, no Brasil tem-se programas de
atividades físicas específicos para a população idosa, que são desenvolvidos por entidades
não-governamentais e governamentais e em diferentes locais como: grupos de convivência,
Serviço Social do Comércio - SESC, universidades, centros comunitários, clubes, academias e
outros.
O trabalho com atividade física, pioneiro no Brasil foi do SESC de São Paulo em 1977,
junto com o Programa Escolas Abertas do SESC, o qual se estendeu pelos SESC do país.
Os Jogos para Integração dos Idosos surgiram como uma das ações do Plano de Ação
Governamental Integrado para o Desenvolvimento da Política Nacional do Idoso (PAG-PNI),
lançado em março de 1996 pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, através da
Secretaria de Assistência Social. A proposta da realização dos jogos foi incorporada pelos
Fóruns Permanentes das Regiões Brasileiras para a Implementação do PAG-PNI. Algumas
regiões brasileiras realizaram os jogos com apoio e parcerias governamentais e não-
governamentais, com o objetivo de dissimulação de atividades esportivas (múltiplas
modalidades especializadas e adaptadas de esportes) para a participação efetiva dos idosos.
Também alguns municípios e estados brasileiros organizam jogos voltados aos idosos,
como exemplo, em Santa Catarina há os Jogos Abertos para a Terceira Idade, que tem as
fases municipais e regionais
Em termos de ações municipais, destacam-se as instalações nas praças e espaços
públicos das Academias da Terceira Idade (ATI), com objetivo de incentivar a prática de
atividade física, inclusão social, melhora da auto-estima e da saúde em geral dos idosos (23).
A primeira ATI no Brasil foi implantada em 2006 no município de Maringá, no Paraná, e
foi inspirada em um projeto semelhante existente na China (23). Essas academias são
compostas por equipamentos/aparelhos (em média de 10 aparelhos). Com eles, é possível
fazer exercícios de fortalecimento muscular, alongamento, agilidade flexibilidade e
relaxamento. A maioria dos aparelhos usa a força da pessoa para movimentá-lo.
Nas universidades brasileiras vêm aumentando significativamente o número de trabalhos
voltados à atividade física para idosos, a partir dos projetos/programas de extensão
universitário. A seguir, apresentamos alguns exemplos, apontados por Mazo et al. (3):
- O programa de Atividade Física para Terceira Idade do Centro de Educação Física e
Desportos da Universidade Federal de Santa Maria, criado em 1984, com o projeto de
extensão Atividade Física na Terceira Idade: ginástica, recreação e natação, que tem como
objetivo desenvolver uma melhoria da qualidade física dos idosos da comunidade e, em
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
conseqüência, melhorar sua auto-imagem e a saúde mental plena, a partir da sua autonomia
de movimento e maior participação dentro da sua comunidade.
- O programa de Atividade Física para Terceira Idade do Centro de Desportos da
Universidade Federal de Santa Catarina, que é desenvolvido desde 1985, no qual a proposta
de trabalho busca conscientização corporal e redescoberta do corpo, através de atividades
sensório-motoras.
- O programa Idoso Feliz Participa Sempre, da Universidade do Amazonas, foi criado
em 1987, oportunizando ao indivíduo da terceira idade um contato com a universidade, visando
à educação motora como facilitadora de sua nova identidade. Este programa criou os jogos da
terceira idade do Estado do Amazonas em 1998, com apoio do EGREPA (14).
- Oficina de Expressão da Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, onde são realizados exercícios e vivências individuais e em
grupos, onde se utilizam técnicas de artes plásticas, biodança, música, jogos de teatro e
noções de história das artes etc.
- O programa de extensão Grupo de Estudos da Terceira Idade (GETI) da Universidade
do Estado de Santa Catarina (UDESC), desenvolve desde 1989 projetos voltados à atividade
física para idosos, com objetivo de oportunizar aos idosos um envelhecimento ativo e com
qualidade de vida.
- O programa Autonomia para a Atividade Física para Idosos, da Escola de Educação
Física e Esporte da Universidade de São Paulo. Este programa prepara os idosos, por meio de
aulas teóricas sobre o significado da atividade física para eles, mostrando aos leigos que são
capazes de reconhecer os efeitos da atividade física em suas vidas, que estão se apropriando
do conhecimento científico disponível para, a partir daí, começarem as aulas práticas.
Também, observa-se a atuação nas universidades em parcerias com programas
muncipais, como exemplo o município de Florianópolis, SC que desenvolve o programa Floripa
Ativa que faz parte do Capital Idoso e tem como intuito fortalecer as ações intersetoriais como
ação relacionada à Estratégia Global da Rede de Proteção Social ao Cidadão Idoso;
implementar a reabilitação, a prevenção e a promoção por meio de atividade física no
município de Florianópolis; fortalecer a parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS),
a Secretaria Municipal de Ação Social (SEMAS) e as Universidades Federal (CDS/UFSC) e
Estadual (CEFID/UDESC) de Santa Catarina. A metodologia deste programa está pautada nos
Centros de Saúde com a participação da Equipe da Saúde da Família.
Assim, observa-se o aumento de programas de atividades voltados à população em
geral e específicas no Brasil, buscando promover saúde e qualidade de vida da população.

Considerações finais
No Brasil, observa-se que tem aumentado o número de programas de atividade física
em instituições/entidades governamentais e não-governamentais, decorrentes de políticas
internacionais e nacionais, que estão investindo em programas de atividade física com vistas a
sensibilizar as populações, ou parte destas (idosos), para uma vida ativa. Porém, questiona-se:
Estes programas fazem parte de uma política pública de promoção de saúde efetiva? Quais os
interesses implícitos (econômico, social, saúde...) na implantação destes programas? Os
grupos de risco estão sendo atendidos? Há esclarecimentos sobre o objetivo, o porquê e como
deve ser realizada a atividade física oferecida?
Portanto, para implementação de programas/ações que oportunizam os idosos a
prática de atividade física no Brasil estes devem ser de larga escala, coerentes e consistentes
nos diferentes níveis e setores do governo, com parcerias intersetoriais e institucionais.
Assim, devem ser criadas condições que melhorem a saúde da população em geral e
especialmente dos idosos, incrementando atividade física como parte integrante das atividades
da vida diária.
Assim, as ações na área da atividade física e envelhecimento devem: estimular ao
deslocamento a pé, ao uso da bicicleta em condições de segurança; apoiar e estimular às
pessoas que já desenvolvem atividades físicas espontaneamente, como a caminhadas;
adequar os equipamentos sociais urbanos já existentes e implantar novos espaços que tenham
o caráter de grupos de convívio, incluindo quadras esportivas, salão social, piscinas..., em
diversos bairros; e a inserção dos idosos em grupos de participação social, para a ampliação
de sua rede de relacionamentos sociais e com isto o seu suporte social.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Referências
1. OMS- Organización Mundial de la Salud. 2002. Envejecimento activo: un marco político.
Revista Espanhola de Geriatria e Gerontologia, 37(S2), 74 -105.
2. WHO - World Health Organization. The Heidelberg guidelines for promoting physical
activity among older persons. 1996. Disponível em: <http://www.uwo.ca/actage/proceedings/>
[2007 apr 14].
3. Mazo GZ, Lopes MA, Benedetti TB (2009). Atividade Física e o Idoso: concepção
gerontológica. Porto Alegre: Sulina, 3 ed. 311 p.
4. BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social. Loas: Lei Orgânica da
Assistência Social-Legislação Suplementar. 2ª ed. 2001
5. BRASIL. Assistência à Saúde de Idosos. Portaria n. 702, de 12 de Abril de 2002.
www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/dpdh/exibe_noticia_ant_0001.asp. Capturado em outubro
de 2003.
6. CNDI- Conselho Nacional dos Direitos do Idoso. Anais da I Conferência Nacional dos
Direitos da Pessoa Idosa. Brasília, DF: Presidência da República. Secretaria Especial dos
Direitos Humanos, Conselho Nacional dos Direitos do Idoso-CNDI, 23 a 26 de maio de 2006.
7. PORTARIA n. 399/GM de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela Saúde 2006 –
Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Disponível em:
<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-399.htm>
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2007.
192 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica; n. 19).
9. OMS- Organização Mundial da Saúde. Para que as cidades sejam mais amigáveis aos
idosos: o guia da OMS. 2007.
10. WHO- World Health Organization Global.Age-friendly Cities: A Guide. 2007.
11. Ballew, P.; Brownson, R. C.; Haire-Joshu, D.; Heath,G. W.; Kreuter, M. W. Dissemination
of effective physical activity interventions: are we applying the evidence? Health Education
Research. v. 25, n.2, p. 185–198, 2010.
12. Rodrigues, N. C.. Conversando com Nara Costa Rodrigues sobre gerontologia social. In:
SCHONS, C.R. e PALMA, L.T.S. (org.). 2ª ed. Passo Fundo, RS: UFP, 2000.
13. Marques, A. Políticas de Actividade Física para a Terceira Idade. O papel do EGREPA.
in: Envelhecer Melhor com Actividade Física - Actas do Simpósio 99. Faculdade de Motricidade
Humana. Editores: Pedro P. Correia, Margarida Espanha e João Barreiros, 1999.
14. Wilcox, S.; Dowda, M.; Leviton, L.C.; Prescott, J.B.; Bazzare, T.; Voytal-Campbell, K.
Active for Life: Final Results from the Translation of Two Physical Activity Programs. Am J Prev
Med. v. 35, n. 4, p. 340-51, 2008.
15. Wendel-Vos, G.C.; Dutman, A.E.; Verschuren, W.M.; Ronckers, E.T.; Ament, A.; Van
Assema, P. Lifestyle factors of a five-year community-intervention program: the Hartslag
Limburg intervention. Am J Prev Med. v. 37, n. 1, p. 50-6, 2009.
16. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa nacional de Promoção da Atividade Física “Agita
Brasil”: Atividade física e sua contribuição para a qualidade de vida. Rev. Saúde
Pública. v.36, n. 2, São Paulo Apr. 2002.
17. Matsudo, V.K.R. Agita São Paulo: passaporte para saúde. Anais do 1º Congresso
Brasileiro de Atividade Física & Saúde e 7º Simpósio de Pesquisa em Educação Física.
Florianópolis: UFSC/CDS, 1997, p.40-42.
18. Nelson, M. E.; Rejeski, J.; Blair, S.N.; Duncan, P. W.; Judge, J.O.; King, A. C.; Macera,
C. A.; Castaneda-Sceppa, C. Physical Activity and Public Health in Older Adults:
Recommendation From the American College of Sports Medicine and the American Heart
Association. Circulation. August, n. 28, 2007, p. 1–12.
19. Matsudo, S.; Matsudo, V.; Araujo, T.; Andrade, D.; Oliveira, L.; Santos, M.; Silva, L. Do
diagnóstico à ação: a experiência do programa agita São Paulo na promoção do estilo de vida
ativo. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. v. 13, n. 3, p. 7 – 13, 2008.
20. SESC- SÃO PAULO. Disponível em: http://www.sescsp.org.br/diadodesafio/ Acessado
em 8 de maio de 2011.
21. Malta DC, Castro AM, Cruz DKA, Gosh CS. A promoção da saúde e da atividade física
no Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. 2008; 13(1).

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
22. Costa, K.P.; Flores, C.E.C.; Neto, C.S.P. Alterações nas variáveis de saúde em mulheres
participantes de um programa público de exercícios físicos. Motriz, Rio Claro, v.16, n.1, p.162-
169, jan./mar., 2010.
23. Ferreira, E.C. Freqüência da Atividade Física e Uso de Medicamentos em Usuários das
Academias da Terceira Idade no Município de Maringá, Paraná. Trabalho de Conclusão de
Curso. Maringá: UEM, 2008.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
4. ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAS DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO HUMANO

As principais perdas decorrentes do envelhecimento humano se dão nos aspectos


biológicos, psicológicos e sociais, de forma que a idade cronológica é apenas um dos
indicadores do processo (PATE et al., 2005; ZIMERMAN, 2000).
Cada indivíduo reage diferentemente ao envelhecimento. Todo indivíduo é único. A
interação da idade com as experiências de vida reduz faz diferença nas perdas advindas do
envelhecimento (FARINATTI, 2008).

Perdas Biológicas:
Acarretam muitas conseqüências negativas para a saúde, uma vez que o aparecimento
de doenças é muito comum nos idosos (MEURER, 2010). 85% dos idosos têm pelo menos
uma doença crônica (VERAS, 2001).
As perdas biológicas ocasionam mudanças no peso, estatura, IMC, massa muscular,
que geram perdas na capacidade funcional, que consequentemente proporcionam dificuldades
para realizar as AVDs (MATSUDO, 2002).
Valores acima de 25 no IMC ocasionam o aumento do risco de mortalidade por
doenças cardiovasculares e diabetes; e valores abaixo de 20 ocasionam o aumento do risco de
mortalidade por cãncer, doenças respiratórias e infecciosas (MATSUDO, 2002).
Peso abaixo do ideal está associado a depressão, úlceras, fraturas, doenças
infecciosas e crônicas (MATSUDO, 2002).

Principais sistemas afetados pelas doenças:


Respiratórias, cardiovasculares, músculo-esqueléticas, metabólicas, neurológicas,
circulatórios, sensoriais e ósseas.

Principais doenças crônicas:


Artrite, osteoartrite, artrite reumatóide, osteoporose, hipertensão, ateroesclerose,
angina e diabetes (BARBOSA et al., 2003).

Outros tipos:
Alterações de visão (catarata); Alterações de audição; Alterações na fala; Perda de
dentes; Alterações no tato; Alterações no olfato; Alterações no paladar; Dificuldades de
se locomover; Diminuição da flexibilidade; Embranquecimento e queda dos cabelos;
Deformações na pele (rugas); Problemas de sexualidade (BACELAR, 1999).

Perdas Psicológicas:
Ocasionam declínios na função cerebral, nas funções da memória, demências
(Alzheimer) (MARTINS; ZIMMER, 2009), nos mecanismos de aprendizagem e memória e na
capacidade cognitiva (SCHAIE; WILLIS, 1996).
Maior incidência: depressão (ACSM, 1998), distúrbios comportamentais (PARK et al.,
2003) e estresse (BACELAR, 1999).

Perdas Sociais:
A principal perda social ocasionada pelo envelhecimento humano é a diminuição
convívio social, que é ocasionado pela aposentadoria, pela perda do status social e pela
diminuição da auto-estima. Estes acontecimentos levam a conflitos na aceitação de si mesmo,
a piora da autonomia e a diminuição da liberdade (GASPARI; SCHWARTZ, 2005).

Discriminação com o idoso:


Os idosos são vistos como improdutivos, são esquecidos pela sociedade, através das
políticas sociais, da participação social e do vínculo familiar (MAZO, 1998).

Referências
ACSM. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand on exercise and
physical activity for older adults. Medicien Science Sports and Exercise. v. 30, p. 992-1008,
1998.
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
BACELAR, R. M. S. P.; et al. Educação Física Gerontológica: Construção sistematicamente
desenvolvida. Manaus: Editora EDUA, 2003. 279 p.
BARBOSA, R. Envelhecimento e Produtividade: processo de subjetivação. Recife: Editora
FASA, 1999. 173 p.
FARINATTI, P. T. V. Promoção da Saúde e Envelhecimento: conceitos e princípios. In
________. Envelhecimento e Promoção da saúde e Exercício: bases teóricas e
metodológicas. Baueri/SP: Manole, 2008. v. 1, n. 4, p. 39-53.
GASPARI, J. C.; SCHWARTZ, G. M. O idoso e a ressignificação emocional do lazer.
Psicologia: Teoria e Pesquisa. v. 21, n.1, p. 69-76, 2005.
MARTINS, S. A.; ZIMMER, M. O papel do bilinguismo e da escolaridade no desempenho
linguísticocognitivo de idosos longevos. Letrônica. v. 2, n. 1, p. 212-230, julho, 2009.
MATSUDO, S. M. Envelhecimento, atividade física e saúde. Revista Mineira de Educação
Física. Viçosa. v. 10, n. 1, p. 195-209, 2002.
MAZO, G. Z. Universidade e terceira idade: percorrendo novos caminhos. Santa Maria: GZM,
1998.
MEURER, S. T. Motivos para a prática de exercícios físicos, autoestima e a aptidão funcional
de idosos: baseados na teoria da autodeterminação. Dissertação de Mestrado- UFSC,
Florianópolis, 2010.
PARK, H.; O’CONNELL, J.; THOMSON, R. A systematic review of cognitive decline in
the general elderly population. International Journal of Geriatric Psychiatry. v. 18, p. 1121-
1134, 2003.
PATE, R. R.; et al. C. Physical activity and public health - a recommendation from the Centers
for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. JAMA. v.
273, p. 402-407, 1995.
VERAS, R. P. Desafios e Conquistas advindas da longevidade da população: o setor saúde e
suas necessárias transformações. In: VERAS, Renato Peixoto (org). Velhice numa
perspectiva de futuro saudável. Rio de Janeiro: UNATI/UERGS, 2001.
ZIMERMAN, G. I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artmed, 2000.

