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9AN
TRATO URINÁRIO
UROLOGIA E NEFROLOGIA
Trato urinário
Superior(cranial): Rins e ureter
Inferior (Caudal): Bexiga e uretra
Gatos tem doença renal crônica (DRC) de forma frequentes, principalmente acima dos 10 anos.
Objetivar o diagnóstico precoce para retardar a progressão da doença.
Doença renal crônica (DRC) é diferente de insuficiência renal crônica (IRC).
Insuficiência renal é quando se chega ao estágio da doença renal que os rins são incapazes de
exercer suas funções fisiológicas, ocorrendo descompensações, para que o ocorra a IRC é
preciso haver a perda de 75% dos néfrons funcionais, ocorre de maneira crônica e progressiva,
antes dos rins ser insuficiente ele é doente.
DRC: qualquer patologia que leva a uma perda progressiva do tecido renal funcional de
maneira irreversível.
Estadiamento e subestadiamento
Interesse em diagnosticar a doença precocemente para retardar sua progressão e dar
qualidade de vida ao animal.
Patologias envolvidas: nefrite túbulo intersticial idiopática, inflamação idiopática que pode
ocorrer nos rins, morte dos néfrons e perda do tecido funcional
Doença dos rins policísticos e amiloidose renal, displasia renal, formação de urólitos em pelve
renal e rins, processos inflamatórios em glomérulos e néfrons.
A característica da doença renal crônica nos gatos é muito mais tubular, glomerulonefrite em
gatos é mais comum secundário a algumas doenças como PIF, FIV, FELV, todo componente
imuno mediado.
Doenças infecciosas, todas elas podem causar glomerulonefrite e neoplasias também, mesmo
as que não sejam renais.
Diagnóstico
Diagnostico de pacientes doentes e insuficientes.
Insuficiente tem creatinina elevada, associada a densidade urinária diminuída.
Quando os rins começam a perder função, começa a reduzir a eliminação dos compostos que
deveriam ser eliminados, e começa a reter, concentrando na circulação, líquido que deveria ser
poupado é perdido, por isso a densidade urinária diminui.
Diagnóstico precoce: aumento progressivo de creatinina identificado nas consultas de rotina,
aumento persistente do SDMA.
Alterações em exames de imagem
Quantificação da proteína urinária, que aumenta progressivamente.
Consenso brasileiro sobre biomarcador: consenso para estadiamento é a creatinina.
Estadiamento com base na creatinina
Estágio I: creatinina abaixo de 1,6, pode ou não ter capacidade de concentrar urina, pode ter
ou não perda da proteína urinária, SDMA pode estar entre 14 e 18, e a alterações em exames
de imagem, gato assintomático.
Estágio II: creatinina de 1,6 a 2,8, pode ou não ter capacidade de concentrar urina, pode ter ou
não perda da proteína urinária, SDMA pode estar entre 14 e 18, e a alterações em exames de
imagem, gato assintomático, beber mais água e urinar mais.
Estágio III: creatinina de 2,9 a 5, sintomatologia: perda de peso, vomito, inapetência, fraqueza,
desidratação, aumento da ingestão de água.
Estágio IV: sintomatologias relacionadas a insuficiência renal, anemia, distúrbio eletrolítico,
crise urêmica.
1970 – Os gatos que tinham disuria, estranguria, hematúria, polaciuria, recebiam o diagnóstico
de síndrome urológica felina (SUF/FUS), após pesquisas foram evidenciadas varias causas para
a mesma manifestação de sintomas, passando a ser chamada de doença do trato inferior dos
felinos (CIF/FIC), em 1984. Em 1999 foi evidenciado que na maioria das vezes a causa da cistite
dos gatos não era identificada, por isso o nome cistite idiopática felina ou cistite intersticial
felina (CIF/FIC), não existe infecção, não existe cálculo, mas o gato tem dor e as manifestações
clínicas. Ocorriam nestes casos cistites crônicas severas, na ausência de infecção, e pela
cistoscopia era visto a parede da bexiga minando sangue, começou a ser denominado cistite
intersticial.
Síndrome de pandora:
Gatos que manifestavam a cistite idiopática, tinham uma série de outras alterações, muitas
vezes a nível de sistema nervoso, que os tornavam animais mais estressados, que os torna
susceptível. Qualquer estresse volta a manifestar a cistite. Os gatos tinham alterações
comportamentais semelhantes, medrosos, hiper vigilância, não dormem bem, assustam com
facilidade, intolerância ao toque, reação agressiva a manipulação. Percepção de alteração no
sistema nervoso, pela manifestação dos comportamentos.
