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MORTALIDADE E PERFIL DE VÍTIMAS DE INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E

CRÔNICA, NO PERÍODO DE 2008 A 2016, NO BRASIL


Antônio Araújo Menezes de Souza (Enfermeiro, Pós-Graduando em Enfermagem em Nefrologia, Faculdade
Venda Nova do Imigrante)
Sheyla Rocha Lima (Enfermeira, Pós-Graduanda em Enfermagem em Nefrologia, Faculdade Venda Nova do
Imigrante)
Shirley Maria de Souza (Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem em Nefrologia, Faculdade Unyleya)
Felipe Mendes de Andrade de Carvalho (Biomédico, Doutorando em Saúde e Ambiente, Universidade
Tiradentes)
Carla Viviane Freitas de Jesus (Orientadora, Enfermeira, Doutoranda em Saúde e Ambiente, Universidade
Tiradentes)
e-mail: araujosouzaenf@gmail.com

Defini-se por doença renal a perda progressiva e por vezes irreversível (na Doença Renal
Cronica – DRC) da função renal. Portanto, o presente estudo objetivou avaliar prevalência
da mortalidade e perfil de vítimas de insuficiência renal aguda e crônica, no período de 2008
a 2016, nas diferentes regiões do Brasil. Trata-se de um estudo documental, descritivo, de
série temporal e espacial. Utilizou-se dados de óbitos de em todas as faixas etárias e ambos
os sexos, no período de 2008 a 2016. As regiões Sul, Nordeste e Sudeste apresentaram o
maior número de óbitos por IRA e IRC dos anos 2008 à 2016, foi demonstrado perfil
ascendente de número de casos no Brasil. Os óbitos decorrentes de insuficiência renal
tiveram um aumento no período de 2008 a 2016, onde a região Sudeste registrou o maior
número.

Palavras-chave: Insuficiência Renal Crônica; Mortalidade; Enfermagem.

INTRODUÇÃO
A Doença Renal (DR) constitui importante problema de saúde pública a nível global,
com prevalência significativa em todos os continentes. Defini-se por doença renal a perda
progressiva e por vezes irreversível (na Doença Renal Cronica – DRC) da função renal. No
Brasil, detectou-se a prevalência ascendente de casos de 2005 a 2015, elucidando que
nesse período o número de pacientes que necessitam de tratamento de diálise dobrou.
Onde, utilizou-se como terapia dialítica mais empregada a hemodiálise, com faixa etária
predominante corresponde a adultos entre 20 e 65 anos de idade (MARINHO et al., 2017).

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A DR é classificada em aguda e crônica, caracterizando por Doença Renal Crônica
(DRC) o estadiamento irreversível e avançado da patologia, em contrapartida o
estadiamento reversível define-se como Doença Renal Aguda (DRA). A DRC atinge cerca
de 500 milhões de pessoas em todo o mundo. O número de casos de evolução para óbito
dos pacientes diagnósticados com DRC e DRA vem se mantendo ao longo dos anos (SILVA
et al., 2018; JUNIOR et al., 2010).
Dentre as terapias, a hemodiálise destaca-se por ser um processo terapêutico
bastante utilizado para pacientes com DRC. A técnica consiste na remoção dos catabólitos
do organismo através da circulação extracorpórea, retornando para o paciente filtrado
(TERRA et al., 2010).
O transplante renal é uma outra modalidade de terapia, que consiste no retorno
adequado do funcionamento renal através de sua substituição. Entretanto, o paciente
continua a viver em tratamento com acompanhamento durante sua vida (ALBUQUERQUE,
LIRA, LOPES, 2010).
Portanto, o presente estudo objetivou avaliar prevalência da mortalidade e perfil de
vítimas de insuficiência renal aguda e crônica, no período de 2008 a 2016, nas diferentes
regiões do Brasil.

METODOLOGIA
Trata-se de um estudo documental, descritivo, de série temporal e espacial. Utilizou-
se dados de óbitos de vítimas em todas as faixas etárias e ambos os sexos, no período de
2008 a 2016. Foi considerado o código N17.0, referentes à insuficiência renal aguda e
N18.0 para insuficiência renal crônica, da Classificação Internacional de Doenças, 10ª
revisão (CID-10).
Os dados foram obtidos por meio de consulta às bases de dados SIM/SUS (Sistema
de Informação de Mortalidade do SUS) disponibilizados pelo Departamento de Informática
do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Para a análise dos dados, foi calculada a taxa de
mortalidade por insuficiência renal aguda e crônica para cada 100 mil habitantes no Brasil
e nas regiões brasileiras, por ano.
A população do estudo foi constituída por todos os óbitos de insuficiência renal aguda
e crônica, registrados no período de 2008 a 2016. Para evitar erros de retardo de
notificação, optou-se por analisar os dados disponíveis até 2016, último ano em que
constavam os dados completos.