5. DOENÇAS MAIS COMUNS DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

FONTE:
MAZO, G. Z.; LOPES, M. A.; BENEDETTI, T. R. Atividade física e o idoso: concepção
gerontológica. 3ª Ed. Revisada e atualizada. Porto Alegre: Sulina, 2009. Capítulo 6- DOENÇAS MAIS
COMUNS NO ENVELHECIMENTO

A seguir, uma breve explanação destas doenças quanto ao conceito, etiologia, patogenia,
sinais, sintomas e tratamento.

1. Doenças Cardiovasculares

Estima-se que as doenças cardiovasculares cheguem a atingir no mundo cerca de 15


milhões de morte por ano (mais ou menos de 30% do total) e no Brasil em torno de 350.000
mortes por ano (mais ou menos de 30% do total). As principais causas são as doenças: arterial
coronariana, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral (WHO, 2005). Estudo do SESC e
da Fundação Perseu Abramo verificou que 43% dos idosos brasileiros têm hipertensão e 13%
problemas cardíacos (Neri org, 2007).

a) Doença aterosclerótica coronariana

Conceito: a aterosclerose (depósito de placas de gordura dentro da parede arterial) é considerada


a mais comum e importante forma de arteriosclerose (endurecimento das artérias em si). É uma

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
doença degenerativa que atinge a camada interna das artérias, mas sua distribuição não é
uniforme. Em algumas artérias, como a mamária interna, são muito escassas as placas de
gordura; já as coronárias estão sob alto risco (Davies e Woolf, 1993).

Etiologia: acredita-se que a lesão se inicia por acúmulo de lipídios na parede arterial formando
as placas ateromatosas, em particular a lipoproteína de baixa intensidade (LDL). A oxidação da
LDL dá início as respostas inflamatórias, acumulando-se de forma descontrolada no interior dos
macrófagos, que se transformam em "foam cell" (células espumosas). Embora seja este um dos
principais mecanismos, há de se considerar que a arteriosclerose é multifatorial. As artérias
coronárias mais estreitas reduzem o fornecimento de oxigênio ao coração, causando a angina.

Patogenia: as placas ateroscleróticas evoluem a partir de placas menores. As estrias gordurosas


(fase reversível da doença) precedem a placa fibrosa (fase considerada irreversível) e evolui
para uma lesão mais complicada. Acredita-se que as placas ateroscleróticas resultam da
proliferação de células musculares lisas na camada interna da parede arterial, em conjunto com
as “foam cells”, que são provavelmente um passo anterior à proliferação dessas células
musculares lisas, e não da degeneração e acúmulo lipídico como em princípio se acreditava.
Assim, a placa não é uma massa gordurosa, mas um conjunto de células musculares lisas que
funcionam como reservatório de gordura (Pollock, Wilmore e Fox, 1986).

Fatores de Risco: estão distribuídos em quatro classes, segundo o Colégio Americano de


Cardiologia:
Classe I - fatores em que as intervenções empregadas seguramente reduzem o risco de doença
coronariana - lipoproteína de baixa intensidade (LDL), dietas hiperlipídicas, hipertensão
arterial, hipertrofia ventricular esquerda, tabagismo e fibrogênio sérico;
Classe II - fatores em que as intervenções provavelmente reduzem o risco - sedentarismo,
diabetes, lipoproteína de alta intensidade (HDL), triglicerídios, obesidade e pós-menopausa;
Classe III - fatores associados a doenças arterioscleróticas coronarianas e que, se modificados,
talvez reduzam suas conseqüências - fatores psicossociais, lipoproteína, homocisteína, estresse
oxidativo e ingestão de bebidas alcoólicas;
Classe IV - fatores que se associam ao aumento de risco de doença arteriosclerótica coronariana,
porém sem possibilidades de modificação ou, se alterados, raramente produzem alterações na
história natural - idade, sexo, estado sócio-econômico e história familiar de doença arterial
coronária (Furter e Pearson, 1996 ).

Sinais e sintomas: angina, infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais (AVC), doença
vascular periférica, cardiopatia isquêmica e morte súbita.

Tratamento: para o tratamento da ateroesclerose, são recomendadas as seguintes terapias:


- drogas beta-bloqueadoras, inibidores da enzima de conversão da angiotensina (reduzem os
batimentos cardíacos e a pressão arterial), vasodilatadores coronarianos, antiagregantes
plaquetários, hipocolesterolemiantes, hipoglicemiantes, hipolipêmicos, bloqueadores dos canais
de Ca++ e diuréticos;
- mudanças no estilo de vida, principalmente a suspensão do tabagismo;
- hábitos alimentares adequados;
- redução do estresse;
- evitar mudanças extremas de temperatura;
- atividade física moderada e sistemática.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
b) Hipertensão

Conceito: hipertensão arterial, ou "pressão alta", conhecida como "doença silenciosa", é a


elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados normais, ou seja, a
pressão sistólica acima de 140 mm Hg e a diastólica acima de 90 mm Hg (WHO,1990).
A hipertensão arterial pode ser classificada em:
1 - Hipertensão Primária ou Essencial - 90% dos casos de hipertensão são de causa
essencial. De fator hereditário, não se conhece a causa específica;
2 - Hipertensão Secundária - causada por sobrecarga de volume e de vaso-constrição; é
responsável por 10% dos casos de hipertensão, é subdividida em:
2.1 - Hipertensão renal
2.2 - Hipertensão na toxemia gravídica
2.3 - Hipertensão por ação do Sistema Nervoso Simpático.

Tabela 1 - Classificação diagnóstica da hipertensão arterial acima de 18 anos de idade.


Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)
Ótima < 120 < 80
Normal <130 < 85
Normal limítrofe 130 – 139 85 – 89
Hipertensão leve (estágio 1) 140 – 159 90 – 99
Hipertensão moderada (estágio 2) 160 – 179 100 – 109
Hipertensão grave (estágio 3) >180 > 110
Hipertensão sistólica isolada > 140 < 90
Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006)

Etiologia: pode ocorrer por vários fatores: hereditários, raciais (a pressão alta é mais comum em
pessoas de raça negra), idade (pressão alta ocorre, na maioria dos casos, em pessoas acima de 35
anos), estresse, alimentação (excesso de sódio - sal), tabagismo, etilismo, obesidade, diabete,
problemas econômicos e sedentarismo.

Patogenia: o sangue circula devido a diferenças de pressão e pode ser aumentado por:
- volemia (volume de sangue) causada por vários fatores, sendo o mais evidente o alto teor de
sal na alimentação;
- vasoconstrição (sístole e diástole), principalmente por artérias endurecidas pela idade
(arteriosclerose), por substâncias adiposas na luz dos vasos arteriais (aterosclerose), ou por
disfunção nervosa, alterando o sistema renina-angiotensina;
- aumento sistólico ou diastólico.

Sinais e sintomas: os sintomas mais comuns são: cefaléia occipital, tontura, sensação
desagradável, escotomas cintilantes (manchas brilhantes que se movem dentro do campo
visual), náuseas, diminuição da libido, cansaço em moderado e grande esforço físico,
palpitações, angina peitoral, dispnéia, síncope e parestesia.
Dentre os sinais mais comuns, tem-se: epistaxe (hemorragia nasal), palidez de mucosa,
taquipnéia, taquicardia, pressão diastólica acima de 90 mm Hg, impotência sexual e presença de
sangue na urina.

Tratamento: para o tratamento da hipertensão, são recomendadas as seguintes terapias:


Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
- medicamentosas: diuréticos, beta-bloqueadores, inibidores da enzima de conversão da
angiotensina;
- ingestão regular de remédios, como prescrito. Caso o paciente sinta algo diferente após
a ingestão, deve informar o médico;
- controle periódico da pressão arterial;
- abandono do vício de fumar;
- minimização do uso de álcool;
- manutenção do peso ideal;
- abstenção de alimentos ricos em gorduras;
- diminuição de sal nos alimentos;
- fuga da tensão, enfrentar melhor a vida;
- prática de atividades físicas sistemática e moderada.

São diversas as vantagens proporcionadas pelos exercícios físicos para os portadores de


doenças cardiovasculares:
- redução da freqüência cardíaca em repouso;
- redução do colesterol total;
- aumento do consumo máximo de oxigênio;
- aumento do débito cardíaco;
- aumento ou manutenção do HDL;
- redução da pressão arterial;
- redução das catecolaminas, ou eliminação de sódio pelo organismo, diminuindo o
contingente líquido em conseqüência do treinamento;
- aumento da sensibilidade dos baroceptores;

Exercícios físicos e o paciente com doenças cardiovasculares: o portador de doença artério-


coronariana, que pretende dar início a um programa de exercícios físicos, deve informar ao
profissional de Educação Física seu estado de saúde e seguir as seguintes recomendações, de
acordo com Benetti (1999) e Rimmer (1998):
- apresentação de atestado médico, no qual deve constar a recomendação do tipo de
atividade física adequada, de acordo com sua patologia;
- levar em consideração sua individualidade biológica e respectiva condição cardíaca;
- estar sempre munido do medicamento no local da atividade física;
- medir a pressão arterial: se a pressão sistólica estiver acima de 200 mmHg, não deverá
praticar exercícios físicos nesse dia; igual procedimento será adotado se aumentar para
esse índice, durante a sessão;
- medir a pressão antes, durante e após a sessão de exercícios físicos, com vistas a ser
mantido um acompanhamento de seu estado;
- as atividades físicas deverão ser aeróbias (acima de 20 min) com 60 a 80% da freqüência
cardíaca máxima.

As atividades físicas para cardiopatas e hipertensos, como já mencionado, devem ser


aeróbias, moderada intensidade com 60 a 80% da FC máxima, de três a sete vezes por
semana e com duração de 20 a 60 minutos. Podem ser realizados exercícios com pesos, mas
de preferência em circuito, trabalhando com grupos musculares alternados e principalmente
prevalecendo o componente aeróbio. Pode-se usar tempo nas estações - l minuto - ou
número de repetições (10 a 15 vezes) com repouso ativo de 45 segundos. A respiração deve
ser continuada. Sempre alongar e relaxar após as sessões de treinamento para retornarem ao
normal os níveis de pressão arterial.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
2. Doenças Respiratórias

As doenças respiratórias, particularmente as pneumonias e gripes, são importante causa


de internação e óbito entre os idosos. Elas são causadoras de 11,5% das mortes no Brasil (IBGE,
1999). Uma pesquisa com pessoas acima de 40 anos realizada em capitais da América Latina
verificou a prevalência de DPOC em 15,8% da população (Jardim e Nascimento, 2006). A
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), representada pela bronquite crônica, asma e
enfisema, constitui um grave problema de saúde pública em todo o mundo, perdendo apenas
para as doenças coronarianas, como causa de incapacidade permanente em pessoas acima de 40
anos de idade. Temos, assim:

a) Asma

Conceito: doença caracterizada por uma hiperreatividade da traquéia e brônquios em resposta a


vários estímulos, manifestado por um estreitamento generalizado das vias aéreas que modifica
sua severidade espontaneamente, ou, como resultado do tratamento. Podem existir asma
brônquica primitiva de origem alérgica (rara em idosos) e brônquite asmática de origem
bacteriana, que levam a quadros de brônquite crônica principalmente no idoso.

Etiologia: a asma pode ser classificada em duas categorias:


Extrínsecas: quando pode ser relacionada a alérgenos externos específicos (pólen, pêlo de
animais, medicamentos, alimentos, chocolates etc); irritantes químicos (desodorantes, perfumes,
fumaças etc); temperatura (frio); estímulos nervosos ou fisiológicos (problemas emocionais);
infecções (virais, sinusite), e exercício físico (pesquisas consideram que, durante o exercício
físico, podem ocorrer crises de asma por causa da temperatura na passagem respiratória).
Intrínsecas: não há evidência de alérgenos externos no desencadeamento dos sintomas e nem
de história pessoal ou familiar de atopia. Tipicamente de início tardio, ocorre após os 30 anos e
com resposta terapêutica mais difícil.

Patogenia: hipersecreção densa com edema da mucosa, broncoespasmo, ar retido nos alvéolos,
podendo ocasionar enfisema pulmonar.

Sinais e sintomas: dificuldade respiratória com o uso da musculatura acessória, expectoração


mucopurulenta abundante, dispnéia, roncos, cianose e estertores sibilantes.

b) Bronquite crônica

Conceito: doença comum, que afeta até 25% da população adulta, principalmente homens
fumantes, após os 40 anos de idade.
São consideradas, como tendo bronquite crônica, pessoas que apresentam tosse com
expectoração (produção de catarro) do tipo mucoso ou purulento (ocorre quando há uma
infecção associada), na maioria dos dias, por pelo menos 3 meses seguidos, durante 2 anos
consecutivos (Menezes, s/d).
Observação: este conceito só é válido desde que afastadas outras causas de tosse e expectoração,
como por exemplo: tuberculose e bronquiectasias.
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Etiologia: esse tipo de bronquite é resultante da inalação de substâncias irritantes por pessoas
que não são hiperreativos como os asmáticos. Raramente pode evoluir para estreitamento grave
e irreversível das pequenas vias respiratórias, situação que limita muito a vida do paciente,
praticamente impedindo-o de realizar esforços, tais como andar e tomar banho sozinho. O fumo
é o fator mais importante. Os fumantes de cigarro têm um risco 10 vezes maior de morrer de
bronquite e enfisema que os não fumantes; as pessoas que trabalham em ambiente no qual
prevalece poeira de origem vegetal, estão mais predispostas a contrair bronquite crônica e
enfisema, que as submetidas à poeira de origem mineral.

Patogenia: a obstrução a passagem do ar causa falta de oxigênio e excesso de monóxido de


carbono no sangue.

Sinais e sintomas: a forma mais branda se manifesta na tosse, com pequena quantidade de muco
pela manhã, também chamada de "tosse do fumante".

c) Enfisema

Conceito: alargamento anormal e permanente dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal,
acompanhado pela destruição de suas paredes e sem fibrose aparente.

Etiologia: a destruição alveolar leva à diminuição da retração elástica pulmonar. Isto, em si, pode
resultar num aumento da resistência expiratória das vias aéreas, sem qualquer doença
intrínseca. A obstrução brônquica no enfisema não se deve a fatores mecânicos, como na
bronquite e na asma, mas sim à diminuição da retração elástica.

Patogenia: o fumo é o fator principal. A poluição ambiental e os fatores genéticos com


deficiência de alfa-1-antitripsina também têm papel proeminente. Como a bronquite
freqüentemente precede o enfisema, o mais importante fator patogênico desta enfermidade é a
bronquite crônica, ou uma de suas complicações, a bronquite obliterante.
Há duas condições que reforçam a importância das escleroproteínas, particularmente
a elastina, na patogenia do enfisema: a ocorrência associada à deficiência de alfa-1-antitripsina,
e a observação de que a papaína, uma enzima proteolítica, produz enfisema experimental em
animais (relacionado à sua atividade elastolítica).

Sinais e sintomas: os primeiros sinais costumam ocorrer em fumantes, após os 50 anos de idade.
A dispnéia é a principal queixa, que progride lentamente até a incapacidade. No exame físico,
chama a atenção o aumento do diâmetro antero-posterior do tórax (tórax em barril) e a
diminuição do murmúrio vesicular (silêncio respiratório).

Tratamento: para a asma de cunho alérgico deve ser feita a dessensibilização, por meio de anti-
reativos e corticosteróides. São utilizados diferentes medicamentos como teofelina, agentes
beta-adrenérgicos e cromoglicato dissódico.
Para o tratamento da bronquite crônica e do enfisema pulmonar é fundamental que o
paciente abandone o vício de fumar. O tratamento de ambas as doenças incluem
broncodilatadores, drogas antiinflamatórias e antibióticos para combater a infecção. A
oxigenioterapia nos pacientes hipoxêmicos melhora, tanto a condição física, como a função
cognitiva e a sobrevida. As técnicas de reabilitação pulmonar incluem: exercícios físicos com a
finalidade de melhorar a função cardiorespiratória; o controle da respiração, tais como
respiração diafragmática e com lábio semicerrados, que reduzem a dispnéia, principalmente em
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
pacientes com hiperventilação; treinamento dos músculos respiratórios; e fisioterapia. A
cirurgia redutora de volume tem se tornado popular nos últimos anos como tratamento do
enfisema generalizado.
O controle do ambiente domiciliar é importante no tratamento preventivo das doenças
respiratórias, como por exemplo:
- manter a casa sempre limpa;
- evitar o uso de vassouras de pêlo, espanador, tapetes, carpetes e cortinas no quarto de
dormir, e contato com animais de pelúcia, almofadas etc;
- evitar que a cama fique posicionada lateralmente à parede ou a outro móvel qualquer;
- evitar o uso de travesseiros de pena, paina e flocos de espuma, e dar preferência aos de
espuma inteira;
- facilitar a ventilação e a entrada de sol por toda a casa, principalmente no quarto do
paciente. Há um antigo ditado chinês que diz: "casa em que entra sol, não entra
médico".