Mediante ao evento estressor, eles podem manifestar inflamação na bexiga e em outros
órgãos, como trato respiratório, sistema cardiovascular, dermatológica, gastrointestinal,
impacta na saúde de diversas maneiras.
Existem alterações no sistema nervoso simpático destes gatos, eles têm mais fibras simpáticas
na bexiga, maior produção de tirosina hidroxilase, grande atividade locus coeruleus (produção
de muita noradrenalina) está muito próximo a inversão da bexiga no SNC, e núcleo
paraventricular.
Mediante o estresse, ativação no SNS, sem ativação do HHA (eixo hipófise hipotálamo adrenal),
não faz feedback negativo para redução do cortisol, então ele aumenta o estresse e não sai da
cascata do estresse.
Bexiga: tem menor camada de glicosaminoglicanos, necessários para revestir a parede da
bexiga e substâncias da urina não causem danos/toxidade, favorece a inflamação, tem mais
fibras c, fazendo eles terem muito mais algesia (sensibilidade a dor), muitas substâncias P que
aumentam a inflamação, a bexiga inflama, tem leucócito, tem edema, a bexiga sangra, mas tem
origem neurogênica.
Quando o gato tem todas as características que o tornam susceptível, dependendo do
ambiente em que vive, passa a manifestar sintomas, cistite, vomito, diarreia, dermatológicos,
respiratórios, mudanças comportamentais, pode ser pandora, quando o evento cessa o gato se
recupera. O que o torna susceptível são as alterações genéticas e os fatores epigenéticos
(alguns genes são ativados ou não, dependendo do que foi passado durante a gestação).
Cistite idiopática felina é um processo inflamatório crônico estéril, nunca vai mostrar nada em
exame de cultura, tentar identificar fatores estressores na anamnese que possam ter
desencadeado, excluir outras comorbidades/patologias com exames complementares como
ultrassom, sumario de urina e urocultura.
Resposta é autolimitante, retirando o fator estressante o gato volta a ficar bem, a resposta
ocorre em 3 a 7 dias, médica para dor e devido ao risco de obstrução, corrigir o manejo
ambiental, se o ambiente for provocativo ocorre recidivas e pode haver cronificação dos casos.
Critérios para definir se o gato tem ou não cistite idiopática felina: presença de sinais clínicos,
evidencia de experiencias adversas em idade precoce (abandono, agressão), melhora e piora
dos sinais clínicos associados a eventos que presumivelmente ocasionaram estresse, resolução
dos sinais associados com um manejo ambiental multimodal, ambiente hostil o gato volta a
presentar sintomas. Quando se encontra essa perspectiva é possível presumir que o gato tem
síndrome de pandora, animais que não podem ter muitos desafios ambientais.
Tratamento
Educação do tutor, explicar a condição do animal, manejo e enriquecimento ambiental
multimodal, que é atender todas as demandas ambientais do animal, vários potes de água,
várias caixas areia sempre limpas, evitar mudanças drásticas na rotina, horário de brincadeira e
de interação, manter os hábitos e rotinas previsíveis, aumentar ingestão hídrica com múltiplas
opções de água, fontes, água limpa, alimento úmido, bandejas sanitárias limpas, em vários
locais, respeitar a rotina dos gatos. Controlar fatores que desencadeiam estresse, dar rotas de
fuga.
Manejo farmacológico: controle de dor- analgesia com tramadol 1 a 2mg/Kg-BID, AINE’s 0,025
a 0,1mg/Kg.
Casos crônicos, usar amitriptilina 1mg/Kg ou 10mg/gato (a noite), porque vai ficar chapado,
antidepressivo, ansiolítico, faz analgesia das vias urinárias, terapia prolongada por no mínimo 4
a 6 meses, desmame gradual. Outros psicotrópicos podem ser utilizados como clomipramina,
fluoxetina e buspirona, gabapentina.
Para gatos com espasmos uretrais, prazosina 0,25 a 0,5mg/gato SID ou BID.
Não suplementar glicosamina e nem triptofano, é igual a placebo.
Glicocorticoides e antibióticos não resultam efeito benéfico.
Urolitíase
Urólitos como causa de manifestação de doença renal urinária
São concreções orgânicas, 5% de matriz orgânica + 95% de concreções cristaloides, é um plug
que se formou na bexiga e começa a associar a outras concreções cristaloides, que no meio de
supersaturação urinária se agrupam e formal o cálculo.
