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INDICADORES

DE SAÚDE

PROFA. DRA. SYBELLE DE SOUZA CASTRO


DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
EPIDEMIOLOGIA
http://coronavirus.ufes.br/sites/coronavirus.ufes.br/files/styles/imagem_conteudo/public/field/image/epidemiologia.jpg?itok=h v088VyR

⚫ O termo distribuição é observado em qualquer definição de


epidemiologia.

⚫ É o estudo da variabilidade da frequência das doenças de ocorrência


em massa, em função de variáveis ambientais e populacionais
ligadas ao tempo e ao espaço.

⚫ A estrutura epidemiológica é dinâmica e pode modificar-se no


tempo e no espaço, definindo o que pode ser considerado como
ocorrência normal ou anormal da doença em uma determinada
população, em determinado tempo e espaço.
3 QUESTÕES PRIMORDIAIS
A base da maioria dos estudos consiste no exame detalhado de:

⚫ Quem adoeceu? – analisa a distribuição da doença segundo sexo,


ocupação, hábitos Ex: sarampo é mais comum na infância

⚫ Onde a doença ocorreu? – analisa a ocorrência de algum padrão


espacial da doença. Ex:a diarréia infecciosa é mais comum em áreas de
saneamento precárias.

⚫ Quando a doença ocorreu? – analisa o período e a velocidade de


ocorrência da doença. Ex: dengue é mais comum no verão.

(Medronho, 2012)
A CONSTRUÇÃO DE INDICADORES DE SAÚDE É
NECESSÁRIO PARA:

⚫ Analisar a situação atual de saúde

⚫ Fazer comparações

⚫ Avaliar mudanças ao longo do tempo


https://www.paho.org/bra/images/stories/BRA03A/logo1_ops_alerta.jpg

Em geral números absolutos não são utilizados para


avaliar o nível de saúde, pois não levam em conta o
tamanho da população.

(CBVE, 2005).
NÚMEROS ABSOLUTOS
ÁGUA COMPRIDA UBERABA
• 250 casos de dengue • 250 casos de dengue

• 250/2058 hab.*100.000= • 250/325.300*100.000=


12.141,00 casos por 76.85 casos por 100.000hab.
100.000hab.

Números absolutos não permitem identificar a magnitude do problema


Ou fazer comparações entre cidades!
INDICADORES DE SAÚDE

http://hoje.unisul.br/wp-content/uploads/2018/10/epidemiologia-uh-300x229.jpg

• Indicadores são instrumentos de medida utilizados para


descrever e analisar uma situação existente, avaliar o
cumprimento dos objetivos e das metas, suas mudanças ao
longo do tempo e prever tendências futuras.

• O primeiro indicador utilizado em avaliações de saúde


coletiva, e ainda hoje o mais empregado, é o de
mortalidade. Isto pode ser explicado pelas facilidades
operacionais: a morte é definida objetivamente, e cada óbito
tem que ser registrado.

(CBVE, 2005).
INDICADORES DE SAÚDE

• Após observar a qualidade e a cobertura dos dados é preciso


transformá-los em indicadores, que possam servir para:

• comparar o observado em um determinado local com o observado


em outros locais no mesmo período de tempo,

Ex: incidência de homicídios no ano 2014 em RJ e SP


• ou em um mesmo local em diferentes tempos.
Ex: incidência de homicídios no RJ entre 2000 e 2010
QUALIDADE X COBERTURA DOS DADOS
INDICADORES DE SAÚDE

• Podem ser expressos na forma de frequências absolutas ou


frequências relativas.

Foram notificados 146.000 casos de AIDS.


Onde?
No Brasil?
Na América Latina?
No mundo?
Quando?
Em 2015?
Entre 1990 a 2015?
INDICADORES DE SAÚDE

FREQUÊNCIAS RELATIVAS:

• As proporções representam a parte de um todo (pizza),


indicando a importância da parte no conjunto total. Os casos
incluídos no numerador são também subconjunto do
denominador, mas não expressam risco.

