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BOLETIM INFORMATIVO

Secretaria Adjunta De Assistência Social - SAAS Nº 41 - MAIO/2022

Violência Contra Crianças e Adolescentes


Um breve Olhar para os Registros do SINAN – MT

O SINAN é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação


cuja a base de dados é alimentada com a notificação dos casos
pelas unidades de saúde e inclui diversas doenças e agravos
onde a notificação é obrigatória.
A notificação de violências é feita através do preenchimento da
Ficha de Notificação de Violência interpessoal / autoprovocada
nos serviços de saúde (podendo ainda ser preenchida por
outros serviços, como Unidade de Assistência Social, Estabelecimento de Ensino, Conselho
Tutelar, Unidade de Saúde Indígena ou Centro Especializado de Atendimento à Mulher –
dependendo da organização da rede local), quando da suspeita e/ou confirmação da ocorrência
de violências doméstica, sexual e/ou outras violências, tanto interpessoais como autoprovocadas.

Violência Interpessoal/Autoprovocada – Marco legal/histórico


Reconhecendo que as violências e os acidentes exercem grande impacto social e econômico,
sobretudo no setor de saúde, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria MS/GM nº 1.356, de 23
de junho de 2006, implantou o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), sendo
composto por dois componentes: Vigilância de violência interpessoal e autoprovocada do Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (Viva/Sinan) e Vigilância de violências e acidentes em
unidades sentinela de urgência e emergência (Viva Inquérito).
A partir de 2009, o Viva passou a compor o Sistema de Informação de Agravos de Notificação,
integrando a Lista de Notificação Compulsória em Unidades Sentinela.
Desde 2011, com a publicação da Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011, as notificações de
violência doméstica, sexual e outras violências tornaram-se compulsórias para todos os
serviços de saúde, públicos ou privados, do Brasil.
Em 2014, a Portaria MS/GM nº 1.271, de 06 de junho de 2014, atualizou a lista de doenças e agravos
de notificação compulsória atribuindo caráter imediato (em até 24 horas pelo meio de
comunicação mais rápido) à notificação de casos de violência sexual e tentativa de suicídio para
as Secretarias Municipais de Saúde.
De acordo com a Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017, são objetos de
notificação compulsória casos suspeitos ou confirmados de ‘Violência doméstica e/ou outras
violências’, e de notificação imediata casos de ‘Violência sexual e tentativa de suicídio’.

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Adicionalmente à notificação à autoridade sanitária, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei


nº 8.069, de 13 de julho de 1990) determina a comunicação obrigatória de casos suspeitos e
confirmados de violências contra crianças e adolescentes ao conselho tutelar.
A Lei nº 13.931, de 10 de dezembro de 2019, determina a comunicação obrigatória de suspeita ou
confirmação de violência contra mulheres à autoridade policial.

Um olhar sobre os dados

Como referência, os dados trabalhados para esta


análise, são de notificações de violência contra crianças
e adolescentes (0 a 19 anos), ocorridas entre os anos de
2009 a 2021 e buscará compreender a existência de
algum padrão temporal nas ocorrências de violência
contra este público.

GRÁFICO 1:

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Ao primeiro olhar sobre o gráfico acima percebe-se evolução constante do número de registro
de ocorrência de violências contra crianças e adolescentes. Lembrando que para esse estudo é
abordando especificamente 3 tipos violência (Física, Psicológica e Sexual), e todas elas vêm
crescendo significativamente até o ano de 2019 (ano anterior ao início da pandemia do novo
Coronavírus).
Aprofundando o entendimento, para aprimorar a compreensão da evolução destes dados, é
necessário considerar as datas das resoluções dos marcos legais descritos acima, os quais
impactam diretamente nos dados, como exemplo a Lei nº 13.931, de 10 de dezembro de 2019, que
determina a comunicação obrigatória de suspeita ou confirmação de violência contra mulheres à
autoridade policial, pode estar implicando no aumento acima da média dos registros no ano de
2019.
O Gráfico acima mostra claramente o efeito da pandemia no número de registros de ocorrência
de violência contra crianças e adolescentes vindo a ser mais impactadas no ano de 2021.
Reflexão: A diminuição das notificações se deu pela diminuição das violências ou as vítimas
passaram a ter mais dificuldades em acessar os órgãos de garantias de direitos neste período
para realizar denúncias?