O que influenciam: proteínas (inibir ou precipitar), fatores genéticos, nutricionais ou
ambientais, ter cristal não é doença (cristalúria), é normal do gato.
Dois tipos de urólitos mais comuns: estruvita e oxalato de cálcio
Estruvita se forma em meio alcalino, então foram acidificadas as rações e foram se formando
oxalatos.
Estruvita: dietas ricas em magnésio e pH alcalino, urina estéril, ocorre 55% em fêmeas e 45%
em machos, idade mais jovens, tratamento é ração acidificante e com restrição em magnésio,
sinais brandos, até 3 meses para resolução, tem dietas que resolvem de 15 a 20 dias, cálculos
que não se podem esperar para dissolver o tratamento é cirúrgico.
Oxalato de cálcio: formação em meio ácido (acidúria, dietas acidificadas), eliminação de cálcio
pela urina (hipercalciúria), ocorre em 57% dos machos e 43% das fêmeas, idade entre 7 a 10
anos, tratamento cirúrgico, não dissolve com dieta.
Fatores comuns: sedentarismo e baixa ingesta hídrica.
Prevenção com rações adequadas é a melhor indicação.
APP gratuito de alimentação: minessota urolith center
Cistite esporádica:
Drogas de primeira escolha durante 3 a 5 dias.
Cistite recorrente:
Drogas de primeira escolha
Reinfecção 3 a 5 dias
Recidiva: 7 a 14 dias
Bacteriuria subclínica:
Não tratar
Exceção do agente isolado corynebacterium urealyticum, ela forma placas que se adere ao
epitélio da bexiga, causa calcificação da mucosa vesical, cria um cálculo que faz o formato da
bexiga, necessitando fazer desbridamento da mucosa da bexiga (cirúrgico).
Gatos paraplégicos: não tem boa sensibilidade/inervação da bexiga, precisa ser avaliado o
quadro clínico do animal para averiguar necessidade de antibioticoterapia.
Obstrução uretral
Principais causas: edema de uretra, paciente com inflamação da uretra, diminuindo o lúmen,
difícil fazer a sondagem e possível causar lesões no procedimento.
Espasmo uretral: dano neurológico, ao urinar, iniciam os jatos que param repentinamente, ou
descinergismo, bexiga contrai para eliminação da urina, mas o esfíncter de controle prende ao
mesmo tempo, não sendo possível eliminar a urina.
Coágulo: bexiga inflamada com presença de sangue, que pode virar coágulo e obstruir a uretra.
Tampões: células de descamação ou cristais, aglomeram e obstruem
Presença de cálculos: as urolitíases podem causar obstruções.
Neoplasias: pode ser dentro da bexiga ou uretra, e externas, como no colón, obstruindo
mecanicamente pela compressão externa, perianal também.
Objetivos do tratamento:
Desobstruir o paciente.
Necessário primeiro estabilizar o paciente, cistocentese de alívio, correção dos distúrbios
eletrolíticos, aquecendo antes em caso de hipotermia, restabelecer o fluxo urinário, correção
dos distúrbios hidroeletrolíticos(debito urinário elevado, perdendo muitos solutos, deficiência
de solutos, sem potássio, cálcio e fosforo circulante o paciente não pode sobreviver, podendo
apresentar arritmia pelas deficiências, deficiência de potássio fica com ventroflexão de
pescoço, músculos não conseguem fazer as contrações adequadas, logo bexiga não contrai
para eliminação de urina, coração não bate para circulação de sangue, por isso é necessário
restabelecer o controle hidroeletrolítico, utilizar de hemogasometria ou dosagem em
laboratório de socio, fosforo e potássio, para fazer a dosagem correta.), manejo da polaciúria
reflexa (urinando várias vezes, administrar anti-inflamatórios) e tratamento da causa base.
Maior chance de obstrução, está relacionado ao diâmetro da uretra, Pré-prostática 2,4mm,
prostática 2,0mm, Pós-prostática 2,3mm, Gl. Bulbouretrais 1,3mm, peniana 0,7mm. Sendo,
portanto, na peniana a maior causa de obstrução, a grande maioria das obstruções é coágulo
ou cálculo quando a obstrução não é peniana.