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A partir dos dados obtidos no DATASUS, foram construídas tabelas/gráficos
utilizando o Microsoft Office Excel. Os dados foram apresentados por meio de números
absolutos e frequências relativas.
Por se tratar de um banco de domínio público, não foi necessário submeter ao Comitê
de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS
De 2008 a 2016, foram registrados 86.692 óbitos no Brasil por DR, sendo 48.587
(56,05%) no sexo masculino e 38093 (43,95%) no sexo feminino, com uma razão de
aproximadamente 1:1. Quando estratificado por DRA E DRC, observa-se que, foram
registrados em números absolutos 32.784 e 53.908, respectivamente. Ao ser avaliado a
distribuição por sexo na DRC observa-se o quantitativo de 30.832 (57,20%) do sexo
masculino e 23.071 (42,80%) do sexo feminino, os maiores precentuais de crianças
possuíam idade menor de 1 ano (0,92%) na IRA, sendo que na IRC o maior número de
casos ocorre dos 10 aos 14 anos (0,20%), porém o maior número de vítimas para os dois
tipos de insificiência renal, era em pacientes com mais de 80 anos. Quando avaliado a
cor/raça foi observado maior número de casos em pessoas que autodeclararam-se brancas
tanto na DRA, quanto na DRC, 17482 (53,32%) e 26918 (49,93%), respectivamente.
Quanto a escolaridade, observou-se que ocorreu subnotificação em um número expressivo
dos casos (Tabela 1).

Tabela 1: Número de óbitos segundo faixa etária, sexo, cor/raça e escolaridade por
insuficiência renal aguda e crônica, no período de 2008 a 2016.
Insuficiência renal aguda Insuficiência renal crônica
Características N % N %
Faixa etária
Menor 1 ano 302 0,92 34 0,06
1 a 4 anos 111 0,34 77 0,14
5 a 9 anos 54 0,16 71 0,13
10 a 14 anos 87 0,27 110 0,20
15 a 19 181 0,55 264 0,49
20 a 29 576 1,76 919 1,70
30 a 39 909 2,77 1926 3,57
40 a 49 1787 5,45 3912 7,26
50 a 59 3274 9,99 7436 13,79
60 a 69 5260 16,04 10623 19,71
70 a 79 7890 24,07 12654 23,47
Mais de 80 anos 12323 37,59 15848 29,40
Ignorada 30 0,09 34 0,06
Sexo
Masculino 17755 54,16 30832 57,20
Feminino 15022 45,82 23071 42,80

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Cor/raça
Branca 17482 53,32 26918 49,93
Preta 2571 7,84 5582 10,35
Amarela 180 0,55 340 0,63
Parda 10637 32,45 17667 0,33
Indígena 95 0,29 128 0,24
Ignorado 1819 5,55 3273 6,07
Escolaridade
Nenhuma 6230 19,00 8349 15,49
1 a 3 anos 8476 25,85 13644 25,31
4 a 7 anos 5269 16,07 9714 18,02
8 a 11 anos 2919 8,90 5328 9,88
12 anos e mais 1129 3,44 2098 3,89
Ignorado 8761 26,72 14775 27,41

As regiões Sul, Nordeste e Sudeste apresentaram o maior número de óbitos por IRA
e IRC dos anos 2008 à 2016, foi demonstrando perfil ascendente de número de casos no
país. Imprescindível elucidar que o número de óbitos na DRC apresenta maior ocorrência
(Figuras 1 e 2).

Figura 1: Óbitos por insuficiência renal aguda nas regiões do Brasil, no período de 2008 a
2016.

Figura 2: Óbitos por insuficiência renal crônica nas regiões do Brasil, no período de 2008
a 2016.

No período estudado, em todas as regiões brasileiras a maior taxa de mortalidade

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foi encontrada decorrente da IRC. As regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram as
menores taxas. A região Sudeste apresenta isoladamente as maiores taxas de mortalidade
em ambas patologias estudadas.

Tabela 2: Número de óbitos e taxa de mortalidade por região, por insuficiência renal aguda
e crônica, no período de 2008 a 2016.
Insuficiência renal aguda Insuficiência renal crônica
Número de Taxa de Número de Taxa de
Região óbitos mortalidade óbitos mortalidade
Região Norte 2727 15,4 3219 18,2
Região Nordeste 8278 14,5 11996 21,1
Região Sudeste 14569 16,9 26460 30,6
Região Sul 4905 16,7 8417 28,6
Região Centro-Oeste 2305 14,7 3816 24,4
Total 32784 15,9 53908 26,2

CONCLUSÃO
Pode-se observar que a taxa de mortalidade, por insuficiência renal crônica, foi em
torno de 2 vezes maior que a taxa de mortalidade por insuficiência renal aguda. Os óbitos
decorrentes de insuficiência renal tiveram um aumento no período de 2008 a 2016, onde a
região Sudeste registrou o maior número de casos. Houve maior ocorrência de morte no
sexo masculino, com mais de 80 anos e na população de cor branca, em ambos os tipos
de insuficiência renal. Sendo as maiores taxas de óbito na região Sudeste e as menores
nas regiões Nordeste, para a insuficiência renal aguda, e Norte do Brasil, para a
insuficiência renal crônica.

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