GRÁFICO 2:

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No gráfico acima foi realizado a somatória de registros dos anos de 2009 a 2021 e extraídos a
frequência de ocorrência dentro de cada mês neste período de 12 anos
Dentre os meses do ano, alguns se destacam com maior número de registro de ocorrência de
violência contra crianças e adolescentes. Embora a Violência Sexual já comece a apresentar
tendência de aumento já em junho, são nos meses de agosto e setembro que se apresentam
mais elevados os números de ocorrências e com destaque para a Violência Física que apresenta
maiores números neste período do segundo semestre do ano.
Reflexão: Existe algum fator que ocorre no estado ou em cada município especifico, neste período
do ano, que poderia estar ligado ao aumento da violência contra crianças e adolescentes?
GRÁFICO 3: GRÁFICO 4:

Aprofundando mais especificamente nos dias da semana, como já esperado, é nos finais de
semana que normalmente ocorrem a violência. Destaque para a Violência Sexual que, em
comparação com as outras, decresce um pouco nos finais de semana.
Por fim, em busca de um padrão relativo aos horários de maior “risco de violência” para crianças
e adolescentes, os dados apontam que, se existe uma “hora crítica” para ocorrência de violência
contra Crianças e Adolescentes esta hora é às 20:00. Este seria o pico das ocorrências, mas é
preciso olhar para o início da curva de crescimento. É possível supor que existam 3 ciclos de alta,
sendo o primeiro na parte da manhã (entre 09:00-10:00), outro seria na parte da tarde (14:00-
16:00) e a noite (19:00-21:00). Isso se tomarmos os três tipos de violência em paralelo, pois, se
olharmos apenas para a violência física, talvez a veremos de um outro pico, às 23:00.

Reflexão: Quais fatores sociais ou dinâmicas familiares poderiam impactar no aumento das
Violência Física e Psicológica nos finais de semana?
É possível, baseado do horário que mais ocorre as violências, qualificar a escuta e aprimorar a
identificação de ocorrência de violência?
Com a identificação do domingo como dia principal de maior ocorrência de violências contra
crianças e adolescentes, a acolhida atenta e com o conhecimento destas informações, no
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ambiente escolar, nas segundas-feiras principalmente, poderia auxiliar em uma identificação de


ocorrência de violência?

Considerações finais

Não há dúvidas que os fatores que envolvem os diferentes tipos de violência possuem múltiplas
variáveis e o objetivo desta breve análise é dar um pouco mais de visibilidade a estes dados
contribuindo com questionamentos, estudos e na promoção de um olhar diferenciado dos
próprios profissionais que trabalham diretamente no atendimento a este público, seja nas
unidades Socioassistenciais (CRAS, CREAS, Acolhimento Institucional) ou nas demais Políticas
Públicas.

É de suma importância que possamos ampliar cada vez mais o hábito de utilizar os dados
disponíveis nos diversos sistemas de informações, e o SINAN se mostra como uma grande
ferramenta para auxiliar neste trabalho. Com estes dados, podemos, além do recorte feito neste
documento, levantar por exemplo o perfil dos agressores, o local onde mais ocorre as violências,
o grau de parentesco entre o agressor e a vítima, entre outros.

Como acessar essa base de dados?

Para acessar a base de dados do SINAN e realizar as pesquisas, pode-se acessar a aba
“sistemas” do site da Secretaria Estadual de Saúde (http://www.saude.mt.gov.br/sistemas) -
posteriormente clicar no sistema "Data Warehouse Web" e buscar pelo tema: Violência
Doméstica, Sexual e/ou Outras Violências (SINAN), realizar os filtros de acordo com os tópicos de
interesse e, por fim, exportar em uma planilha de Excel.

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EXPEDIENTE

Rosamaria Carvalho - Secretária de Estado de Assistência Social e Cidadania


Leicy Lucas de Miranda Vitório - Secretária Adjunta de Assistência Social
Sheila Carla de Queiroz Gomes - Superintendente de Gestão do SUAS

ELABORAÇÃO
COORDENADORIA DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL

Lucienne Alves Corrêa - Coordenadora de Vigilância Socioassistencial


Antônia Angélica Lopes de Oliveira
Dayana Karolina da Silva
Jussara do Espírito Santo Dias
Marina de Fátima Colombo
Nathalia Tassiane Rodrigues Tostes
Roverson Ferreira da Costa

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