Para estabilizar o paciente, se está dispneico, colocar no oxigênio, se hipotérmico, aquecer o
paciente, principalmente antes da hidratação, fluidoterapia especialmente com ringer por
conta dos eletrólitos é mais eficaz no controle ácido-base, e se usar NaCl pode aumentar o
sódio que já está alto, probabilidade baixa por ser 0,9%, mas pode ser usado pelo baixo custo,
Azotemia, aumento da ureia de creatinina, pode ter características diferentes:
Pré-renal: adipsia, vômito, desidratação, diarreia
Pós-renal: obstrução, se desobstruir volta ao normal se ele não for doente renal e já não estiver
desidratado, se obstruído há 48h pode ter desenvolvido injuria renal.
Restabelecer fluxo urinário e hidratação.
Complicações:
Imediatas: ruptura de bexiga e uretra – correção cirúrgica.
Diurese pós-obstrutiva (produz muita urina, poliuria, baixa os eletrólitos de vez, hipocalemia):
ocorre nas primeiras 6 horas após desobstrução, hipocalemia – óbito.
Ausência de micção: estenose uretal – cirúrgico, edema uretral, espasmos uretrais pela
irritação da sonda, utilizar prazosina 0,025 a 0,5mg/gato, AINE’s em pacientes estabilizados.
Atonia do mm. Detrusor (fibras da bexiga espassas): compressão manual ou betanecol (1,2 a
7,5mg/gato VO).
Injúria renal aguda, evolução do quadro, perda função renal
Tardias: infecções urinárias
Estenose uretral.
Intervenções cirúrgicas:
Uretrostomia, retirada de segmento da uretra, fibrosada ou de menor diâmetro, normalmente
uretra perineal, penectomia.
Pré-pubica, quando a uretra peniana é perdida
Complicações: estenoses, infecções do trato urinário recorrentes, quando retira o segmento da
uretra, encurta e alarga a uretra, facilitando a inserção e agentes microbianos e ITU.
Sempre tentar salvar a uretra.
Penectomia não trata cistite, apenas reduz chances de obstrução
Cistotomia em casos de cálculo, coágulos grandes.
Panleucopenia felina
Causada pelo vírus da panleucopenia felina, que é o mesmo que da mesma família da
parvovirose no cão, similaridade da apresentação dos sinais clínicos.
Ocorre quadro gastro intestinal importante, que pode culminar com necrose gastroenterica,
associado a imunossupressão, leucócitos baixos, não sendo possível realizar a contagem
diferencial devido a escassez das células, associado ao quadro gastroenterico, com vômitos,
diarreia, náusea.
Acomete principalmente gatos jovens e não imunizados, a vacinação protege bem os gatos,
uma dose protege por 6 anos.
Contaminação em ambientes multicats, onde os gatos não são vacinados, transmissão fácil e
rápida, principalmente nos filhotes, porque não tem imunidade para combater a infecção.
Quando a gata é infectada durante a gestação, assim como se receber a vacina, os filhotes
podem nascer com alterações que podem prejudicar a vida deles, podem nascer com
hipoplasia cerebelar, disfunções do miocárdio e degeneração de retina (cegueira), hipermetria.
Também pode ocorrer em neonatos.
Fisiopatogenia: Os gatos contaminados eliminam o vírus pelas fezes, urina e secreções nasais,
espirros.
Virus extremamente resistente no ambiente, como o parvovírus canino, eliminação de excretas
contaminam o ambiente e outros gatos acabam tendo esse contato.
Em 2 a 7 dias o vírus atinge os órgãos linfoides, adentrando a medula óssea e gerando
imunossupressão, leucócitos baixam.
No trato entérico ocorre necrose da mucosa e absorção de toxinas, gerando muita toxina
mediante o processo inflamatório, que começam a ser absorvidas pelo organismo, podendo o
óbito ocorrer devido a translocação bacteriana, toxemia e sepse.
Sinais clínicos:
Gatos vacinados ou que adquiriram imunidade, podem passar como assintomáticos ou ter uma
infecção branda, com fezes moles, mas o gato se recuperou.
Mas pode ocorrer infecções hiperagudas, onde os gatos começam a ficar nauseados e em 12 a
24 horas ocorre o óbito.
No início dos sintomas os gatos ficam febris, deprimidos, não se alimentam e começam a ter
muita dor abdominal, náusea e vomito de difícil controle, diarreia profusa e sanguinolenta,
com odor forte, ocorre desidratação, distúrbios eletrolíticos (hipocalemia), podem chegar a ter
hipotermia e evoluir para quadro de choque e sepse.
Diagnóstico: presuntivo, baseado no histórico (exposição), sintomas, leucopenia acentuada,
teste de antígeno para parvovírus canino, que costuma dar reação cruzada.
