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DEFINIÇÃO DO AGRAVO
Para fins de notificação, considera-se violência “qualquer conduta – ação ou omissão – de caráter
intencional que cause ou venha a causar dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento
físico, sexual, moral, psicológico, social, político, econômico ou patrimonial” (MINISTÉRIO DA
SAÚDE [MS], 2016). A violência autoprovocada compreende autoagressões e tentativas de
suicídio, já a interpessoal diz respeito a situações de violência entre membros de uma família
(doméstica/intrafamiliar) ou que ocorrem no ambiente social em geral, entre conhecidos ou
desconhecidos (extrafamiliar/comunitária). A definição de caso para notificação corresponde a:
Caso suspeito ou confirmado de violência doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada, tráfico
de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, tortura, intervenção legal e violências homofóbicas
contra mulheres e homens em todas as idades. No caso de violência extrafamiliar/comunitária,
somente serão objeto de notificação as violências contra crianças, adolescentes, mulheres,
pessoas idosas, pessoas com deficiência, indígenas e população LGBT (MS, 2016).
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Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net. Dados acessados em 20/01/2023.
Em relação ao grupo dos idosos, é o que apresenta as menores taxas ao longo de todo o
período. Em 2020 e 2021, primeiros anos da pandemia de Covid-19, observa-se queda
significativa das notificações, à semelhança do ocorrido com as demais faixas etárias. Já em
2022, verifica-se aumento de 9,4% na taxa de notificação, na comparação com o ano anterior,
sugerindo uma retomada do crescimento registrado no período pré-pandêmico.
600,0
500,0
Taxa por 100 mil habitantes
400,0 Crianças (0 a 9)
Adolescentes (10 a 19)
300,0
Adultos jovens (20 a 39)
200,0 Adultos (40 a 59)
0,0
Ano de notificação
* Dados preliminares.
Fonte: Secretaria Estadual da Saúde RS/NIS/DGTI - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Banco de dados exportado em
04/01/2023.
Cabe destacar que, dentre esse grupo populacional, as taxas de notificação aumentam conforme
aumenta a faixa etária, a saber: 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e 80 anos e mais. Os mais velhos
apresentam, portanto, maior risco para situações de violência.
Nesse período, 62,8% das notificações foram do sexo feminino. A média do estado, para todas as
faixas etárias, é de 71,6%. Ou seja, entre pessoas idosas, a diferença entre os sexos é menor. No
mesmo sentido, as taxas de notificação de homens e mulheres aproximam-se à medida que
aumenta a faixa etária.
Na Figura 2, são apresentados os tipos de violência contra pessoas idosas por ano de
notificação. Note-se que, embora o instrutivo do Ministério da Saúde (MS, 2016) oriente a
marcação de apenas um tipo de violência por notificação, o sistema aceita a digitação de mais de
um tipo. Também, nos anos iniciais, era permitido o registro múltiplo. Dessa forma, o número total
excede em 11,6% a quantidade de notificações, chegando a 20.752 tipos de violência registrados
no período. Aqueles com maior frequência foram a violência física, psicológica/moral,
negligência/abandono e lesão autoprovocada.
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Figura 2. Frequência relativa dos tipos de violência registrados nas notificações de violência
interpessoal e autoprovocada contra pessoas idosas, por ano de notificação, RS, 2011-2022*
(n=20.752)
100%
Tráfico seres humanos
90%
Intervenção legal
80%
Outra
70%
Tortura
60%
50% Sexual
40% Financeira/econômica
20% Psicológica/moral
10% Negligência/abandono
0% Física
Ano de notificação
*Dados preliminares.
Fonte: Secretaria Estadual da Saúde RS/NIS/DGTI - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Banco de dados exportado em
04/01/2023.
Vale apontar que os tipos de violência distribuem-se de maneira diferente entre os sexos. No
caso dos homens, a lesão autoprovocada aparece em segundo lugar, seguida de negligência e,
então, violência psicológica/moral.