• ex: mortalidade proporcional por causa ou por idade


INDICADORES DE SAÚDE

FREQUÊNCIAS RELATIVAS:
• Os coeficientes representam o risco de determinado evento
ocorrer na população (de países, estados, municípios, nascido-
vivos, mulheres, idosos, etc.).
• O numerador (casos: doença, óbito, incapacidade, determinada
característica) é um subconjunto do denominador.
• O denominador – é a população sob o risco de adoecer, morrer,
tornar incapacitado, etc.
• Múltiplos de 10: 100, 1000, 10.000, 100.000
Coeficientes = nº casos/ população sob risco x10n
INDICADORES DE SAÚDE
• Razão: o numerador e denominador são da mesma natureza,
mas são de grupos excludentes, o numerador não está
incluído no denominador.

• A razão mede a relação entre eventos.

• Ex: razão de masculino/feminino (nº residentes sexo


masculino/nº residentes sexo feminino x100),
• Ex : razão de dependência:
DIFERENÇA ENTRE:
COEFICIENTE E ÍNDICE

• Coeficiente: expressa probabilidade ou risco.

• Índice: não expressa risco, e sim a relação entre eventos. Pode


expressar situações multidimensionais, pois incorpora em uma
medida única diferentes aspectos: escore/pontuação, razão entre
duas quantias que expressam dimensões de natureza diferentes.
Podem ser de 3 tipos:

1) O que está contido no denominador não está sujeito ao evento


descrito no numerador.

Ex: relação leitos/hab., telefone/hab.,médicos/pacientes.


ÍNDICES

2) Os casos incluídos no numerador também são colocados


no denominador. (Atenção: tais proporções não medem
risco!!). O índice também pode ser a expressão de um evento
sob a forma de frequência relativa.

• Ex: índice de mortalidade proporcional.

3) Os casos incluídos no numerador não são colocados no


denominador.

• Ex: índice de massa corporal (Quetelet): peso/altura2 (IMC).


CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS
FUNDAMENTAIS

• Incidência: Frequência com que surgem novos


casos de uma doença, num intervalo de tempo.

• Prevalência: Frequência de casos de uma doença,


existentes em um dado momento.
COEFICIENTES DE INCIDÊNCIA

• Representa o risco de ocorrência (casos novos) de uma


doença na população.

Casos novos da doença em determinada comunidade e tempo x 10 n

População da área no mesmo tempo

A incidência pode ser calculada segundo faixa etária,


sexo, ano, etnia, etc.
Incidência de AIDS no município de Uberaba,
1991 a 2003

6 9 ,13

6 2 ,8 2
6 0 ,6 4 59 ,8 5
55

4 6 ,14
4 1,14
3 6 ,9 7
3 4 ,58 3 5,18
3 3 ,52

2 6 ,8 3

2 0 ,2 9

19 9 1 19 9 2 19 9 3 19 9 4 19 9 5 19 9 6 19 9 7 19 9 8 19 9 9 2000 2001 2002 2003

Fonte – Secretaria Municipal de Saúde, 2004


TAXA DE ATAQUE

Esta taxa, sempre expressa em percentagem, nada mais é do que


uma forma especial de incidência. É usada quando se investiga um
surto de uma determinada doença em um local onde há uma
população bem definida como residência, creche, escola, quartel,
colônia de férias, pessoas que participaram de um determinado
evento como um almoço, etc. Essas pessoas formam uma população
especial, exposta ao risco de adquirir a referida doença, em um
período de tempo bem definido.

Taxa de ataque = n.º de casos da doença em um dado local e período x 100


população exposta ao risco
INCIDÊNCIA
INCIDÊNCIA
COEFICIENTES DE PREVALÊNCIA

• Representa o número de casos presentes (novos e antigos) em uma


determinada comunidade, num período de tempo específico.

Casos presentes da doença em determinada comunidade e tempo x 10 n


População da área no mesmo tempo

• Medida “estática”: casos existentes detectados através de uma


única observação.
COEFICIENTES DE PREVALÊNCIA

• A prevalência, além dos casos novos, é afetada pela duração da


doença (casos antigos), o que pode diferir entre comunidades, devido a
qualidade de assistência a saúde, acesso aos serviços, condições
nutricionais e socioeconômicas da população.

Assim quanto maior a duração média da doença, maior


será a diferença entre a prevalência e a incidência.
COEFICIENTES DE PREVALÊNCIA

• É afetada por casos que imigram (entram), emigram


(saem), por curas e óbitos.
Casos novos
Imigração

Cura
Óbito
prevalência Emigração

É uma medida útil para os administradores da área da


Saúde, para o planejamento de recursos (nºconsultas/ano
Leitos/mês, medicamentos/mês).
COEFICIENTES DE PREVALÊNCIA

• RAIVA
• GRIPE
• SARAMPO
• DENGUE
• HIPERTENSÃO
• DIABETES
LETALIDADE

• Representa a % de óbitos entre os casos da doença, é indicativo da


gravidade da doença.