Exercícios físicos e os pacientes com doenças respiratórias: o exercício físico para pacientes com
doenças respiratórias propicia as seguintes vantagens:
- melhor eficiência no andar;
- melhor postura corporal;
- redução do consumo de oxigênio, com a conseqüente diminuição do custo metabólico
da respiração;
- melhor resposta cardíaca e maior distribuição do fluxo sangüíneo;
- aumento do volume respiratório, estimulando melhores trocas gasosas;
- aumento da capacidade de ventilação do pulmão e da resistência dos músculos
respiratórios.

Para iniciar um programa de exercícios físicos com pessoas que apresentam doenças
respiratórias, devem ser seguidas algumas recomendações, dentre as quais:
- exigência de uma cuidadosa avaliação do paciente para decidir qual o tipo de
programa é mais benéfico, e também que progresso trará durante seu desenvolvimento. Um
teste para medir a função pulmonar, em conjunto com um teste ergométrico em esteira, ou
bicicleta, é essencial para quantificar a dificuldade causada pelo fluxo de ar e trocas gasosas, e
para avaliar se as alterações identificadas limitam seus movimentos;
- as atividades mais indicadas para melhorar o sistema de transporte de oxigênio, de
pacientes com capacidade mínima, são as denominadas aeróbias: natação, caminhada ou andar
de bicicleta; evitar temperaturas extremas e ambientes poluídos;
- aumento da força e resistência muscular, flexibilidade, relaxamento e exercícios
respiratórios fazem parte do programa de condicionamento físico para pacientes com enfisema,
bronquite e asma;
- independentemente do tipo de exercício, cada sessão deve ser precedida de um
período de aquecimento com intensidade crescente, que permita uma acomodação gradual ao
treinamento;
- a monitoração da intensidade do treinamento deve ser baseada no teste ergométrico
realizado. Por meio dele se obtém a freqüência cardíaca ideal para a realização do exercício, de
50 a 70% da freqüência cardíaca máxima, embora pessoas com asma severa tenham dificuldade
em trabalhar nessa intensidade. A duração deve ser de 30 a 60 minutos, diariamente;
- são aconselhados exercícios específicos de força e resistência dos músculos
respiratórios, para diminuir a fadiga do músculo do diafragma;

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
- ao término da sessão de exercícios aeróbios de força e resistência, aconselha-se um
período de desaceleração, incluindo exercícios de flexibilidade e relaxamento, que devem durar
aproximadamente 15 minutos;
- indivíduos asmáticos necessitam envolver-se com programas de exercícios físicos,
mas é importante conhecer o idoso, principalmente no início da crise asmática. Deve-se utilizar
5 a 6 exercícios com duração de 1 a 2 minutos e intervalo de 1 minuto entre eles. Alguns
indivíduos têm dificuldade de manter os exercícios por um longo período de tempo. Assim,
aconselha-se começar com períodos curtos e aumentar gradativamente o tempo de cada um.
Trabalhar preferencialmente em grupo de pessoas.

3. Doenças músculo-esqueléticas

As doenças músculo-esqueléticas, como dores lombares, artrose e osteoporose atingem


cerca de 23%, 11% e 9% respectivamente da população idosa brasileira (Neri org, 2007).

a) Artrose

Há estimativas de que um conjunto superior a 40 milhões de norte-americanos


apresenta alterações radiológicas de artrose, e que 85% desse total têm mais de 70 anos de
idade.

Conceito: também chamada pelos norte-americanos de osteoartrite, e pelos europeus de


osteoartrose, resulta de uma alteração não inflamatória das articulações e se caracteriza pela
degeneração da cartilagem e neoformação óssea na superfície articular. É uma doença que
acomete pessoas de idade mais avançada.

Etiologia: a artrose primária é oriunda do processo de envelhecimento dos tecidos das


articulações, e se manifesta de modo mais ou menos aparente a partir dos 40 anos. A cartilagem
articular, que se encontra mal vascularizada e nutrida, principalmente por estar envolvida pelo
líquido sinovial, perde progressivamente sua elasticidade, desseca-se, desgasta-se e expõe o
osso epifisário; essa necrose da cartilagem articular aparece nos pontos em que a pressão se
apresenta em grau máximo. Na artrose secundária, o envelhecimento prematuro da cartilagem
articular pode decorrer de um traumatismo que afetou as superfícies articulares, de
microtraumatismos repetidos ou de um distúrbio estático que sobrecarregou a articulação, ou
pode aparecer como seqüela de artrite séptica, poliartrite reumatóide, gota etc. Com freqüência,
essas formas secundárias são mais graves que as formas primárias. O peso corporal excessivo
explica a maior freqüência de artrose nos indivíduos obesos.

Patogenia: a artrose primitiva está localizada, por ordem decrescente de freqüências, nas
articulações intervertebrais anteriores, no joelho, nos quadris, nas articulações
metatarsofalangianas e interfalangianas distais.
No início, são observadas manchas amareladas de necrose da cartilagem articular. A
destruição do aparelho de deslizamento é acompanhada de lesões ósseas, na forma de faixa de
osteosclerose nas zonas de apoio, e de osteófitos em torno da articulação. A sinóvia apresenta-se
espessa e contribui para a formação de franjas que podem tornar-se cartilaginosas e cair no
espaço articular ("ratos" articulares). A rigidez é devida à fibrose retráctil das cápsulas
articulares e à fibrose muscular; mesmo em estágio avançado, a anquilose completa é
excepcional.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Sinais e sintomas: os sintomas são: dor, inchaço (edema) e dificuldade de movimentação da
região acometida. Cada articulação tem o seu curso, de acordo com a evolução da doença. No
joelho, manifesta-se, além da dor e do inchaço, a dificuldade progressiva de caminhar, subir
e/ou descer escadas. Ocorre normalmente quando alguém permanece muito tempo sentado, nos
casos mais avançados, dores noturnas durante o repouso.

Tratamento: os medicamentos antiinflamatórios não hormonais reduzem a dor e o inchaço


articular. Se os sintomas persistirem, a alternativa será a aplicação de injeção de cortisona. O
uso dessa substância, embora possua um grande poder antiinflamatório, pode desenvolver
também efeitos colaterais indesejáveis, se usado por muito tempo. O tratamento com
fisioterapia é de grande valia, tais como, a utilização de formas de calor e exercícios de
alongamento muscular, que minimizam a dor e rigidez articular numa fase inicial da doença. A
redução do peso corporal também contribui para a diminuição da dor.

b) Artrite reumatóide

Existem mais de cem tipos de artrite, com diferentes formas e tratamento, embora a
mais comum seja a artrite reumatóide. É uma doença que afeta 3% da população brasileira,
sendo mais freqüente em pessoas com idade superior a 40 anos de idade. Para cada homem,
existem três mulheres que apresentam a doença.

Conceito: doença sistêmica crônica, inflamatória subaguda ou crônica, não supurativa, difusa, do
tecido conjuntivo, que acomete geralmente as articulações. Nas articulações a sinóvia
inicialmente, resulta na potencial destruição progressiva das estruturas articulares e
periarticulares. As manifestações sistêmicas incluem alterações hematológicas, pulmonares,
neurológicas e cardiovasculares (Fraga, 1975 e Grossi, 2000).

Etiologia: é desconhecida. Alguns pesquisadores acreditam ser conseqüência de infecções


através de bactérias ou vírus. Surge em qualquer idade, mas é mais comum dos 25 aos 60 anos.
Ocorre mais em mulheres (3 para 1). As alterações imunológicas podem ser desencadeadas por
múltiplos fatores.

Patogenia: infiltração linfóide da sinóvia formando pseudofolículos; síntese no local da sinovite


de IgG e fator reumatóide; diminuição de componentes de complemento no líquido sinovial;
presença de IgG, IgM e componentes do complemento nas células sinoviais, no tecido
intersticial e nos leucócitos sinoviais; presença de complexos FR-IgG no líquido sinovial;
presença de fibrina e produtos enzimáticos como fosfatase ácida, cininas e plasminas.

Sinais e sintomas: a doença tem seu início com fadiga, rigidez muscular, edema doloroso em uma
ou mais articulações. As mãos refletem deformidade nas articulações. As falanges distais estão
hipertrofiadas e as proximais, fletidas, e há desvio dos dedos. As unhas tornam-se quebradiças
e os músculos internos, enfraquecidos. Nos estágios mais avançados a coluna pode estar rígida
e a mandíbula, parcialmente fixada. O início pode ser abrupto, com inflamação simultânea em
várias articulações, com envolvimento articular progressivo. O sinal físico mais claro é a dor em
quase todas as articulações ativas, devido à inflamação (Grossi, 2000).

Tratamento: há casos em que são utilizados analgésicos, antiinflamatórios e injeções de cortisona


nos locais, além de fisioterapia e reabilitação para manutenção funcional do sistema locomotor.
A tendência atual conduz a mais atividade e menos repouso, para não ocorrer atrofia das
articulações atingidas por falta de mobilidade. A cirurgia no início da doença visa a reduzir os
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sintomas e deter o processo mórbido. Na fase alta de atividade da artrite, a capacidade para
exercícios é baixa. Por isto, devem ser evitados durante essa fase, embora o treinamento da
marcha, ou caminhada, possa ser necessário. Não se sabe se os exercícios nessa situação
acentuam a destruição da articulação. Não obstante, eles são muito utilizados no tratamento de
prevenção das deformidades e fortalecimento dos músculos para manter livres os movimentos.
Os tratamentos mais indicados são a cinesioterapia (terapia pelo movimento), termoterapia
(terapia pelo calor), eletroterapia (terapia pela eletricidade) e crioterapia (terapia pelo gelo).

c) Dores lombares

A dor lombar constitui-se num problema que acomete os indivíduos na fase produtiva.
Oitenta por cento da população sofreu de dor lombar em alguma fase de sua vida. Estes
episódios ocorrem normalmente entre as idades de 30 e 50 anos, justamente a fase mais
produtiva das pessoas. A maior parte dos episódios de lombalgia é autolimitada, o que significa
que irá melhorar, independentemente do tratamento instituído. Mas uma parte significativa
desses episódios tornar-se-á crônica, o que significa inexistência de sinais de melhora e
continuação de desconforto e disfunção, indefinidamente (Medical Multimedia Group, 2000).

Conceito: a Síndrome Dolorosa Lombar, ou simplesmente lombalgia, pode ser caracterizada por
uma dor localizada na região lombar, aguda ou crônica, leve ou intensa.

Etiologia: a maior parte das lombalgias deve-se a mudanças degenerativas da coluna lombar,
sendo muito comum à artrose. Pode haver traumatismo agudo, associado a um episódio de dor
em particular, mas a condição geral da coluna lombar é que vai determinar o grau de
recuperação, ou a possibilidade de se tornar um problema crônico (Medical Multimedia Group,
2000).

Patogenia: resultam de traumatismos e degeneração do disco intervertebral. Degeneração é o


processo de desgaste e rupturas, causador de deterioração do disco. À medida que a
degeneração progride, o disco perde seu teor de água tornando-se rígido e perde também sua
capacidade de absorver os choques. O processo continua até que o disco se "achata". As bordas
proeminentes do disco se calcificam formando os osteófitos (bico de papagaio), que podem
comprimir os nervos, causando dor (Medical Multimedia Group, 2000). Outro problema de
dores lombares é a hérnia do disco, proveniente da ruptura do anel fibroso, o qual permite que
o núcleo pulposo escape para o canal espinhal comprimindo as raízes nervosas parcial ou
totalmente, provocando dor, dormência e fraqueza muscular nas áreas atingidas por esse nervo.

Sinais e sintomas: a dor lombar pode ser de dois tipos: mecânica e compressiva.
A dor do tipo mecânica resulta da inflamação causada por irritação ou traumatismo dos discos,
das facetas articulares, ligamentos e músculos da região lombar. Uma causa comum dessa dor
provém da degeneração discal. Este tipo de dor inicia geralmente na região lombar e pode
irradiar-se para as nádegas e coxas, mas raramente se estende além do joelho.
A dor do tipo compressiva ocorre quando uma raiz nervosa, ao se deslocar lateralmente em
relação à espinha, é pinçada. A causa mais comum é a herniação do disco. Os nervos que saem
da coluna lombar se unem e formam o nervo ciático. Este nervo provê a sensibilidade e controla
os músculos das pernas. A compressão das raízes nervosas lombares pode interferir no
funcionamento normal do nervo ciático. Os primeiros sinais de compressão do nervo surgem
por meio de dormência e dor na área suprida por este nervo, usualmente se estendendo até o
pé. Às vezes, a coluna lombar permanece indolor. Finalmente, os músculos controlados por
este nervo se tornam fracos e os reflexos - testados no consultório médico com um martelinho -
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Física, Saúde e Envelhecimento.
desaparecem. A estenose (estreitamento) do canal espinhal pode causar uma dor do tipo
compressiva. Em algumas pessoas, o processo degenerativo pode estreitar o canal espinhal
onde estão localizados os nervos. Isso causa um acometimento de todos os nervos, podendo
ocasionar dormência em ambas as pernas. Esse quadro piora com o caminhar e melhora com o
repouso, podendo ocasionar fraqueza muscular em ambas as pernas.

Tratamento: o tratamento da lombalgia deve ser individualizado, conforme o diagnóstico, e pode


ocorrer de duas formas:
tratamento conservador: inclui exercícios, medicamentos, fisioterapia e outras condutas não
cirúrgicas.
tratamento cirúrgico: através da remoção da compressão óssea (Laminectomia), remoção do
material do disco intervertebral herniado, ou até fusão das vértebras instáveis. Não existe um
procedimento cirúrgico adequado para todos os problemas possíveis. A cirurgia faz-se
necessária em um pequeno número de pacientes.
O tratamento de qualquer problema de coluna tem objetivo de aliviar mediatamente o
problema e reduzir o risco de recidiva.

As diferentes doenças músculo-esqueléticas fazem com que os tratamentos sejam


diferenciados, devendo-se ter o máximo cuidado quanto ao estado físico do indivíduo.
A fisioterapia é de grande valia no tratamento da artrose, através da utilização de
formas de calor e exercícios de alongamento muscular, que minimizam a dor e a rigidez
articular numa fase inicial da doença. A redução do peso corporal também contribui para a
diminuição da dor. Exercícios de baixo impacto corporal, como natação e hidroginástica, podem
ser tolerados.
Em relação à artrite e às dores lombares, deve ser avaliada a fase da doença e como o
indivíduo se encontra, pois os exercícios físicos podem trazer vantagens, quando bem
administrados. Eles estimulam os hormônios naturais de controle da dor, condicionam e
fortalecem a musculatura para uma melhor estabilização da coluna, além de melhorar a postura
corporal.

Exercícios físicos: para iniciar um programa de exercícios físicos para pessoas com doenças
músculos-esqueléticas acima citadas, devem ser observados os seguintes aspectos:
- os exercícios prescritos a pessoas com artrite reumatóide devem ser precedidos de
avaliação de seu processo inflamatório e da margem de mobilidade de suas diferentes
articulações;
- devem ser evitados exercícios que imponham grandes cargas às articulações afetadas;
com baixa carga, o tempo na bicicleta ergométrica deve oscilar entre 12 e 15 minutos, ou
o mesmo tempo em piscina térmica com temperatura da água entre 30 e 32o C;
- os pacientes com dor excessiva podem se mover livremente na água por 15 a 25
minutos, sem necessidade de prescrição específica;
- podem ser aplicados exercícios isométricos e dinâmicos para melhorar a força
muscular, além de outros tipos de ginástica que aumentem a mobilidade articular. Para
prevenir contraturas nos ombros, quadris e joelhos, o paciente deve deitar-se por 30
minutos por dia em decúbito ventral (de bruços);
- são indicados exercícios de baixo impacto corporal, como natação e hidroginástica.

d) Osteoporose

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Conceito: aumento da porosidade do esqueleto. Os ossos têm uma diminuição da massa por
unidade de volume, causando um desequilíbrio entre a reabsorção e a formação óssea (Mc
Kinnon, 1988).

