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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia


Departamento de Medicina Preventiva e Social

MEDIDAS EM SAÚDE
COLETIVA

Profa. Mariana Rabelo


Componente: MEDD81

Setembro/2022
Objetivo
• Possibilitar o entendimento
sobre as definições e
aplicações das principais
medidas em Saúde Coletiva e
a compreensão da situação
de saúde de uma população
para a melhoria da
qualidade da prática
profissional e das ações de
intervenção.

(Imagens do Google, 2022)


Como medir saúde
Análise da situação de saúde de uma
população
• Por quê?
CONHECER PARA INTERVIR

• Como?
INDICADORES DE SAÚDE

MORBIDADE MORTALIDADE

SERVIÇOS DE
SOCIOECONÔMICOS SAÚDE AMBIENTAL DEMOGRÁFICOS
SAÚDE
MEDIDAS DE MORBIDADE
E MORTALIDADE
Medidas de morbidade
[s.f.] estado do que é mórbido, morbidez, capacidade para
ocasionar doenças.

• Referem-se ao conjunto de indivíduos acometidos


por uma doença ou agravo à saúde em uma
população, local e período de tempo
determinados.

(Lima; Pordeus; Rouquayrol, 2013)


Medidas de morbidade
Fontes de dados

• Notificações SINAN
• VIGITEL, PNS
• Prontuários
• Laboratórios
• Registros da Previdência Social
• Bancos de dados de pesquisas

(Lima, Pordeus, Rouquayrol, 2013)


Medidas de morbidade
PREVALÊNCIA
• Implica a magnitude com que as doenças ou
agravos à saúde subsistem na população

➢ Lápsica (no período) e Instantânea (pontual)

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de morbidade
PREVALÊNCIA LÁPSICA ou NO PERÍODO
• Expressa o número total de casos em um local
durante um período, sem subtrair as defecções do
período (curas e óbitos)

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de morbidade
PREVALÊNCIA INSTANTÂNEA OU PONTUAL
• Expressa o número total de casos em um local e
período, extraindo-se as curas e óbitos

(Mota, Kerr, 2011)


Questão de pesquisa Medida
Você tem asma atualmente? Prevalência pontual
Você teve asma no último ano? Prevalência no período

Qual numerador para a prevalência no período?


E para a prevalência pontual?
(Gordis, 2017)
Medidas de morbidade
PREVALÊNCIA
Exemplo
Em Salvador, em 2013, a população era de 2.883.682 habitantes. Foram tratadas
para Tuberculose 2.342 pessoas. Em 31/12/2013, destas pessoas 1.050 estavam
curadas e 51 evoluíram a óbito.

1) Qual a Prevalência de Tuberculose para o ano de 2013 em Salvador?

Prevalência Lápsica = 2.342 x 10n = 0,0008121 x 105= 81,2


2.883.682
A prevalência de Tuberculose em Salvador no ano de 2013 foi de 81,2 casos a
cada 100.000 habitantes.

2) Qual a Prevalência de Tuberculose em 31/12/2013 em Salvador?

Prevalência Pontual =2.342 – (1.050 + 51) x 10n = 0,0004303 x 105= 43,0


2.883.682
Em 31/12/2013 haviam 43 casos de Tuberculose para cada 100.000 habitantes em
Salvador.
Medidas de morbidade
INCIDÊNCIA
• Implica na intensidade com que acontecem os casos
novos da doença ou agravo à saúde em uma
população e tempo delimitados

• Mede o risco de uma população exposta adoecer

• Incidência Cumulativa, Densidade de


Incidência e Taxa de Ataque

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de morbidade
INCIDÊNCIA CUMULATIVA
• Expressa o número total de casos novos entre uma
população exposta ao risco de adoecer, em
determinado período de tempo

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de morbidade
DENSIDADE DE INCIDÊNCIA
• Expressa a taxa média da incidência de uma
doença/agravo e a soma dos períodos individuais
de exposição em determinado período de tempo

(Mota, Kerr, 2011)


Qual a Incidência Cumulativa nos 5 anos?
Qual a Densidade de Incidência?
(Gordis, 2017)
Exercício

(Bonita et al., 2010)


Calcular:
1) Prevalência no início do quarto ano
2) Incidência Cumulativa
3) Densidade de incidência
Medidas de morbidade
TAXA DE ATAQUE
• Doenças ou agravos de natureza aguda que
coloquem em risco uma população por um período
limitado

• Muito usada nos surtos epidêmicos


Medidas de morbidade
➢ TAXA DE ATAQUE PRIMÁRIO
• Casos novos primários

➢ TAXA DE ATAQUE SECUNDÁRIO


• Casos novos entre contatos conhecidos (secundários)

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de morbidade
RELAÇÃO ENTRE PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA

(Adaptado de Kerr-Pontes, 2003)


Medidas de morbidade
RELAÇÃO ENTRE PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA

P = I x D*
* Duração da doença

• Epidemia de alta letalidade?


