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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Instituto de Biologia

Curso de Ciências Biológicas - Bacharelado

Disciplina de Filosofia da Ciência

Professor Jovino Pizzi

Informe Filosofia da Ciência

Caroline da Silva Cavalheiro


Júlia Stolf Tassinari
Júlia Gabriela Kszezinski Viégas
Yasmin Dummer Ruas

Pelotas, novembro de 2022


Resumo:
O trabalho a seguir explica o que é IDH e utiliza como base os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU ou ODS, sendo o foco o estudo do ODS 3–
“Saúde e bem-estar: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades”, que a partir de debates em grupo, foi classificado
dentre os 17 objetivos como o mais importante a ser defendido dentro do contexto
atual da sociedade, por se tratar do alcance à saúde e ao bem-estar da
população.
Temos como base as cidades de Pelotas (RS) e de Camaquã (RS), cidades
das integrantes do grupo, e os indicadores da ONU que são utilizados para
mensurar um objetivo ideal ao alcance de uma cidade com um bom padrão de
saúde e bem-estar.
Mostramos possíveis problemas em nossas cidades sobre esses indicadores
que estão listados como desafios a serem solucionados, como cobertura vacinal e
saneamento básico, que foi considerado pelo grupo importante de ser citado por
mais que não esteja listado pela ONU como indicador.
O grupo também traz um resumo sobre o livro ”Monocultura da mente”
levantando uma discussão sobre o capitalismo e como ele pode afetar o acesso
de um indivíduo à boa saúde.
Introdução:
O pacto global assinado durante a Cúpula das Nações Unidas em 2015 por
193 países membros, a “Agenda 2030” é composta pelos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU ou ODS, que têm como foco superar
desafios de desenvolvimento enfrentados no mundo, promovendo o crescimento
sustentável global até 2030. São 17 objetivos entrelaçados e compondo 169
metas.
Esse trabalho tem como objetivo principal a abordagem do ODS 3 –
“Saúde e bem-estar: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades”, que a partir de debates em grupo, foi classificado
dentre os 17 objetivos como o mais importante a ser defendido dentro do contexto
atual da sociedade, por se tratar do alcance à saúde e ao bem-estar da
população.
Em primeiro lugar, é importante destacar que a saúde e o bem-estar
humano estão ligados a diversos fatores estruturais, como o meio ambiente,
saneamento básico, boa educação, acesso a tratamentos, medicamentos e
prevenção de doenças, então é preciso resolver diversos problemas para que a
saúde e bem-estar de uma população sejam garantidos, sendo esse tópico muito
abrangente decidiu-se destacar certos quesitos vistos como mais relevantes em
nossas cidades, Pelotas (RS) 328.275 indivíduos (IBGE/2010) e Camaquã (RS)
62.764 indivíduos (IBGE/2010).
O que é o IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um método de medida de


qualidade de vida de uma nação que tem como base a educação, saúde e renda.
Tal medida é feita usando estudos da qualidade de vida dos indivíduos.

A escala classifica os países em cinco faixas: IDH muito alto, alto, médio,
baixo e muito baixo e o cálculo é feito pela soma de saúde, que é a expectativa
máxima de vida subtraída por a expectativa mínima de vida, mais o PIB per capita
mais a taxa de alfabetização de adultos dividido por 3, o que resultará em um
número entre 0 e 1 sendo que, quanto mais próximo de 1, maior o
desenvolvimento humano.

IDH= E + S + R/ 3 RESULTA EM ALGO ENTRE 0


E 1.

TABELA DE DADOS PRIMÁRIOS:

Brasil Rio Grande do Pelotas Camaquã Fonte


Sul
NÚMERO 138.290.417 10.693.929 328.275 62.764
POPULACIONAL (2022) (2010) (2010) (2010) IBGE
POPULAÇÃO 84,72%
URBANA (2015) 9.100.291 (2010) IBGE
POPULAÇÃO
RURAL 15,28 (2015) 1.593.638 (2010) IBGE
PIB PER CAPITA 35935,74 27.586,96 32.919,78
R$ (2020) (2019) (2019) IBGE
0,739
CLASSIFICAÇÃO 0,768 GOV/
(2010)
DE IDH 0,754 (2021) 0,787 (2017) (2010) IBGE
PONTUAÇÃO
GERAL DO
ODSM 48,3/100 44/100 IDSC
CLASSIFICAÇÃO
GERAL DOS
ODSM 2218/5570 3622/5570 IDSC
Tabela 1- Produzida pelo grupo.