Etiologia: as principais são deficiência na produção de estrogênio (estado endócrino), baixa


ingestão de cálcio e excesso de cafeína (deficiência nutricional), pouca atividade física,
tabagismo e alcoolismo.

Patogenia: falta de cálcio no organismo, que ocasionará dificuldades, tanto na absorção de


vitamina D pelo intestino, como no processo de coagulação sangüínea e nas atividades
imunológicas, obrigando o organismo a utilizar o cálcio armazenado nos ossos. Os osteoclastos
criam cavidades nos ossos e liberam cálcio para a corrente sanguínea. Após as cavidades
estarem criadas, os osteoblastos as preenchem com uma proteína chamada colágeno, que em
adultos dura em torno de quatro meses a um ano (Ainsenbrey, 1987).

Sinais e sintomas: dor lombar, diminuição de altura, deformidade da coluna (cifose) e múltiplas
fraturas (vértebras, quadris e região distal do rádio). Obesidade, hipertensão arterial, celulite em
membros inferiores, excesso de pêlos e hiperfrouxidão ligamentar.

Tratamento: por meio de substâncias que inibam a reabsorção óssea: estrógeno, calcitonina e
difosfanatos, ou substâncias que estimulem a formação óssea: fluoreto, esteróides anabolizantes
e metabólitos da vitamina D, ingestão de cálcio, reposição hormonal e exercícios físicos.

Exercícios físicos e osteoporose: os exercícios físicos mais indicados na prevenção das doenças
metabólicas são os aeróbios com 60 a 75% da FC máxima, sendo estes mais utilizados como
prevenção da osteoporose, pois impõem peso e resistência à estrutura esquelética, propiciando
aumento de massa óssea e auxílio na prevenção de doenças cardiovasculares. Também são
indicados exercícios de resistência muscular localizada, de força de explosão utilizadas nos
esportes adaptados. Sugere-se programas de três a cinco vezes por semana com duração de
vinte a sessenta minutos.

Exercícios de resistência muscular localizada para os músculos que sustentam a coluna


(eretores da espinha, abdominais isométricos) e alongamentos são apropriados para pessoas
com osteoporose na coluna.

Para as pessoas com osteoporose severa, exercícios em posição sentada e deitada podem
ser mais apropriados, bem como, hidroginástica, natação e bicicleta estacionária ou
cicloergômetro (diminui o impacto que pode ocasionar a fratura). Devem ser evitados exercícios
com pesos excessivos, de torsão e flexão de tronco às pessoas que têm osteoporose.

4. Doenças neurológicas
No Brasil ainda não há dados objetivos com relação à doença de Alzheimer, Parkinson e
outras demências. Porém com base em dados de outros países e no último censo do IBGE de
2000, estima-se a prevalência da doença de Alzheimer em 1 milhão e 200 mil pacientes, com a
incidência de 100 mil novos casos por ano. Estudo Longitudinal de Baltimore (1958-1978),
demonstrou que a taxa de incidência para a doença de Alzheimer para pessoa com 60 anos de
idade é cerca de 10%. A taxa dobra a cada 5 anos e pelos 85 anos é nove vezes maior quando
comparado aos 69 anos de idade. As taxas de prevalência apresentam aumento geométrico a
partir dos 60 anos de idade, ultrapassando de 50% aos 95 anos (www.alzheimermed.com.br).

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Já a prevalência da doença de Parkinson na população brasileira é de 150 a 200 casos
por 1000.000 habitantes, e a cada ano surgem 20 novos casos por 100.000 habitantes. A doença
acomete aproximadamente um por cento (1%) da população acima de 65 anos de idade, e é
frequente após a sexta década de vida, porém 10% dos casos ocorrem antes dos 50 anos e 5%
antes dos 40 anos de idade (Ministério da Saúde, 2007).

a) Parkinson
Descrito por James Parkinson, em 1817, que o definiu como movimentos trêmulos
involuntários com diminuição da força muscular, que acometem, mesmo sob contenção,
segmentos não utilizados no momento, acompanhados de tendência à inclinação do tronco para
frente, assim como à marcha acelerada, permanecendo intactos os sentidos e o intelecto.

Conceito: doença do Sistema Nervoso Central, idiopática (não é conseqüência de outra), que
provoca degeneração lenta e progressiva das células do cérebro controladoras dos movimentos
e do equilíbrio (Sayeg, 1991).

Etiologia: a doença surge, na maioria das vezes, sem uma causa evidente. O fator genético,
nesses casos, é pouco representativo. Existem, contudo, outros fatores que podem desencadear
os sintomas e provocar o que se conhece por síndrome parksoniana. Um desses fatores é o uso
exagerado e contínuo de medicamentos que podem bloquear o receptor, que permite a eficácia
da dopamina. Um trauma craniano repetitivo, que acontece constantemente com lutadores de
boxe, pode também afetar o bom funcionamento cerebral. Outros fatores, como a isquemia
cerebral e a permanência freqüente em ambientes tóxicos podem obstruir artérias responsáveis
pela passagem do sangue para a região que produz a dopamina, desencadeando então a
doença.

Patogenia: os neurônios produzem uma substância chamada dopamina, que é um importante


mensageiro químico (neurotransmissor), responsável pela transmissão de sinais entre a
substância negra e o corpo estriado, ou núcleo caudado. Acredita-se que a dopamina exista no
núcleo estriado como um fator de equilíbrio, que contrabalança o efeito da acetilcolina, aí
presente também em quantidades consideráveis. A interação da acetilcolina com a dopamina,
uma controlando o equilíbrio da outra, mantém o funcionamento desses núcleos dentro de
limites normais. O desequilíbrio químico causado pela morte das células responsáveis pela
produção de dopamina afeta os movimentos, provocando tremores ou rigidez do corpo.

Sinais e sintomas: os mais característicos são: tremor rítmico em uma ou em ambas as mãos,
membros inferiores ou cabeça; rigidez muscular; lentidão de movimentos; inexpressão facial;
distúrbio da marcha; alterações posturais e vegetativas, como a hipersalivação; forma lenta e
monótona no falar; depressão; diminuição da resposta clínica ao tratamento medicamentoso
contínuo; dificuldade de comunicação e expressão de sentimentos. Esses sintomas progridem e
podem levar o paciente à imobilização total.

Tratamento: o tratamento medicamentoso deve ser adaptado às necessidades do paciente, que


variam com a fase da doença e as manifestações predominantes. As medicações anticolinérgicas
são, em geral, bastante eficazes na supressão do tremor, quando em paciente está em repouso.
O propanolol ou a primidona são indicados para o tremor durante a atividade. A levodopa
melhora a acinesia e o desequilíbrio postural; as medicações anticolinérgicas têm pequeno efeito
sobre essas duas anormalidades. A introdução da cirurgia estereotáxica, que permite a
localização de lesões focais, de maneira exata, em estruturas centrais do cérebro, principalmente
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no tálamo ventrolateral ou no globo pálido, contralateralmente à região afetada, constitui-se
num importante avanço na tentativa de aliviar os sintomas do parkinsonismo (Harrison, 1984).

Exercícios físicos e o parkinsoniano: o exercício físico propicia as seguintes vantagens:


- melhor eficiência no andar;
- melhor postura corporal;
- atenua a progressão dos sintomas da doença, principalmente na rigidez muscular e na
lentidão dos movimentos;
- preserva a força muscular necessária para as atividades do dia-dia;
- evita a perda da mobilidade global do tronco e impede o desenvolvimento de
complicações respiratórias e dores osteomioarticulares;
- muda o estilo de vida e aumento da auto estima;
- amplia as relações sociais.

De acordo com Morinoto e Piemonte (2003) os exercícios podem ser divididos em:
• Exercícios de mobilidade: têm por objetivo manter a amplitude dos movimentos,
minimizando a manifestação da rigidez muscular e da bradicinesia;
• Exercícios para o alongamento muscular: combatem a instalação de encurtamentos
que possam vir a dificultar os movimentos;
• Exercícios de fortalecimento muscular: têm como objetivo manter a força e a
resistência de todos os grupos musculares (principalmente aqueles relacionados às
atividades de vida diária);
• Exercícios posturais: evitam alterações posturais. Devem ser trabalhados exercícios
respiratórios, de força e de alongamento;
• Exercícios de equilíbrio: evitam as quedas que podem acarretar fraturas. Exercícios
de marcha, mudança de direções e equilíbrio.

A participação em programas de atividade física é benéfica ao portador de


Parkinson, não como uma ação direta sobre a patologia, mas atuando o avanço dos
sintomas da doença, além de manter a capacidade funcional evitando o surgimento de
complicações associadas. Sugerem-se jogos coletivos, de memória, de habilidades manuais;
musculação; alongamentos; dança; hidroginástica; natação, entre outras.

b) Alzheimer

Conceito: doença degenerativa, progressiva, que compromete o cérebro e diminuí a memória, do


raciocínio e pensamento, além de alterações comportamentais.

Etiologia: é desconhecida, embora existam cada vez mais evidências que haja um componente
hereditário. Outras hipóteses existentes são de que ela é causada por um vírus lento, ou por
intoxicação pelo alumínio, o que aceleraria o envelhecimento normal.

Patogenia: há uma redução da colinacetiltransferase, enzima importante na síntese de


acetilcolina (neurotransmissora no cérebro) e acetilcolina no hipocampo e neocórtex, devido à
grande perda de neurônios colinérgicos. Há também a perda de neurônios monoaminérgicos,
noradrenérgicos e serotoninérgicos no neocórtex. Há diminuição de aminoácidos transmissores
como os glutamatos e dos neuropeptídeos como a somatostatina e substância P. Ocorre também
redução da utilização de glicose e diminuição do fluxo sangüíneo regional como mostrados pela
tomografia por emissão de posítron (PET) e por emissão de fóton (SPECT).

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Sinais e sintomas: início insidioso, lento, gradual, e que se prolonga por vários anos. Curso
progressivo e sem fase de melhora. Ocasiona o esquecimento, confusão visual e espacial,
indiferença, afasia, apraxia, agnosia. Função motora preservada.
A doença pode ser clinicamente dividida em fases, apesar da grande variabilidade de
progressão:
fase inicial: teoricamente, dura de 2 a 4 anos. Manifesta-se pela perda de memória recente,
dificuldade para aprender e reter novas informações, distúrbios de linguagem, dificuldade
progressiva para as atividades da vida diária (AVD), apatia, falta de cuidado com a aparência
pessoal, e no ambiente de trabalho. Dois grupos de comportamento são bastante conhecidos:
um, pela apatia, passividade e desinteresse e, outro, pela irritabilidade, egoísmo, intolerância e
agressividade;
fase intermediária: essa fase pode durar de 3 a 5 anos e se caracteriza pelo agravamento da fase
inicial. Manifesta-se pela: a) perda do poder de expressão através da fala, da escrita, ou de
sinais; b) incapacidade de compreensão da palavra escrita ou falada, sem alteração dos órgãos
vocais; c) incapacidade de executar os movimentos apropriados para um determinado fim,
contando que não haja paralisia; e d) perda do poder de reconhecimento perceptivo-sensorial,
auditivo, visual, táctil etc; nessa fase, o paciente encontra-se em estado total de dependência;
fase final: a memória antiga apresenta-se bastante prejudicada, o mesmo ocorrendo com a
memória intelectual, igualmente prejudicada ou totalmente deteriorada; estado de apatia,
prostração e confinamento ao leito; incapacidade de se expressar (fala, mímica, sorriso); as
alterações neurológicas se agravam, aparecem convulsões com tremores, indiferença a tudo o
que o cerca, incontinência urinária e fecal;
fase terminal: o paciente passa a uma existência vegetativa e apresenta um semblante
inexpressivo e total deterioração intelectual e motora. Acaba por adotar uma posição fetal,
podendo surgir lesões nas palmas das mãos e escaras. Essa fase tem duração em torno de um
ano.

Tratamento: não há tratamento farmacológico ou cirúrgico efetivos para o tratamento da doença,


e nem maneiras de preveni-la. Os laboratórios têm apresentado algumas opções
medicamentosas, que ocasionaram alguns efeitos positivos, mas não muito animadores. Ainda
não há cura para a doença.
Na fase inicial dessa doença, o tratamento da depressão conduz a uma melhora
substancial do quadro demencial.
Exercícios físicos são importantes na fase inicial dessa doença, com vistas à
manutenção da aptidão física, da atividade na vida diária e no contato social. Jogos e
atividades de memorização, exercícios de alongamentos e de força, hidroginástica,
trabalhos manuais e o contato com pessoas são grande estimuladores e podem contribuir
para retardar o progresso da doença.

5. Doenças Depressivas

Estima-se que 30 a 35% da população dos países industrializados apresentam algum


tipo de distúrbio mental que de cada dez idosos, um tem depressão. É uma doença que pode
levar ao suicídio (é considerável o risco de suicídio por pessoas com desordem de humor). A
prevalência é de 4 vezes mais em idosos com a doença do que em pessoas de outras faixas
etárias.

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Conceito: doença que se caracteriza por um estado patológico de sofrimento psíquico. É
acompanhado de episódios depressivos como: rebaixamento do estado de ânimo, redução da
auto-estima, perda de interesse e prazer pelas atividades habituais, perda de energia, insônia,
agitação ou retardo psicomotor, perda ou aumento de peso, sentimento de auto-acusação e
culpa excessiva, queixas ou evidências de diminuição nas capacidades de pensar e de
concentração, e pensamentos de morte.

Etiologia: combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Está sempre associada à


diminuição de mediadores químicos como noradrenalina, serotonina e dopamina, além de
outros elementos psicossociais, como a perda de pessoas queridas, ruptura com grupos de
referência, redução da capacidade de adaptação, levando o indivíduo à dificuldade em
estabelecer estruturas psicoafetivas, à escassez de recursos sociais e financeiros, principalmente
frente à saúde prejudicada. A disfunção da tireóide também pode desencadear um quadro
depressivo.

Patogenia: normalmente é relacionada aos fenômenos do psiquismo, representados pelas


alterações da atividade neurofisiológica, que podem ser: a) primárias, quando a atual fase de
depressão teve seu início em outros períodos da vida; b) secundárias, quando são decorrentes de
um acontecimento psicopatológico que gerou sofrimento no indivíduo; e c) terciárias, quando
estão voltadas para as depressões neuróticas e ao luto patológico - melancolia - como reação a
uma perda real ou imaginária. As depressões reativas são ocasionadas por alguma situação
externa; quando se elimina essa situação, alivia-se o estado depressivo reativo a ela. A
pseudodemência apresenta vários distúrbios cognitivos, como perda de memória, desatenção e
desorientação. Deve-se ter o cuidado para verificar se o quadro que se apresenta é depressão ou
demência. Na depressão, a reação emocional é grande; na demência, há uma indiferença afetiva.
Enquanto na demência a perda de memória é comum, na depressão ocorre o oposto.

Sinais e sintomas: os sintomas em sua maioria são atípicos, mas freqüentemente apresentam
manifestações hipocondríacas, ansiosas e pessimistas. As pessoas apresentam: sensação de
vazio, sentimento de culpa, pessimismo, desamparo, inutilidade, irritabilidade, inquietação,
fadiga, falta de perspectivas, perda de apetite, de peso e de interesse pela atividade sexual,
dificuldade de concentrar-se para tomar decisões, idéia de morte, dor de cabeça, distúrbios
digestivos que não respondem a tratamento algum.

Tratamento: o tratamento medicamentoso tem como base os antidepressivos tricíclicos, de


estrutura química anormal. As intervenções não medicamentosas são cada vez mais freqüentes,
como rede de suporte social e emocional que permite ao paciente desenvolver confiança em sua
recuperação. A psicoterapia atua como forma de readaptação e de mudança de comportamento.
A terapia ocupacional ajuda a despertar o interesse pelo ambiente, mostrando suas habilidades.
Também encontramos a prática de atividades físicas, que além dos benefícios biológicos,
contribuem no aspecto psicossocial, entre outros.

