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ALIMENTAÇÃO NOS DOIS

PRIMEIROS ANOS DE VIDA

Luiza Amélia Cabus Moreira


2005
Importância
Associação com doenças crônico-
degenerativas
Ganho de peso e comprimento
Hábitos alimentares na infância
Três períodos nos dois
primeiros anos
Leite humano ou fórmula de maneira
exclusiva : até 6 meses
Alimentação complementar:6-12
meses
Dieta da casa : após 12 meses
I. Nos primeiros 6 meses de vida : LH
exclusivo
II. Diminui freqüência de doenças
infecciosas
III. Alergias
Dewey 1995; Saarinen 1995
Em uso de LH exclusivo
Não usar chás, sucos ou água.
Ganho de peso.
Número de fraldas.
Motivo mais comum para suspensão
do LH: “leite insuficiente” BPA
1994.
Produção do LH
Variável nos primeiros 5 dias : 200-
900 ml/dia.
Regulado pelas necessidades da
criança
Estresse materno
FIL: Feedback inhibitor of lactation
Em média, durante o primeiro mês de
vida, a criança mama de 8 a 10 vezes/dia
e esta freqüência vai diminuindo até que
entre 4-6 meses : 6 a 8 mamadas/dia.

Hopkinson 1988
Produção de leite nos primeiros 4-6
meses : 750 ml/dia (DP= 130 ml/dia).
Nos primeiros 3 meses, amamentar ,
pelo menos, 7 vezes ao dia.
Hopkinson 1988
A criança que não ganha peso sendo
amamentada :
Fatores relacionados à criança :
Baixa ingestão: sucção insuficiente, sono excessivo,
freqüência insuficiente de alimentação, anomalias
craniofaciais.
Aumento das perdas: vômitos e diarréia, má-absorção,
infecção.
Aumento das necessidades calóricas: doenças do sistema
nervoso central, doenças cardíacas congênitas, crianças
nascidas pequenas para a idade gestacional.
I. Causas relacionadas à mãe:
Diminuição da produção da produção do leite:
hipotireoidismo, uso excessivo de anti-histamínicos, uso
de anticoncepcionais orais, uso excessivo de cafeína,
doenças maternas, dieta insuficiente, fadiga.
- Diminuição da descida do leite: estresse, ansiedade,
uso de drogas, hipertensão e fumo.

Whorthington-Roberts 1985
Alimentação complementar após os 6 meses
de vida : o porquê.
Criança de 6 Kg
VCT = 600 a 750 cal/dia
LH: 68 cal/100 ml
Produção média de leite aos 6 meses : 200-
400 ml/dia
Alimentação complementar e
DNPM
Levar as mãos à boca : 4 a 5 meses.
Alimentar-se com os dedos: 5 a 7 meses.
Desaparecimento do reflexo de extrusão: 4 a
5 meses.
Capaz de sentar com apoio e com bom
controle neuromuscular da cabeça e pescoço
(Blackman 1998;Illinworth 1064).
Alimentação complementar
A criança “aprende” a comer novos
alimentos.
Novas apresentações dos alimentos.
Preferência por alimentos doces e com
maior teor de gordura.
“Menor esforço”.
Influência dos hábitos familiares.
ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR
Controle excessivo dos pais.
Sensação de fome e saciedade.
Novo alimento: 12 a 15 vezes exposto
(Birch 1992).
“Mistura” de um sabor novo com um já
conhecido.
A criança não nasce com hábitos
alimentares. Estes são adquiridos.
Como todo hábito, há um
contexto social e familiar no qual
está inserido.
As “preferências’ alimentares
começam na infância e são
influenciadas pelos pais. Podem
persistir por toda a vida.
Golan 1988; Braren 1999.
Intervenções dietéticas que envolvem a
família tendem a produzir mais efeitos
positivos.
Crockett 1988.
Crianças exclusivamente
amamentadas
Introdução gradual dos alimentos: 6 meses.
Alimentos amassados e de colher.
Papa de frutas e depois alimentos salgados.
Segunda sopa: 7-8 meses.
Usar óleo
Antes dos 2 anos:sem dieta de baixo
colesterol
Cerca de 30% dos lactentes “cruzam os
percentis” de peso e/ou altura entre os 3-
18 meses de via (média =13 meses) e
passam a seguir o seu canal de
crescimento.