INDICADORES DO ODS 3 DAS CIDADES DE REFERÊNCIA

PELO CAMA OBJET


INDICADORES DESCRIÇÃO TAS QUÃ IVO FONTE

Percentual da população 95 (DataSU


85,3
Cobertura de vacinas imunizada. 56,88 S/20)
Taxa de mortalidade por (DataSU
Mortalidade por suicídio suicídio. 16,06 19,62 2,44 S/19)
Proporção às crianças (-1
ano) para cada mil
crianças nascidas vivas de (DataSU
Mortalidade infantil mães residentes. 14,05 8,18 12 S/19)
Proporção de óbitos
femininos por causas
maternas sobre o total de
nascidos vivos no
município, por mil nascidos (DataSU
Mortalidade materna vivos. 1 0 0,61 S/19)
Taxa de mortalidade na
infância (número de óbitos
infantis abaixo dos 5 anos
de idade, por mil nascidos (DataSU
Mortalidade na infância vivos). 14,55 12,85 25 S/19)
Taxa de mortalidade
neonatal (número de óbitos
infantis de 0 a 27 dias, por (DataSU
Mortalidade neonatal mil nascidos vivos). 10,79 7,01 12 S/19)
Número de óbitos pela
síndrome da
imunodeficiência adquirida
(Aids), por 100 mil (DataSU
Mortalidade por Aids habitantes. 7,89 10,56 6 S/19)
Número de casos de
dengue sobre a população
total, por 100 mil (DataSU
Incidência de dengue habitantes. 0 4,51 138,43 S/20)
Taxa de mortalidade por
Mortalidade por doenças crônicas
doenças crônicas não-transmissíveis, por (DataSU
não-transmissíveis 100 mil habitantes. 513,43 499,54 236 S/19)
Gasto total do orçamento
Orçamento municipal municipal em saúde, em (DataSU
para a saúde reais, per capita 739,25 451,71 1300 S/19)
População atendida por Percentual de cobertura
equipes de saúde da populacional por equipes (DataSU
família de saúde da família. 61,46 36,45 86 S/20)
Taxa de detecção de
hepatite ABC na população
Detecção de hepatite total, por 100 mil (DataSU
ABC habitantes. 11,95 12,03 10 S/20)
Percentual de nascidos
vivos cujas mães fizeram
menos de 7 consultas
pré-natal sobre o total de
nascidos vivos no (DataSU
Pré-natal insuficiente município. 24,24 20,79 10 S/19)
Número de unidades
básicas públicas de
Unidades Básicas de atendimento em saúde, por (DataSU
Saúde mil habitantes. 0,15 0,17 0,55 S/20)
Número médio de anos de
vida esperados para um
recém-nascido, mantido o
padrão de mortalidade
existente, em determinado
Esperança de vida ao espaço geográfico, no ano (PNUD/I
nascer considerado. 75,64 74,14 75 PEA)
Percentual de nascidos
vivos cujas mães tinham
19 anos ou menos sobre o
Gravidez na total de nascidos vivos de (DataSU
adolescência mães residentes. 10,71 12,62 9,98 S/19)
Incidência de Incidência de tuberculose, (DataSU
tuberculose por 100 mil habitantes. 74,32 37,61 6 S/20)
TOTAL
LEGENDA:
HÁ GRANDES
DESAFIOS
HÁ DESAFIOS
SIGNIFICATIVOS
HÁ DESAFIOS
INDICADOR MELHOR
QUE A REFERÊNCIA

Tabela 2- Produzida pelo grupo.