Exercícios físicos e a depressão: o exercício físico promove a integração social, a melhoria da


estabilidade emocional, auto-estima, auto-conceito, do humor, positividade e autocontrole
psicológico evitando o estresse, o isolamento e a depressão. Ao ser praticado de forma regular
auxilia na diminuição da insônia e da tensão.
A participação de um programa de exercícios físicos regulares é uma modalidade de
intervenção não medicamentosa efetiva para reduzir o estado depressivo. As atividades físicas
mais indicadas são as que envolvem o meio líquido (hidroginástica, natação), trabalhos em

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grupos (ginástica, jogos, Yoga, caminhada, entre outras) e que haja uma regularidade (3 a 5
vezes por semana)

6. Doenças Metabólicas
As doenças metabólicas atualmente são um problema de saúde pública, pela elevada
incidência e prevalência. A diabetes atinge cerca de 13% da população idosa brasileira (Neri
org, 2007).

a) Diabetes

Conceito: síndrome metabólica que se caracteriza por um excesso de glicose (açúcar) no sangue
(hiperglicemis), devido à falta ou ineficácia da insulina, que é um hormônio produzido pelo
pâncreas (American Diabetes Association, 1993).

Etiologia: várias são as causas que provocam ou facilitam o aparecimento das diabetes:
hereditariedade, vírus, transtornos psíquicos, estresse, sedentarismo, obesidade, idade, efeito da
dieta e disfunção auto-imune (American Diabetes Association, 1997).

Patogenia: a diabetes mellitus apresenta, como principal característica, má utilização de glicose


que pode ser devido à falta total de insulina; falta parcial de insulina; resistência à ação da
insulina; defeitos nos receptores à insulina; anticorpos anti-receptores de insulina. Os tipos de
diabetes são: insípidus (diabetes em que não há aumento da glicose sangüínea); mellitus (diabetes
em que há aumento da glicose sangüínea); e gestacional (diabetes que ocorre durante a
gestação).
Os tipos de diabetes mellitus são: insulino-dependente ou tipo I (atinge crianças e
jovens) e não insulino-dependente ou tipo II (produz alguma insulina, porém não o suficiente;
atinge mais os adultos).

Sinais e sintomas: os sintomas específicos dos diabéticos são: pliúria (aumento na urina),
polidipsia (aumento da sede), polifagia (aumento da fome), boca seca, infecções cutâneas e
genitais recidivantes, impotência sexual, alterações visuais, renais ou neurológicas, como
diabético precedido de náuseas, vômitos, fadiga progressiva, irritabilidade, inconsciência
profunda, respiração rápida, hálito cetônico e debilidade. Temos como sintomas inespecíficos:
cansaço facial, sensação de desânimo, dores difusas, alterações visuais, sensação de
adormecimento nas extremidades, perda de peso, sonolência e aumento nas micções
(Associação Latino-Americana de Diabetes, 1997).

Tratamento: para o tratamento dos diabéticos são recomendadas as seguintes terapias: insulina,
alcalinos, potássio, líquidos, glicose, glucagon, ACTH e cortisona (Nicola, 1986).
Para controlar a diabetes tipo I, deve-se, conforme Martins (1997):
- realizar uma refeição planejada, para controle da ingestão calórica;
- aplicar injeção de insulina, caso o corpo não a esteja produzindo em quantidade
suficiente;
- providenciar o automonitoramento, isto é, a realização de exame de sangue para
verificar a glicose no sangue;
- buscar conhecer a doença e as formas de controlá-la para que a pessoa tenha uma vida
normal e ativa;
- aplicar exercícios físicos diários para melhorar a saúde geral que ajudam a melhorar a
ação da insulina.
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Exercícios físicos e o diabético: as vantagens no tratamento de diabetes são:
- facilitar a queima de glicose pelos músculos, melhorando o controle diário de diabetes;
- nos indivíduos obesos, colaborar na redução do peso;
- aumentar a ação da insulina e dos hipoglicemiantes;
- aumentar o número de receptores e sua capacidade de ligação com a insulina em
tecido gorduroso, músculos e outros órgãos, diminuindo assim a resistência da ação da
insulina nesses tecidos;
- colaborar na redução dos fatores de risco cardiovasculares;
- aumentar o fluxo de sangue muscular e a circulação de membros inferiores,
principalmente nos pés, prevenindo assim os efeitos da aterosclerose;
- reduzir a quantidade diária de insulina;
- contribuir na redução do colesterol e triglicerídios no sangue;
- melhorar a auto-estima e auto-imagem;
- melhorar a disposição para realizar as tarefas diárias.

Para iniciar um programa de exercícios físicos para diabéticos, devem ser seguidas
algumas recomendações, de acordo com Martins (1997):
- apresentar atestado médico, no qual deve constar recomendação ao tipo de atividade
que o paciente pode realizar, de acordo com sua patologia;
- iniciar os exercícios com cargas moderadas, aumentando de forma lenta e progressiva;
- auto-monitorização da glicemia, documentando as respostas orgânicas em diferentes
circunstâncias, antes, durante e após a atividade física, considerando a necessidade de
mudança, tanto no uso da insulina, quanto na alimentação;
- não realizar exercícios físicos no pico de ação da insulina para evitar hipoglicemia;
- não aplicar insulina nas regiões dos músculos que participarão ativamente do
exercício, para evitar entrada súbita de grande quantidade dessa substância na
circulação, gerando como conseqüência hipoglicemia;
- ficar atento à incidência de hipoglicemia que pode ocorrer horas durante ou após a
sessão de exercícios;
- realizar um trabalho individualizado;
- realizar exercícios aeróbios, como caminhar, pedalar, nadar etc, com duração de 15 a
20 minutos, e ir aumentando progressivamente;
- realizar exercícios regulares e contínuos, no mínimo quatro vezes por semana, sendo
que o ideal é seis a sete vezes, com 20 a 30 minutos de duração, todos os dias;
- utilizar roupa e tênis confortáveis e adequados;
- observar os pés antes e depois da atividade física para verificar se estão avermelhados
ou feridos.

Enfim, o exercício físico deve ser visto como uma medida preventiva da diabete e não a
sua cura, pois existem vários fatores que interferem na enfermidade. Mas o diabético, que busca
a prevenção, ameniza seu quadro e, com isto, passa a ter uma vida ativa e “normal”.
A atividade física aumenta consideravelmente as chances de sobrevivência dos
diabéticos, de acordo com pesquisa realizada no Instituto Cooper, de Dallas (USA), no qual
houve o acompanhamento de 1.263 homens, durante 12 anos, que apresentavam diabetes tipo 2.
Os diabéticos eram acompanhados por meio de questionários sobre atividades físicas, entre
elas: a caminhada, o jogging e ginástica aeróbia. Neste período, houve 180 mortes ocasionadas
por complicações da doença. De acordo com o trabalho, os diabéticos que morreram realizavam
pouca atividade física. A probabilidade de morte deles correspondia a 2,1 vezes mais, em

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relação aos demais. O risco de morte diminui à medida que melhora o condicionamento físico.
Os diabéticos inativos correm risco de 70% a mais de morrer devido a problemas associados à
doença, do que os fisicamente bem condicionados.
Quanto mais fisicamente condicionados forem os diabéticos, menor será o índice de
mortalidade.

b) Obesidade

A obesidade, hoje, é reconhecida como "doença metabólica". É muito difundida no


mundo, devido aos problemas psico-físico-sociais que gera as pessoas. Em função disto, a
Organização Mundial de Saúde criou uma força-tarefa, reunindo especialistas do mundo para
estudá-la, traçando linhas de conduta para que sejam divulgadas na mídia e nos meios
científicos suas causas, conseqüências e meios de prevenção.

Conceito: caracteriza-se por excesso de tecido adiposo no indivíduo. Dependendo da localização


da gordura no organismo, a obesidade é classificada como: visceral e subcutânea. A mais
"perigosa" é a obesidade visceral, pois leva o indivíduo a apresentar quadro clínico compatível
com a hipertensão arterial, diabetes mellitus, aumento de triglicerídios e doenças
cardiovasculares.

Etiologia: 95% dos indivíduos que apresentam quadro de obesidade têm como referência tecido
adiposo em excesso, em função da ingestão de caloria ser maior do que a gasta. Os outros 5%
são devido às causas endócrinas e metabólicas, como: hipotiroidismo (falta de hormônio da
tiróide), insulinos (tumores no pâncreas) etc.

Patogenia: estudos recentes indicam que a hiperfagia (comer muito) é decorrente de alterações
funcionais de um sistema extremamente complicado e pouco conhecido. Sabemos que o
emagrecimento de um indivíduo tem como base um balanço calórico negativo, ou seja, ingestão
de calorias em menor quantidade que a normalmente gasta - dieta hipocalórica associada ao
aumento de atividade física. Na impossibilidade disto, indica-se tratamento com drogas.

Sinais e sintomas: excesso de tecido adiposo. Pode ser medido por meio do Índice de Massa
Corporal (IMC) que é igual à Massa Corporal em Kg, dividida pela estatura em metros ao
quadrado (IMC = Peso Kg ÷ (altura)2 ). O indivíduo com o IMC acima de 25 apresenta
sobrepeso, e o acima de 30 é considerado obeso, ou com obesidade.

Tratamento: as drogas utilizadas nas clínicas, no tratamento da obesidade, são: anorexígenos


(moderadores do apetite), psicotrópicos (calmantes), hormônios da tiróide, drogas que
consomem calorias e que inibem a recaptação de determinadas substâncias, como, por exemplo,
serotonina, e noradrenalina na sinapse nervosa. Outro tratamento recomendado é praticar
atividades físicas com regularidade (preferencialmente aeróbias), alimentação balanceada
(evitar doces, sal, massas, bebidas alcoólicas e frituras em excesso) e mudanças de
comportamento (comer devagar, mastigar bem os alimentos).

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Exercícios físicos e obesidade : Os programa de exercícios para pessoas obesas deve ser composto
por exercícios aeróbios e de longa duração, para que os lípidios sejam utilizados como o
susbstrato energético predominante no fornecimento energético. A progressão deve ser
gradativa respeitando o princípio da individualidade biológica.
São indicados pelo menos 30 minutos diários de atividades físicas moderadas (60 % da FC
máxima) na maioria dos dias da semana (pelo menos 5 vezes por semana). Os exercícios mais
indicados são os aeróbios e os resistidos como a natação, caminhar, bicicleta, musculação, entre
outros.

c) Dislipidemias

Conceito: designam-se dislipidemias as alterações em qualquer fase do metabolismo lipídico


decorrente de distúrbios que ocasionem repercussão nos níveis séricos das lipoproteínas.

Etiologia: as dislipidemias podem ocorrer pelo aumento do colesterol total ou de frações como o
LDL-C, aumento das triglicérides ou redução da fração HDL-C. Bioquimicamente ou
fenotipicamente as dislipidemias podem ser classificadas: hipercolesterolemia isolada, quando
ocorre aumento isolado da LDL-C; hipertrigliceridemia isolada, quando há aumento isolado
dos triglicérides; hiperlipidemia mista, quando LDL-C e triglicérides estão elevados; e, HDL-C
baixo, isoladamente ou associado à elevação da LDL-C e/ou triglicerídios.
Patogenia: estudos têm realizado acompanhamento, durante oito anos e demonstraram relações
importantes entre o perfil lipídico de homens e mulheres com a presença de risco para DAC. O
aumento dos níveis séricos de colesterol total (CT), fração do colesterol de baixa densidade
(LDL-C) e triglicerídes (TG) e redução da fração do colesterol de alta densidade (HDL-C) foram
associados ao aumento na prevalência de infarto do miocárdio.

Sinais e Sintomas: as dislipidemias, na maioria das vezes são assintomáticas e só podem ser
diagnosticadas por meio de exames laboratoriais. No entanto, a sintomatologia, abrange a
doença arterial aterosclerótica, que leva freqüentemente os pacientes à mortalidade. Angina
pectoris, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência vascular periférica são
as manifestações mais freqüentes encontradas em pacientes com dislipidemia.

Tratamento: existem duas formas de tratamento das dislipidemias: não medicamentoso e com a
utilização de fármacos. O tratamento não-medicamentoso inclui primariamente a reeducação
dos hábitos alimentares empregando uma terapia nutricional com restrição de colesterol e
ácidos graxos saturados, além do aumento do consumo de alimentos ricos em fibras, fitosteróis,
antioxidantes, proteínas de soja, ácidos graxos insaturados, cessação do tabagismo e a adoção
de uma rotina de atividades físicas regulares. Já o tratamento farmacológico utiliza basicamente
as estatinas, fármacos que atuam inibindo a HMG-CoA redutase, enzima chave para a síntese
intracelular do colesterol, sendo, portanto, empregado primariamente para o controle da
hipercolesterolemia. Também podem ser utilizadas as resinas de troca que agem reduzindo a
absorção intestinal de ácidos biliares e conseqüentemente de colesterol, entre outros. Para o
tratamento da hipertrigliceridemia e para o HDL-C baixo é recomendado os fibratos e o ácido
nicotínico, embora para o HDL-C os resultados não são significativos. Novos medicamentos
estão em desenvolvimento com resultados promissores.

Valores de Referência: os primeiros valores de referência estabelecidos oficialmente foram o do


National Institutes of Health Consensus Panel on Lowering Blood Cholesterol to Prevent Heart Disease

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
nos Estados Unidos, seguidos pela recomendação elaborada na Europa Study Group of the
European Atherosclerosis Society e pela Sociedade Inglesa de Cardiologia.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia tem publicado valores de referência para os
lipídios plasmáticos que são revistos ao longo dos anos, à luz dos novos conhecimentos. Na IV
Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemia e Prevenção da Arteriosclerose (2007) estão delineados
estes valores de referência (tabela 2).
A Tabela 2 apresenta a referência do colesterol total (CT), lipoproteinas de baixa densidade
(LDL-C), lipoproteínas de alta densidade (HDL-C), triglicerídeos (TG) em adultos com mais de
20 anos sem fatores de risco.

Tabela 2 - Valores de referência do CT, LDL-C, HDL-C e TG em adultos (>20 anos) sem fatores
de risco.

Lípides Valores (mg/dL)


Desejáveis Limítrofes Aumentados

Colesterol Total < 200 200 – 239 ≥ 240

LDL-C < 130 130 – 159 ≥ 160

HDL-C ≥ 40(H); ≥ 50(M) - -

Triglicerídeos < 150 - ≥ 150 *

*devem ser considerados em conjunto com os valores de LDL-C e HDL-C.


Fonte: IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemia e Prevenção da Arteriosclerose (2007).

Dislipidemias em idosos: nessa faixa etária, deve ser dada especial atenção a causas secundárias de
dislipidemias, principalmente hipotireoidismo, diabetes melitus e insuficiência renal crônica.

Atividade Física no controle das Dislipidemias: a atividade física regular constitui medida auxiliar
para o controle das dislipidemias. A prática de exercícios físicos aeróbios promove redução dos
níveis plasmáticos de triglicerídeos, aumento dos níveis de HDL-C, porém sem alterações
significativas sobre as concentrações de LDL-C. Indivíduos com disfunção ventricular, em
recuperação de eventos cardiovasculares ou cirurgias, ou mesmo aqueles que apresentem sinais
e sintomas com baixas ou moderadas cargas de esforço, devem ingressar em programas de
reabilitação cardiovascular supervisionado, de preferência em equipe multidisciplinar.
Além da avaliação clínica, deve ser realizado um teste ergométrico ou teste cárdio-
respiratório em esforço (ergoespirometria) para determinar a capacidade física individual e a
intensidade de treinamento a ser preconizada. O programa de treinamento físico, para a
prevenção ou para a reabilitação, deve incluir exercícios aeróbios, tais como, caminhadas,
corridas leves, ciclismo, natação. Os exercícios devem ser realizados de três a seis vezes por
semana, em sessões de duração de 30 a 60 minutos. Nas atividades aeróbias, recomenda-se
como intensidade a zona alvo situada entre 60 e 80% da freqüência cardíaca máxima (FC máx),
estimada em teste ergométrico. Na vigência de medicamentos que modifiquem a FC máx, como
os beta-bloqueadores, a zona alvo permanecerá em 60 a 80% da FC máx obtida no teste em
vigência do tratamento. Quando estiver disponível avaliação ergoespirométrica, a zona alvo
deverá ser definida pela FC situada entre o limiar anaeróbio (limiar 1) e o ponto de
compensação respiratória (limiar 2).

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Caso não seja possível estimar a FC máx em teste ergométrico convencional ou os
limiares 1 e 2 na ergoespirometria, as atividades devem ser controladas pela escala subjetiva de
esforço, devendo ser caracterizadas como leves ou moderadas. O componente aeróbio das
sessões de condicionamento físico deve ser acompanhado por atividades de aquecimento,
alongamento e volta a calma. Exercícios de resistência muscular localizada podem ser
utilizados, com sobrecargas em torno de 60% da força de contração voluntária máxima, porém
como complemento ao treinamento aeróbio.

d) Síndrome Metabólica

Conceito: a Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um conjunto


de fatores de risco cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de gordura e à
resistência à insulina.