• Doença crônica de baixa letalidade?

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de mortalidade
[s.f.] condição do que é mortal, óbito.

• Referem-se ao conjunto de indivíduos que


evoluíram a óbito em uma população exposta, em
determinado local e período de tempo.

• Podem ser geral ou específicas (causa, idade, etc).

(Lima, Pordeus, Rouquayrol, 2013)


Medidas de mortalidade
Fontes de dados

• Declarações de Óbitos (DO) SIM


• SIH
• Boletins de Ocorrência
• Censos
• Bancos de dados de pesquisas
(Lima, Pordeus, Rouquayrol, 2013)
Medidas de mortalidade
RAZÃO

TAXAS
ÍNDICES

COEFICIENTES

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL
• Expressa o número de óbitos por todas as causas
em uma população exposta, em determinado
lugar e período de tempo.

• Risco de morte em determinada população, lugar


e período.

• Indica o estado sanitário de áreas determinadas,


associado a outras medidas de mortalidade.
(Mota, Kerr, 2011)
Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL

CMG = Nº total de óbitos x 10n


População exposta

Exemplo: No Brasil, em 2012, haviam 193.976.530 habitantes.


Destes, 1.181.166 evoluíram a óbito.

CMG = 1.181.166 x 10n = 0,006089 x 105= 608,9


193.976.530

A mortalidade geral no Brasil, em 2012, foi de 608,9 óbitos a


cada 100.000 habitantes.
Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSAS
• Expressa o número de óbitos por causa específica,
por 100.000 habitantes, em determinado local e
período.

• Estima a probabilidade de morrer por uma causa


específica em determinado local e período.

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSAS

Exemplo: No Brasil, em 2012, haviam 193.976.530 habitantes.


Destes, 333.295 morreram em decorrência de doenças do aparelho
circulatório.

CMCcirculatório = 333.295 x 100.000 = 0,001718 x105= 171,8


193.976.530

A mortalidade geral no Brasil, em 2012, foi de 608,9 óbitos


a cada 100.000 habitantes.
Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSAS
Gráfico 1 - Mortalidade pelas principais causas de óbito/100.000 habitantes.
Brasil, 2012.
200
Coeficiente de mortalidade por causas/100.000

180 171,8
160
140
120
98,8
100
habitantes

78,4
80 65,6
60
37,4
40 31,2 25,6
20
0
Neoplasias

Aparelho digestivo
Causas externas

Infecciosas e parasitárias
Aparelho circulatório

Aparelho respiratório

Endócrinas, nutricionais e
metabólicas

Grupos de Doenças (capítulo da CID X)

(SIM. IBGE, 2012)


Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE ESPECÍFICO
➢ por sexo

➢ por idade
Medidas de mortalidade
Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL
• Expressa o total de mortes em crianças
menores de um ano a cada 1.000 crianças
nascidas vivas, em uma determinada região e
período de tempo.
• Indica o desenvolvimento
social de uma região.

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL

Exemplo: No Brasil, em 2012, nasceram vivas 2.905.789 crianças.


Destas, 39.123 morreram antes do primeiro ano de vida.

CMI = = 39.123 x 1.000= 13,5


2.905.789

A mortalidade infantil no Brasil, em 2012, foi de 13,5 óbitos/1.000


nascidos vivos.
Gráfico 2 - Mortalidade infantil por regiões do Brasil, 1990-2009
Medidas de mortalidade
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL

PRECOCE
(0 a 7 dias)
NEONATAL
(até 28 dias)
CMI TARDIA
(< 1 ano) (8 a 28 dias)
PÓS NEONATAL
(após 28 dias a <
1 ano)
Medidas de mortalidade
RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA
• Expressa os óbitos ocorridos entre gestantes, parturientes
e puérperas a cada 100.000 nascidos vivos.