Em 43,4% das notificações, a violência já havia ocorrido outras vezes, evidenciando o desafio de
interromper a violência de repetição. Além disso, 26,5% das notificações apresentaram esse
campo ignorado/em branco. O local de ocorrência da violência foi residência em 82,3% das
notificações, seguida de via pública (6,2%).
A Tabela 1 apresenta o provável autor da violência. Filho(a) aparece em primeiro lugar, com
29,8% das notificações, seguido de a própria pessoa (que se refere, naturalmente, aos casos de
lesão autoprovocada).
Em relação à completitude das notificações, importa evidenciar a alta proporção do campo
escolaridade em branco ou ignorado: 35,6% no período.
A Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) com menor taxa média de notificação nos últimos
seis anos foi a 12ªCRS (28,3 por 100 mil habitantes). Já a 8ªCRS destacou-se com a maior taxa
(184,7 notificações para cada 100 mil habitantes), seguida da 17ª, 6ª, 5ª e 16ªCRS (Figura 6).
Nesse período, em média, 44% dos municípios gaúchos realizaram alguma notificação de
violência contra pessoas idosas. Em 2019, foram 57,9%, maior percentual registrado em toda a
série histórica.
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Tabela 1. Proporção de notificações segundo provável autor da violência, RS, 2011-2022*.
Provável autor %
Filho(a) 29,8
Própria pessoa 19,1
Outros vínculos 14,0
Cônjuge/Namorado(a) 11,7
Amigos/conhecidos 6,6
Desconhecido 6,1
Cuidador(a) 4,0
Irmã(ão) 3,1
Ex-cônjuge/Ex-namorado(a) 3,1
Pessoa relação institicional 1,1
Mãe/Pai 0,9
Padrasto/Madrasta 0,2
Policial/agente da lei 0,2
Patrão/chefe 0,1
Total 100,0%
*Dados preliminares.
Fonte: Secretaria Estadual da Saúde RS/NIS/DGTI - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Banco de dados exportado em
04/01/2023.
*Dados preliminares.
Fonte: Secretaria Estadual da Saúde RS/NIS/DGTI - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Banco de dados exportado em
04/01/2023.
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Quanto aos serviços de saúde notificadores, foram identificados 1.713 CNES diferentes no
período entre 2011 e 2022. Do total de notificações, 48,7% foram realizadas por pronto-
atendimentos, serviços de urgência/emergência e hospitais. Na Figura 7, percebe-se que os
hospitais e pronto-socorros gerais ultrapassaram os serviços da atenção básica em frequência de
notificações a partir de 2017. Já em 2022, observa-se aumento de 22,6% nas notificações de
serviços da atenção básica.
800
Hospital Geral + Pronto Socorro Geral
200 Outros
Não identificado/vazio
100
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022*
*Dados preliminares.
Fonte: Secretaria Estadual da Saúde RS/NIS/DGTI - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Banco de dados exportado em
04/01/2023.
RECOMENDAÇÕES
A notificação é um elemento-chave na atenção integral às pessoas em situação de violência e
tem como objetivos:
1) Intervir nos cuidados em saúde e prevenir a violência de repetição;
2) Proteger e garantir direitos por meio da articulação das redes de atenção e proteção;
3) Conhecer a magnitude e a gravidade das violências, retirando os casos da invisibilidade;
4) Subsidiar as políticas públicas para prevenção e atenção às situações de violência,
indicando prioridades e permitindo a avaliação das intervenções.
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Recomenda-se aos gestores regionais e municipais esforços no sentido de:
Retomar o crescimento das notificações de violência contra pessoas idosas, conforme
tendência observada antes da pandemia de Covid-19;
Aumentar a sensibilidade dos serviços da atenção primária e secundária para a
identificação de situações de violência e notificação em tempo oportuno, a fim de evitar o
agravamento dos casos e possibilitar o rompimento dos ciclos de violência;
Melhorar a completitude dos campos da ficha de notificação, especialmente quanto à
escolaridade e violência de repetição.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 3 out. 2003. Seção 1, p. 1.