Tratamento: depende do quadro do animal, alguns gatos podem necessitar de suporte intenso,
internamento com fluidoterapia, corrigindo potássio (hidroeletrolítica), uso de antibióticos
devido ao risco de sepse, controle de náuseas e alimentação.
Uso de antieméticos, antiácidos e adsorventes como carvão ativado, para redução da absorção
sistêmica de algumas toxinas.
Prevenção é a vacinação
Patologias hepatobiliares
Lipidose hepática
Ocorre o cúmulo de gordura no interior do hepatócito e estase biliar intra-hepática
Acúmulo de gordura excessiva no fígado, no interior no hepatócito, hepatócitos tumescidos de
tanta gordura, impedindo a viabilidade de executar suas funções básicas, causando colestase,
que é a interrupção do processo de escoamento da bile, que tem o papel de digerir gordura. Se
a bile está retida dentro dos canalitos biliares, começa a gerar um processo de autodigestão.
Predisposição: animais que passam por anorexia prolongada, animais acima do peso, porque o
que faz os animais pararem de comer, ocorre modificação, secreção e glucagon, induzindo a
lipólise, começam a utilizar gordura para gerar energia, aumentando o risco para gatos obesos,
porque ocorre muito mais lipólise, produzindo muitos ácidos graxos, muita gordura no fígado
para ser metabolizada, o gatos em comer e a gordura ser retirada do fígado, é necessário
aminoácidos essenciais, que entram através da alimentação, mas o gato não está se
alimentando, impedindo que a gordura saia do fígado, a ausência de carnitina, metionina,
cisteina, arginina. Tendo mais gordura no fígado, que sua capacidade de metabolização,
ocorrendo acúmulo, pode haver eventos relacionados a anorexia como doença primária ou
estresse.
Fisiopatogenia: redução dos níveis de proteína, vitaminas, arginina, SaME, taurina, L-carnitina,
glutationa, colina, cisteína...
Porque o gato não está se alimentando, e a grande atividade gliconeogênica, muita secreção de
glucagon causa lipólise intensa, mobilização dos ácidos graxos metabolizados da gordura
periférica para dentro do fígado, que fica retido, porque os aminoácidos não estão entrando
pela alimentação.
Sintomas: náusea, vomito, icterícia, inapetência, perda de peso, desidratação, sialorreia pela
náusea, letargia, fígado aumentado (hepatomegalia), ventroflexão cervical, discrasias
sanguíneas (hemorragias e sensibilidade capilar), casos mais graves encefalopatia hepática
(sialorreia primeiro sinal) com quadros neurológicos, associados a causa base.
Tosa lipidose vem com sintomas, no USG fígado com gordura e gato bem, gato não tem
lipidose, teme esteatose (gordura no fígado),.
Diagnóstico: gato com privação alimentar na anamnese, e achados clínicos, marcadores
hepáticos, aumento moderado de ALT, AST pode estar normal ou levemente aumentada, marco
da lipidose: FA muito alta, GGT normal ou pouco aumentado, se existe retenção biliar,
começam a aumentar, colestase intra-hepática. Hiperbilirrubinemia, bilirruninúria,
hipercolesterolemia, podem ter hipoalbuminemia, hipocalemia, hipofosfatemia.
Ultrassom: fígado grande (hepatomegalia), hiperecogenicidade hepática de forma homogênea
e difusa.
Pode ser feito citologia hepática, para fechar diagnóstico, mas existe risco de hemorragia.
Buscar sempre a causa base ou outras condições que possam estar associadas.
Tratamento
Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos, se tiver baixa de potássio.
Nutrição: avaliar a condição geral do gato, para determinar o melhor protocolo, cautela na
realimentação, deve ser lenta e gradual, necessário sonda alimentar, controle da náusea e
vomito, reposição hidroeletrolítica com cuidado sobre hipocalemia e hipoalbuminemia,
micronutrientes coadjuvantes, como vitaminas do complexo B, reposição de vitamina K
necessária, taurina, Arginina, L-carnitina, SaME.
Colangite
Patologia muito comum e de difícil diagnóstico, a colangite é o processo inflamatório dos
calículos de ductos biliares, que podem ser intra e extra-hepáticos, são os processos que
podem ocorrer nessa região, ela pode ocorrer de origem indireta, quando há uma má
formação congênita, mas a grande maioria é ascendente da inflamação, que pode ter vindo do
parênquima hepático, mas também pode vir do intestino.