Etiologia: o excesso de peso associado ao acúmulo de gordura na região mesentérica está


associado a maior risco de doença aterosclerótica. A medida da circunferência abdominal nos
permite identificar portadores desta forma de obesidade. Em geral, esses indivíduos
apresentam dislipidemia (triglicérides elevados, HDL-C baixo, partículas pequenas e densas de
LDL, hiperlipidemia pós prandial), resistência à insulina e hipertensão arterial sistêmica,
condições que em conjunto caracterizam a síndrome metabólica.

Patogenia: a patogenia da SM compreende fatores genéticos, que agem por meio de alterações
nos receptores de proteínas quinase (c-Jun), enzimas do metabolismo dos carboidratos e
influências ambientais, como tabagismo, obesidade, sedentarismo e consumo de gorduras
saturadas. A união desses fatores ocasiona um quadro de resistência à insulina e
conseqüentemente um estado de hiperinsulinemia. O aumento da concentração circulante de
glicose por sua vez, age de modo a alterar os metabolismos da glicose - tornando-se intolerante
à mesma – e do ácido úrico, podendo causar gota e hiperuricemia (aumento da concentração de
ácido úrico na urina), diminuir o HDL-C, aumentar o LDL, elevar a atuação do sistema nervoso
simpático, aumentar a retenção de sódio e a produção de marcadores inflamatórios como o
fibrinogênio e a PAI (Inibidor do Ativador do Plasminogênio).

Sinais e Sintomas: são alterações metabólicas que se interrelacionam com diversos eixos
endócrinos controlados pelo hipotálamo e pela hipófise. A obesidade central parece estar
relacionada a hiperativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, como também do sistema
nervoso simpático, que poderia levar a um quadro de hipercortisolismo sub-clínico e
hipertensão arterial. Praticamente todos os componentes da síndrome são inimigos ocultos
porque não provocam sintomas, mas representam fatores de risco para doenças
cardiovasculares graves.

Tratamento: como a obesidade é o fator que pode precipitar o aparecimento da síndrome, uma
dieta adequada e atividade física regular são as primeiras medidas necessárias para reverter o
quadro. No caso de existirem fatores de risco de difícil controle a intervenção medicamentosa se
torna obrigatória.

Valores de Referência: a Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose


(2007) adotou os critérios da Federação Internacional de Diabetes (IDF) com valores
diferenciados para a glicemia de jejum e para a circunferência abdominal respeitando as
diferentes etnias.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
O diagnóstico de síndrome metabólica requer a presença de obesidade abdominal,
como condição essencial e dois ou mais dos critérios expostos na Tabela 3.
A Tabela 3 apresenta os critérios diagnósticos para síndrome metabólica entre homens e
mulheres de origens (etnias) diferentes.

Tabela 3 - Critérios Diagnósticos para Síndrome Metabólica

Critérios Definição
Homens Mulheres
Obesidade Abdominal
Brancos de origem europídea e negros ≥ 94 cm ≥ 80 cm
Sul asiáticos, ameríndios e chineses ≥ 90cm ≥ 80 cm
Japoneses ≥ 85 cm ≥ 90 cm
Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL
HDL – Colesterol < 40 mg/dL < 50 mg/dL
Pressão Arterial Sistêmica ≥ 130/85 mm Hg
Glicemia de Jejum ≥ 100 mg/ dL
Fonte: IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2007).

7. Doenças Sensoriais
As doenças sensoriais, como a deficiência visual atinge cerca de 26% da população
idosa brasileira (Neri org, 2007).

a) Deficiência visual

Conceito: declínio da acuidade visual com diminuição da capacidade de discriminar estímulos e


imagens.

Etiologia: o déficit visual nos idosos pode ocorrer não só pelas alterações estruturais e funcionais
dos olhos, como também pelas doenças específicas que pode acometê-los. Com o
envelhecimento, os olhos necessitam de maior quantidade de luz para compensar os efeitos da
pupila diminuída de tamanho, ou do espessamento do cristalino que contribui para um déficit
de acomodação. A causa mais comum da deficiência no idoso é a catarata, que é uma
opacidade do cristalino. Outras causas comuns são o glaucoma (doença caracterizada pela
dureza do olho em função do aumento da tensão intra-ocular), a retinopatia diabética e os
processos degenerativos da visão.

Patogenia: no que se refere ao aspecto pupilar, a miose senil é a mais comum entre os idosos. O
diâmetro pupilar tende a diminuir com os anos, de 5 a 3,5 mm dos 20 aos 85 anos, pela
exposição à claridade. Isto geralmente pode levar a uma redução na resposta pupilar à luz, com
a diminuição do reflexo fotomotor.
É interessante salientar que, em relação à musculatura externa, com freqüência se
observa uma diminuição na elevação dos olhos e na convergência. O limite normal da elevação
superior é de 40 a 45 graus. Entre os idosos, a média é de apenas 16 graus, repercutindo na
deterioração da visão nas condições de trabalho (iluminação artificial ou natural) e afetando,
como conseqüência, seu funcionamento em maior ou menor grau.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Sinais e sintomas: a diminuição da acuidade visual, ou da percepção de estímulos ambientais,
retrai e deprime o idoso, deixando-o apático e propenso ao isolamento social. Pode levar
também a um estado de ansiedade e medo por não perceber as situações que o cercam, bem
como ser mais vulnerável a quedas, podendo ocasionar mobilidade restrita e acarretar perda da
independência, da autonomia e da auto-estima. Dificuldade de ler a bula dos remédios pode
ocasionar erro no tratamento medicamentoso prescrito.

Tratamento: para diminuir o déficit visual e a maximização da visão residual, são utilizadas
lentes corretivas adequadamente prescritas, limpas e bem guardadas. Com vistas a proteger da
luminosidade, utilizam-se óculos escuros. Cirurgias, como da catarata, têm sido realizadas com
poucos riscos, apresentando bons resultados. Mesmo em caso de cegueira o idoso deve ser
encaminhado para a reabilitação, evitando a restrição de suas atividades, que irão permitir-lhe
continuar a ser parte integrante da família e da comunidade. A investigação precoce das
doenças conduz à redução do risco de perda da acuidade visual.
Exercícios físicos e os idosos com deficiência visual: os idosos devem realizar terapias que
desenvolvam ou mantenham a acuidade visual, por meio de exercícios que estimulem os
movimentos oculares. É importante que o professor fale pausada e claramente; posicionar-se
próximo ao deficiente visual; explicar os exercícios com detalhes.

b) Deficiência auditiva

Conceito: declínio da sensibilidade auditiva, que compromete a capacidade de ouvir e de se


relacionar socialmente.

Etiologia: é comum encontrar idosos com algum declínio da capacidade auditiva, mas a surdez é
ocasionada, em grande parte, por excesso de cerúmen no canal auditivo e não por uma
degeneração fisiológica ou patológica específica.

Patogenia: geralmente, o déficit auditivo resulta de uma inflamação no ouvido (otite), que pode
levar a uma perfuração do tímpano, ou alterações ósseas (otosclerose), cujos primeiros sintomas
podem surgir ainda na adolescência e só serem percebidos na velhice. Podem ocorrer também
alterações degenerativas, como: mudança na estrutura da parte anterior do labirinto (cóclea ou
ouvido interno), perda de células e de elasticidade da membrana basilar, irrigação sangüínea do
receptor neurossensorial restringida por alguma atrofia, dentre outras.
Uma função cerebral comprometida e doenças sistêmicas como diabetes,
hipertireoidismo, arteriosclerose ou hipertensão arterial, podem conduzir a uma
pseudopresbiacusia.

Sinais e sintomas: isolamento social, tendências paranóicas (sensação de que os outros estão
falando dele pelas costas).

Tratamento: dependendo da lesão, é possível tratamento médico ou cirúrgico. Para o déficit


auditivo-fisiológico, existem poucas terapias, sendo a mais comum a utilização de aparelhos
auditivos de ampliação do som ou de outros que ajudem a audição. Treino da leitura labial e de
sinais visuais tem dado resultados positivos no relacionamento do idoso com o meio ambiente e
com o próprio declínio auditivo.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Exercícios físicos e os idosos com deficiência auditiva: os profissionais que atuam com atividade física
para idosos com problemas auditivos devem ter alguns cuidados, como:
- falar pausadamente;
- posicionar-se de frente e próximo ao paciente;
- utilizar movimentos corporais que demonstrem de forma detalhada a execução dos
exercícios.

8. Incontinência urinária

A incontinência urinária afeta aproximadamente 18% das mulheres com mais de 30


anos de idade (Abrams et al, 2002). Muitas vezes é subdiagnosticada por causa do
constrangimento da mulher ou porque grande parte delas considera a perda urinária como um
processo natural. Tem alta prevalência mundial, entre 12,7 e 37% (Mendonça et al., 1997 e
Diokno, Estanol, Mallett, 2004), e atinge ampla faixa etária (20 a 95 anos) (Hannestad et al.,
2000).

Conceito: consiste na perda de controle, temporária ou não, da retenção de urina, eliminando-a


de forma indesejável em local e momento inadequados. Fala-se em incontinência funcional
quando o indivíduo não consegue controlar a eliminação da urina.

Etiologia: a incontinência tem múltiplas causas. Quando de longa duração, essas causas são
geralmente associadas a fatores neurológicos, como demência, AVC, tumores, câncer cerebrais,
de próstata, entre outros. O uso de diuréticos e alguns sedativos podem diminuir a
sensibilidade que leva o indivíduo a urinar, bem como interferir nas infecções urinárias.
Existem ainda causas situacionais, ou seja, mudanças repentinas de ambiente, que
podem levar o idoso a um estado de desorientação e predispor à incontinência:
- fatores psicológicos, como regressão de papéis (infantil), em função de alguma
fragilidade psíquica;
- esforços, como o riso, a tosse, pegar uma sacola, devido à degeneração dos órgãos
responsáveis pelo controle urinário;
- aumento dos impulsos da bexiga causado por infecções, vaginites, fezes impactadas,
hipertrofia prostática, podem sobrepujar a inibição central normal, ocasionando um
aumento das contrações vesicais, levando à incontinência.

Patogenia: a incontinência urinária pode ser:


Transitória: incontinência de aparecimento súbito, como: infecção urinária, alguma doença
aguda, utilização de drogas, doenças metabólicas (diabetes), deficiência hormonal (uretrite e
vaginite atrófica);
Hiperexcitabilidade do detrusor: causada por hiperreflexia, instabilidade ou hipertonia,
resultando num aumento da pressão intravesical;
Transbordamento: está associada a uma bexiga hiperdistendida. Este tipo de incontinência
também é chamado de incontinência paradoxal, que é causada por um distúrbio das contrações
vesicais contra uma uretra normal (destrutor não contrátil ou inadequação do detrusor), ou
ainda por um aumento da resistência da via de saída, devido à obstrução causada por uma
próstata aumentada;
Por estresse: na mulher, é devido à disfunção esfincteriana, proveniente de um relaxamento da
musculatura pélvica, que contribui para a redução da resistência uretral. No homem, não é

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
comum. Quando ocorre, deve-se à deficiência da uretra membranosa, resultante de
traumatismo pélvico ou prostatectomia radical.

Sinais e sintomas: desconforto, constrangimento pessoal e embaraço com a situação, que acaba
levando o indivíduo a isolar-se socialmente, piorando sua qualidade de vida e deixando-o
vulnerável a escaras de decúbito e infecções.

Tratamento: deverá estar relacionado ao tipo de incontinência urinária, sendo os mais comuns:
antibióticos, estrogênio, antidepressivos, analgésicos, fisioterapia, instalação de suportes em
banheiros, utilização de comadres e urinóis.
Várias condutas aumentam o conforto e melhoram a qualidade de vida do indivíduo com
incontinência urinária. Entre elas, estão as modificações no hábito de ingerir líquidos,
estabelecendo períodos e freqüência das micções, utilização de fraldas absorventes, controle
rigoroso da higiene e colocação de material de apoio, como comadres, em locais acessíveis, e
exercícios físicos de contração e relaxamento do diafragma urogenital, diversas vezes ao dia.

Exercícios físicos e o idoso com incontinência urinária: são indicados todos os exercícios que
trabalham os músculos da região pélvica, especialmente a contração da musculatura do
assoalho pélvico e compressão do períneo. Orientar os idosos que realizem exercícios de
contração da musculatura pélvica, da vagina e do ânus diariamente.

As doenças abordadas neste capitulo são as mais prevalentes em idosos. É importante


ainda aqui destacar outras conseqüências de qualquer agravo à saúde do idoso, denominados
gigantes da geriatria ou 5 Is. São eles: instabilidade postural e quedas; incontinência urinária e
fecal; insuficiência cognitiva (demência); imobilidade; e iatrogenia (Isaacs, 1981; 1989).
O autor ainda salienta que a freqüência com que estes diagnósticos deixam de ser
constatado deu origem a outro termo, o fenômeno do iceberg, que alerta para a grande proporção
de condições clínicas ocultas.
As grandes Síndromes Geriátricas são séries de sinais e sintomas concomitantes que
caracterizam vias comuns de várias patologias que acometem os idosos, portanto um
diagnóstico preciso contribuirá para manter e melhorar a capacidade funcional.

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6. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS

Saúde é entendida como uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano


voltados a um estado de completo bem-estar físico, mental e social.
Antropometria é o conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas
partes, e pode ser utilizada para a identificação de fatores de risco relacionados à saúde.
As medidas mais comumente usadas são as de peso e altura. Outras medidas também
podem ser utilizadas, como circunferência craniana, circunferência abdominal (cintura),
perímetro do quadril, comprimento dos membros, etc. Das relações entre as medidas diretas,
são gerados índices, como o Índice cintura quadril (ICQ) e o Índice de massa corpórea (IMC).
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
A circunferência da cintura pode nos indicar o risco de complicações metabólicas, o
ICQ indica o risco de o indivíduo desenvolver doença coronariana e avalia a gordura central e o
IMC correlaciona peso e altura e é um indicativo de desnutrição ou obesidade.
A obtenção desses dados pode nos fornecer informações importantes a respeito de
uma população. No Brasil, segundo o Mistério da Saúde (2010) 48,1% da população apresenta
sobrepeso, 15% obesidade e apenas 14,9% são ativos fisicamente. Desta forma é possível
perceber que seria importante a população realizar uma mudança no seu estilo de vida.
Com isso, aqui vai uma receita para um envelhecimento saudável:
- Mexa-se como uma criança;
- Alimente-se como um índio;
- Durma como um gato;
- Tenha a persistência de um camelo;
- Tenha a alegria de um golfinho;
- Seja livre como um pássaro;
- Tenha a solidariedade de um cão; e
- Saia da sombra, fuja da escuridão.

9. AVALIAÇÃO FÍSICA/MOTOR DE IDOSOS

- Peso – massa corporal


Objetivo: mensurar a massa corporal dos idosos.
Material: balança com precisão de 100gr de preferência digital.
Posição do avaliado:
Em pé, pés descalços e com menor quantidade de roupa possível, em frente a escala de
medida.
Posição do avaliador:
Em pé, de frente para o avaliador.
Procedimento:
1. O avaliado deve subir cuidadosamente na plataforma, colocando um pé de cada vez, e
se posicionando no centro da mesma.
2. Realiza-se apenas uma medida.

- Estatura
Objetivo: acompanhar a estatura dos idosos ao longo dos anos.
Material: estadiômetro (precisão 1 mm).
Referência Anatômica: vértex e região plantar.
Posição do avaliado:
Em pé, pés descalços e unidos; a região posterior do calcanhar, cintura pélvica, cintura
escapular e região occipital devem estar em contato com o instrumento de medida. A cabeça
deve estar orientada no plano Frankfurt.
Posição do avaliador:
Em pé, ao lado direito do avaliado (se necessário subir em um banco para realizar a medida).
Procedimento:Solicitar que o idoso inspire e certificar-se de que o avaliado esteja posicionado
corretamente.
O cursor (toesa) deve estar em ângulo de 90º em relação à escala, tocando o ponto mais alto
da cabeça ao final de uma inspiração.
São realizadas duas medidas.
A cada medida, pede-se para o avaliado sair e retornar à posição.

- Perímetros/circunferências
Cintura costela e crista ilíaca
Material: fita métrica com precisão de 0,1 mm.
Referência anatômica: a medida da circunferência na última costela.
Posição do avaliado: em pé, posição ortostática.
Posição do avaliador: de frente para o avaliado.
Procedimento:
Passa-se a fita em torno do avaliado de trás para frente, tendo-se o cuidado de manter a
mesma no plano horizontal.
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Mede-se a circunferência na altura da última costela e na altura da crista ilíaca.
Faz-se a leitura após o avaliado realizar uma expiração normal.