O que é saúde e bem-estar

Para medir a saúde e o bem-estar de determinada população é importante


também avaliar os valores subjetivos da sociedade, que correspondem a como as
pessoas se sentem ou o que pensam de suas vidas, por exemplo. Saúde não se
trata somente da ausência de uma doença, como o médico Ruffino Netto diz, na
abertura do 2º Congresso de Epidemiologia, em 1994, que considera como
qualidade de vida boa ou excelente aquela que ofereça um mínimo de condições
para que os indivíduos nela inseridos possam desenvolver o máximo de suas
potencialidades, sejam estas: viver, sentir ou amar, trabalhar produzindo bens e
serviços. Enquanto isso, Martin e Stockler (1998) sugerem que a qualidade de
vida seja definida em termos de distância entre expectativas individuais e a
realidade, sendo que quanto menor a distância, melhor. O autor do best-seller
“Sapiens; Uma breve história da humanidade”, Yuval Noah Harari, explica essa
teoria em seu livro comparando os conceitos de felicidade que a sociedade atual
tem com os das comunidades antigas; nós não necessariamente somos mais
felizes que nossos antepassados, somente vivenciamos o avanço da tecnologia e
da ciência, o que nos proporcionou aumentarmos nossas expectativas diante da
vida. Ou seja, cada indivíduo possui seus parâmetros para alcançar a felicidade e
o prazer de acordo com o contexto em que está inserido, e isso não é levado em
conta nos critérios. Quanto mais aprimorada a democracia, mais ampla é a noção
de qualidade de vida, do grau de bem-estar da sociedade e do acesso aos bens
materiais e culturais.
É utilizado como parâmetro para medir as condições de vida padrões
ocidentais modernos de sociedades dominantes, sendo que muitas outras não
vivem neles, tendo tradições e culturas diferentes, como as que transmitem
conhecimento e educação por meios orais e tem resultados efetivos. A autora do
livro ‘‘Monoculturas da mente’’, Vandana Shiva, afirma que poder e saber são
indissociáveis porque tem a ver com a forma que alguns grupos passaram a ser
vistos com a ascensão do capitalismo, logo estas sociedades citadas
anteriormente não são necessariamente menos evoluídas ou possuem qualidade
de vida precária. Portanto, como bem-estar da população está diretamente ligado
a qualidade de vida dessa, é necessário também, defini-la a partir do valor
atribuído a ela, ponderado pelas deteriorações funcionais; as percepções e
condições sociais que são induzidas por alguma doença, agravos, tratamentos; e
a organização política e econômica do sistema assistencial (Auquier et.al).

Resumo ‘‘Monoculturas da mente’’

No livro a escritora Vandana Shiva crítica como comunidades com mais


poder aquisitivo possuem relação de opressão sobre as mais precárias, a cultura
e o conhecimento científico dessas passam a ser vistos como os únicos no
mundo, oprimindo o conhecimento e a forma de pensar das mais vulneráveis
economicamente. Com o tempo tradições e pensamentos são deixados de lado
para dar espaço para os que são considerados ideais por sociedades mais
evoluídas no contexto capitalista. Com o título do livro a autora questiona os
pensamentos de visão única que se instauraram no mundo, fazendo uma relação
com a técnica de plantio de monocultura, em que somente é cultivado um produto
agrícola por vez.

É explicado no texto que a relação de dominância se dá devido ao avanço


do capitalismo, em que são valorizadas cada vez mais ideias provenientes de
grupos com alto poder aquisitivo, que visam em maior parte do tempo o lucro,
para que possam manter essa posição de dominância.

A autora instiga o leitor a refletir sobre os pensamentos predominantes em


relação ao meio ambiente, culturas, modo de vida e ciência, por exemplo. É
necessário avaliar se as ideias que dominam a sociedade visam o bem ao
próximo e ao planeta ou somente são essas repassadas como algo indiscutível
para promover o lucro no contexto atual dos países que se baseiam em ideais
capitalistas.