DII, disbiose, o uso indiscriminado de antibióticos pode acabar com as bactérias benéficas do
organismo e as patológicas atuam e geram processo inflamatórios, podendo as bactérias
ascenderem e gerarem processos inflamatórios, mas na maioria das vezes, ocorre pelo
parênquima hepático.
Sinais clínicos: podem ser inespecíficos, anorexia, vomito, perda de peso, letargia, constipação,
diarreia, mudança de coloração de pelagem, pelos opacos, pelos rarefeitos, alopecia bilateral,
podem estar associados e não ser patognomônico da doença.
Na doença avançada pode apresentar febre, icterícia, desidratação, ascite.
Existem três tipos de colangite: neutrofílica, linfocítica e parasitária.
Neutrofílica: pode ser aguda ou crônica, paciente com 1 a 2 dias, com manifestação clínica
grande, ou sintomas mais brandos, como vômitos esporádicos.
Colangite neutrofílica está relacionada a infiltrados neutrófilos, processos infecciosos
bacterianos, que vem normalmente ascedendo do intestino devido a disbiose, esses processos
inflamatórios podem fazer obstrução das vias biliares extra-hepáticas, que ocorre quando é
muito crônico, dependendo da via de obstrução além de alterações nos ductos biliares, podem
ocorrer no fígado e pâncreas, inflamação ao redor do intestino, podendo se tornar uma tríade.
Os processos acabam sendo mais comumente encontrados na fase crônica.
Contudo, a casuística é mais comum em gatos jovens de 3 a 5 anos, por conta do uso de
antibióticos indiscriminados, cistite por estresse, castração etc. ou imunologicamente mais
susceptível.
Colangite linfocítica: esta correlacionada com o processo imuno mediado, processo
imunológico contra o próprio gato, pode vir com processo inflamatório sem infecção, ou com
processo infeccioso secundário, gerando a dúvida entre a linfocítica e neutrofílica.
Está correlacionada a gatos de meia idade a idosos, a partir dos 7 anos.
Pode apresentar processos de colangite de origem parasitária, gatos tem instinto predador, e
as lagartixas podem estar contaminadas com Platynossomum que gera processo inflamatório
nas vias biliares e pode ter o desenvolvimento de colangite, nem neutrofílica e nem linfocítica,
mas parasitária, tratando apenas com vermífugo, ocorre os sinais clínicos com 8 semanas após
a contaminação.
Padrão ouro para triagem: Ultrassonografia abdominal, podem ser visualizadas alterações
hepatobiliares, fígado com aumento de volume grande, mudança de ecogenicidade, vias
biliares dilatadas e com padrão de inflamação (paredes maiores que o normal), normalmente a
vesícula biliar é uma das coisas que mais rapidamente altera, ocorre dilatação de ductos
biliares e da vesícula biliar, pode ser provável causa de obstrução de via biliar e pode estar
correlacionado a colangite, cedimentos em vesícula, espessamento de parede da vesícula,
também são achados comuns, e muitas vezes negligenciados.
Marcadores hepáticos: aumento da fosfatase alcalina e GGT (biliar), Aumento de ALT e AST
pode ocorrer, mas não é patognomônico.
Outros achados: presença de Hiperbilirrubinemia.
Gatos tem dois tipos de bilirrubinas, direta e indireta, em obstruções a direta estará
aumentada.
Hemograma pouco específico, mas se alterado, tem relação com neutrofilia com ou sem desvio
(neutrofílica), e algumas vezes linfopenia.
Após todos os exames é necessário laparotomia para histopatológico hepático, para identificar
a forma, coleta de outros órgãos, desobstrução biliar, cultura de bile.
Pode ser realizado através de coleta guiada por ultrassom, porém pode estar mais
vascularizado devido a processos inflamatórios, cascata de coagulação baixa e maior chances
de hemorragia, dependendo do grau da hemorragia vem a óbito.
Coleta de bile, com lama biliar ou catarral, a coleta pode não ser possível devido a secreção
espessa e após a coleta pode haver contaminação da cavidade abdominal e peritonite.
Tratamento:
Depende da forma da colangite
Neutrofílica: antibiótico baseado em cultura, 6 a 8 semanas, amplo espectro e indicado para
hepatobiliar, como ampicilina, amoxicilina, metronidazol, fluoroquinolonas.
Linfocítica: imuno mediada, então reduzir a resposta autoimune, corticoterapia é o indicado.
Infiltrado de linfócitos no histopatológico.
Se houver infecção bacteriana secundária, corticoide e antibioticoterapia.