Abdômen
Material: fita métrica com precisão de 0,1 mm.
Referência anatômica: cicatriz umbilical.
Posição do avaliado: em pé, posição ortostática.
Posição do avaliador: de frente para o avaliado.
Procedimento:
Passa-se a fita em torno do avaliado de trás para frente, tendo-se o cuidado de manter a
mesma no plano horizontal.
Mede-se a circunferência na altura da cicatriz umbilical.

Quadril
Material: Fita métrica com precisão de 0,1 mm.
Referência anatômica: maior proporção da região glútea (nádegas).
Posição do avaliado: Em pé, coluna ereta, coxas unidas, braços ao longo do corpo.
Posição do avaliador: ao lado direito do avaliado.
Procedimento:
1. Faz-se a mensuração no maior perímetro do quadril, levando em consideração a porção
mais volumosa das nádegas, que é localizada observando-se lateralmente a pelve.

- Sentar-alcançar
Objetivo: Avaliar a flexibilidade coxo-femural.
Material: - cadeira com encosto e sem braços (aprox. 43cm de altura até o assento) e régua de
45 cm
Posição do avaliado: sentado na cadeira com uma das pernas estendidas. Os braços estarão
estendidos à frente com uma mão colocada sobre a outra (palmas das mãos para baixo).
Posição do avaliador: Próximo ao avaliado e observando se o avaliado está com a perna
estendida.
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Procedimento:
Deve-se colocar a cadeira contra uma parede para mantê-la estável.
O avaliado deve sentar na cadeira com as pernas voltadas para frente;
Mantendo uma perna flexionada e o pé do chão, os joelhos paralelos, voltados para frente, o
participante estende a outra perna (a perna preferida) à frente do quadril, com o calcanhar no
chão e dorsiflexão plantar a aproximadamente 90º.
Com a perna estendida, o participante inclina-se lentamente para a frente, mantendo a coluna
o mais reto possível e a cabeça alinhada com a coluna.
O avaliado tenta tocar os dedos dos pés escorregando as mãos, uma em cima da outra, com
as pontas dos dedos médios, na perna estendida (régua). A posição deve ser mantida por dois
segundos.
Seguindo a demonstração, faça que o avaliado determine sua perna preferida.
Dê então ao avaliado duas tentativas (alongamento) nesta perna, seguidas por duas provas
de teste.
O avaliador registra a distância (cm) que falta até os dedos dos pés (resultado negativo ) ou a
distância (cm) que se consegue alcançar para além dos dedos dos pés (resultado positivo).
O meio do dedo hálux, na extremidade do sapato, representa o ponto zero.

Observação:
Ficar atento para que os joelhos não fiquem fletidos e que os pés fiquem tocando na parte
lateral da caixa durante todo o teste.

- Alcançar atrás das costas

Objetivo: avaliar a flexibilidade dos membros superiores (ombro).


Material: régua de 45,7 cm.
Posição do avaliado: em pé próximo ao avaliador.
Posição do avaliador: atrás do avaliado.
Procedimento:
1. Em pé, o avaliado coloca a mão preferida sobre o mesmo ombro, a palma aberta e os dedos
estendidos, alcançando o meio das costas tanto quanto possível.
2. A mão do outro braço está colocada nas costas, a palma para cima, alcançando o mais
distante possível na tentativa de tocar ou sobrepor os dedos médios de ambas as mãos.
3. Sem mover as mãos do avaliado, o avaliador ajuda a verificar se os dedos médios de cada
mão estão direcionados um ao outro. Não é permitido ao avaliado agarrar seus dedos unidos e
puxar.
4. Seguindo a demonstração, o avaliado faz duas tentativas de aprendizagem, seguidas pelo
teste (2 tentativas) em cada ombro.
5. Para registro, o braço de referência é aquele que esta sobre o ombro.
6. Mede-se a distância da sobreposição ou a distância entre as pontas dos dedos médios;

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
7. Os resultados negativos (-) representam a distância que faltou para os dedos médios de
ambas as mão se tocarem; os resultados positivos (+) representam a medida da sobreposição
dos dedos médios.
8. Registra-se a melhor medida de cada braço;
9. Certifique-se de marcar os sinais (-) e (+) na ficha de pontuação.

- Teste de agilidade/equilíbrio dinâmico - Sentar, caminhar 2,44m e voltar a sentar


Objetivo: Avaliar a mobilidade física – velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico.
Material: cronômetro, fita métrica, cone (ou outro marcador) e cadeira com encosto a uma
altura de aproximadamente 43 cm, até o assento.
Posição do avaliado: o avaliado começa em uma posição sentada na cadeira com uma
postura ereta, mãos nas coxas e os pés no chão com um pé levemente na frente do outro.
Posição do avaliador: o avaliador deve servir como um marcador, ficando no meio do
caminho entre a cadeira e o cone, pronto para auxiliar o avaliado em caso de perda de
equilíbrio.
Procedimento:
1. A cadeira deve ser posicionada contra a parede ou de forma que garanta a posição estática
durante o teste.
2. A cadeira deve também estar numa zona desobstruída, em frente a um cone (ou outro
marcador), à distância de 2,44 m (a base do cone deve estar incluída nessa medida).
3. Deverá haver pelo menos 1,22 m de distância livre em volta do cone, permitindo ao
participante contornar livremente o cone.
4. O avaliado começa em uma posição sentada na cadeira com uma postura ereta, mãos nas
coxas e os pés no chão com um pé levemente na frente do outro.
5. Ao sinal indicativo, o avaliado levanta da cadeira (pode dar um impulso nas coxas ou na
cadeira), caminha o mais rapidamente possível em volta do cone, retorna para a cadeira e
senta.
6. O avaliador deve garantir a estabilidade da cadeira.
7. O avaliador deve acionar o cronômetro no momento do sinal, quer a pessoa tenha ou não
começado a se mover, e parar o cronômetro no instante exato que a pessoa sentar na cadeira.
8. Após a demonstração, o avaliado deve ensaiar o teste uma vez para praticar e, então,
realizar duas tentativas.
9. Lembre ao avaliado que o cronômetro não será parado até que ele esteja completamente
sentado na cadeira.
10. O resultado corresponde ao tempo decorrido entre o sinal de “partida” até o momento em
que o participante está sentado na cadeira.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
- Andar 6 minutos
Objetivo: avaliar a resistência aeróbica.
Material: cronômetro, uma fita métrica, cones, paus, giz e marcador. Por razões de segurança,
cadeiras devem ser colocadas ao longo de vários pontos na parte de fora do circuito.
Posição do avaliado: em pé no início do percurso.
Posição do avaliador: próximo ao percurso para anotar o tempo.
Procedimento:
1. Arme um percurso de 45,7 metros marcados em segmentos de 4,57 metros com giz ou fita.
A área do percurso deve ser bem nivelada e iluminada.
2. Para propósitos de segurança, posicione cadeiras em vários pontos ao longo do lado de fora
do percurso. Para o Brasil já foi validado 50 metros.
3. Ao sinal indicativo, os participantes caminham o mais rápido possível (sem correr) em volta
do percurso quantas vezes eles puderem dentro do limite de tempo.
4. Durante o teste os participantes podem parar e descansar, se necessário, e depois voltar a
caminhar.
5. O avaliador deve mover-se para dentro do percurso após todos os participantes terem
começado e deve informar o tempo transcorrido.
6. O teste de caminhada de 6 minutos utiliza um percurso de 45,7 m medido dentro de
segmentos de 4,57 m.
7. Pontuação: à distância percorrida no intervalo de 6 minutos.
45 40 35 30 25

50
0 5 10 15 20

Observação: interrompa o teste se, a qualquer momento, um avaliado mostrar sinais de


tontura, dor, náuseas ou fadiga excessiva. Ao final do teste, o avaliado deve caminhar por
cerca de 1 minuto para descansar.

- levantar e sentar na cadeira


Objetivo: avaliar a força e resistência dos membros inferiores.
Instrumentos: cronômetro, cadeira com encosto e sem braços, com altura de assento de
aproximadamente 43 cm.
Posição do avaliado: sentado na cadeira com as costas encostadas no encosto e pés
apoiados no chão.
Posição do avaliador: próximo ao avaliado, segurando a cadeira.
Procedimento:
1. Por razões de segurança, a cadeira deve ser colocada contra uma parede, ou estabilizada
de qualquer outro modo, evitando que se mova durante o teste.
2. O participante cruza os braços com o dedo médio em direção ao acrômio.
3. Ao sinal o participante ergue-se e fica totalmente em pé e então retorna a posição sentada.
4. O participante é encorajado a completar tantas ações de ficar totalmente em pé e sentar
quanto possível em 30 segundos.
5. O analisador deverá realizar duas tentativas para demonstrar o teste e para que o
participante tenha uma aprendizagem apropriada.
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
6. Executam-se duas repetições e anota- os dois resultados. Intervalo de 1 minuto.
ANOTAR O 2º RESULTADO NA COLUNA DA OBSERVAÇÃO.
7. Pontuação: a pontuação é obtida pelo número total de execuções corretas num intervalo de
30 segundos. Se o participante estiver no meio da elevação no final dos 30 segundos, deve-se
contar esta como uma execução.

- flexão de antebraço
Objetivo: avaliar a força e resistência do membro superior.
Material: cronômetro, ou relógio de pulso ou qualquer outro que tenha ponteiro de segundos.
Cadeira com encosto e sem braços e halteres de mão (2,3 kg para mulheres e 3,6 kg para
homens). Já foram validados para o Brasil 2 kg para mulheres e 4 kg para homens.
Utilizaremos o valor de 2 kg para mulheres e 4 Kg para homens.
Posição do avaliado: o participante senta em uma cadeira com as costas retas, os pés no
chão e o lado dominante do corpo próximo à borda da cadeira. Ele segura o halter com a mão
dominante, utilizando uma empunhadura de aperto de mão. O teste começa com o braço
estendido perto da cadeira, perpendicular ao chão.
Posição do avaliador: o avaliador ajoelha-se (ou senta em uma cadeira) próximo ao avaliado
no lado do braço dominante, colocando seus dedos no meio do braço da pessoa para
estabilizar a parte superior do braço e pra garantir que uma flexão total seja feita (o antebraço
do avaliado deve apertar os dedos do avaliador. É importante que a região superior do braço
do avaliado permaneça parada durante todo o teste.
Procedimento:
1. O participante senta em uma cadeira com as costas retas, os pés no chão e o lado
dominante do corpo próximo à borda da cadeira.
2. Ele segura o halter com a mão dominante, utilizando uma empunhadura de aperto de mão.
3. O avaliador pode também precisar posicionar sua outra mão atrás do cúbito do avaliado para
ajudar a medir quando a extensão total tenha sido alcançada e para impedir um movimento de
balanço para trás do braço.
4. O teste começa com o braço estendido perto da cadeira e perpendicular ao chão.
5. Ao sinal indicativo, o participante gira sua palma para cima enquanto flexiona o braço em
amplitude total de movimento e então retorna o braço para uma posição completamente
estendida.
6. Na posição inicial, o peso deve retornar para a posição de empunhadura de aperto de mão.
7. O avaliado é encorajado a executar tantas repetições quanto possível em 30 segundos.
8. Após a demonstração, faça uma ou duas repetições para verificar a forma apropriada,
seguida do teste.
9. Pontuação: a pontuação é obtida pelo número total de flexões corretas realizadas num
intervalo de 30 segundos. Se no final dos 30 segundos o antebraço estiver em meia flexão,
conta-se como uma flexão total.
10. Executam-se duas repetições e anota- os dois resultados. Intervalo de 1 minuto.
ANOTAR O 2º RESULTADO NA COLUNA DA OBSERVAÇÃO.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
- Preensão manual
Objetivo: Força de preensão manual direita e esquerda
Material: Dinamômetro
Posição do avaliado: o participante deve estar confortavelmente sentado, posicionado com o
o
ombro aduzido (próximo ao corpo), o cotovelo fletido a 90 , o antebraço em posição neutra e
voltada ao centro.
Posição do avaliador: o avaliador posiciona-se ao lado do avaliado.
Procedimento:
1. Será solicitado que o indivíduo alcance a maior força possível em cada uma das mãos,
sendo realizada sempre previamente uma demonstração e familiarização com instrumento
anteriormente ao teste.
2. Repetir o teste com o outro braço oposto. Respeitando-se um período de vinte segundos de
repouso, realizar novamente as medidas.

7. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO PARA IDOSOS

Fase 1: Diagnóstica
Fase 2: Definição dos objetivos do programa de exercício físico para idoso
Fase 3: Elaboração/prescrição do programa de exercício físico para idoso
Fase 4: Intervenção: programa de exercício físico para idoso
Fase 5: Avaliação do programa de exercício físico para idoso

Fase 1: Diagnóstica

Avaliação médica pré-participação do exercício físico


Avaliação física e funcional do idoso a partir de diferentes testes
Avaliação das necessidades e interesse do idoso

BARREIRAS
Falta de companhia
Falta de interesse
Fadiga
Problemas de saúde
Falta de equipamento
Falta de tempo
Falta de conhecimento
Medo de lesões
Necessidade de repouso

FACILITADORES
Indicação de médico
Indicação de amigos

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Grau de Dependência
Independência

Executa as atividades sem ajuda de outrem.

Dependência Parcial

Necessita de ajuda parcial para realizar atividades específicas.

Dependência Total

Necessita de ajuda total para a realização das atividades da vida diária.


Nível I
Fisicamente Incapazes
Não realizam nenhuma AVD
Dependem totalmente de terceiros

Apenas atendimento fisioterápico

Fisicamente Dependentes
Realizam algumas atividades básicas da vida diária como: caminhar, tomar banho,
alimentar e transferir-se de um lugar para outro.
Necessitam de cuidados de terceiros para algumas atividades.

Classificações sobre as atividades da vida diária


(American Geriatrics Society, citada e apresentada por Cotton,1998)
Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD)
auto-cuidado
Atividades Intermediárias da Vida Diária (AIVD)
auto-cuidado
manutenção
independência
Atividades Avançadas da Vida Diária (AAVD)
funções necessárias para se viver sozinho
ocupacionais
recreacionais
prestação de serviços comunitários
Idosos Fisicamente Dependentes
necessitam melhorar as atividades de autos-cuidados.

Exercícios para desenvolver:


Força (pernas, braços, mãos, dedos, quadril e tronco).

Flexibilidade (ombros, quadril, joelho, punhos, tornozelos e pés).

Agilidade (mãos)

Nível II

Fisicamente Frágeis

Realizam as tarefas domésticas leves (preparo dos alimentos, fazem compras,


realizam todas as atividades básicas da vida diária e algumas intermediárias).

Idosos Fisicamente Frágeis


Necessitam melhorar as funções das atividades básicas e intermediárias da vida
diária, como limpar a casa, cozinhar, fazer compras e sair de casa.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Exercícios para desenvolver:
Força (pernas, braços, mãos, dedos, quadril e tronco).

Flexibilidade (melhora da marcha e estabilidade postural).

Equilíbrio

Nível III

Fisicamente Independentes
Realizam todas as atividades básicas e intermediárias da vida diária.
Executam trabalhos físicos leves, cuidam da casa, realizam as atividades que gostam e
que exigem pouco gasto energético (trabalhos manuais, grupos de convivências,
caminhadas, jardinagens, danças, viagens, dirigir automóveis).
Estão aqui incluídos os idosos que mantêm um estilo de vida ativo, mas que não
realizam exercícios físicos regulares.

Idosos Fisicamente Independentes

Necessitam manter e melhorar as funções físicas que lhes dão independência e


previnem as incapacidades.
Exercícios para desenvolver todas as qualidades físicas.
(Força, resistência muscular, flexibilidade, resistência cardiovascular, equilíbrio,
agilidade e coordenação).

Nível IV
Fisicamente Aptos ou Ativos

Realizam trabalho físico moderado, esportes de resistência e jogos.

Realizam todas as atividades avançadas da vida diária e as atividades de que mais


gostam.

Idosos Fisicamente Ativos ou Aptos


Necessitam manter em bom nível a aptidão física e funcional.

Exercícios para desenvolver todas as qualidades físicas enfatizando as potencialidades


de cada um.

(força, resistência muscular, flexibilidade, resistência cardiovascular, equilíbrio,


agilidade, coordenação, tempo de reação e de movimento).

Nível V

Atletas
Realizam atividades competitivas, podendo disputar no âmbito internacional e praticar
esportes de alto risco.

Idosos Atletas
Exercícios para desenvolver o treinamento para conseguirem manter o nível de aptidão
física e as condições de performance máximas específicas na sua atividade competitiva ou
recreativa.

