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Estudo ecológico

Profa. Dra. Daiene Rosa


ESTUDOS ECOLÓGICOS - CARACTERÍSTICAS
A unidade de observação é um grupo de pessoas e não o
indivíduo
O grupo pertence a uma área geográfica definida como
estado, cidade, setor censitário.
 Frequentementesão realizados combinando-se arquivos
de dados existentes em grandes populações (dados
secundários).
 Avalia o contexto social e ambiental - medidas coletadas
no nível individual muitas vezes são incapazes de refletir
adequadamente os processos que ocorrem no nível coletivo
- Nível de desorganização social - epidemia mais intensa
OBJETIVOS

 Gerar ou testar hipóteses etiológicas → explicar a


ocorrência da doença.

 Avaliar a efetividade de intervenções na população →


testar a aplicação de nosso conhecimento para prevenir
doença ou promover saúde.
NÍVEIS DE ANÁLISE

TABELA PADRÃO
Fator em Doença
estudo Caso Não caso Total
Sim ? ? e1
Não ? ? e0
Total m1 m0 n
NÍVEIS DE ANÁLISE
TABELA PADRÃO
Exposição Doença
ao fator Presente Ausente Total
Sim a b a+b
Não c d c+d
Total a+c b+d n

 Muitosestudos epidemiológicos visam estimar o efeito de


uma exposição na ocorrência de uma determinada doença em
uma população sob risco.

 No NÍVEL INDIVIDUAL,os efeitos são estimados pela comparação


de taxas de incidência da doença em populações expostas e não
expostas.

 No NÍVEL ECOLÓGICO, não se sabe a distribuição conjunta entre a


exposição e a doença nos grupos, por isso, não se pode estimar
os efeitos dessa forma.
FORMAS DE ANÁLISE DE DADOS

 Análise gráfica simples, e de variância comparando


médias brutas ou ajustadas.

 Técnicas de mapeamento e de análise espacial de dados;

 Análise de testes de correlação através de modelos de


regressão linear simples ou múltipla.
TIPOS DE ESTUDOS ECOLÓGICOS

1. DESENHOS DE MÚLTIPLOS GRUPOS (DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL)

SUB-TIPOS: EXPLORATÓRIO E ANALÍTICO

2. DESENHOS DE SÉRIES TEMPORAIS

SUB-TIPOS: EXPLORATÓRIO E ANALÍTICO

3. DESENHOS MISTOS

SUB-TIPOS: EXPLORATÓRIO E ANALÍTICO


1. DESENHOS DE MÚLTIPLOS GRUPOS

ESTUDO EXPLORATÓRIO: comparação de taxas de doenças entre


regiões no mesmo período.

Objetivos: identificar padrões espaciais e gerar hipótese de


possível etiologia ambiental ou genética.

.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL ANO 2000, REGIÕES NORDESTE, SUL
E BRASIL

Região/UF ób-<1 ano pop-n.v. tmi/1000


Região Nordeste 24.553 996.497 24,6
.. Maranhão 1.898 138.797 13,7
.. Piauí 1.345 58.167 23,1
.. Ceará 3.801 153.587 24,7
.. Rio Grande do Norte 1.206 54.904 22,0
.. Paraíba 1.848 65.589 28,2
.. Pernambuco 4.885 158.717 30,8
.. Alagoas 2.027 65.622 30,9
.. Sergipe 1.163 38.872 29,9
.. Bahia 6.380 262.242 24,3
Região Sudeste 24.394 1.236.967 19,7
.. Minas Gerais 6.258 314.348 19,9
.. Espírito Santo 1.100 56.138 19,6
.. Rio de Janeiro 5.114 240.427 21,3
.. São Paulo 11.922 626.054 19,0
Brasil 68.199 3.213.310 21,2
2. DESENHOS DE SÉRIES TEMPORAIS

ESTUDO EXPLORATÓRIO:

Avalia a evolução das taxas de doença ao longo do tempo

em uma determinada população geograficamente definida.

Pode ser utilizado para prever tendências futuras da doença

ou avaliar o impacto de uma intervenção populacional.


DESENHOS DE SÉRIES TEMPORAIS –
Exemplo: estudo exploratório

Observam-se três tendências no período: alta mortalidade com uma


tendência estacionária, 1900-1945, acentuada redução entre 1945-1985 e
retomada do crescimento, 1985-1995.
2. DESENHOS DE SÉRIES TEMPORAIS

ESTUDO ANALÍTICO:

Avalia a associação entre as mudanças no tempo do nível


médio de uma exposição e das taxas de doença em uma
população geograficamente definida.
DESENHOS DE SÉRIES TEMPORAIS –
EXEMPLO: ESTUDO ANALÍTICO

O aumento no tempo de amamentação implicou redução nas taxas desta


meningite.
3. DESENHOS MISTOS

ESTUDO EXPLORATÓRIO:

Combina as características básicas dos estudos exploratórios

de múltiplos grupos e de séries temporais.