Prednisolona 2 a 4mg/Kg SID – 6 a 8 semanas, reduzir gradativamente, tratamento por tempo
indeterminado.
Parasitária: praziquantel
Suporte para controle de vomito, nutrição, hidratação
Outros para reduzir o trabalho do fígado: SaMe, silimarina, Vitamina E, N-acetilcisteína
(fluidificar a bile), ácido ursodeoxicólico (usarcol).
Patologias pancreáticas
Pancreatite
Inflamação do pâncreas exócrino, pode ser aguda ou crônica.
Aguda: tem infiltrado neutrofílico, que gera necrose das células acinares e gordura pancreática,
gera processo inflamatório tão grande na região periférica do pâncreas que dissolve todos os
órgãos e tecidos periféricos, tudo que é entrelaçado pela gordura é degenerado, próximo ao
mesentério, biliar, fígado, estomago, intestino etc. até a falência múltipla e morte.
Principal é aguda necrosante, em 24 a 48h, paciente entra em óbito.
Aguda supurativa, tem chances de sobrevivência.
Crônica: não deixar a crônica se tornar aguda, infiltrado de linfócitos, fibrose e atrofia acinar, p
pâncreas está funcionando com capacidade reduzida e o paciente ao longo do tempo pode
apresentar quadros clínicos leves por um tempo, que se não tratado se torna agudo.
Como classificar a pancreatite: difícil avaliando o paciente, histopatológico não interfere,
alteração de atrofia tem mais chances de ser crônica.
Etiologia: pouco definida, mas pode ocorrer isquemia, traumas abdominais (quedas), tríade
felina, doenças infecciosas (PIF e toxoplasmose principalmente), intoxicação por
organofosforados.
Fisiopatogenia: enzimas digestivas ativadas prematuramente, ativando a cascata inflamatória,
fax choque vasoativo hipotensivo refratário, faltando sangue e oxigenação do pâncreas, que
gera CID (coagulação intravascular disseminada), processo inflamatório disseminado (SRIS),
falência múltipla dos órgãos, pincipalmente na pancreatite de característica aguda.
Sinais clínicos: letargia, anorexia, desidratação, icterícia, vomito, diarreia e outros como febre
com característica intermitente ou hipotermia, dor abdominal, perda de peso, ascite e dispneia
(dor, efusão pleural).
Diagnóstico: ultrassonografia abdominal.
Aguda: pâncreas aumentado de tamanho, acima de 7mm, baixa ecogenicidade, paredes
irregulares, peritonite focal.
Crônica: ecogenicidade aumentada ou diminuída, irregular, na crônica pode apresentar
nodulações ou pseudocistos, mineralizações, dilatação de ducto.
Tem gatos que tem pancreatite crônica e não apresentar nenhuma alteração no ultrassom.
Existem exames específicos para detecção de pancreatite em gatos, como a lipase pancreática
específica felina.
Hemograma: sem achados específicos, mas pode haver na fase crônica, anemia da doença
inflamatória (discreta), leucocitose ou leucopenia (inespecífico).
Bioquímicos: marcadores hepáticos com alterações, hiper ou hipoglicemia, depende do tipo da
pancreatite, se tem característica mais aguda ocorre hipoglicemia, se crônica hiperglicêmico,
colesterol aumentado, cálcio e albumina baixos, pelos processos inflamatórios concomitantes.
Amilase e lipase dos gatos não é específica.
Lipase pancreática imunorreativa felina (FPLI): sensível a pancreatite.
Quantitativo: SNAP FLPI
Maior que 5,3 tem pancreatite
Se estiver entre 3,5 e 5,3, suspeita de pancreatite, mas não confirma
Abaixo de 3,5 não tem pancreatite
Qualitativo: teste visual, informa se tem alteração
Tratamento:
Não há tratamento específico
Tratar os sinais clínicos, mas em caso de pancreatite aguda, necrosando e supurando,
internamento devido a grande chance de óbito.
Doenças associadas como diabetes mellitus, lipidose, colangite e DII, podem ocorrer durante o
tratamento da pancreatite, por isso a doença é tão letal. Controlar náusea e vomito, manejo
nutricional com sonda, dieta com grande quantidade de proteína e baixa quantidade de
gordura e carboidrato. Controle da dor com morfina, butorfanol, metadona, tramadol ou
fentanil, se o paciente tem também obstrução de via biliar, se utilizar morfina pode
desencadear contração dos canalículos e da vesícula biliar, então pode piorar e agravar a dor.