Cobertura vacinal

No que se refere às vacinas, no Brasil o Programa Nacional de


Imunizações, criado em 1973, é a principal política pública de saúde para
vacinação, sendo destaque mundial em ações que provêm de metas para
erradicação e controle de doenças, através de campanhas de vacinação em
postos de saúde, visando alcançar toda a população. Pelos dados do DataSUS, é
possível observar uma queda considerável da cobertura vacinal na cidade de
Pelotas, sendo que, em 2015 80% da população estava imunizada com as
vacinas disponíveis, em 2020 esse número cai para 55%. A carência de um
esquema vacinal adequado pode levar até mesmo ao reaparecimento de doenças
já erradicadas. Pode-se apresentar como exemplo de como é importante o
investimento em campanhas de vacinação a criação do personagem Zé Gotinha,
criado com o objetivo de tornar a divulgação da vacinação contra a poliomielite
mais atraente para crianças, o que contribuiu para que houvesse maior número
de crianças vacinadas contra o vírus no Brasil.

De acordo com a tabela 2 é possível perceber que Pelotas é enquadrado


em “há grandes desafios” e apresenta um percentual de 56,88 pessoas vacinadas
sendo o ideal de 95 já Camaquã apresenta o índice de 85,3 estando listada como
“há desafios”.

Saneamento básico e água potável.

Um ambiente natural de boa qualidade proporciona necessidades básicas


adequadas, como em termos de ar puro e água potável. Auxilia também na
regulação do clima e oferece oportunidades de lazer satisfatórias. Ao mesmo
tempo, a qualidade de ambientes que possuem esgotos a céu aberto está
diretamente ligada a contaminação por doenças relacionadas ao saneamento
ambiental inadequado, na cidade de Pelotas, de acordo com dados coletados
pelo DataSUS, em 2015 a cada 100 mil habitantes cerca de 20 pessoas
contraiam doenças relacionadas a esse fator, em 2020 esse número caiu para
para 10. Embora tenha acontecido essa baixa de casos, é importante destacar
que a cidade possui, ainda no ano de 2022, 400 km de valetas com esgotos
expostos, em sua maioria em bairros periféricos, o que contribui para a
disseminação de vetores, o que não é o caso de Camaquã que de acordo com o
IBGE tem 82,1%de domicílios com esgotamento sanitário adequado. Tendo em
vista que, segundo a Constituição Federal de 1988 se estabelece o direito a um
meio ambiente equilibrado, com condições a saneamento básico, moradia e água
potável condizentes com uma vida digna e com a saúde socioambiental, é
necessário que a cidade adote medidas que melhorem essas condições na
mesma. Tais dados corroboram o pensamento de Vandana Shiva em
“Monoculturas da Mente” em que só se tem acesso a meio de vida saudável
quem tem dinheiro.

Conclusão:

Conclui-se que os processos envolvidos na promoção da qualidade de vida


são mais complexos do que podemos perceber, pois são baseados em diversos
fatores, sendo eles individuais, sociais, culturais, econômicos, que acabam
contextualizando a assistência à saúde e bem-estar do indivíduo e que há a
necessidade de fortalecerem-se os vínculos entre desenvolvimento sustentável,
justiça social e qualidade ambiental. Uma pessoa que possui uma boa saúde
física e mental, que vive em um ambiente estruturalmente agradável, apresenta
muito mais qualidade de vida.

É necessária a promoção de esforços específicos para incentivar as


mudanças de hábitos para diminuir o risco de doenças.. O poder público tem que
estabelecer ações que favoreçam a logística de acesso aos programas, com
ligação entre campanhas e logística de acesso aos postos de saúde. É
necessário estabelecer pontos básicos para que se possa reverter, como no caso
da cidade de Pelotas, a queda na taxa de vacinação. Essas são demandas muito
complexas, mas que podem ser atingidas através de muito planejamento e ações
conjuntas, entre distintos órgãos do setor público de saúde.

Referências:

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: História breve da humanidade. Elsinore, 2013.

SHIVA, Vandana.Monoculturas da Mente: perspectivas da biodiversidade e da


biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003.
MINAYO, Maria Cecília de Souza; HARTZ, Zulmira Maria de Araújo; BUSS, Paulo
Marchiori. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência & saúde
coletiva, v. 5, p. 7-18, 2000.

https://www.eea.europa.eu/pt/themes/human/intro (outubro/22)

https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/profiles/pelotas-RS (Outubro/22)

Índice de Desenvolvimento Humano - IDH e IDHM. Disponível em:


<https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/indice-de-desenvolvimento-humano-idh-e-i
dhm>. Acesso em: 4 nov. 2022.

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