• Há fatores que aumentam ou diminuem a letalidade da doença.

• Como: condições socioeconômicas, estado nutricional, acesso a


medicamentos e diagnósticos precisos, etc. As características da própria
doença.

Ex: a raiva humana é quase 100% letal


LETALIDADE

• Seu resultado é expresso sempre em porcentagem.


Representam o risco que as pessoas com a doença tem de
morrer por essa mesma doença.

Óbitos devido a doença x em determinada comunidade e tempo x 100


Casos da doença x na mesma área e no mesmo tempo
COEFICIENTES DE MORTALIDADE

• Coef.Mortalidade Geral (CMG): representa o risco de óbito


na comunidade.

• É muito utilizado para comparar o nível de saúde em


diferentes locais, pois não leva em conta a estrutura etária
desta população.

Nº Óbitos em determinada comunidade e ano x 1000


População estimada para 1º de julho do mesmo ano
COEFICIENTES DE MORTALIDADE

• Coef.Mortalidade Infantil (CMI): é uma estimativa de


risco que as crianças nascidas-vivas tem de morrer antes
de completarem 1 ano de idade.
• É considerado um indicador sensível das condições de
vida e de saúde de uma comunidade.

Nº Óbitos de <1ano em determinada comunidade e ano x 1000


Nascidos vivos na mesma comunidade e ano
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL (CMI)
PODE SE DIVIDIDO EM:
• C.M.Neonatal: óbitos de 0 a 27 dias inclusive, em relação ao total de
nascidos-vivos por 1.000.
• C.M.Neonatal Precoce: óbitos de 0 a 06 dias inclusive, em relação ao total
de nascidos-vivos por 1.000.
• C.M.Pós-Neonatal ou Infantil Tardia: óbitos de 28 a 364 dias inclusive, em
relação ao total de nascidos-vivos por 1.000.

Essa divisão deve-se a


• Os óbitos do período neonatal estão relacionados a problemas com a
gestação e o parto (causas perinatais e anomalias congênitas).

• Os óbitos do período pós-neonatal estão relacionados ao meio ambiente,


condições de vida e de acesso aos serviços de saúde (doenças infecciosas,
pneumonias, diarréias, etc)

Em países mais pobres prevalece


os componentes pós-neonatais
OS COEFICIENTES QUE MEDEM OS NASCIMENTOS DE UMA
POPULAÇÃO SÃO OS DE:

• Coeficiente Geral de Natalidade (relacionado ao tamanho da pop.)

Nº total de Nascidos-vivos residentes em determinada área e período x 1.000

População total residente da mesma área no meio do período


• Coeficiente de Fecundidade Total (relacionado com nº mulheres em idade
fértil)

Nascidos-vivos em determinada área e período x 1.000


Mulheres de 15-49 anos da mesma área no meio do período
COEFICIENTES DE MORTALIDADE POR DOENÇAS
TRANSMISSÍVEIS

• É uma estimativa de risco de uma população morrer por doenças infecciosas


e parasitárias. Classificadas atualmente no Capítulo I da CID 10.

• Quanto mais elevado for este coeficiente, pior são as condições de vida.Ex:

Óbitos devido a doenças infecciosas e parasitárias x 10n

População estimada para o meio do ano na mesma área

Cuidado! Com a definição de óbitos ou causas!


Até 1995 era utilizado a CID 9, após 1996 passou para CID 10
Ex: CID 9 – Aids, cap.III Dçs endócrinas
CID 10-Aids, cap.I Dçs infecciosas e parasitárias
PROPORÇÕES MAIS UTILIZADAS NA ÁREA DA SAÚDE

• Mortalidade proporcional por idade

Óbitos na faixa etária de interesse (ex:20-29 anos) x10 n


Total de óbitos

• ex: mortalidade infantil proporcional = óbitos <1ano


Total de óbitos

• Mortalidade proporcional de 50 anos e +, conhecida como Indicador


de Swaroop e Uemura ou Razão de Mortalidade Proporcional
Óbitos >50 anos
Total de óbitos
INDICADOR DE SWAROOP E UEMURA
MORTALIDADE PROPORCIONAL DE 50 ANOS E +
RAZÃO DE MORTALIDADE PROPORCIONAL

• Quanto pior as condições de vida e saúde, > será a


Mortalidade Infantil Proporcional e < o Indicador de Swaroop
e Uemura, pois grande parte da população não completará
50 anos de vida.