Avalia a evolução das taxas de uma doença em diferentes

grupos populacionais.
PROPORÇÃO DE ÓBITOS POR SSAMD€ EM IDOSOS NO TOTAL DE ÓBITOS
REGISTRADOS NOS IDOSOS, SEGUNDO MACRORREGIÕES, 1991-2005

Macrorregiões
Anos Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
1991 37,2 49,9 10,3 12,5 15,5
1992 36,8 48,8 10,4 11,6 16,1
1993 37,4 48,7 10,7 11,6 15,8
1994 37,3 46,1 10,8 11,3 15,8
1995 34,7 44,2 10,6 11,2 16,6
1996 33,1 41,9 10,1 10,5 13,9
1997 32,2 40,6 10,1 9,1 12,8
1998 33,0 39,3 10,9 8,8 12,9
1999 32,5 38,9 10,8 8,0 11,7
2000 31,6 36,2 10,4 7,1 10,3
2001 30,4 35,3 10,4 7,1 9,3
2002 28,6 34,4 9,8 7,2 8,2
2003 27,9 33,2 9,5 7,4 6,6
2004 27,0 30,0 8,9 6,8 6,9
2005 23,1 22,0 8,4 6,3 5,9
Fonte: MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM

Sintomas, sinais e afecções mal definidas
3. DESENHOS MISTOS

ESTUDO ANALÍTICO:

Avalia a associação entre as mudanças no tempo do nível de


exposição média e das taxas de doença entre diferentes
grupos populacionais.

A exposição potencializa a interpretação dos efeitos


estimados .
PROPORÇÃO DE DOMICÍLIOS LIGADOS À REDE DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA E TMI NOS ANOS DE 1991 E 2000, REGIÕES NE, SUL E BRASIL.

Regiões/estados Abastec/1991 Tmi/1991 Abastec/2000 Tmi/2000


Região Nordeste 42,8 28,8 55,6 24,6
.. Maranhão 22,5 7,5 30,7 13,7
.. Piauí 33,3 8,1 46,4 23,1
.. Ceará 36,4 22,0 54,4 24,7
.. Rio Grande do Norte 47,9 20,6 65,3 22,0
.. Paraíba 50,8 44,1 63,5 28,2
.. Pernambuco 55,1 57,1 62,4 30,8
.. Alagoas 44,4 42,8 55,7 30,9
.. Sergipe 58,4 29,5 69,4 29,9
.. Bahia 42,7 25,8 57,4 24,3
Região Sul 67,7 23,0 78,8 17,6
.. Paraná 68,7 28,1 82,3 20,3
.. Santa Catarina 61,0 19,3 73,8 16,1
.. Rio Grande do Sul 69,8 19,9 78,3 15,6
Brasil 65,0 27,2 72,9 21,2
INFERÊNCIA

 Estudos ecológicos são limitados para testar hipóteses


etiológicas, devido a potencial VIÉS NA ESTIMAÇÃO DO EFEITO.

 Viés ecológico (FALÁCIA ECOLÓGICA) - inferência causal


inadequada sobre fenômenos individuais na base de
observações de grupos. Uma associação observada no nível
agregado não necessariamente significa que essa associação
exista no nível individual, ou seja, o efeito ecológico não
reflete o efeito individual.
INFERÊNCIA

 Minimização do viés ecológico utilização de dados


agrupados em unidades de análise geográfica tão menores
quanto possível, tornando-as mais homogêneas.

A diversidade dos padrões de exposição e de distribuição de


co-variáveis não é capturada pelos estudos ecológicos.
VANTAGENS:
 Baixo custo e rápida execução → dados disponíveis: SIM,
SINASC, SINAN, IBGE;
 Capacidade de geração de hipóteses;
 Frequentemente, não é possível medir adequadamente
exposições individuais em grandes populações (ex. estudos
internacionais de dieta) faz-se no nível ecológico;
 A possibilidade de investigação de muitas variáveis
independentes disponíveis em diversas fontes de dados
(renda, escolaridade, consumo de bebidas alcoólicas);
 Estudos de nível individual não conseguem estimar bem os
efeitos de uma exposição, quando ela varia pouco na área de
estudo;
 Possibilita a mensuração de um efeito ecológico no estado
de saúde frente à implantação de um novo programa de
saúde ou uma nova legislação em saúde.
LIMITAÇÕES:
 Vulnerável a “falácia ecológica” (transpor achados do nível
agregado para o nível individual) e à multicolinearidade;
 Incapacidade de associar exposição e doença no nível
individual pois os dados representam níveis de exposição
média ao invés de valores individuais reais;
 Dados de diferentes fontes, o que pode significar qualidade
variável da informação;
 Dificuldade em usar técnicas mascaradas (por ex. duplo-cego)
de aferição das informações, o que aumenta o risco de viés;
 Possibilidade de efetuar muitas comparações, o que facilita
encontrar correlações significativas apenas por acaso;
 Variáveis ou fatores de confundimento – raramente é possível
neutralizar de maneira adequada.
ESTUDOS ECOLÓGICOS SÃO INDICADOS QUANDO:

 As variáveis são, por maior conveniência, definidas ou


medidas em grupo, e a análise individual requereria
tempo excessivo para a coleta de dados.

 A análise ecológica permite estudar uma grande


amplitude de valores da variável independente.

 A resposta populacional é o interesse primário.

 O efeito coletivo é mais que a mera soma dos efeitos


individuais.

 Baixo custo (pode utilizar informações já coletadas).

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