Smith 1976.
Crianças que usam fórmulas
lácteas
Fórmulas Lácteas:leites de
“seguimento”.
Densidade calórica: 67-70 cal/100 ml.
Capacidade gástrica: 20-40 ml/Kg/hora.
Diluição: 15%.
Colher medida: 4.8 g.
1 medida para cada 30 ml de água.
Fórmulas de “Seguimento”
Ingestão habitual até 6 meses: 150-200
ml/Kg/dia (100 a 135 cal/Kg/dia).
Ganho ponderal de 1 a 3 meses: 20 a
30 g/dia.
Ganho ponderal de 3 a 6 meses: 15 a
25 g/dia.
Leite de vaca integral
Penrod 1989;Ziegler 1989
Baixo teor de ferro.
Maior carga de solutos renais.
Menores concentrações de ácidos
graxos essenciais.
Menores concentrações: zinco, vitamina
C e elementos-traço.
Não recomendado antes de 1ano.
Leite de vaca integral em
menores de 4 meses de vida
Concentração a 10%.
Sacarose a 5%.
Óleo de milho ou soja a 1%.
Leite de vaca integral em
maiores que 4 meses de vida
Concentração a 15%.
Amido a 3 % (fubá, creme de
arroz,amido de milho e , depois, aveia).
Sacarose a 5%.
Óleo de milho ou soja a 3%.
Medidas “caseiras”
Uma colher de sopa rasa de leite= 5
gramas.
Uma colher de sopa de farinha= 3
gramas.
Uma colher de chá de óleo= 2 ml.
Aos 12 meses
Dieta “da casa”.
Alimentação variada.
Frutas, verduras e legumes.
Fonte proteica.
VCT com 10 a 20% de proteína+ 40 a
50% de hidratos de carbono e 30 a 40%
de gorduras.
Problemas e aspectos peculiares na
alimentação de crianças até dois
anos:
-falência no crescimento
-Anemia por deficiência de ferro
-Dietas vegetarianas
Falência no crescimento
Zehel 1997
Não há uma definição única.
Peso < P3 (NCHS) em duas ocasiões
diferentes dentro de 6 meses;
Peso “cruzando” 2 percentis na curva
do NCHS;
Peso< 80% para a idade.
Falência no crescimento
Geralmente em menores que 2 anos
(80%).
Não implica ,apenas, em
comprometimento de peso e/ou altura.
Diagnosticada mais comumente pelo
médico.
Qualquer classe social.
Orgânica
X
Não orgânica
Avaliação da falência do
crescimento
História detalhada;
Exame físico;
Equipe multidisciplinar;
Observar as refeições.
Condições que simulam
falência no crescimento
Baixa estatura familiar.
Retardo constitucional do
crescimento.
Anemia por deficiência de ferro
I. 42 % das crianças < 5 anos em países
subdesenvolvidos e 17% em países
industrializados ( ACC/SNC 2000;
Hertramp 1998).
II. Mais comum entre 6-24 meses.
III. OMS : 6 a 4 anos- limites inferiores de
Hb=11 g/dl e VCM= 72.
Associação entre anemia por
deficiência de ferro e
comprometimento da cognição e
desenvolvimento em crianças.
Nokes 1998.
Leite humano e ferro
Baixa concentração : 0.3 a 0.7 mg/L.
Alta biodisponibilidade (baixa
concentração de cálcio e fosfato,
presença de lactoferrina).
Crianças a termo exclusivamente
amamentadas : ferro profilático a partir
dos 6 meses até completarem 24
meses (1 mg/Kg/dia).
A anemia por deficiência de ferro,
mesmo em populações extremamente
pobres, pode ser evitada pela
suplementação em fórmulas lácteas (
Europa : 7 a 8 mg/L; EUA : 12
mg/L).
Booth 1997.
Anemia ferropriva
Ferro heme.
Alimentos facilitadores.
Alimentos inibidores.
Profilaxia da anemia ferropriva
RN a termo com LH exclusivo : dos 6 aos 24
meses – 1 mg/Kg/dia ( se não estiver
utilizando fórmula suplementada).
RN a termo usando fórmula: após deixar de
usar LH (igual ao acima).
RNPT ou de baixo peso : dos 30 dias aos 3
meses- 2 mg/Kg/dia. A partir de então: 1
mg/Kg/dia até 24 meses.
Dietas vegetarianas
Se propriamente adequadas, podem
alcançar todas as necessidades da
criança (Sander 1995);
Típico/Vegan/macrobióticos;
Riscos das dietas
vegetarianas restritas
Deficiência de vitamina B 12;
Deficiência de ferro;
Deficiência de vitamina D;
Deficiência de ácido decosahexaenoico
Ácido decosahexaenoico
Mielinização do SNC/retina.
Presente em carnes.
Razão ácido linoleico/linolênico alta :
inibe conversão do ácido alfa linolênico
ao ácido decosahexaenoico.
Usar óleo de soja ou canola (evitar óleo
de girassol ou milho)
Adequação das dietas
vegetarianas
Assegurar VCT adequado com 30 a
40% de lipídios, 40 a 50% de HC e 10 a
20% de proteínas;
Usar óleo de soja ou canola;
Suplementar : ferro, vitamina B 12 e
Zinco (fórmulas à base de soja);
Vitamina C para maior absorção de
ferro

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