• Nos países ricos , a maioria da pop. morre com + 50 anos e


o Indicador de Swaroop e Uemura será mais alto, ~85%.
Mortalidade Proporcional (todas as idades)
8,9%
17,8%

17,6%

9,2%

1,7%

14,5%

30,3%
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias
II. Neoplasias (tumores)
IX. Doenças do aparelho circulatório
X. Doenças do aparelho respiratório
XVI. Algumas afec originadas no período perinatal
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade
Demais causas definidas
Uberaba, 2006.
Mortalidade proporcional segundo grupo de causas (CID-10)
e faixa etária, Brasil, 2004.

Grupo de Causas Menor 1 1a4 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 49 50 a 64 65 e mais


I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 7,5 17,0 8,9 6,1 2,5 8,6 4,9 3,4
II. Neoplasias (tumores) 0,3 8,2 14,7 12,4 5,1 12,0 23,3 16,7
IX. Doenças do aparelho circulatório 0,9 2,9 4,0 5,7 3,9 16,2 36,1 42,6
X. Doenças do aparelho respiratório 6,7 20,3 8,8 6,7 3,2 5,1 8,2 16,1
XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 61,2 0,6 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 2,2 22,6 40,4 49,7 75,5 41,3 8,1 3,0
Demais causas definidas 21,2 28,4 23,0 19,2 9,8 16,7 19,3 18,4
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: SIM
MORTALIDADE PROPORCIONAL

•A Mortalidade Proporcional por idade pode ser


representada em gráfico, conhecido como Curva de
Mortalidade Proporcional ou Curva Nelson de Morais.

• Para tanto, deve-se calcular a % correspondente as


seguintes faixas etárias: <1, 1-4, 5-19, 20-49 e 50 e + (a
soma deverá dar 100%). A seguir coloca-se os valores no
gráfico.
CURVA DE MORTALIDADE PROPORCIONAL POR IDADE, EM DIFERENTES
SITUAÇÕES DE SAÚDE
Curva de mortalidade proporcional
(Curva de Nelson Moraes). Uberaba, 2003

90

80

70

60

50
%
40

30

20

10

0
< 1 ano 1 a 4 5 a 19 20 a 49 50 e +
anos anos anos anos
Faixa Etária

Fonte – Secretaria Municipal de Saúde, 2004


Frequência de óbitos por faixa etária no município de Uberaba,
2003
Uberaba
700

600

500

400

300

200

100

< 1ano 1-4 5-14 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75 e +

Fonte – Secretaria Municipal de Saúde, 2004


IMPORTANTE!!!

⚫ Ter cautela com resultados de indicadores que baseiam-se em


números pequenos, que podem apresentar variação aleatória.

⚫ Ex:150 nascidos-vivos em uma área, se nenhum morre o coef. é zero,


se ocorrer 1 óbito infantil o CMI será 6,7/1.000, se ocorrerem 2 o CMI
será 13,3/1.000.

⚫ Para evitar flutuação aleatória de valores a OMS, recomenda


que os dados sejam agregados por período de tempo mais
longo, ex: 3 anos consecutivos.
PORTANTO!
OS INDICADORES SERVEM:

PARA AVALIAR O NÍVEL DE SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO E


INDIRETAMENTE O SEU NÍVEL DE VIDA.

REFLETIR AS MÉDIAS DO QUE ESTÁ ACONTECENDO EM


UMA POPULAÇÃO, MONITORAR TENDÊNCIAS.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• SOARES, DA; ANDRADE, SM; CAMPOS,JJB. Epidemiologia e


indicadores de saúde. In: ANDRADE, SM; SOARES, DA; CORDONI
JR,L. Bases da saúde coletiva. Londrina: UEL, 2001, p.268.

• PEREIRA,MG. Indicadores de saúde. Cap.4.pp.49-75. In:


Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2000.

ON LINE:
• REDE Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos
para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações / Rede Interagencial
de Informação para a Saúde - Ripsa. – 2. ed. – Brasília: Organização
Pan-Americana da Saúde, 2008. 349 p.:
il.http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf

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