Exemplo: No Brasil, em 2012, morreram 1.647 mulheres devido às causas


relacionadas a gestação, parto e puerpério. Crianças vivas
nascidas no período: 2.905.789.

RMM = 1.647 x 100.000= 56,7


2.905.789
Medidas de mortalidade
RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA
Medidas de mortalidade
MORTALIDADE PROPORCIONAL
• Expressa a proporção de óbitos por determinada causa
dentre o total de óbitos

Exemplo: No Brasil, em 2012, morreram 1.181.166 pessoas. Destas,


152.013 em decorrência de causas externas.

MPcausasextBrasil2012= 152.013 x 100= 12,9%


1.181.166
Gráfico3 - Mortalidade proporcional por grupos de causas. Brasil, 1930-2009
Medidas de mortalidade
MORTALIDADE INFANTIL PROPORCIONAL
• Expressa a proporção de óbitos infantis dentre o total de
óbitos
• Vantagem de não necessitar do número de nascidos vivos
• Alta correlação com as condições sociais

Exemplo:
MIPBrasil2012 = 39.123 = 3,3%
1.181.166
(Mota, Kerr, 2011)
Medidas de mortalidade
CURVA DE NELSON-MORAES

• Expressa a mortalidade proporcional por faixa


etária (menores de 1 ano, 1-4 anos, 5-19 anos,
20-49 anos, 50 anos ou mais).

• Visualização do padrão de mortalidade e seu


significado epidemiológico, permitindo a
comparação com outras regiões ou países.

(Mota, Kerr, 2011)


Medidas de mortalidade
CURVA DE NELSON-MORAES
Medidas de mortalidade
CURVA DE NELSON-MORAES

Gráfico 4 - Mortalidade proporcional por faixa etária. Brasil, 2012.


80
75,3
70

60
Mortalidade proporcional

50

40

30
18,2
20

10
3,3 2,6
0,5
0

Faixa etária
(SIM. IBGE, 2012)
Medidas de mortalidade
ÍNDICE DE SWAROOP-UEMURA
• Expressa a mortalidade proporcional de maiores de 50
anos, dentre o total de óbitos.
• Indica as condições de vida e saúde de uma população.
• Permite comparações entre países.

(Mota, Kerr, 2011)

Exemplo:
ISUBrasil2012 = 886.386 x 100 = 75,0%
1.181.166
Medidas de mortalidade
LETALIDADE
• Expressa o poder do agravo/doença de provocar o
óbito.

(Mota, Kerr, 2011)

Exemplo: No Brasil, em 2012, foram notificados 3.055 casos confirmados de


Leptospirose. Desses, 180 evoluíram a óbito.

LetalidadeLeptospiroseBrasil2012= 180 x 100 = 5,9%


3.055
Medidas de mortalidade
ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS
• Expressa o impacto da mortalidade precoce por uma
determinada causa em relação à duração média
esperada de vida de uma população.
(Mota, Kerr, 2011)
ORGANIZANDO AS IDEIAS…
Medidas em Epidemiologia

MORBIDADE MORTALIDADE

INCIDÊNCIA Mortalidade geral


PREVALÊNCIA
Mortalidade por
No período Cumulativa causas
Mortalidade materna
Densidade de
Pontual
Incidência
Mortalidade infantil
Taxa de ataque
Mortalidade
proporcional
Letalidade
MAIS DÚVIDAS
REFERÊNCIAS
Almeida Filho, N; Barreto, ML. Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
Gordis, L. Epidemiologia. 5ª ed. Revinter, 2017.
Krieger N. A glossary for social epidemiology. J Epidemiol Community Health, 2001; 55:693-700.
Lima, JRC; Pordeus, AMJ; Rouquayrol, MZ. Medida da Saúde Coletiva. In: Rouquayrol, MZ; Gurgel,
M. Epidemiologia & Saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2013.
Mota, E; Kerr, LRFS. Medidas de ocorrência de doenças, agravos e óbitos. In: Almeida-Filho N;
Barreto, ML. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011.
Rouquayrol, MZ; Goldbaum, M; Santana, EWP. Epidemiologia, história natural e prevenção de
doenças. In: Rouquayrol, MZ; Gurgel, M. Epidemiologia & Saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro: MedBook,
2013.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
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MEDIDAS EM SAÚDE
COLETIVA

Profa. Mariana Rabelo


Componente: MEDD81

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