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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE – CCBS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
CURSO DE MESTRADO
ALUNA: SARA DINIZ GONÇALVES SOARES

ATIVIDADE DE OFICINA DE REDAÇÃO EM ARTIGOS CIENTÍFICOS

ESCREVA UM INTRODUÇÃO BASEADA NA PROPOSTA DO PROJETO DO


MESTRADO
Obs.: Ainda não tenho uma proposta de projeto de pesquisa, nem imagino ainda
sobre o que especificadamente vou pesquisar. Sendo assim, usei o mesmo tema
da proposta de projeto de pesquisa usada para a seleção.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
estima-se que pelo menos 6 milhões de crianças sofreram algum tipo de abuso
na América Latina (UNICEF, 2021). No Brasil, de 2016 a 2020, pelo menos 35
mil crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos foram mortos de forma violenta
(HARRIS et al., 2020).
O abuso físico infantil é a violência praticada por qualquer cuidador que
utilize de força intencional ou imprudente causando danos, ferimentos ou
qualquer destruição à sua integridade física, e pode ser mencionado também
como lesão infligida, além de causar sentimentos confusos e vingativos como
angústia, raiva, ansiedade, medo, ódio e hostilidade em suas vítimas, as quais
crianças e adolescentes são mais vulneráveis (BARROS, 2017; LUCAS,
CROWELL, OLYMPIA, 2021; MACEDO et. al, 2020; NUNES, 2020; ROVER et
al., 2020).
A legislação brasileira, definida pelo Ministério da Saúde, constitui maus-
tratos infantis como agravo de notificação compulsória (BRASIL, 1990). Esta é
amparada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu 13° artigo,
afirmando que até mesmo os casos de suspeita ou confirmação de MTI devem
ser comunicados ao Conselho Tutelar da localidade obrigatoriamente (BARROS,
2017).
A emergência sanitária provocada pelo Sars-Cov-2 (COVID-19) foi
caracterizada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no
início de 2020 e trouxe como medidas de contenção da disseminação da doença
o distanciamento social das pessoas (OLIVEIRA et al., 2022). Nesse contexto do
isolamento social, muitas vítimas estiveram confinadas com seus agressores,
sendo constantes reféns dos violadores, já que na maioria dos casos, os abusos
ocorrem dentro dos próprios lares, sendo seus pais, familiares ou responsáveis,
os acusados (UNICEF, 2020).
Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS, 2022) mostram uma queda significativa no número de notificações
de violência física contra crianças de 0 a 14 anos entre os anos pré-pandemia
(2018-2019) e o ano de 2021, onde a curva de contágios e mortes subia
vertiginosamente. Estas informações corroboram com a literatura que mostra
uma redução das notificações de maus-tratos infantis nos meses iniciais da
pandemia (LEWANDOSKI et al., 2021).
As lesões associadas ao abuso físico podem apresentar-se de múltiplas
formas como contusões, lacerações, cortes, hematomas ou escoriações no
rosto, lábios, boca ou por todo o corpo (ROVER et al., 2020; HARRIS et al.,
2020). Entretanto, a identificação destas requer capacidade e conhecimento
específicos, já que não é incomum que crianças em idade escolar possuam
ferimentos acidentais. Por isso, é vital que os profissionais de saúde reconheçam
os padrões associados e entendam os sinais de alerta para o abuso infantil, para
que a falha no reconhecimento e a não intervenção nesses casos, não resulte
em lesões mais graves ou mesmo a morte da vítima (LUCAS, CROWELL,
OLYMPIA, 2022).
Os profissionais que atuam na rede de Atenção Primária do SUS,
possuem proximidade com a criança e seu núcleo familiar durante todo o seu
tratamento, o que o auxilia a identificar sinais e sintomas incomuns aos abusos,
além de entender o seu comportamento seja na infância ou adolescência,
permitindo que estes atuem de maneira privilegiada no reconhecimento precoce
de maus-tratos infantis (ROVER et al., 2020; OMS, 2022). Estes profissionais,
em especial médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas, devem ser as pessoas
da linha de frente no combate à violência infantil, seja de qual tipo for (MARQUES
et al., 2021).
A literatura mostra que pelo menos 50% das lesões oriundas de violência
física infantil acometem a região de cabeça, pescoço, face e boca, o que
aumenta a chance de identificação, em relação a outras tipologias, pelos
profissionais de primeiro contato como médicos, enfermeiros e principalmente o
cirurgião-dentista, levando-os a uma posição estratégica na detecção destes
casos (COSTA e TINOCO, 2019; ABREU et al., 2017; NUNES, 2020; MARQUES
et al., 2021). Entretanto, os estudos mostram que estes mesmos profissionais
tendem a repassar a responsabilidade da detecção destes casos aos assistentes
sociais e que possuem não possuem conhecimento adequado acerca da
identificação e da conduta legal de notificação de maus-tratos infantis (COSTA
e TINOCO, 2019; NUNES, 2020; MARQUES et al., 2021; LEVANDOWSKI et al.,
2021).
Por fim, esta pesquisa trata-se de um estudo epidemiológico em que será
avaliada a capacidade de médicos, enfermeiros e cirurgiões dentistas em
identificar e notificar os casos de abuso físico infantil na equipe de saúde da
atenção primária a da cidade de Campina Grande, Paraíba, Brasil, nos anos de
2023 a 2024.

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