Atividade física para idosos


participar em programas de exercícios regulares para reduzir e/ou prevenir alguns dos
declínios associados ao envelhecimento;
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
participar de atividades que propiciam o treinamento aeróbico, para manter e melhorar
as funções cardiovasculares e o desempenho físico, pois tem um papel fundamental na
prevenção e tratamento de diversas doenças crônicas-degenerativas;

participar em programas de exercícios regulares para reduzir e/ou prevenir alguns dos
declínios associados ao envelhecimento;

participar de atividades que propiciam o treinamento aeróbico, para manter e melhorar


as funções cardiovasculares e o desempenho físico, pois tem um papel fundamental na
prevenção e tratamento de diversas doenças crônicas-degenerativas;
realizar exercícios de treinamento de força, como compensação na perda de massa e
força muscular, melhorando a capacidade funcional e diminuindo a possibilidade de
quedas;

participar de atividades onde são enfatizados o treinamento do equilíbrio, de posturas


progressivamente mais difíceis, que reduzem a base de apoio;
deverá participar em atividades físicas para melhorar a função psicológica. Esta,
possibilita maior segurança para realizar as atividades da vida diária;

que mesmo o idoso debilitado deverá realizar atividades físicas, principalmente


enfatizando os exercícios adequados a sua capacidade funcional.

FONTE: ACSM/AHA (2007)

8. APTIDÃO FÍSICA E PRESCRIÇÃO RELACIONADAS À SAÚDE DO IDOSO

FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR

RESISTÊNCIA AERÓBIA

FLEXIBILIDADE

COMPOSIÇÃO CORPORAL

FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR


Repetidas contrações sem diminuir significativamente a eficiência do trabalho.
Adaptação: 2 semanas

Treinamento
Freqüência: 2 vezes ou mais na semana
Intensidade: 50% a 80% de 1 RM
Número de exercícios: 8 a 10 grandes grupos musculares
Repetições: de 10 a 15 rep.
Velocidade de ação: baixa a moderada
Intervalo de recuperação: 1 min (RML) 2 min (força).

Idosos sedentários observa-se:


evolução dos efeitos iniciais do treinamento;
predominância dos efeitos advindos da melhora coordenativa pode estender-se
durante vários meses.

Para a prescrição do exercício:


Estratégias centradas na riqueza do repertório de estimulação motora, bem como na
diversificação de movimentos e flutuação de cargas, são interessantes para a
otimização dos efeitos perseguidos.
Em um segundo momento, adaptações hipertróficas são esperadas, apesar de
provavelmente se darem de forma mais lenta que em indivíduos mais jovens.
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
FONTE: (Farinatti, 2007)

RESISTÊNCIA AERÓBIA
Atividades rítmicas com grandes grupos musculares sem perda na qualidade de
execução - período mínimo de 10 minutos.

Treinamento

Freqüência: 3 a 5 vezes na semana


Intensidade: 50% a 85% de FCM (220 – idade)
Duração: 20 a 60 min.
As rotinas de treinamento devam prever pausas mais freqüentes e cargas de trabalho
moderadas para otimização dos ganhos.

FLEXIBILIDADE
Amplitude articular máxima.

Treinamento – Exercícios de alongamento

Freqüência: pelo menos 2 vezes na semana


Duração: 10 a 15 min.
Tempo do exercício: 5 a 10 seg. – 20 a 30 seg.
Respiração: normal

Na elaboração dos programas, devem ser analisadas as necessidades individuais em


termos de atividades cotidianas e mobilidade de forma global.
Movimentos de tronco e quadril constituem foco privilegiado de treinamento.
Também a flexibilidade de ombros e tornozelos deve ser incluída em programas de
atividades físicas para idosos, em função da sua relação com aspectos importantes da
autonomia funcional.

A prática segura de exercícios físicos sempre pressupõe:

Prescrição (qual modalidade será praticada por qual aluno ou turma para atingir que
objetivo?),

Orientação (presencial feita por um professor ou à distância feita por um professor através
de um manual, cartilha, folheto, vídeo, programa de televisão, etc.) e, preferencialmente,

Supervisão (controle exercido por um professor presente, junto com o aluno ou turma em
uma situação pedagógica, facilitando o processo de ensino e aprendizagem: aula).
Princípios da prescrição

De acordo com NUNES (2000) há sete princípios que norteiam o planejamento e a


prescrição de exercícios físicos visando ao condicionamento físico e à saúde.

Estes princípios são denominados PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO:

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA: Um indivíduo é diferente do outro.

PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE: exercícios específicos produzem incrementos


específicos.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
PRINCÍPIO DA SOBRECARGA: para produzir melhoras é preciso aumentar a carga. A
Carga de trabalho é o somatório da quantidade de trabalho (volume = duração + freqüência
+ repouso) com a qualidade do trabalho (Intensidade = tipo de esforço).

PRINCÍPIO DA ADAPTABILIDADE: o corpo se adapta às cargas a que é constantemente


submetido.

PRINCÍPIO DA PROGRESSIVIDADE: a sobrecarga deve ser aplicada sem saltos,


gradativamente, para garantir os benefícios e prevenir lesões ou acidentes.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE: os benefícios decorrem da prática. Os resultados para o


condicionamento são cumulativos, não ocorrem na prática intermitente.

PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE: se não houver continuidade perdem-se os ganhos


obtidos. O tempo para voltar ao estágio inicial é, em média, de 1/3 do tempo de
treinamento.

DIAS (2004) propôs a reorganização dos princípios de treinamento em apenas 5 grandes


princípios onde os 4 primeiros incluem os fundamentos tradicionais e o 5º amplia o
conceito do treinamento para uma abordagem integral do ser humano:

1º princípio: manutenção da atividade física – o professor deverá estimular os alunos a


praticarem a atividade física de forma regular.

2º princípio: individualização na atividade física – a partir da avaliação física fazer


prescrições que atendam às necessidades individuais de cada aluno.

3º princípio: continuidade da atividade física – levar em conta o aspecto cumulativo da


atividade física, introduzindo, gradualmente, pequenas modificações que resultem em um
melhor condicionamento físico.

Reorganização dos princípios de treinamento em apenas 5 grandes princípios DIAS (2004):

4º princípio: sobrecarga da atividade física – Aumentando gradativamente, a freqüência, a


duração e a intensidade, pode-se dosar a atividade física. É importante lembrar que a
intensidade é um princípio de treinamento delicado na prescrição do treinamento para
idosos, pois tem o potencial de precipitar eventos que podem resultar em morte. Portanto,
ao propor uma sobrecarga ao aluno idoso sempre é melhor começar fazendo maiores
modificações no volume do treinamento (freqüência, duração, repouso) enquanto se fazem
alterações mínimas na intensidade.

5º princípio: totalidade da atividade física - não basta só exercitar os músculos, é preciso


também envolver todos os componentes do ser (físicos, psíquicos e espirituais) no
exercício.

Cuidado na prescrição

Sabendo que, muitas vezes, a freqüência cardíaca está alterada em função da ingestão de
medicamentos e que isto pode mascarar a real freqüência cardíaca do idoso durante o
esforço, é preciso cuidado no que tange a utilizar a freqüência cardíaca como parâmetro
para avaliação ou prescrição do treinamento.

Recomendação de atividade física para idosos

Atividade aeróbia
5 dias/sem intensidade moderada - 30min/dia
3 dias/sem intensidade vigorosa - 20 min/dia
Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Fortalecimento muscular
2 dias/sem
Flexibilidade/equilíbrio
2 dias/sem

(ACSM/AHA, 2007)

Intensidade dos Exercícios Físicos


Leve
Moderada
Vigorosa

Fórmulas para verificar a intensidade dos exercícios aeróbios


220 – idade = FC máxima

Até 60% = leve


60 a 80% = moderado
+ de 80% = vigorosa
Erro de 11 batimentos subestimando.

FONTE: ROBERGS, R. A. & LANDWEHR, R.. The Surprising History of the “Hrmax=220-
age” Equation. Journal of Exercise Fysiologyonline, 2002.

FC, KARVONEN (1957)


FC treino = (FC max. - FC rep.) x % recom. da FCreserva + FC rep.

FC de reserva = FC max. – FC rep.


FC max. = ergometria ou 220 – idade (60) = 160 pbm
Fc repouso = após 5 min. em = 60 bpm
FC reserva = 160 – 60 = 100 bpm x 0,6 = 60

FC treino = 120 bpm


FC treino recomedado = 50-70% (sedentário) até 80% (condicionado)
Diferença de 24 batimentos

FC entre 50% e 70% da freqüência cardíaca de reserva (Fórmula de Karvonen, 1957)


= VO2 entre 50% e 70%

Percepção Subjetiva do Esforço


Escala de Borg (Borg & Noble, 1974)

Os números de 6-20 (Frequência Cardíaca de 60-200 bpm).

12 ± 55% e o 16 ± 85% da FCMáx.

6-7 muito fácil


8-9 fácil
10-11 relativamente fácil
12-13 ligeiramente cansativo
14-15 cansativo
16-17 muito cansativo
18-19 exaustivo
20- exaustivo

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Exercícios aeróbios

Obesos Diabéticos Hipertensos Dislipidêmicos

Freqüência 5 – 7 d/sem. 3- 4 d/sem. 3-7 d/sem. 5-7 d/sem.

Duração 40-60 min 20-60 min 30-60 min 40-60 min

Intensidade leve/moderada moderada leve/moderada leve/moderada

% VO2 40 - 60% 50 – 85% 40-70% 40 - 70%

% FCreserva 40 - 60% 50 - 85% 40-70% 40 - 70%

Fontes: ACSM, 2006; Nelson et al, 2007; Brandãoet al. 2005; Farinatti, 2008

Exercícios resistidos

Obesos Diabéticos Hipertensos Dislipidêmicos

Freqüência 2 – 3 d/sem. 2 d/sem. 2 d/sem. 2-3 d/sem.

Intensidade - RM 60 - 70% 40 - 60% 40 – 50% 40 - 60%

Séries 1 1–3 3 1–3

Repetições 3 - 20 10 - 15 10 - 20 10 - 15

Tipo de exercícios 8 - 10 8 – 10 8 – 10 8 - 10
Grandes grupos Combinado com
musculares 48h descanso aeróbio

Síndrome Metabólica
RECOMENDAÇÕES
Resistido
Intensidade: 50-70% 1RM

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
8-12 rep
≥ 3 dias/sem
Grandes grupamentos musculares
Associação com exercícios aeróbios

Início dos exercícios: Recomendações

Exercícios aeróbios

Progressão gradativa 200 a 300 min/sem = Moderada


Intensidade = 40% VO2res/FCres
VO2 e/ou FC aumentar gradativamente
Freqüência = 3 dias/sem
Duração = 20 min.
Não atinge a meta 150 min/sem - redução de peso benefícios para a
saúde (Barlow et al., 1995; Weiyer et al., 1999)

Exercícios resistidos

Intensidade: 50% de 1RM


8-12 repetições
2 dias/sem
8 grupamentos musculares

Consenso AF aeróbia associado aos exercícios resistidos

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
9. CUIDADOS COM AS DOENÇAS PREVALENTES E RISCOS DURANTE A AULA

Fonte:
SAFONS, Marisete Peralta e PEREIRA, Márcio de Moura. Princípios Metodológicos da
Atividade Física para Idosos. Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007.
No planejamento também é Indicações de Contra-indicações
aconselhável levar em conta exercícios exercícios
específicos ou estratégias visando à
prevenção ou ao auxílio na reabilitação
das doenças prevalentes: Doença
Artrose e Dor crônica TODOS. Priorizar Sobrecarga para
contínuos, aeróbios e articulações levantamentos
treinamento muscular para de peso, corridas e práticas
diminuir rigidez e dor. esportivas, ir devagar.
Cardiopatias TODOS. Priorizar Igual hipertensão e
contínuos, aeróbios. evitar longa permanência
estática de pé (causa
hipotensão postural)
Colesterol TODOS. Priorizar Nenhuma.
contínuos, aeróbios.
Diabetes TODOS. Contínuos, Riscos MMII (varizes,
aeróbios devem ser pé diabético), risco
realizados 7 dias na semana. hipoglicemia (importante
comer antes, evitar fazer
esportes solitários ou muito
radicais: pode desmaiar
quando só), evitar exercícios
de média a alta intensidade
quando glicemia ≥ 250 mg/dl
(pode levar a cetose, coma e
morte ou lesão cerebral).
Controlar PA nos exercícios
resistidos: pressão elevada
pode acelerar problemas
oftalmológicos, renais e
cardíacos.
Hipertensão TODOS. Priorizar Manobra de Valsalva
contínuos, aeróbios. durante esforço. Longa
permanência de braços ou
pernas elevados.
Hipotensão e Síncopes (desmaios) TODOS. Priorizar Atividades após
contínuos, aeróbios. comer, mudança rápida das
posições deitada ou sentada
para de pé (principalmente
pela manhã), permanência em

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
Cuidados com as doenças prevalentes e riscos durante a aula

Fonte:
SAFONS, Marisete Peralta e PEREIRA, Márcio de Moura. Princípios Metodológicos da
Atividade Física para Idosos. Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007.

No planejamento também é Indicações de Contra-indicações


aconselhável levar em conta exercícios exercícios
específicos ou estratégias visando à
prevenção ou ao auxílio na reabilitação
das doenças prevalentes: Doença
Obesidade TODOS. Priorizar Sobrecarga para
contínuos, aeróbios. articulações dos MMII como nas
corridas e cuidado com práticas
esportivas competitivas.
Osteoporose TODOS. Priorizar Riscos para quedas e
contínuos, aeróbios ao sol e os fraturas.
de força para todos os sítios.
Problemas respiratórios TODOS. Priorizar Atividades fatigantes.
contínuos, aeróbios.
Acrescentar Exercícios
Respiratórios.
Sedentarismo TODOS. Priorizar Irregularidade (≤ 2
contínuos, aeróbios. vezes semana) +
competitividade = síndrome do
atleta de fim-de-semana
(infarto, morte).
Varizes TODOS. Priorizar Isométricos de membros
contínuos, aeróbios. Fortalecer inferiores e longa permanência
membros inferiores. estática de pé (prejudica retorno
venoso)

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.
10. METODOLOGIA DO ENSINO: Atividade física e Envelhecimento

Fonte:
SAFONS, Marisete Peralta e PEREIRA, Márcio de Moura. Princípios Metodológicos da
Atividade Física para Idosos. Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007.

Reflexões

É preciso parar e refletir sobre alguns dos temas abordados:

1 - O que você pensa a respeito da importância da capacitação profissional para o trabalho


com idosos?
2 - Como você se vê com relação às competências básicas necessárias a quem trabalha
com atividades físicas com idosos?
3 - Como você avalia os serviços prestados aos idosos em sua comunidade a partir dos
conhecimentos que agora possui a respeito da preparação profissional para o exercício
desta atividade?

OBJETIVOS: POR QUE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA IDOSOS?

Quais as questões teóricas (pedagógicas, filosóficas e conceituais) relativas à proposição


de atividades físicas para idosos.
Reflexão a respeito dos rumos que um professor pretende dar ao seu programa e às
propostas educacionais que pretende defender perante o aluno e a sociedade.

Objetivos: Ao final do programa de AF você deverá ser capaz de:

Para OKUMA (2004) uma proposta pedagógica de atividades físicas para idosos deve
situar seus objetivos para além das questões da aptidão física e da saúde, que são
colocadas como meios e não como fins.

O foco real da proposta deve ser “o desenvolvimento do ser idoso” e para este trabalho
sugerem-se sete princípios que têm por base uma Educação que abra para o aluno idoso
um leque de perspectivas para:

• o autoconhecimento
• a autonomia
• o aprender contínuo e atualização
• a descoberta de competências
• ser responsável
• usufruir do meio ambiente
• a fruição e prazer

MODELO DE PLANO DE CURSO

Atividade proposta:
Público alvo:
Professor:
Duração do treinamento: semanas, meses...
Justificativa: defesa teórica na necessidade e viabilidade do programa dentro de uma
proposta pedagógica
Objetivos: gerais e específicos explicitando resultados que se pretenda observar
Conteúdos a serem adquiridos e desenvolvidos pelos alunos para alcançarem os objetivos
Metodologia e recursos que facilitem o processo de ensino e aprendizagem
Avaliação: Instrumentos de que possibilitem verificar, de alguma forma, até que ponto os
objetivos foram alcançados.

Texto elaborado pela Profª Drª Giovana Zarpellon Mazo para a disciplina de Atividade
Física, Saúde e Envelhecimento.

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