Butorfanol, se utilizado concomitantes a outros opioides, ele inibe a ação dos outros opioides.
Se dor muito grande, infusão contínua de fentanil.
Manutenção hidroeletrolítica, paciente apresentando vomito, sem beber água, pode
apresentar diarreia, então as chances de apresentar distúrbios hidroeletrolíticos é alta, cuidado
com a hipotermia, aquecer o gato antes da fluidoterapia, hipocalcemia e hipocalcemia.
Suplementação de cianocobalamina (B12 IM ou SC), terapia anti-ácida com ranitidina, ou
sulcralfato, antibiótico se houver risco de sepse (amoxicilina +clavulanato OU fluoroquinolona +
ampicilina), corticoesteróides pode ser utilizado em pancreatite aguda, para redução do
processo inflamatório imunológico na periferia da região, Prednisolona em doses inflamatória
1 a 2mg/Kg, na crônica não utilizar porque aumenta as chances de diabetes medicamentosa,
agentes anti-oxidantes, como SaMe, vitamina C, vitamina E, silimarina.
Algumas vezes pacientes com pancreatite supurativa, é necessário intervenção cirúrgica,
colocando dreno abdominal e lavar a cavidade, para não agravar e ocorrer falência múltipla dos
órgãos, e em casos obstrutivos em ductos hepatobiliares e/ou pancreáticos.
Outras patologias pancreáticas: neoplasias primárias (adenocarcinoma, linfoma), metástase;
infecciosas: toxoplasmose, infecção por HVF-1; parasitária: Eurytrema.
Patologias multissistêmicas
Tríade felina
Inflamação concomitante nas vias biliares (extra e intra-hepáticas), no intestino delgado (ID) -
duodeno, e pâncreas.
Tríade felina acomete estes três órgãos.
Anatomia é um dos principais fatores que aumentam as chances, as vias biliares e pancreáticas
estão interligadas e saem juntas no duodeno, um processo inflamatório em um, gera
inflamação concomitante nos outros.
Os gatos apresentam vômitos, característica de vomito de jato, padrão diferenciado para casos
de tríade, ejeção retrograda ascendente de conteúdo duodenal, biliar e pancreático.
No intestino delgado, ocorrem os processos bacterianos, maiores possibilidades etiológicos
disbiose, e colangite crônica, gerando processo inverso, pancreatites ou neoplasias
pancreáticas que desencadeiam o processo, mas sem tempo de investigação.
DII, aumenta a permeabilidade intestinal, ocorrendo translocação bacteriana, gerando
enterotoxinas e mediadores inflamatórios para circulação como portal.
Diagnóstico e tratamento
Exames de USG abdominal, mostrando processo inflamatório nestes órgãos, avaliação de
marcadores hepáticos FA e GGT, FPLI.
Espessamento do intestino
Se já tem dois dos típicos, já pode classificar como tríade
Tratamento:
Medicações de maior abrangência
Tratamento de suporte, retirar a dor, vômito, ajustar a hidratação e o equilíbrio
hidroeletrolítico, e a alimentação (alto teor proteico, baixo teor de gordura e carboidrato),
corrigir hipotermia.
Tratamento individualizado
Complementar o diagnóstico:
Coleta de bile para cultura e citologia, citologia de linfonodos mesentéricos reativos
(direcionamento mais rápido).
Amostras de biopsias teciduais, mais comumente necessário em intestino, linfonodos
mesentéricos reativos, fígado e pâncreas, menos comum em baço e estomago.
Considerar a colocação de tubos alimentares
Considerar colocação de drenos abdominal (se peritonite instalada)
Prognóstico reservado a grave.
QUESTIONÁRIO
Qual a diferença entre cistite esporádica e cistite recorrente?
Esporádica quando ocorre menos de 3 vezes ao longo do ano, recorrente quando ocorre 3 ou
mais vezes ao longo de 1ano, ou duas ou mais vezes ao longo de 6 meses, podem ser recidivas
quando tem o mesmo agente ou reinfecção quando tem agentes distintos.
Qual a diferença entre cistite recidiva e reinfecção?
Recidiva tem o mesmo agente, reinfecção tem agentes distintos.
Paciente de 10 anos, no exame tal, alteração hepática biliar e o GGT elevado, qual das
colangites tem maior predisposição?
Linfocítica, devido a idade
Quais são as quatro principais clínicas que o paciente pode apresentar em caso de
pancreatite?
letargia, anorexia, desidratação, icterícia